Papai não percebeu quando o homem surgiu de onde não tinha nada, no meio do estacionamento, com um capuz cobrindo o seu rosto e as mãos guardadas no casaco. Os seus passos eram tão delicados, que não dava para ouvir nada, mas, bem antes de ele nos observar, eu tinha o enxergado nos encontrando. Papai estava guardando as coisas - sacolas do supermercado - dentro do nosso carro e não sentiu o perigo. O malfeitor anunciou o assalto, latindo como um cachorro violento, e o rosto do meu pai se deformou em proporções confusas. Desorientado demais para uma situação dessa, não soube o que fazer, nunca o vi tão assustado.
Os dois adultos estavam tremendo. Certamente, era a primeira vez do assaltante ou ele estava muito nervoso dessa vez, porque quase não conseguia pronunciar as mesmas palavras. Na terceira vez, um pouco mais irritado e finalmente mostrando a arma.
E, finalmente, o meu pai dirigiu as mãos à calça, procurando nos bolsos onde estava a carteira, enquanto a sua mente parecia gritar e o seu corpo não respondia da forma que almejava, com a intenção de pegar o objeto quadrado, os cartões de créditos e algumas notas. Eu o abracei nos segundos em que o homem se aproximou, e o meu pai tropeçou um pouco para trás. Na sua cintura estava o volume do cinto para fora, e foi suficiente para o assaltante disparar o primeiro tiro, que quebrou os vidros do carro. O segundo penetrou no peito do papai e o terceiro, desajeitado, escapando enquanto ele estava em cima do seu corpo, arrancando o que almejava, acertou a minha cabeça.
Eu fiquei quase dez dias em coma, os médicos disseram que eu estive morto, mas voltei à vida graças ao sacrifício do meu pai, esse sacrifício que só entendi um pouco depois quando soube que minha mãe ficou viúva. Aquelas marcas negras nos seus olhos, além das noites mal dormidas, foi extravasando as madrugadas em lágrimas noturnas. Foi aí que ela conseguiu auxílio de alguns conhecidos e precisou se mudar para uma outra cidade, um lugar mais pequeno, afastado e calmo, longe das aglomerações. Nós chegamos em uma noite, e foi aí que tudo realmente começou... Em suspiros felizes como se nós fôssemos começar do zero.
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O carro de mudança foi suficiente para trazer nossas poucas coisas. A nova casa era bem menor do que a outra, e a vizinhança parecia morta, nenhum sinal de vida. Aproveitei o momento em que os funcionários estavam removendo as coisas e colocando na nova residência, para esticar um pouco as minhas pernas. Estava um pouco distante e observei onde nós estávamos, local bem caricato, de interior. Entediado e com sono por causa da hora tarde da noite, tentei voltar novamente, respirando esse ar bem menos poluído do que estava habituado, e dois garotos apareceram... saindo de trás de algumas tábuas que estavam separando os quintais: o primeiro era um pouco rechonchudo, com olhos azuis brilhando na noite, as maçãs do rosto rosas, e ele me encarou. O outro era baixo, cabelos espalhados, como se estivesse acabado de levar um choque; o seu sorriso foi sumindo para algo curioso. Então ele se dirigiu a mim.
"Ei, garoto, você é o novo vizinho do nosso bairro? Certamente que sim! Pois nunca te vi por aqui. A nossa cidade é pequena, e todos sabemos que uma nova família irá chegar nessa região. Você está bem?" - ele tentou parecer educado, escondendo uma peteca atrás do seu short esfarrapado, ajeitou os seus cabelos deixando ainda mais engraçado e saiu do beco escuro onde as tábuas estavam impedindo a iluminação dos poucos postes de luz na rua sem asfalto.
Fiquei tão confuso, não soube se era o sono ou aquela surpresa de encontrar outros até tão tarde da noite. Provavelmente aprontando, porque eles estavam tão surpresos quanto eu por encontrar outros também nessa madrugada, com o vento uivando sem parar. Acabamos nos cruzando de uma forma estranha, quase que chegando em uma situação importuna para as duas partes. A falta de comunicação por gestos ou assunto diante disso, foi ficando constrangedor ao ponto de ser esmagador.
"Não percebeu? É um garoto da cidade. Ele deve se achar bom demais para falar conosco! Não notou o bom tecido em suas vestes, a maneira que nos observa dos pés à cabeça? Não vamos perder o tempo com esse tipo de sujeitinho almofadinha que não sabe nem dar uma boa noite para uma cortesia!" - o garoto mais forte saiu da escuridão também. Os seus olhos pareceram abominações, como demônios, pois o azul estava faiscando com tanta intensidade que me fez ficar com medo, ao ponto de bilhar de uma forma indescritível. As minhas palavras se dobraram ainda mais na minha garganta e eu senti uma dor nesse momento. Isso nunca aconteceu em toda minha vida, talvez tenha sido ainda pior do que aquela lembrança, porque tudo se misturou em um vazio cortando por dentro.
-Nesse momento, se afastaram, dobrando suas costas e tentando parecer ainda mais despercebidos, se escondendo em todos os aglomerados de vegetações e divisões de casas. Certamente não queriam ser vistos e ignoraram a minha presença. Finalmente eu consegui, o ar ficou preso e dilacerando lentamente, porém consegui cortar como um escudo a minha situação naquele momento. "Boa noite! Seja lá o que vocês estavam fazendo, não precisam se preocupar, porque eu não vou contar. Acabei saindo de uma situação um pouco ruim e ainda estou tentando lidar com isso. Me sinto péssimo e constrangido. Amanhã eu vou precisar ir para o colégio e só queria saber como as coisas aqui funcionam."
"Ele disse que iria para o colégio". - o cara com cabelo bizarro mencionou. "Isso não é problema nosso!" - o birrento resmungou. "Ele me parece um cara legal e não podemos deixar sozinho nesse lugar, ainda mais quando se trata do dia de amanhã, é sua primeira vez..." - o grandalhão me bisbilhotou por cima dos ombros. Aqueles olhos assustadores índigos mastigaram mais uma vez a minha mente. Ajeitou a sua roupa, como o outro, e pediu desculpas.
"Não precisa levar nada para o pessoal, novato, nós estávamos jogando pedras nas vidraças de algumas casas, e isso não é uma coisa que você precisa saber. Bem, é novo e disse que iria para o colégio na manhã. Nós estudamos no mesmo lugar, até porque não existe mais nenhum outro. Temos ótimos professores, poucos alunos, mas todos bons. Creio que você conheceu os piores meninos daquele, e nós não somos o tipo que são habituados a fazer bullying ou agredir os outros. Enfim, olhando para esquerda, vai encontrar a rodovia, e lá, logo entregará o ponto de ônibus. Se atrasar vai perder a locomoção! Esse caminho até o colégio talvez chegue na metade do horário, se ficar perdido nessa região por ser alguém de fora, mas não precisa se preocupar se acordar cedo, porque..." - eles ficaram amedrontados, realmente não foi difícil de enxergar o pavor nos seus semblantes. Voltaram para a parte mais umbrosa do lugar, onde as tábuas estavam protegendo da luz, e um deles me puxou, quase me jogando no chão, e disse que o "velho lunático" está chegando.
Um Chevrolet bem antigo começou a fazer barulho, vindo de longe, com uma fumaça serpenteando e atirando como se fosse um revólver pelo cano de escape. O cheiro da morte, de dezenas de corpos em decomposição, cobriu todo lugar. Os garotos se esconderam. Então nós observamos um homem passando... sua aparência não era tão velha quanto o meu falecido pai, mas, os seus traços faciai eram realmente assustadores: o seu rosto era fino e ele parecia conversar consigo mesmo, olhos vidrados em todas as direções, cabelos pintados, para trás, como se fossem duros como concreto, e a sua pele, de alguma forma surreal, era cadavérica demais, como se ele estivesse se assustado com uma assombração.
"Disseram que a sua filha morreu em um acidente, e ele acabou ficando desequilibrado. Por qual razão vocês acham que fica conversando sozinho!? As crianças que morreram nos últimos anos, os seus ossos serviram de acessórios para o seu veículo do inferno, e todos dizem que estão vivos, pois ele traz sons de outro mundo, assombrações em desespero". - os garotos assobiaram em silêncio as mesmas palavras, enquanto aquele sujeito pavoroso passava mirando em todas as direções, algo parecido com uma alma tentando encontrar algo.
"É sempre a mesma emanação de decomposição quando passa com o seu transporte. Talvez tenha feito mais uma vítima ou são os corpos das outras em estado de decomposição nas ferragens. Existe uma boa razão para todo mundo ter medo daquele homem assustador que dirige um carro vivo nas noites obscuras.". - não paravam de cochichar escondidos e com o pescoço levantado para enxergar ao máximo possível. Eu praticamente estava sendo amordaçado por eles enquanto ficavam cochichando coisas semelhantes à lendas urbanas locais.
"Eu fui criado para saber respeitar os doentes mentais e velhos solitários! Tudo isso que vocês estão dizendo não existe! É apenas um pobre coitado sobrevivendo nesse lugar. Realmente podem julgar alguém vindo de fora? Para que tanto preconceito!? Na minha ex-vizinhança, existe um sujeito que come lixos e restos de animais, às vezes carrega os seus corpos, espalhando o aroma de defuntos!" - eu me afastei dos outros garotos, indo direto para pista, e "dei boa noite" para o carro que, imediatamente, freou. Quem estava dirigindo fixou o olhar pelo vidro e me notou parado à alguns metros de distância. Demorou alguns segundos para abrir a porta e saltou como se estivesse fugindo de um saco, caminhando como um animal de quatro patas e me agarrando de surpresa. Foi tão rápido que parecia que ele havia controlado o tempo.
"Você consegue enxergar? Eu vejo isso! Você é mau, traz coisas ruins para a vida de quem ama. É um fantasma ou não!? O que está fazendo aqui? Preciso fazer parte da próxima morte!" - o pedaço de madeira se tornou em migalhas por uma força tão bruta que o seu corpo rodopiou algumas vezes pelo impacto de súbito. O garoto gordo me levantou, puxando e arrastando, como se fosse o predador querendo se alimentar de sua vítima, e ele foi me empurrando para longe, enquanto aquele cara se levantava, apontou na nossa direção, voltou para o carro e dirigiu como se nada tivesse acontecido.
"O que deu em você, seu bunda mole!? Ele iria lhe matar e colocar o seu corpo para servir de transporte naquele carro vivo e respirando. Não vai ter tanta sorte como dessa vez... Sabe por que todos têm medo daquele açougueiro de crianças!? Sabe o que eles dizem? Em um certo acidente envolvendo uma van escolar, que acabou sendo vítima de uma ponte de madeira, afogando todos os garotos, a sua filha foi uma delas, e todos os dias, quando faz dez anos da morte, o lunático mata mais um. Todos dizem que existe uma razão bem lógica para todos ficarem longe até hoje. Você queria fazer parte disso!? Na próxima vez, não vai ser tão sortudo, porque nós dois não iremos te ajudar!" - ele estava cuspindo no meu rosto quando minha mãe apareceu e encontrou nós três assustados. Eu disse que estava tudo bem e nós estávamos brincando, porque havia feito novos amigos. Estava tão acabada quanto um zumbi, para simplesmente pegar no meu braço e me guiar, enquanto eu estava observando por cima do meu ombro aqueles garotos desaparecendo como fumaça, naquelas ruas sombrias e cobertas por vegetações.
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Fiquei por muito tempo ouvindo o sermão da minha mãe desgastada e aborrecida demais para dizer coisas concretas. Nós nem jantamos. Não me preocupei com isso. Talvez não tenha reparado que eu estava com fome e me deitei em um amontoado de panos para tentar dormir. Os meus olhos não fecharam nessas horas da madrugada, que nunca fiquei acordado até tão tarde para ouvir pancadas na janela. Vi sombra medonha do outro lado das cortinas. Esse foi o momento que qualquer garoto da minha idade gritaria por sua mãe, mas, nesse caso, não. Não queria ver aquele fantasma respirando mais uma vez esse dia, nesse caso me aproximei, liguei a lâmpada para observar aquele garoto magro... Embaixo dos seus olhos, era escuro, tão quanto o daquela mulher choramingando do outro lado da parede, e ele me disse algo que eu precisava saber.
"Estou até tão tarde aqui em razão de não conseguir dormir, eu tenho que ficar ouvindo os meus pais brigando nos outros momentos em que estão dentro de casa... Com isso, passo as noites acordado, ainda assim quero te alertar sobre aqueles boatos. Eu também não tenho medo dele, mas me assusto com as lendas. Sei que não vai fazer mal para ninguém; mesmo assim, é bom ter cuidado, pois certo tipo de superstições podem ser verdades de formas diferentes, que são interpretadas. Disseram que ele esteve morto quando se afogou para tentar salvar as crianças. Apesar dos seus esforços, a correnteza, força da natureza, foi ainda mais esmagadora quando a van foi tragada pela ponte de madeira, tornando-se mais forte. Conseguiu vida ao vomitar a água e, após esse dia, observando os corpos boiando dos estudantes e do motorista, ficou louco e agressivo. Espero que não fique tão assustado e fique um pouco mais calmo. Agora, eu preciso sair, porque está quase amanhecendo, e amanhã é dia de aula. Os meus pais já estão muito frustados com as minhas notas baixas para faltar, e vamos nos encontrar no colégio." - ele deslizou a escada das plantas, os seus dedos foram cortados pelos espinhos, mas não era suficiente para se preocupar com pequenas fissuras, e saiu correndo no meio daquele frio, com o vento absorvendo qualquer som, em todas as partes, em uma melodia avassaladora.
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Por um alguma razão, não acordei cedo o suficiente. Sacudi as minhas pernas e braços e fui direto para cozinha. Nessa manhã nublada, apenas precisei prestar atenção para um bilhete dizendo que o café estava pronto e que minha mãe não tem hora para chegar em casa, rabiscos bem diferentes da sua forma de escrever. Havia algo de errado ou esse dia começou tão bosta quanto os outros. Coloquei apenas a roupa do colégio desse lugar e fui caminhando para onde os garotos disseram que estavam a localidade, onde o micro-ônibus passa. Não fazia a mínima ideia se eu havia atrasado demais ou suficiente para aparecer pelo menos na terceira aula. A chuva começou de repente, quando eu pisei naquele lugar, e havia outros garotos tão perdidos quanto eu no horário. A presença deles foi o suficiente para eu ficar um pouco mais calmo.
Nunca senti o meu corpo tão pesado, enquanto eu aguardava nesse lugar. Os outros estavam tão silenciosos quanto eu, mas não demorou muito para observarmos aquele transporte se aproximando. Fiquei animado, e todos também. A chuva ficou tão forte quanto pedras caindo do céu, talvez eu já estivesse preocupado com outras coisas para ignorar esse clima violento. A escapatória estava chegando naquele coletivo... E as coisas boas sumiram logo quando mais um outro veículo se aproximou. No momento em que parou, nenhum de nós percebemos, tratava-se daquele cara que os garotos disseram que era um lunático. No breu da noite, imaginei criar fantasias na minha mente, que ele era uma figura fantasmagórica, com fisionomia bizarra e falando sozinho, sendo enganado pelas superstições locais. Para o meu devaneio pavoroso, durante o dia, foi como se todo pesadelo em uma noite mal dormida se tornasse real para tudo aquilo diante dos meus olhos.
Se dirigiu a mim somente, na minha direção, me mandando entrar, ao mesmo tempo que ajeitava o retrovisor para o ônibus se aproximando. Tentei ignorar ao máximo os seus berros, mas logo substituiu o tom autoritário para vocabulários maléficos, mencionando que estava com minha mãe sequestrada e, se eu não o obedecesse, iria matá-la. Nesse momento, sentindo um fantasma negro controlando o meu corpo, como uma marionete, direto para as ferragens do veículo, não pude fazer mais nada. Não existia mais ninguém para pedir ajuda, os outros garotos estavam tão arrepiados quanto eu. Finalmente, examinei os seus rostos frios, assustados, vazios, em tons mortos, para situação que nós estávamos, e não existia mais nenhuma opção além de entrar no seu carro e a porta se fechar logo em seguida.
Ele estava observando o retrovisor, enquanto os outros garotos entraram no coletivo, como se nada estivesse acontecido. O repugnante sabia muito bem que estava no controle e mais ninguém o desafiaria. Abaixou o vidro para um sorriso sujo, e os seus olhos me contemplaram. Nunca experimentei o gosto da morte como nesses segundos, dessa forma tão agonizante. Talvez tenha sido pior do que tudo que eu passei até o momento. Dezenas de possibilidades ficaram voando na minha mente, mas logo ele percebeu de uma forma como se tivesse sabendo que eu estava tramando uma forma de escapar.
"Sei que você está querendo escapar, contudo, não vai acontecer, não mesmo! Esse dia me trancaram, espancaram e esconderam naquele porão para que, embaixo dessa chuva do passado, exatamente na mesma manhã que minha filha morreu, não exista mais nenhuma morte e possam quebrar o círculo dos dez anos, mas não vai funcionar! Porque eu estou aqui, e você é tudo que eu preciso. Acharam mesmo que conseguiriam impedir mais uma criança de ser morta? Estão enganados! Você, garoto de fora, vai mudar isso! - os seus lábios inundaram qualquer tipo de esperança ou possibilidade de lutar, não existia nada além de nós dois, e o seu carro respirando, movimentando, peças oxidaladas comunicando uma com as outras. Eu desejei, pelo menos, que minha mãe estivesse bem, antes da morte imediata nas mãos daquele asqueroso.
As minhas têmporas se encolheram tanto, que minhas pestanas doeram e o freio, cortando do ferro desgastado pelo tempo, anunciou a imagem da minha casa. Eu estava na parte mais fria do dia, e a chuva finalmente escapou do outro lado. O cara estava olhando para frente e me aguardando sair, e não existia mais forças no meu corpo. Aconteceu um curto-circuito, e eu estava tão frágil quanto uma criança recém-nascida. Ele me olhou diferente e pareceu outra pessoa do outro lado. Seja lá o que fez com aquele outro sujeito, pavoroso, uma figura amedrontadora dos contos de terror da região, desapareceu para um cara com mais de trinta anos, frio e animado.
Garoto, você está seguro. Precisa sair agora e entrar na sua casa, porque me obedeceu. A sua mãe está a salva. Sei que você vê-los também. Eu os vejo desde aquele dia que sobrevivi e escapei da morte, mas não fugi dela. Consegue observar os mortos...? Todo mundo, que esteve por alguns segundos no outro lado, volta trazendo um pouco deles. Nós dois somos iguais! Aquele ônibus é o fantasma do passado, e os garotos são as vítimas! Sempre, depois de dez anos, tudo se repete. Você seria a terceira vítima, e todos me julgariam como culpado, porém quebrei o ciclo. Finalmente acabou! Não para mim, porque os fantasmas não são lendas, diferente da minha descrição apavorante em boatos." - minha mãe me recebeu logo em seguida que eu saí da lata-velha, e o tempo parou para observar que ele estava distante. A mamãe, muito desesperada, disse que havia quebrado a ponte mais uma vez por causa da inundação da tempestade, e orou pra eu estar bem.
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Em menos de dez dias, aquele cara havia sido vítima do destino e morrido dois anos depois, solitário. E nunca mais eu o vi. Mesmo assim, a tempestade voltou, a inudação feroz por sangue, mas eu não vou deixar mais nenhuma criança seguir o ciclo das mortes. Não quero ver mais desgraça na minha vida e de mais ninguém. Irei continuar ajudando os garotos, mesmo que todos me vejam como um louco por ter recebido carona do sujeito pavoroso que morreu há um tempo. Sabemos que as pessoas precisam de um monstro para odiar...
Autor: Sinistro