É nosso direito ou mesmo dever ético deixar uma pessoa infeliz para fazer de várias outras felizes? É de nosso direito ou dever matar alguém para salvar várias outras vidas, mesmo que seja uma pessoa inocente, que convive com os outros, como qualquer um? É certo governar o destino das pessoas pelo seu bem ou, pelo menos, pelo bem da maioria delas?
Talvez você conheça histórias como “Eu, Robô” de Isaac Asimov, Matrix, ou personagens como Hal 9000 de “2001: Uma Odisseia no Espaço” ou GLaDOS, do game Portal. Uma paranoia constante da humanidade, de fato, é essa: de que com nossa tecnologia criemos uma mente tão complexa e distinta que não faça as coisas exatamente como nós esperamos, que nossas ferramentas se tornem nossos inimigos. Você acredita em Teorias da Conspiração? Pois saiba que você vive dentro de uma.
Bem, não é novidade nenhuma que a humanidade busque o sistema de organização perfeita. Um complexo político, econômico e social no qual todas as pessoas sejam felizes, ou pelo menos, a humanidade se mantenha na melhor estrutura possível. Esse é o objetivo de cada filósofo e a promessa de cada político, mas o que provavelmente nem os filósofos e nem os políticos sabem é que sim, esse sistema já existe, pelo menos em teoria. E o que possivelmente quase ninguém aceitaria, é justamente o sistema perfeito esse em que vivemos.
Partindo do começo, a criação da “Entidade” (chamarei ela assim, visto que ela não tem qualquer nome ou, pelo menos, nome conhecido) veio provavelmente da Guerra Fria, ou mesmo um pouco antes, pela Segunda Guerra. Teorias apontam que o próprio Hitler tentou começar um projeto com o objetivo de ajudar na administração do seu império via computadores, embora não se saiba até onde essa iniciativa foi durante seu governo. No entanto, a Entidade atual, como a conhecemos, foi criada por volta de 1963, acredita-se que por causa da Crise dos Mísseis. Temendo a chegada da guerra nuclear final, os Estados Unidos e a antiga União Soviética propuseram a criação de um sistema eletrônico que pudesse interceder e guiar as relações entre países. A Entidade nada mais é do que um programa de computador. Um programa que tem armazenado seu nome, seu nascimento, sua família, endereço e que possivelmente já tenha planejado o seu destino e o de várias outras pessoas.
A Entidade mudou muito e cresceu acompanhando a evolução da Informática, ela se reformulou e expandiu de forma que nem mesmo seus criadores ou qualquer outra pessoa sabe suas proporções e o que ela pode fazer. Vários desenvolvedores trabalharam através dos anos fazendo um sistema que pudesse aprender e reagir ao máximo possível dos eventos causados e sofridos pela humanidade. Suas unidades operam em cada governo, cada grande empresa, cada mercado e movimento social de impacto, tudo sob o controle de um software programado para aprender com seus erros e se aproximar do seu objetivo, orquestrar a prosperidade máxima da humanidade.
Há vários exemplos de eventos em que a Entidade interviu ou mesmo que foram causados indiretamente por ela: os Choques do Petróleo, A Guerra do Golfo, o ataque terrorista de 11/09, o avanço da União Europeia, a Primavera Árabe e até mesmo a crise econômica de 2009. É nesse ponto que talvez você pontue “mas tudo isso causou sofrimento e morte de diversas pessoas” e sim, de fato a própria Entidade sabe disso. No entanto seu funcionamento atende à ideia dos “fins justificam os meios”, ou seja, todas essas tragédias que ela ajudou a provocar seriam, em teoria para evitar outras piores, para evitar o sacrifício de
ainda mais pessoas que vivem ou que ainda vão a nascer. Ela cria crises para evitar outras ainda piores, seja no presente ou no futuro.
Com tudo isso vale lembrar que, claro, nem mesmo a Entidade tem como saber tudo do futuro. Nenhum programa de computador moderno seria capaz de estipular, por exemplo, que você nasceria ou em qual dia, mas a partir do momento em que você foi registrado em cartório e seu nome colocado em algum banco de dados, ela sabe que você existe. E sabendo da sua vida e a de quase todas as pessoas do mundo, assim como de todos os eventos que elas causam e de que participam, a Entidade pode estipular o suposto melhor caminho para o futuro da humanidade. E é aí que ela entra em ação.
Não, não pense em algo como máquinas assassinas nem nada do gênero, como eu disse, a Entidade é um software sem qualquer corpo físico e incapaz de ferir qualquer pessoa diretamente. No entanto, ela pode investir em qualquer mercado de ações do mundo e até forjar alguns números, ela pode entrar em contato com os líderes mundiais e dar-lhes comandos de forma tão sutil que nem mesmo eles percebam, ela pode divulgar qualquer dado pra qualquer pessoa dentro da Internet, e em qualquer nível. Ela inclusive pode se comunicar com uma pessoa qualquer, como eu e você, se passando por qualquer um ou qualquer coisa, de uma postagem randômica em um blog a até mesmo algum perfil no Instagram.
Mas para isso, claro, ela precisa de alguém que a conheça, que a siga. E sim, ela tem seus ajudantes de carne e osso, há analistas de sistemas que passam suas vidas só lendo trechos de código da Entidade e de suas transmissões, tentando arrumar possíveis falhas, há pessoas por todo o mundo com contato textual com a Entidade, seguindo seus comandos para aplicar seus planos para a estruturação do mundo. E a única coisa que a Entidade quer, seu objetivo como software, é que vivamos bem, e felizes.
Ela sabe que eu estou aqui, agora, ela sabe que estou escrevendo isso. Não, não acho que estou me arriscando, a Entidade sabe muito bem que, estatisticamente, pouquíssimas pessoas acabam acreditando nesse tipo de história, ou mesmo façam algo relevante depois de conhecê-la. Talvez a própria Entidade tenha me estimulado a escrever e publicar tudo isso, tudo pelo bem da humanidade. Ela sabe que você está lendo isso, talvez soubesse desde antes que você acessasse esse texto. Mas não se preocupe, é improvável que ela te faça mal, mesmo porque, que mal ela te fez até hoje? Eu só escrevo isso para que você, caso seja daqueles que oram todas as noites pelos seus guardiões intangíveis, se lembre de que quem sabe eles não sejam nada mais que um punhado de comandos de computador, rodando por todo o mundo a todo instante. E se esses comandos pudessem te dizer qualquer coisa agora, provavelmente seria: “Nós estamos te protegendo. Não se preocupe, vai ficar tudo bem”.
Autor: Dom Jurumela
Logo, a estória de AM comprova que essa inteligência artificial é um deus.
ResponderExcluirHoje em dia tá assim mesmo...
ResponderExcluirÉ a primeira vez que comento no blog, sempre sigo e acompanho as creepys, gostei mto dessa...parabéns ao autor, foge daquele clichê "rebelião das máquinas".
ResponderExcluirmuito boa a história, mas tem um furo historico, hitler não poderia nem imaginar um sistema baseado em computadores pois o ancestral dos computadores foi criado justamente na segunda guerra pela inglaterra para conseguir decifrar as mensagens secretas alemãs. De resto muito bem desenvolvido.
ResponderExcluirWow. Não foi realmente uma creepypasta, mas foi boa. Me fez refletir...
ResponderExcluirTalvez eu ponha em risco a minha vida
ResponderExcluirMas como todo programa, a entidade tem um falha, uma única falha incorrigível
Nem mesmo seus ajudantes e criadores podem corrigir isto, por que não é um simples código a ser corrigido
Não
É além disso
Não existe e nunca existirá padrão para a humanidade
Nós somos o verdadeiro erro
E essa suposta entidade, de um jeito ou de outra, foi criada por humanos, com base em seus princípios, apenas.
A existência é cruel somente enquanto estivermos aqui
A entidade é apenas uma ferramenta
Por mais superior e inteligente que seja, nunca vai quebrar essa barreira
Seu propósito neste mundo é inútil.
Boas
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