Eu tinha por volta dos 6 anos de idade, nessa época costumávamos visitar meus avós por parte de pai em um sítio à cerca de 50km da cidade, no interior de São Paulo.
Minha avó morava sozinha em um casarão que já foi chique, tinha uma sala enorme de pé direito duplo que se dividia em três ambientes, uma escada subia e em um segundo piso haviam cerca de seis quartos. Mas mesmo sendo uma casa bonita, era uma casa velha, e o banheiro ainda era fora da casa, uma construção que chamavam de “casinha”, cerca de 100m da casa.
Minha avó era uma figura, ela era uma daquela senhoras de sítio cheia de histórias para contar, que vão desde o primeiro beijo dela aos poucos anos (a idade mudava cada vez que contava a história) até o dia que ela viu figuras folclóricas nas matas próximo ao sítio. Meu avô havia se afogado nos rios a alguns anos, e ela jura que era a Iara que chamou ele. Riamos das histórias enquanto comíamos o maravilhoso bolo de fubá que ela fazia.
Era um dia comum, eu ajudei nas tarefas diárias e pela primeira vez tomei banho no rio, até porque era melhor nadar pelado do que ficar pelado em frente a família toda se esfregando dentro de um balde de água quente.
Após o jantar, minha avó subiu para seu quarto, e nós ficamos assistindo televisão. Já era cerca de 1h da manhã, quando a energia caiu. Todos ficamos assustados, acendemos algumas velas que já estavam ali por perto e ficamos na sala fazendo companhia um ao outro.
Já era quase 2h e a energia ainda não tinha voltado. Pensamos “bem, deve ser um corte de racionamento, melhor irmos dormir”.
Foi quando ouvimos um guincho. Parecia ser um porco, mas era muito alto. Ele foi acompanhado por um bater de asas pesado e um estrondo que parecia algo enorme que pousou no telhado da casa. Podíamos ouvir passos nas telhas, que eram ecoados pelo grande espaço vazio entre o teto e o chão do casarão. Meu pai pegou a espingarda em cima da lareira e a carregou com dois cartuchos. Ele começou a acompanhar o barulho com sua mira, foi quando percebeu que o que quer que fosse aquilo, estava indo em direção do quarto da vovó.
Ele correu como nunca o vi correr, e nós acompanhamos porque, bem, por mais que fôssemos enfrentar um dragão ali, era melhor que ficar sozinho, eu estava literalmente me mijando de medo. Subiu a escada em meia dúzia de saltos e ao chegar na porta, ela estava trancada. Ele disse que ouviu minha vó rezando e um barulho que pareciam com castos contra o chão de madeira do segundo andar. Eu só ouvi o grito de minha avó. Ela não atendia, então ele conseguiu arrombar a porta.
Logo que entrei, senti um cheiro estranho, parecia ovo podre. Vi que meu pai estava com lágrimas nos olhos, e nunca vi ninguém dormindo tão divinamente. Minha avó estava na cama, coberta com uma colcha, e com as mãos unidas em frente ao ventre, segurando um rosário. Uma vela estava acessa ao seu lado e ela estava sorrindo. Seria uma cena linda, mas ela havia falecido. Ela teve um infarto.
Não vimos nenhum rastro da coisa com casco e asas que guinchava como um porco.
Meu pai vendeu o sítio poucas semanas depois, com toda a mobília e até com as roupas e utensílios que estavam lá, única coisa que ele retirou foram alguns pertences como livros, retratos e álbuns de fotografia da família.
Um ano se passou e essa história já estava quase esquecida por mim. Eu voltei a me lembrar disso no dia que meu pai teve um derrame. Fomos ao hospital naquela noite, ele segurou meu braço e me disse “ele vem quando o ignoramos”. Meu pai faleceu naquela noite.
Desde então eu não o ignoro mais, todo dia antes de dormir, deixo um prato de leite e um prato com pedaço de bolo ou algo do tipo. Todas as manhãs o copo e o prato estão vazios. Já é uma tradição a mais de 10 anos. Não ouso ignorá-lo.
Autor: Antonio Campos
Que?
ResponderExcluirA criatura foi meio que jogada na estória, poderia ter aprofundado mais ao contar essa maldição que persegue a familia, como o personagem indo atrás de informações sobre ela.
ResponderExcluirA história não é ruim, só ficou meio vago
ResponderExcluirEu hoatei da história, e mesmo que não tenha aprofundado no monatro é boa
ResponderExcluirscr, gostei*, monstro*.
ExcluirE.. acho que poderia ter falado mais da tradição foi meio jogada aí no final do texto
Acho que até eu postaria uma mais completa, menos curta e menos vaga.
ResponderExcluirA história é rasa, mas foi muito bem escrita.
ResponderExcluirParabéns ao autor, dá pra ver que tem talento.
Foi bem escrita e tinha potencial pra ser uma história boa, mas faltou aprofundar mais.Mas continue escrevendo espero ver mais histórias suas aqui no site.
ResponderExcluirMuito bem escrita e com um ritmo ótimo.
ResponderExcluirGosto de como e vaga no final, da muito bem pra entender tudo que acontece. Nem toda história precisa ser mastigadinha.
Criaturas que exigem oferendas são frequentes no folclore brasileiro e e essa história foi contada de modo agradável e bem feito.
Acho que o bicho era o avô
ResponderExcluir