23/08/2018

Minha Filha

Há dois anos eu perdi tudo. 

Em uma de minhas raras, e última, noitada com os amigos um sádico invadiu minha casa onde estavam minha mulher e filha. 

Sempre irei me culpar. 

Eu deveria estar lá, deveria protegê-las. Mas fui comemorar o resultado de um jogo ridículo. Fui tão estúpido. 

Mas como eu poderia imaginar que algo assim aconteceria conosco? Algo tão brutal, tão distante da nossa realidade. 

Achava que coisas assim somente aconteciam em filmes de terror. 

Não foi um simples assalto. Ele tirou muito mais do que bens materiais da minha família. 

Pois depois dos horrores daquela noite, minha esposa não conseguiu resistir e sucumbiu. Ela ainda vive, mas não está mais lá, não é mais ela. 

Tornou-se só mais um corpo na ala psiquiátrica de um hospital qualquer. 

Eu quero ajudá-la, quero tê-la de volta. Entretanto, preciso admitir que a minha sanidade também não se manteve por completo. 

Porém, diferente dela, não quero me entregar, não posso, mesmo sendo tão difícil viver com isso. 

Ainda mais depois do que a minha filha sofreu. 

Estava revivendo em minha mente aquela noite, a notícia, o desespero...; quando escuto passos leves no corredor. 

Uma pequena mão empurra a porta deixando um pouco da luz entrar. 

- Papai, está acordado? - Ouço a voz de minha filha, parecia assustada. 

- Tudo bem, meu amor? - Pergunto sentando-me na cama. 

- Acho que tem mais alguém na casa. - Seus grandes olhos infantis deixam claro o medo. 

Não posso deixar algo acontecer novamente com ela. Já falhei uma vez em protegê-la, não posso permitir que se repita. 

Salto da cama abrindo a gaveta em busca de minha arma. 

Nossa casa é pequena, então não demora muito para assegurar-me de que tudo estava bem. 

De volta ao quarto, onde Helena me esperava encolhida na cama, expliquei a ela que não havia mais ninguém na casa. Mesmo assim continuava apreensiva, algo totalmente esperado depois de tudo o que aconteceu. 

Ela pede para dormir comigo, fico feliz por pelo menos ainda fazê-la sentir mais segura em minha presença. Sou seu pai afinal, é o meu dever cuidar dela e evitar o seu mal. 

Tarefa na qual falhei miseravelmente. 

Adormeço com minha filha em meus braços, contudo acordo segurando somente sua boneca preferida suja de terra, a boneca com a qual foi enterrada.


Autora: Luisa Moreira

17 comentários:

  1. Muito bem escrita. Acho que foi baseada numa daquelas creepypastas de duas frases, mas ficou ótima do mesmo jeito.

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    1. Eu geralmente escrevo sobre pesadelos, talvez tenha sonhado depois de ler uma dessas, então na real pode ser mesmo, mas eu não lembro pra te dar uma resposta precisa

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  2. Achei que estivesse morta a creepy inteira, ai no fim ja achei que não estivesse, e por fim estava

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    1. Uma dica da vida dizendo para seguir a sua intuição kkkkkk

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  3. Achei que ele era o assassino,muito boa 9/10

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  4. au do uma nota 7 porquê não considerei terror mais tem um final relativamente legal e inesperada

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  5. Boa. Bem escrita, fácil de ler e não é cansativa. Só não achei o final muito interessante, pelo simples fato de que era previsível. Já li outras creepys parecidas. Tirando esse pequeno detalhe, gostei do texto. Me encantaria ler outras obras da autora.

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