10/08/2018

Eu encontrei uma carta do meu eu de sete anos [Parte 3 - Final]

Peguei o celular para ligar para minha mãe esta manhã, mas guardei antes de apertar o botão para ligar. Eu queria ligar e dizer a ela que sabia sobre o que aconteceu comigo - pelo menos a part médica - mas algo dentro de mim estava me segurando. Era um incômodo nos limites da minha mente que desaparecia no momento em que eu tentasse me concentrar nele, como aglomerados de vítreo flutuando em minha visão, e no momento em que parei de pensa rnisso, lá estava de novo, nos periféricos do meu subconsciente, fora do alcance.

Como sempre, quando uma coisa dá errado, tudo dá. Eu poderia ficar numa boa, se não fosse a paranóia adicional causada pela invasão na noite passada, especialmente depois de ter lido os relatórios médicos. Já andei pela casa provavelmente uma dúzia de vezes esta manhã à procura de possíveis pistas que me orientem em relação a quem esteve na minha casa na noite passada, mas até agora não consegui nada e isso está me comendo vivo.

Não sou nenhum chaveiro, mas sei um pouco sobre fechaduras e como elas funcionam, e também sei que arrombar uma fechadura não é tão fácil como é retratado em inúmeros jogos e filmes. Leva tempo, até mesmo para fechaduras simples, e especialmente para fechaduras que são usadas em portas de entrada e traseiras, pode levar bem mais tempo. Havia três cenários que eu poderia imaginar acontecendo noite passada, e embora eu odeie ficar obcecado com isso, eu sei que não posso evitar.

Primeiro, é possível que eu tenha deixado a porta destrancada. Eu sou um habitual trancador de portas, então eu honestamente não vejo isso como estando dentro do reino das possibilidades, mas ainda é possível. Segundo, o que é mais assustador, é que alguém passou algum tempo arrombando a fechadura de uma das minhas portas para entrar na minha casa. Isso significaria que alguém veio à minha casa, preparado, e teve tempo para arrombar minha fechadura. Novamente, eu não acho isso provável, mas eu prefiro isso do que o último cenário possível, que é o que me deixa tão assustado. Em terceiro lugar, e o mais provável em minha mente, assim como o mais assustador, alguém estava na minha casa ANTES de eu entrar no chuveiro, provavelmente horas antes.

Esta terceira possibilidade é o que me levou a comprar algumas câmeras na loja de eletrônicos, assim como novas fechaduras. As câmeras eram baratas, e eu só tinha três delas no pacote, mas eu podia conectá-las ao meu celular e eu gostava da ideia de poder verificá-las onde quer que eu estivesse, contanto que eu tivesse meu celular comigo, que era quase sempre.

Passei o resto da tarde trocando as fechaduras das minhas portas e instalando as câmeras de segurança. Fiquei um ponto desapontado com a qualidade da imagem - é um pouco granulada, e o rastreamento de movimentos não é tudo isso - mas pelo que pagui, acho que elas não são tão ruins assim.

Por mais que eu quisesse me manter ocupado com esses projetos, minha mente não parava de dar voltar em torno de tudo que havia descoberto ontem. - o papel, a música estranha, os registros médicos - e tudo continuava lebvando à minha mãe. Ela sabia de algo, obviamente, e eu precisava descobrir o que ela sabia que eu não.

Depois que tudo estava pronto, resolvi ligar para ela e tentar tirar uma resposta dela. Ela atendeu rapidamente.

"Mãe, eu sei que algo aconteceu comigo quando eu era criança. O que foi?" Eu fui direto demais, acho, mas obtive a resposta que eu esperava.

Sua resposta foi um pouco confusa, mas parecia de alguma forma praticada. Ela suspirou alto e disse: "Você ficou muito doente por um longo tempo quando era pequeno - quase morreu algumas vezes. Os médicos nunca conseguiram descobrir o que estava acontecendo, mas suas febres eram tão altas que você começava a alucinar. Quando começou a melhorar e as febres começaram a diminuir, nós percebemos que você não se lembrava de nada sobre estar doente. Os médicos disseram que era provável por causa das febres e nós decidimos que era melhor você não se lembrar, então nunca lhe contamos."

"Eu me senti como a pior mãe do mundo naquele ano. Você ia e voltava do hospital com as mais estranhas aflições. Abriram uma investigação contra nós para determinar se estávamos de alguma forma abusando de você. Foi um ano terrível, e quando você não se lembrou de nada, pensamos que era uma maneira de Deus te salvar de todo o sofrimento que você passou."

O que ela disse fazia sentido e eu imediatamente senti como se uma rocha tivesse se formado em meu estômago - merda, eu provavelmente faria o mesmo na situação dela - mas novamente aquela coisa no fundo da minha mente flutuava fora do alcance. Mas estava mais perto - algo sobre aquela música, talvez - mas ainda assim abaixo da superfície.

Eu fui para a cama cedo, que é onde estou escrevendo isso agora, porque, sinceramente, estou exausto. Espero conseguir dormir esta noite.
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Acabei de acordar com uma forte dor de cabeça e me sinto totalmente exausto, mas acho que não conseguiria voltar a dormir. Eu tive alguns sonhos bem estranhos, inclusive enquanto escrevo isso eles estão desaparecendo da minha mente, mas tenho que escrever o quanto eu me lembro - eu sinto que é importante.

Eu estava dormindo na minha cama quando de repente eu estava acordado. Não havia agitação das pálpebras nem em meu sono, eu simplesmente estava acordado. Eu me deitei, no escuro, ponderando isso quando ouvi algo no chão abaixo de mim.

Eu me sentei rapidamente.

Esperei por algum barulho, me perguntando se eu tinha sonhado, então novamente eu ouvi o som, como passos abafados se movendo para frente e para trás abaixo da minha cama. Em meu medo e repentino pânico, minha mente se lançou a conclusões imediatas de monstros debaixo da minha cama e eu tive que expulsar o medo antes que ele me consumisse. Eu sabia que me sentiria idiota depois, mas naquele momento, no meio da noite, tudo parecia possível.

Senti então uma onda de náusea tão forte que quase vomitei nos lençóis. Prendi a respiração e cerrei os dentes para conter a bile subindo pela minha garganta e quando tive certeza de que poderia me controlar até chegar ao banheiro, respirei fundo e saí da cama.

Assim que soltei o ar e comecei a receber oxigênio fresco, percebi o que me deixara tão enjoado. Minha casa cheirava a um banheiro no meio do verão, com um forte cheiro de excremento humano. Era um cheiro horrível que encheu meu nariz e minha boca e fez meus olhos arderem. Eu sabia que não chegaria ao banheiro e com o instinto e a velocidade de um homem que está a poucos momentos de vomitar, eu peguei a lata de lixo do canto da sala e vomitei por muito tempo em cima dos lenços e embalagens de barra de chocolate que estavam no fundo da lixeira.

O cheiro não desapareceu, mas eventualmente eu comecei a tolerá-lo. Quando acabei de vomitar o que parecia ser tudo o que eu havia comido, de repente me lembrei de ouvir o barulho no andar de baixo.

Eu corri para o meu celular e abri o aplicativo para acessar as câmeras que eu tinha acabado de montar, e o que eu vi na tela momentaneamente fez minha visão borrar e uma onda de adrenalina percorreu meu sangue.

Havia um grupo de pessoas, talvez uma dúzia ou mais, em pé na minha sala de estar.

Eu não conseguia acreditar no que estava vendo, mas estava na imagem em preto e branco granulada gerada pelo modo noturno da câmera. Eu procurei na multidão por rostos que eu conhecia. Havia algo neles que parecia familiar, mas eu não conhecia nenhum deles - isso era certo.

Espera.

Nos fundos, vi alguém que se parece muito com alguém que eu conhecia. Mas isso não era possível.

Ela se moveu ao redor da sala e, eventualmente, a câmera pegou uma quadro cheio de seu rosto - um rosto que eu conhecia de qualquer lugar, porque era o rosto da mulher que me criou. Era minha mãe.

Eu assisti em um confuso desconcerto enquanto as pessoas na sala abaixo de mim se moviam umas sobre as outras. Alguns deles tinham coisas em suas mãos e estavam fazendo algo no meio da sala, mas eu não conseguia ver exatamente o que era ou o que eles estavam segurando - eram muitas pessoas para poucos ângulos de câmera.

Perdi a imagem da mulher que eu pensava ser minha mãe, e no meu estado de choque, não consegui ouvir os passos que vinham em direção à porta até que era quase tarde demais.

Eu ouvi alguém se aproximando pouco antes do barulho de alguém virando a maçaneta. Eu já estava na porta e tive a sorte de pegar a maçaneta, girá-la de volta para o lugar certo e virar a chave.

Corri para a gaveta do criado mudo, peguei a arma a carreguei fazendo um barulho alto para que quem quer que estivesse do outro lado recebesse a mensagem.

Fui até a porta e coloquei minha orelha contra ela. Eu podia ouvir alguém do outro lado, respirando alto, arduamente.

“DoverHawk?” A voz disse. Era a voz que eu tinha ouvido no telefone apenas algumas horas atrás.

Não respondi no começo, estava muito ocupado fazendo as contas na minha cabeça. Ela mora a horas de distância. Que horas eram? Quase três da manhã. Eu falei com ela depois do jantar por volta das sete. Mesmo que ela estivesse em alta velocidade, ela teria, sem dúvida, que ter saído naquele exato momento se quisesse chegar aqui e falar comigo pessoalmente agora.

"Mãe?" Eu disse. "O que está acontecendo?"

"Abra a porta e eu vou explicar", ela disse calmamente como se eu fosse uma criança se escondendo no banheiro depois de quebrar uma lâmpada.

“Apenas explique assim. Quem são as outras pessoas?"

"Eles são alguns dos meus amigos que eu pedi para vir junto. Você conhece alguns deles, eu acho. Tem o Jason da delicatessen e a Martha que mora na rua de-"

"Mãe", eu disse, cortando-a. "Eu vou perguntar uma vez e espero por Deus que tenha uma boa resposta." Eu nunca tinha falado com a minha mãe assim, mas eu estava com medo, e já era tarde, e algo estava acontecendo que eu não conseguia nem começar a compreender. "Que porra está acontecendo?"

Ela estalou a língua com desaprovação. "Isso não é maneira de falar com sua mãe."

Segurei a arma mais forte. Eu não ia usá-la, muito menos com a minha mãe, mas isso me dava confiança. "Eu não me importo. Você precisa me dizer o que está acontecendo agora ou irei ligar para a polícia! Merda, eu poderia fazer isso agora mesmo."

O que ela disse em seguida foi claro e me atingiu na alma. "Eu não recomendaria isso."

Não tive a chance de perguntar por quê. Eu não tinha ouvido o som de alguém se aproximando, ou talvez eles se aproximaram ao mesmo tempo que minha mãe, e eu ouvi um chute alto contra a minha porta e a moldura da porta quebrou.

Dei um passo para trás e levantei minha arma.

"Saiam da porra da minha casa!" Eu gritei. "Eu tenho uma arma e eu vou puxar o gatilho para quem passar por esta porta!" As cordas se destacaram no meu pescoço enquanto eu gritava, e minhas mãos tremiam de raiva e medo. Eu sabia que faria porque seria uma reação instantânea. Minha mãe podia atravessar a porta e eu atiraria com a mesma rapidez que qualquer outra pessoa. Eu esperava que isso não acontecesse.

Mais um golpe sólido na porta e ela se abriu. Um homem grande vestido de jeans azul e uma camisa polo entrou e, assim como eu imaginava, o instinto assumiu e meu dedo puxou o gatilho.

Click.

Nada. Ele se aproximou de mim e eu tive talvez três segundos antes que ele estivesse perto o suficiente. Eu carreguei a arma novamente, verificando o pente, e vi horrorizado que não havia balas.

Eu tinha colocado as balas ontem, tinha certeza disso, mas elas tinham sumido.

As mãos do homem, grandes e carnudas, se fecharam em torno de meus braços enquanto eu observava a arma vazia em um torpor momentâneo.

Senti mais mãos me apalparem e vi que pelo menos meia dúzia de rostos me encaravam fazendo caretas quando as mãos me levantaram do chão. Eu chutei, gritei e lutei, mas havia muitas pessoas.

A arma caiu no chão e ouvi alguém pegá-la enquanto eu era carregado, lutando, saindo do meu quarto, descendo as escadas e entrando na sala onde vi velas acesas ao redor de uma velha cadeira de madeira. A cadeira tinha algemas nos braços e pés dianteiros.

Meus olhos se arregalaram e encontrei uma nova resolução enquanto me levavam para a cadeira. Meus pés deram alguns bons chutes e eu quase caí, mas quem quer que eu tenha chutado foi rapidamente substituído por outra pessoa. Eles me sentaram e, como minhas mãos e pernas estavam algemadas, vi o rosto de minha mãe, seus olhos cintilando à luz das velas, não com lágrimas, mas com uma sólida determinação, e implorei a ela que me deixasse ir.

Ela sorriu. "Eu estou prestes a deixar."

As pessoas ao meu redor começaram a cantar em uma língua que eu não conhecia e todas elas recuaram, formando um círculo ao meu redor.

Através da multidão de pessoas que agora enchiam minha casa, observei uma pequena figura se arrastar em minha direção. Era uma garotinha, talvez sete anos ou mais, e eu estava prestes a gritar com ela e dizer para correr e buscar ajuda quando ela atravessou a multidão e eu vi seu rosto na fraca luz das velas. Ela não tinha olhos.

Eu gritei e o mundo ficou preto.

Esse foi o fim do sonho. Mesmo quando eu escrevo isso e desaparece na minha memória, o sonho parece tão real, mas eu chequei minha porta e a moldura da porta está bem. Eu procurei por hematomas e não há nenhum. A arma ainda está na minha mesa de cabeceira, totalmente carregada. Tudo está onde deveria estar.

Normalmente eu não pensaria muito além disso, mas acordei sentindo-me estranho, e no tempo que me levou a escrever isso, vomitei duas vezes, e em vez de ver o jantar da noite passada flutuando na água do vaso sanitário, eu vi um xarope vermelho escuro afundando no fundo da tigela e sentia o gosto de sal e ferro na minha língua. Minhas mãos estão começando a doer também, e não posso deixar de pensar em como esses sintomas estão em paralelo com os registros médicos que li ontem. Acho melhor ir ao hospital. Me deseje sorte.




Esse conto foi traduzido exclusivamente para o site Creepypasta Brasil. Se você vê-lo em outro site do gênero e sem créditos ou fonte, nos avise! Obrigada! Se gostou, comente, só assim saberemos se você está gostando dos contos e/ou séries que estamos postando. A qualidade do nosso blog depende muito da sua opinião!

18 comentários:

  1. Acho que tô começando a entender a creepy kkk

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  2. to gostando quero que saia a parte 4 logo

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  3. NAO ENTENDI PORRA NENHUMA E EU PENSEI Q ERA REAL MAS O CARA TAVA CONTANDO UM SONHO MANO, UM SONHOOOOOOOOOOO PUTA QUE PARIU

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  4. Gente vcs não leram que esse foi o final? Rs

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    1. Kkkkk ne? Pedindo parte IV quando ta escrito "final" bem no título

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  5. Mas foi real meu anjo, só você prestar atenção no final

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    1. Não foi um sonho, ele vomitou sangue igual quando criança. A mãe fez um ritual com ele

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  7. Teoria: durante a infancia a mâe dele,fez agum tipo de ritual pra invocar algum espirito, e o tal do espirito quis se apossar dele, parece que deu errado e quase o matou, dai ela e o culto apagaram a memoria dele, só que anos depois, ele acha a carta, que éle`(espirito) escreveu, e começa a se lembrar,dai a mãe dele chamou o grupo dela, pra apagar as memorias denovo. é isso que ele escreve como se fosse um sonho, só que foi real. em fim parece que isso vai virar um loopig de acontecimentos repetidos

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