Desde 21 de abril de 2019 foi que as coisas estranhas começaram a acontecer. Começou com a vinda do meu tio que não nos visitava há muito tempo. Quando eu era pequena, eu e ele conversávamos muito quando nos víamos. Eu sempre gostei muito dele e por isso minha mãe me levava quase todos os finais de semana em sua casa. Agora que estou mais crescida, a escola e os amigos demandam praticamente todos os fins de semana o que nos obrigou a trocar mensagens, por isso estranhei sua visita naquele dia, achei que ele iria me avisar quando viesse. Nessa visita, ele me chamou para tomar sorvete.
Sempre conversamos sobre curiosidades aleatórias, como: et's, animais fofinhos, os tipos de estrelas que tem no universo, plantas toxicas exóticas, entre outras coisas, mas dessa vez ele parecia que queria me contar sobre algo importante.
Fui toda feliz com a companhia, estava com muita saudade dele, mas achei muito estranho quando ele me deu de presente uma bíblia e uma pulseira de rosário. Ele nunca foi religioso e nunca tinha me dado nada de presente antes. Agradeci, e logo em seguida ele começou a contar umas coisas muito estranhas, sobre seres que ele denominava como “Drougos”. Contou que os “Drougos” estavam nos observando, querendo vir para cá e que era para mim rezar, porque coisas ruins iriam acontecer e apenas Deus podia nos ajudar.
Quando questionei quem eram esses “Drougos” ele falou que eu iria descobrir em breve, mas que não era para eu ficar falando em voz alta sobre o assunto porque eles veem e sabem de coisas alem do nosso entendimento, e sabem também que teriam algumas pessoas mais difíceis que as outras.
Meu tio insistiu para que eu fosse uma das pessoas mais difíceis, mas não disse como ou o que eu deveria fazer para ser assim, além das instruções sobre ler a bíblia. Achei que era um jeito que minha mãe encontrou para me fazer ficar mais religiosa, então preferi seguir a dica e comecei a dar uma lida na bíblia que tinha ganhado, para ver minha mãe um pouco mais satisfeita comigo.
Domingo, dia 20 de julho, aconteceu outra coisa estranha. Acordei as 8 horas da manhã com o som de uma música muito alta. Levantei correndo e fui até a janela para ver o que estava acontecendo na rua. Tinham muitas, mas muitas pessoas mesmo, dançando na rua, todos fazendo os mesmos passos, como se estivessem dançando uma coreografia ensaiada por muito tempo. Eram passos complexos de dança, ora em duplas, ora individual, todos sincronizados uns com os outros.
Chamei por minha mãe, mas não obtive resposta. Deduzi então que ela estava lá na rua dançando junto com todo mundo, apesar de ela não ter comentado sobre ensaio nenhum comigo. Troquei de roupa bem rápido e fui lá dançar junto porque achei aquilo tudo muito legal, e quase todos os meses tem alguma festa na rua aqui na cidade.
Abri a porta de casa e logo vi meu tio no quintal, olhando para toda aquela festança. Fui até ele e percebi que olhava a multidão com certa curiosidade. Olhei para as pessoas e notei que pareciam estar em uma espécie de transe, como se estivessem hipnotizadas.
Meu tio perguntou se eu lembrava da nossa conversa na sorveteria aquele dia e eu disse que sim. Ele disse para eu prestar atenção, pois aquele era o primeiro sinal do começo dos fatos que levariam ao fim da humanidade. Quando fui questionar ele sobre o que queria dizer com isso, ele disse que já tinha dito coisas demais e que não podia explicar, porque os Drougos vão escutar e descobrir sobre nós dois, e não quer que eles o vejam como uma ameaça potencial.
Fiquei preocupada. Perguntei como podíamos fazer para mudar o destino e meu tio me xingou dizendo para ficar quieta e não pensar naquilo que estava acontecendo. Disse para mim agir como as outras pessoas até ele pensar em algo que pudesse fazer a respeito.
E assim como começou, a música terminou repentinamente. As pessoas que estavam na rua ficaram olhando umas às outras, com um ar de confusão. Pelo jeito não sabiam como tinham chegado ali. Não vi sinal de minha mãe na rua, então voltei para dentro de casa. Encontrei ela lá dentro; estava no banheiro tomando banho com a porta aberta e usando ainda os pijamas. Quando me ouviu fechar a porta da frente, saiu do banheiro, tirou o pijama molhado e se enrolou na toalha como se nada de anormal estivesse acontecendo e quando toquei no assunto da dança e do banho estranho dela, ela disse que não sabia do que eu estava falando e que eu tinha uma imaginação muito fértil. Percebi que ela não se lembrava de nada do que tinha acontecido naquele dia. Mas coisas piores ainda aconteceram alguns dias depois.
Sábado dia 3 de agosto de 2019: Dessa vez, quando meu tio chegou em minha casa, me trouxe de presente um filhotinho de cachorro, todo branco coisa mais lindinha. Porém não pude deixar de notar como aquele filhote tinha algo estranho. Quando peguei ele no colo, percebi que tinha vários machucados em seu corpo e o filhote estava um pouco frio, mas estava com a energia de um filhote saudável brincando.
Meu tio tirou de dentro de seu bolso um estetoscópio e colocou o objeto em meus ouvidos, a outra ponta apertou suavemente no peito do animal e me pediu para prestar atenção. Não havia batimentos. Ele deveria tecnicamente estar morto, mas estava ali brincando como se nada tivesse acontecido. Depois de me mostrar isso, fez um corte nas costas do cachorro, que não demonstrou reação nenhuma, mas ao invés de sair sangue, saiu um líquido verde de dentro da ferida recente.
Fiquei chocada, não sabia o que dizer sobre isso. Titio me explicou que isso era um efeito do veneno que os Drougos haviam lançado em alguns alimentos, ele ainda não sabia quais, mas acreditava ser apenas na comida de animais, para enfraquece-los sem que percebamos. Disse que eles entendem nossos animais como confortos psicológicos e que atacando nos bichos, nos tornará vulneráveis.
Quarta-feira, 21 de agosto. Estou na cantina da escola e meus colegas estão estranhos. A conversa que está rolando é sobre uma tal viajem que todos vamos fazer. Só o que dizem é que vamos viajar de avião dia 25 de outubro e que vai ser muito legal. Quando eu pergunto o destino é que a coisa fica estranha. Uns dizem que é surpresa, outras pessoas falam que é um passeio em outro país e outros dizem que a escola ganhou um prêmio do governo.
Meu tio me mandou uma mensagem agora, dizendo para não comer nada derivado de carne, e voltar agora para casa que ele me explica quando eu chegar. Acho que tem algo a ver com o cachorro que ele me mostrou. Olhei para o cardápio da cantina e congelei: tudo era de carne hoje. Sorte a minha que eu não tinha comido nenhum pedaço da torta que eu tinha pego.
Saí de fininho da cantina, e passei escondida pela secretaria para ir para casa, por sorte ninguém me viu. No caminho de casa haviam vários pássaros mortos pelo chão, todos com aquela mesma cosa verde que vi no cachorro saindo pelo bico. Não parei para dar atenção a isso. Quando cheguei em casa, meu tio me esperava na sala junto com minha mãe, que parecia em transe falando também sobre a tal viajem. Aí eu saquei na hora que a coisa estava cada vez pior.
Meu tio trancou a porta da sala e fechou as cortinas, deixando-a toda escura, tirou minha mãe da sala e falou que agora estávamos seguros. Me contou que descobriu através de um fórum online que mais pessoas tinham conhecimento sobre os Drougos e que ele entrou em contato com o dono desse fórum que deu informações terríveis para ele.
O homem contou que eles são seres de energia que moram em júpiter, que tem poderes que os fazem saberem tudo do futuro e do passado, que podem ver e ouvir além da nossa compreensão e que os Drougos estavam com os dias contados no planeta, pois havia a ameaça de serem atingidos por um meteorito gigantesco. Entretanto, como sabiam do passado, sabiam da história da criação do homem e que estávamos poluindo e destruindo nosso mundo.
Eles então decidiram que não merecíamos mais nosso planeta e resolveram nos envenenar com uma erva chamada pelos povos amazônicos de Ayahuasca, que causa alucinações e deixa a pessoa em transe. Primeiro fizeram um teste nos animais, então descobriram que os efeitos da erva ficavam na carne dos animais infectados. Foi muito fácil para eles nos envenenarem e muito simples para um desses seres possuir um ser humano para implantar a ideia da viajem.
Os Drougos querem fazer todas as pessoas entrar em suas naves pensando que são aviões e transportá-los para seu planeta condenado, nos mandando direto para a extinção.
Fiquei chocada com tudo isso, e não sei o que fazer. Na escola falaram que temos menos de um mês para a viajem e meu tio disse que está procurando mais pessoas para criar um grupo e combater eles. Não faço ideia do plano que titio inventou, ele não pode nos contar nada por que sabe que os Drougos vão escutar, então estou apenas ajudando a recrutar mais gente.
Além dos poderes deles, sabemos que são covardes, pois estão nos manipulando para irmos por vontade própria para a morte iminente. Precisamos ser espertos para enganar aqueles que sabem de tudo. Estamos seguindo a filosofia de que todo o futuro é subjetivo e pode ser mudado pelo presente. Não sei como as coisas estão na sua cidade, mas se você souber de alguma coisa, por favor entre em contato, e não coma nem beba nada derivado de animais, pois eles estão contaminados. Nos deseje sorte e que Deus nos abençoe.
Autor: Pixel