Você já ouviu dizer que, quando se quer algo e se deseja com
muita força, acaba realmente acontecendo? Pois bem, eu nunca acreditei nessa
besteira, até algo acontecer comigo.
Sempre fui um jovem quieto, um pouco antissocial e muito,
mas muito tímido. Eu gostava de uma garota, a mais linda de minha sala, mas ela
nunca me deu atenção e, pra ser sincero, foram poucas às vezes que consegui
trocar uma palavra com ela em mais de 3 anos que estudamos na mesma turma.
Mas um dia algo aconteceu com ela.
Ela sempre vivia rodeada de amigos e amigas, sempre ficando
com um ou outro cara e isso me doía muito. Porquê não eu? O que todos os outros
tem que eu não tenha? É por que sou feio? É por que sou pobre? Me visto mal ou
não sou legal como os outros? Isso me desqualifica?
Talvez esses tenham sido os motivos, mas naquele dia, tudo
mudou.
Foi uma tarde chuvosa, ela estava calada, o tempo passou e
deu a hora de ir para casa. Eu fui até a biblioteca devolver o livro que havia
emprestado e, quando saí da escola pude vê-la no ponto de ônibus. Eu me
aproximei dela e notei que estava chorando.
Parei ao seu lado e a observei. Ela olhou para mim. Fez-se
um ou dois minutos de silêncio, quebrado apenas pela chuva e o barulho dos
carros que passavam naquela rua. Ela me fitou, como se esperasse que eu
dissesse algo. Eu precisava dizer algo, mas para mim não era tão simples assim.
Ela virou o rosto e então percebi que aquela talvez fosse a
única chance de me aproximar dela.
- Vo- você está bem? – foi a única coisa que consegui pensar
em perguntar naquele momento.
Ela voltou seu olhar a mim, seus olhos vermelhos
lacrimejando, sua roupa molhada e sua expressão de extrema tristeza.
Eu estava certo. Aquela foi minha melhor oportunidade e, no
caminho de volta para casa, viemos conversando e ela me contou tudo o que lhe
havia acontecido. Decepção amorosa, já era de se esperar, mas algo nasceu
daquela conversa e aos poucos fomos nos aproximando.
Passaram-se alguns meses e então apareceu um cara. Um aluno
novo na outra turma que veio do período vespertino. Eu mal pisquei e lá estava
ele, cortejando a garota, cada vez mais próximo dela e ela mais distante de
mim. Uma sensação terrível começou a tomar conta de mim, era doloroso,
triste... Eu quis morrer quando vi os dois se beijando e ela, já não voltava
para casa comigo.
Não foi fácil, não foi nada fácil deixar aquilo de lado, mas
os poucos momentos que passei ao seu lado foram incríveis, mesmo sendo como
amigos. E então, como num loop, tudo se repetiu. Novamente a encontrei
chorando, dessa vez no banco do terminal rodoviário.
Eu estava disposto a ignorá-la e seguir meu caminho, mas
quando ela me viu, correu em minha direção e me abraçou.
Tudo se repetiu dali para frente, mas dessa vez estava mais
forte e algum tempo depois nos beijamos pela primeira vez. E foi ali que eu
percebi que a amava, que era perdidamente apaixonado por ela e então, ela se
tornou tudo para mim.
Nossa relação foi ficando cada vez mais forte e começamos a
namorar, mas o fim do ano chegou e com ele as férias. Ela saiu de viajem para
outro estado com sua família e eu fiquei aqui nessa cidade. Conversávamos todos
os dias, mas depois de duas semanas ela já não me respondia com tanta
frequência, a conversa já não parecia fluir como antes e, no fim da tarde de
uma sexta-feira, ela me ligou.
Pude notar em sua voz que algo não estava certo e, alguns
minutos após, meu mundo desabou.
Ela havia ficado com um outro cara e que o sentimento foi
tão forte que ela se entregou e os dois haviam ido para a cama.
O telefone caiu de minha mão.
Você pode imaginar o que é isso? Esse sentimento que me
atingiu é inexplicável. Porque isso estava acontecendo comigo? Eu nunca fiz
nada de mal para ninguém, nunca fiz nada de errado. Eu não merecia isso, não
merecia. Mesmo assim estava acontecendo.
Os dias após aquele foram horríveis. Ela não me mandou uma
mensagem sequer, mas publicou frequentemente no seu Instagram fotos dela com
seu novo homem.
Pesquisei o máximo que pude e então tomei a coragem
necessária para fazer o que deveria ser feito.
E estava pronto, inacreditável mas real. Minha Tulpa tinha a
aparência da garota que amava e ela tinha apenas uma missão: fazê-la gostar
novamente de mim e para sempre ser apenas minha.
No dia seguinte, a invoquei. Ordenei que sussurrasse em seus
ouvidos palavras que a fizessem voltar a gostar de mim, alimentei a Tulpa com
uma gota de meu sangue sobre seu sigilo e ordenei que se fosse. Eu sabia que
não seria algo que ocorreria do dia para a noite, mas se este era meu desejo,
minha criada certamente o realizaria.
Eu tinha dúvidas, mas não me restava mais nada se não crer
em seu êxito sob meu propósito.
O dia se passou e a noite chegou. Eu estava saindo do banho
quando ela retornou, sua imagem aparecendo no espelho enquanto eu escovava os
dentes, levei um leve susto e então me virei.
- Fez como ordenei?
Ela acenou com a cabeça, afirmando que o havia feito. Saí do
banho e fui para meu quarto, minha criada continuava a me seguir, ela queria se
alimentar e não sairia dali enquanto eu não o fizesse. Peguei o alfinete de
minha escrivaninha e perfurei meu dedo. Uma única gota caiu sobre o sigilo, ela
me deu um leve sorriso e eu ordenei que voltasse. Ela sumiu.
Os próximos dez dias foram basicamente a mesma coisa, porém,
no décimo primeiro dia foi que a mudança começou a acontecer.
Desse vez, minha Tulpa retornou mais tarde que o normal,
somente pelo fim da noite, depois das 23 horas. Confirmei com ela se havia
cumprido sua missão, e, como de costume, perfurei meu dedo para sangrar uma
gota sobre o sigilo, mas ela não permitiu que eu o fizesse. Se aproximou de mim
e ajoelhou-se, inclinou sua cabeça para cima, agarrou em minha cintura e abriu
levemente sua boca.
Isso me deixou perplexo. Ela era apenas uma entidade, mas eu
podia sentir ela me tocar. Em todo conteúdo que li nada mencionava algo
parecido, e a cara que ela fez me deixou mais estranhado ainda. Ela me olhava,
com sua boca aberta e sua língua aparecendo, como se estivesse com vergonha,
suas bochechas coradas, seu olhar tímido, uma feição que mexeu comigo.
Senti um calor correr meu corpo, minha respiração ofegou.
Ela me olhou profundamente nos olhos e então para meu dedo e lambeu os lábios.
Eu não aguentei, lentamente aproximei o meu dedo perfurado a sua boca, ela
soltou um leve suspiro de prazer, como se ansiasse por aquilo e eu finalmente
coloquei o dedo em sua boca.
Ela o chupou.
Nesse instante eu percebi que havia uma conexão extremamente
forte entre mim e ela. Uma onda de medo, euforia e prazer correu meu corpo e
senti como se eu estivesse conectado a ela. Foi uma coisa incrível e difícil de
explicar. A sensação era tão fora do comum, tão forte que eu a permiti ficar
assim por alguns instantes e então, receoso, retirei meu dedo.
Ela se levantou, me fitou com um olhar diferente dos que já
havia me dado até agora, ela parecia... apaixonada... então sorriu e se foi.
No dia seguinte vi no perfil da minha amada algo que me
deixou perplexo.
Seu amante havia morrido. Ela estava de luto por ele.
Só depois de algum tempo foi que descobri que ela já
conhecia aquele cara de épocas passadas, que eram “amigos” há um bom tempo. No
mesmo instante em que olhava para a publicação em seu perfil minha Tulpa
retornou, aparecendo a minha frente. Ela me olhava fixamente e se aproximou.
Mudou seu olhar para o celular em minhas mãos e então voltou a olhar para mim.
Droga.
Eu soube naquele instante o que havia acontecido.
Meu estômago embrulhou e corri para o banheiro. Não era isso
o que eu queria, não era para ser dessa forma. Minha ordens foram simples, era
somente para ela a fazer gostar de mim novamente.
Merda.
Foi aí que percebi onde eu havia errado, mas agora já era
tarde, o que estava feito já estava feito e não havia mais volta.
Saí do banheiro e retornei ao meu quarto, deitei na cama e
tentei livrar minha cabeça de todos os pensamentos, mas não o podia, pois a
Tulpa estava ali, ao meu lado. Ela estava esperando, precisava se alimentar.
Peguei o sigilo e o alfinete e furei meu dedo. Ela me observava e eu sabia o
que ela queria.
Mas dessa vez não seria assim.
Pinguei meu sangue sobre o sigilo, mas para minha surpresa,
ela não se foi.
Ordenei em voz alta que se retirasse, mas ela continuava a
me fitar.
Algo não estava certo, ela certamente queria mais e que
escolha eu tinha, se não alimentá-la? Não poderia dar fim a ela, não antes de
finalizar meu propósito. Pinguei outra gota e pedi que se retirasse novamente.
Ela abaixou a cabeça como se estivesse decepcionada e se foi.
Um alívio correu meu corpo e me deitei.
Não a invoquei pelos próximos cinco dias, mas também não
poderia deixa-la ali. Era meu dever invoca-la e permitir conceder meu
propósito, caso contrário, deveria por fim a ela. Então a invoquei uma vez mais
e me surpreendi com sua aparência.
Ela estava triste, em prantos, como se estivesse magoada
comigo por não tela invocado a cinco dias, por não tê-la alimentado. Eu me
aproximei mas ela recuou. Nesse instante uma tristeza atingiu meu corpo, me
senti mal por vê-la naquela situação e, ao mesmo tempo, uma estranheza corria
meu corpo e minha mente.
Com toda certeza estávamos ligados um ao outro.
Fui até minha mesa e peguei o alfinete. Perfurei meu dedo e
ofereci a ela. Ela se aproximou, receosa mas lentamente ficando cada vez mais
próxima.
- Aqui, é pra você...
Ela parou pouco antes de colocar a boca e me olhou. Foi como
a primeira vez, todos aqueles sentimentos voltaram tão fortes quanto antes, mas
dessa vez, deixei-a chupar meu dedo a vontade. Ela se saciou depois de quase
dois minutos e parecia revigorada, continuou parada a minha frente e então
entendi, ela esperava que eu a ordenasse ir cumprir com sua missão, e quando o
fiz, ela se foi.
Eu respirei profundamente e daquele instante até a hora em
que ela retornou fiquei batutando em minha mente se estava fazendo o certo, se
deveria continuar com isso ou por fim de uma vez por todas, mas minha ideia
mudou completamente quando ela retornou tarde da noite.
Eram mais de duas horas da manhã, eu levantei e fui ao
banheiro, após fui a cozinha e tomei um copo d’agua. Chegando ao meu quarto me
surpreendi com o que vi. Minha criada estava deitada em minha cama, uma de suas
mãos apalpando seu seio esquerdo por debaixo da camisola e a outra mão por
dentro da calcinha, se acariciando com as pernas abertas.
Ela me olhou sensualmente soltando gemidos. Meu sangue
ferveu na hora e, involuntariamente, eu estava excitado com aquela visão.
Continuei a observando enquanto ela se entregava ao próprio prazer. Naquele
instante esqueci completamente o que ela era. Ela começou a suspirar e gemer
cada vez mais forte, a se contorcer e se remoer de prazer até que por fim
parou.
Tirou a mão debaixo de sua calcinha e chupou seu dedo
indicador e médio.
Eu estava suado e completamente duro.
Ela tirou a mão do peito e caçou algo na cama, mas não tirou
nada de lá, mesmo assim fez um movimento com a mão, como se estivesse mexendo
em algo e então levou a palma da mão a sua orelha direita.
Quase que no mesmo instante meu celular tocou, o que me fez
olhar para ele instantaneamente, em cima do criado mudo ao lado de minha cama.
No mesmo instante minha criada se foi. Me aproximei do celular e me espantei
quando vi de quem era a chamada. Minha amada era quem me ligava. Eu atendi.
***
Por um instante fiquei em silêncio, apenas ouvindo a
respiração ofegante do outro lado da linha.
- Matheus?
Era ela, realmente era ela! Meu coração disparou e eu
travei, de primeira não consegui responder.
- Matheus... eu... eu nem sei o que falar...
Eu permaneci em silêncio, soltando apenas um suspiro para
que ela ouvisse e tivesse certeza de que eu estava a ouvindo.
- Eu sei que muitas coisas aconteceram desde as férias, sei
que não sou a melhor das pessoas, mas percebi que estava errada, que te magoei.
Ela fez uma pausa.
- Só agora vi que sempre tive tudo o que precisei bem ao meu
lado e nunca valorizei como merecia, mas... eu quero fazer as coisas certas...
quero... quero que me dê uma outra chance...
Eu não estava acreditando. Estava funcionando, realmente
estava funcionando!
- Olha... Amanda... – eu a respondi – estou completamente
desapontado contigo, você me magoou demais e... eu realmente não sei... não sei
se posso acreditar em você, não consigo mais por firmeza em suas palavras...
- Você foi o melhor para mim, Matheus, hoje eu vejo isso.
Nesses últimos dias eu não tenho conseguido parar de pensar em você, em nós...
tenho até sonhado contigo...
O silencio tomou conta da ligação, quebrado apenas por sua
respiração.
- Olha... eu não sei... Eu... – eu não sabia o que fazer pra
falar a verdade, nem o que dizer. Não poderia apenas concordar de imediato,
mesmo eu o querendo – Eu preciso de em tempo para pen – mas ela interrompeu
minha fala.
- Sabe... agora à pouco eu sonhei com você... Sei que quando
namoramos nunca havíamos ido para a cama, mas no sonho fantasiei com você em
cima mim... o desejo foi tanto que quando acordei, não pude me conter e...
antes mesmo de ligar para você...
Eu...
Neste instante foi que me começou fazer sentido. Minha Tulpa
não estava fazendo aquilo por desejo próprio, ela estava representando...
fazendo o que a Amanda estava fazendo naquele mesmo instante.
- Eu estava me tocando enquanto pensava em você... – ela
concluiu.
Voltei a ficar excitado, tão duro quanto antes, pois agora
sabia que havia sido real, que ela estava me desejando e que tudo estava saindo
conforme eu queria. Mas não podia dar atenção a ela agora, então cortei a
conversa, como se estivesse desinteressado, apesar de estar morrendo de tesão
por ela.
- Você ainda não voltou das férias não é? – pude ouvir um
leve suspiro dela, como se houvesse ficado decepcionada por não a respondê-la.
- Estou voltando no começo da próxima semana.
- Tudo bem. Quando voltar nós conversamos novamente, pode
ser?
- Tá bom – ela respondeu.
- Bom... te vejo daqui uns dias então... – e para
provoca-la, disse: “E continue a sonhar comigo”.
Encerrei a ligação sem dizer uma palavra a mais. Depois
daquela ligação soube o que deveria ser feito, então, invoquei minha serva.
Ela surgiu e me surpreendeu.
Estava totalmente nua e, sem eu mencionar uma palavra
sequer, se aproximou de mim, estendeu suas mãos em meu peito e aproximou seus
lábios do meu, sensualizando. Era isso, essa era a recompensa que ela queria
pelos seus esforços, eu não poderia negar. Bom, até poderia, mas meu corpo
dizia o contrário.
Ela desceu a mão pelo meu peito chegando a minha virilha.
Ela sabia o que estava fazendo e o apalpou com a mão direita por cima do meu
pijama, inclinando seu corpo para frente, encostando seus seios fartos em meu
peito e me levando a loucura. Eu recuei um passo, mas minha cama estava atrás
de mim e acabei caindo sobre ela, sentado.
Minha Tulpa me empurrou me fazendo deitar e então fez o
inimaginável.
Colocou sua mão por debaixo do meu pijama e tirou para fora
meu pau, o apalpou e então colocou na sua boca.
Acho que não preciso mais dizer o que aconteceu depois, mas
que fique claro, eu devia alimentá-la, e sêmen para ela era alimento. Só depois
de finalizado é que eu fui pensar no que a havia deixado fazer e em tudo o que
fiz até aquele ponto.
Mas remoer o passado em minha cabeça não adiantaria de nada,
apenas criaria mais incertezas e culpa.
Limpando minha mente de tudo e pensando apenas em minha
amada, tive uma das melhores noites de sono de toda minha vida após adormecer
com minha Tulpa me acariciando. Os dias seguintes até o retorno de Amanda foram
de pura ansiedade. Continuei invocando minha serva e a alimentando com meu
sangue, exceto nos dias em que ela desejara algo mais. Para mim, aquela sensação
estranha que senti nas primeiras vezes se foi e me começou a ser algo normal e,
acredite ou não, prazeroso.
No meio tempo até a volta de Amanda ela tornou a me ligar.
Conversamos e fomos nos entendendo, nos aproximando novamente como era antes
dela sair para as férias, na verdade, foi até mais intenso, pois fizemos coisas
que nunca havíamos feito antes: trocamos nudes. E o mais interessante de tudo é
que, todas as vezes que o fizemos, ela me mandou vídeos seu se masturbando e,
ao mesmo tempo em que começava, minha Tulpa aparecia e também o fazia, a minha
frente.
Não posso dizer que não pensei em transar com ela, e nem
posso negar que não tentei, mas sempre que o fazia, ela não se tornava
palpável. Não sei explicar o porquê, mas simplesmente não podia a tocar, era
como se fosse um fantasma, apesar de que quando ela queria, tornava-se física
novamente e me permitia sentir o seu toque, e ela o fazia, se alimentando logo
em seguida.
E então chegou o dia.
Amanda me ligou e pediu que a encontrasse no terminal
rodoviário e eu fui.
As duas semanas após seu retorno foram as melhores da minha
vida, agora sim eu podia afirmar para mim com toda a certeza de que erámos
namorados e que ela me amava. Fazíamos amor loucamente e incontáveis vezes por
dia.
Mas cometi um erro terrível o qual me arrependi depois, mas
como tudo até aquele ponto, seria irreversível: após o retorno de Amanda,
ignorei por completo minha Tulpa, não dando fim a ela como deveria ser feito
após atingido meu propósito e nos próximos dias eu pude perceber a gravidade de
meu erro.
As aulas retornaram e para minha surpresa e desagrado,
Amanda não fazia parte da minha turma, ela havia ficado na outra sala... Isso
foi de foder a cara, justo quando finalmente estávamos juntos, justo em nosso
último ano de escola antes da faculdade e, não bastasse isso, ela caiu numa
turma com mais homens que mulheres. Logo nos primeiros dias já pude notar
"amigos" dando em cima dela.
Cara, era inacreditável. Mesmo eles sabendo que ela tinha
namorado ainda sim se aproximavam.
Mas houve um que foi mais ousado. Ele começou a se aproximar
demais de Amanda e ela mesma me disse que ele dava em cima dela sempre que
podia. Depois das duas primeiras semanas de aula eu o fechei num corredor no
intervalo, perguntei qual era a dele e mandei-o se afastar de Amanda. Ele o
fez, mas por apenas alguns poucos dias e então voltou a ficar mandando
indiretas pra ela, mandando mensagens e até ligando.
Algo começou a crescer dentro de mim. Um ódio terrível por
aquele cara maldito, mas busquei calma e tentei deixar de lado, pedindo apenas
a Amanda que o evitasse.
Até o dia em que ele a beijou.
Não fiquei sabendo por ela, nem mesmo vi acontecer. Quem me
contou foi meu colega de sala. Eu não queria acreditar nisso, não depois de
tudo o que tive de fazer para ter ela, e agora ela estaria repetindo tudo outra
vez? Minha fúria interna começou aumentar constantemente enquanto pensava no
que ele havia dito, se era verdade ou não, eu precisava esclarecer e foi
exatamente o que fiz.
Perguntei a Amanda e, para meu desalento, ela realmente
havia sido beijada pelo colega de sala.
Mais de uma vez.
Aquela foi a gota d'água. O que diabos tinha essa garota,
por que caralhas ela era assim? Pra que porra ela foi fazer isso comigo de
novo? Eu não podia mais com isso, algo tinha de ser feito, eu tinha que acabar
com esse sofrimento.
Foi então que relembrei de minha Tulpa.
Briguei com Amanda e disse que nunca mais queria vê-la. Ela
me pediu perdão aos prantos, jurou que nunca mais aconteceria, mas eu já não
podia relevar, virei as costas e tomei meu rumo, com apenas um sentimento
queimando no peito.
Ódio.
Quando cheguei em casa estava ansioso para invocá-la e
ordenar a minha criada que acabasse de vez com esse jeito de ser da Amanda,
para que ela pudesse de uma vez por todas ser minha, somente minha e totalmente
fiel a mim.
Eu achei seu sigilo de invocação, já com as marcas das gotas
de meu sangue pretas. Uma onda de ansiedade bateu meu corpo fortemente quando
perfurei o dedo com o alfinete e no instante que a gota atingiu o papel um
temor tomou meu corpo, as luzes piscaram e uma corrente de ar frio atravessou
todo meu quarto, eu a invoquei e as luzes se apagaram.
Eu gelei. Algo estava errado.
Ouvi alguns estalos e passos de leve surgindo a minha frente
e se aproximando, a luz da rua que atravessava minha janela foi me revelando
uma silhueta extremamente magra e esguia, com os globos oculares ressaltados
brilhando num amarelo fluorescente. Eu fiquei aterrorizado, tanto que não pude
me mexer até que as luzes acenderam novamente me revelando a criatura.
Meu Deus.
***
Era irreconhecível. O que antes era uma cópia perfeita de
Amanda agora parecia uma criatura anoréxica repugnante, a expressão em sua face
era clara: fome e desespero. Ela parou a poucos centímetros de mim e me olhou
profundamente, soltando um leve grunhido e esticou a mão, passando-a em meu
rosto. Sua pele antes macia agora estava num tom amarelado e flácido, parecia
borracha passando em meu rosto.
Eu hesitei mas por fim a ordenei que fizesse o que eu queria
que fosse feito. A Tulpa agarrou com sua mão minha nuca e aproximou minha face
da sua, me olhando direto nos olhos profundamente. Poucos instantes e ela
tentou me beijar. Uma repulsa tomou conta do meu corpo e instintivamente a
afastei de mim, empurrando-a para trás. Ela me lançou um olhar mortal, pude
sentir vindo dela o mesmo ódio que senti de Amanda e daquele cara e, num picar
de olhos, a Tulpa aproximou-se de mim e me jogou na cama. Eu tentei me levantar
mas ela já estava por cima de mim e começou a me despir.
Eu era seu mestre. Ela deveria me obedecer, mas não estava o
fazendo.
Com esforço me esquivei dela rolando para fora da cama,
caindo no chão e me levantando logo em seguida, correndo em direção a
escrivaninha abri a gaveta peguei o isqueiro e me virei. Ela já estava em cima
de mim novamente. Acionei o isqueiro e aproximei o sigilo da chama, ela parou
no mesmo instante. Eu olhei-a ferozmente e lhe ordenei que me obedecesse, ou eu
queimaria o seu sigilo e acabaria com sua existência de uma vez por todas.
Ela recuou e lentamente se dissolveu no ar, desaparecendo.
Um alívio correu meu corpo, peguei outro alfinete e perfurei
novamente meu dedo, derramando mais algumas gotas do meu sangue. Certamente ela
estava desse jeito por não tê-la alimentado por mais de um mês, e agora eu
teria lidar com isso também, além da questão da minha amada infiel.
Horas depois fui me deitar. Estava difícil esvaziar a mente
para poder dormir e demorei a pegar no sono, mas quando consegui tive um dos
piores pesadelos da minha vida. No sonho eu via Amanda, no seu quarto. Ela
usava seu pijama, aparentemente também estava prestes a ir se deitar, até que a
campainha de sua casa toca. Ela desce abre a porta e sai para o corredor, desce
as escadas, atravessa a sala e chega a porta.
Quando abre me vem a surpresa, e eu assistia a tudo como um
espectador, em terceira pessoa.
Aquele maldito estava do lado de fora. Os dois entraram,
foram a cozinha, pegaram algumas coisas e subiram pro quarto. As coisas que
estavam acontecendo em meu sonho eram tão reais, como eu nunca havia sonhado
antes. Depois do que pareceu quase duas horas os dois começaram a se beijar. E
o desfecho disso não poderia ser outro: os dois apagaram as luzes e começaram a
transar.
Eu estava lá, olhando tudo acontecer não acreditando a
situação, mas era estranho, eu não podia me mexer, não podia falar, não podia
fazer nada, era como se eu fosse uma câmera, observando a tudo de diversos
ângulos, até que de uma posição pude ver algo no quarto, em meio a escuridão.
Uma forma esquelética parada num canto, seus olhos amarelos brilhantes. Eu
soube na hora, era a Tulpa, ela estava trabalhando, aquilo não poderia ser
apenas um sonho.
A criatura foi se aproximando da cama onde os dois estavam
por debaixo da coberta e num salto desta criatura eu acordei.
Meu celular tocava e a luz do sol atravessava minha janela,
eu o peguei, era Amanda. Eu atendi.
Algo horrível aconteceu e até mesmo eu estava incrédulo com
o ocorrido.
Ela me disse por telefone que o seu colega havia ido a sua
casa para estudarem e que ficou muito tarde para ele voltar e acabou dormindo
lá. Disse que ele levantou de madrugada e entrou em seu quarto e tentou
"agarrá-la" a força, que ele estava desequilibrado e acabou
agredindo-a. Seus pais ouviram seus gritos e correram ao seu quarto para
socorre-la e, seu "colega", foi pego semi-nu em cima dela tentando
estrupa-la. Quando seus pais entraram no quarto ele se viu sem saída e correu
pela janela, mas desajeitado acabou caindo.
Ele morreu antes da ambulância chegar, de traumatismo
craniano.
Quando desliguei o telefone eu tinha certeza de que o que
ela havia me contado era mentira, pois no mesmo instante a Tulpa se revelou
para mim. Ela continuava em sua forma grotesca, e me dava um ruim só de
olhá-la. De alguma forma, minha serva fez aquilo. Tenho certeza de que foi ela
quem o matou. Ela está fazendo sua parte novamente. E eu deveria fazer a minha,
mas minha serva foi exigente quando perfurei meu dedo para sangrar em seu
sigilo. Ela quis meu sangue direto em sua boca e não se contentou com apenas
uma ou duas gotas. Eu tive de cortar a palma de minha mão e escorrer por sua
boca e ainda sim ela pareceu insaciada.
Ela começou a se aproximar e me tocar novamente. Ela queria
mais. Ela queria meu sêmen outra vez.
Merda. Eu não o faria, com toda certeza. E não o fiz.
Seus olhos continuaram a expressar ódio por mim, mas pareceu
mais calma que da última vez, se retirando assim que pedi. Agora, eu teria de
ir ver Amanda e conversar com ela sobre o que aconteceu, essa era uma ótima
oportunidade para que nós dois pudéssemos nos entender e reatar. Quando fui a
sua casa a tarde, ela estava pálida, chocada com o ocorrido. Ela me abraçou
forte e chorou em meus braços, pedindo tantas desculpas quanto as lágrimas que
escorriam por seu rosto. Ela afirmou ser amaldiçoada, que sempre que faz algo
que magoa alguém isso volta pra ela, que este já era a segunda pessoa querida
que ela via morrer.
E essa palavra "querida" ecoou em minha mente,
trazendo o ódio novamente a mim.
Mas seu jeito meigo amoleceu meu coração e eu acabei
relevando. Passei a noite na casa dela por quase uma semana. Nos aproximamos
novamente mas não dormimos juntos. Eu retornava para casa e de lá ia para a
escola, enquanto Amanda ficava em sua casa, pois ainda estava de atestado.
Quando retornava para casa invocava minha serva e a alimentava, frisando
novamente meu propósito. Ela continuava com a mesma aparência horrenda e
parecia estar cada vez mais repugnante.
Uma semana depois de recuperada Amanda me chamou para dormir
em sua casa novamente. Fiquei muito ansioso e antes de sair de casa, a noite,
minha Tulpa apareceu sem ser invocada.
Naquele instante eu parei e refleti enquanto ela me
encarava.
Eu acho que deveria parar com isso. Deixar as coisas como
eram antes e que se fosse para ser seria, ficaria a vontade do destino. Fiquei
quase quinze minutos parado a observando e pensando se daria fim ou não aquela
criatura parada a minha frente. Duas pessoas já haviam morrido por minha causa
e eu sabia disso e, de uns dias para cá, isso começou a pesar em minha
consciência. Será que aquilo tudo realmente valeria a pena no final?
Olhei profundamente para minha serva e suspirei.
Pinguei uma gota de meu sangue em sua boca e pedi que se
retirasse. Guardei o sigilo no bolso de minha calça, peguei minhas coisas e fui
para a casa de Amanda. Aquela seria a noite mais assustadora de toda a minha
vida, e dali para frente tudo ficaria pior.
***
Já passava da meia noite e o clima começou a esquentar entre
mim e Amanda. Tirei suas roupas e ela tirou as minhas. Eu já havia visto seu
corpo muitas vezes, mas quando vi novamente essa noite continuei surpreendido;
ela era linda e gostosa demais, tinha um cheiro muito bom e eu estava
totalmente perdido de tesão por ela e ela, toda molhada por mim. Nós começamos
nosso amor e o clima estava muito quente entre nós, transamos forte e então ela
ficou por cima de mim e me disse que ia gozar, e eu também iria, dentro dela,
profundamente.
"Mais forte... Não para... Não... Ah..."
Eu fechei meus olhos e a apertei forte, estocando sem parar.
Ela gemeu forte, estava gozando e eu também. Quando por fim gozamos, abri meus
olhos novamente e me desesperei logo em seguida:
Era a maldita Tulpa.
Empurrei a criatura para o lado que olhou para mim soltando
um sorriso maligno.
Como poderia ser? Amanda estava sobre mim a poucos
instantes!
Me joguei da cama e corri em direção a porta, acendendo a
luz.
- Matheus, o que houve?
Amanda estava novamente lá. Teria sido uma alucinação minha?
Essa pergunta me foi respondida poucos instantes depois, quando Amanda
perguntou se eu havia gozado. Ela estava limpa, não havia um sêmen sequer em
sua vagina.
Merda.
- O que foi? - ela disse.
Eu tenho que ir agora.
Peguei minhas coisas e saí de lá o mais rápido possível e
fui para a casa. Cheguei desesperado, eu tinha que acabar com isso, minha serva
estava fora de controle. Corri pro meu quarto e peguei o isqueiro, tirei do
bolso o sigilo e a invoquei. Ela apareceu, me surpreendendo novamente.
Puta que pariu.
Ela estava linda novamente, nua, idêntica a Amanda de
instantes atrás. Era inacreditável. Eu olhei bem para ela e ela olhando para
mim. O ódio mortal em seus olhos já não mais existia, agora apenas uma expressão
de pura timidez e sensualidade.
Puta que pariu.
Mas eu sabia o que eu deveria fazer, aquilo era preciso. Eu
acendi o isqueiro e aproximei do papel. Ela percebeu minhas intenções se
aproximou de mim e segurou meu braço, como se quisesse me dizer para não o
fazer. Quando insisti, ela se ajoelhou e me olhou com o mesmo olhar que me deu
a primeira vez em que ajoelhou-se a minha frente, trazendo de volta o mesmo
sentimento da primeira vez.
A afastei de mim empurrando-a e ascendi novamente o isqueiro
que apagou quando a empurrei. Ela se levantou e fechou a cara, me encarando.
Agora ela parecia furiosa, mas não exitei e encostei a chama no papel. No mesmo
instante ela se atirou em mim e segurou minha testa com sua mão direita, me
pressionando contra a parede. Minha cabeça começou a doer. Seu olhar enfureceu,
ódio emanou dela, eu pude sentir, juntamente com um imenso temor. O sigilo caiu
de minhas mãos ao chão e continuou a pegar fogo. Um suspirar e ela começou a
queimar também, emitindo um forte brilho amarelo de dentro do seu peito para
fora.
Sua mão queimava em minha testa, uma dor extremamente forte
que me imobilizava e então, num piscar de olhos, ela explodiu num clarão de luz
que me cegou e me desnorteou.
Eu apaguei.
Acordei com a forte luz do sol atravessando a janela de meu
quarto, levantei num pulo, assustado, olhando para todos os lados. Parei por um
segundo e me recordei o que havia acontecido. Não imaginei que quando queimasse
o sigilo ela desapareceria daquela forma, nem mesmo que faria o que fez comigo.
Minha cabeça doía, doía muito, mas era uma dor diferente, uma queimação na
testa. Olhei para o chão e apenas as cinzas do sigilo estavam lá. Peguei meu
celular, estava sem bateria. O coloquei para carregar e quando o liguei, vi que
estava em cima da hora para o colégio, certamente me atrasaria. Havia também
notificação de chamadas perdidas, eram de Amanda.
Corri para o banheiro e tomei uma ducha, escovei os dentes e
saí.
No mesmo dia Amanda me perguntou o que houve para eu ter
saído de sua casa daquele jeito. Obviamente tive de inventar uma desculpa
qualquer que justificasse a forma com que saí de lá. Eu passei o dia todo meio
baqueado, com uma forte dor em minha testa que parecia queimar e irradiava para
dentro de minha cabeça e de meus olhos. Eu fiquei com o ocorrido do outro dia
em minha mente, tentando entender o que tinha acontecido, o porque da Tulpa
agir daquela forma. Depois que cheguei em casa fui pesquisar um pouco, mas não
encontrei nenhum caso parecido com o meu.
Bom, não faria diferença alguma mesmo, já que eu já havia me
desfeito dela de qualquer forma. Ou pelo menos foi o que pensei nos próximos
dois dias. No terceiro dia foi que uma onda de dúvidas e medo atingiu o meu
ser. Aquela dor de cabeça não havia passado, não estava tão forte quanto no
primeiro dia, mas ainda me incomodava. Fui para casa de Amanda, dormir com ela
e tive uma surpresa desagradável.
Você já ouviu dizer que, quando se quer algo e se deseja com
muita força, o contrário aquilo acaba acontecendo?
Esse foi o desfecho de tudo o que eu havia feito, e posso
lhes dizer, me foi merecido.
Naquela noite com Amanda pude ver que o que eu havia
começado e pensado que havia terminado, na verdade, não estava acabado. Eu
estava por cima da Amanda, naquele tesão imenso sentindo o corpo quente dela e
seus suspiros de prazer quando por um instante fechei os olhos. A imagem
daquele ser grotesco que estava a Tulpa me veio a cabeça, e quando abri meus
olhos, lá estava ela. Eu broxei na hora, saí de cima dela e acendi as luzes.
Amanda estava novamente lá.
Não havia como explicar para ela o que eu estava vendo, e eu
nem podia. Pedi desculpas a ela, me deitei, me virei e tentei dormir. Mas
aquilo tornou-se reincidente, até um ponto em que eu não podia mais olhar para
a Amanda que via a imagem da Tulpa grotesca. Poucas semanas se passaram e eu
não podia mais sequer chegar perto dela, pois me aterrorizava.
E assim acabou o nosso relacionamento. E, novamente, eu
pensei que estaria posto um fim. Mas eu outra vez estava errado.
Pouco tempo depois soube que a Amanda estava de namorado
novo. É, realmente, aquela era ela e nada que eu fizesse poderia mudar seu
jeito de ser. Eu errei feio quando invoquei aquela Tulpa, mas isso só pude
perceber depois que tudo tinha desandado. Claramente fiquei triste por não
estar mais com a Amanda, por ela estar seguindo em frente outra vez e de forma
extremamente fácil, enquanto eu continuo perturbado com a imagem daquele ser
sempre que a olho.
Acho que a Tulpa fez algo comigo aquela noite em que eu me
livrei dela.
E então, na noite deste mesmo dia em que descobri que Amanda
estava namorando novamente, eu tive um sonho. Eu caminhava pelas ruas e fui
para o bairro vizinho. Entrei por um bosque e sai no fundo do quintal de uma
casa. Eu entrei nessa casa pela janela que estava destrancada, eu estava
descalço, podia sentir o piso gelado na sola de meus pés. Subi as escadas
daquela casa e fui em direção a uma das portas daquele corredor e a abri.
O quarto estava quase que totalmente escuro, exceto por um
fraco feche de luz vindo das ruas que atravessam a janela por entre a cortina
mal fechada. Havia uma cama lá e nessa cama, alguém deitado. Lentamente me
aproximei... foi então que eu percebi quem era aquela pessoa... O namorado de
Amanda. Neste mesmo instante tive um pico de consciência sobre este sonho e
percebi que quem estava ali na verdade não era eu, mas sim a Tulpa e ela
continuava o seu serviço, estrangulando o rapaz que estava dormindo.
Eu assisti a tudo. Ele se debateu, tentou lutar, mas a Tulpa
tinha uma força descomunal e a luta dele pela vida foi inútil. Em poucos
minutos ele já não respirava mais.
Até aquele instante eu acreditava ser um sonho em que a
Tulpa estivesse matando o rapaz, até que pude ver um reflexo num retrato
fotográfico. Uma silhueta masculina... e então, daquele instante para frente eu
não lembro mais nada. Lembro apenas de quando já estava na frente da casa de
Amanda. Com meu celular em mãos, liguei para ela e ela atendeu. Pedi para
entrar pois queria conversar com ela. Ela disse que já estava muito tarde e que
não queria mais nada comigo, não depois de como eu tinha terminado com ela, sem
explicação, sem motivo algum.
Mas por algum motivo ela acabou me deixando entrar. Quando
abriu a porta, já não estava mais vendo-a como antes. A visão daquele ser
grotesco parecia ter deixado minha mente em paz. Nós entramos e fomos direto ao
seu quarto.
- O que houve com você? Porquê está descalço? - ela me
perguntou.
Eu me virei e fechei a porta de seu quarto.
Isso é tudo o que me lembro até acordar em minha cama
novamente. Quando me levantei notei que meus pés estavam sujos e tive um mal
pressentimento. Um frio correu minha espinha quando a campainha tocou. Fui até
a janela e olhei para a rua. Havia diversas viaturas e policiais lá em baixo e,
em poucos instantes, eles estavam no meu quarto me algemando.
O olhar de meus pais foi a coisa mais triste que senti em
toda a minha vida.
Eu fui preso. Acusado da morte de Amanda e seu atual
namorado.
E adivinha...
A Tulpa continua a me visitar em minha cela, e eu continuo
alimentando-a. Acabei me acostumando com sua forma grotesca, e como estou na
solitária, nós podemos fazer amor e ser felizes tranquilamente, sem sermos
incomodados.
Essa postagem compartilhada foi escrita por Alan da Cruz e produzida pelo site Não Entre Aqui. Cliquem aqui e visitem o site, para não ficarem de fora de nenhuma novidade.