26/04/2018

Amorphous

O Amorphous é um ser muito incomum... se você puder mesmo classifica-lo assim. Como o nome implica, ele não possui forma, ele está em constante mudança. Ele também não possui cor, no entanto, o cérebro humano não consegue processar isso, e nesse caso, a falta de cor é preenchida por escuridão, do mesmo jeito que o cérebro enxerga um buraco negro ou o próprio espaço. As vezes, quando ele realmente quer, um Amorphous pode mudar para qualquer forma que desejar, as vezes pode até ser capaz de mudar algumas cores. Isso pode durar um curto ou longo período, dependendo da complexidade da forma. A necessário muita energia para que um Amorphous possa mudar sua forma.

Um Amorphous não nasce. Não pode ser criado. Não pode ser destruído. Apenas movido. Ele simplesmente foi, é, e será. Para sempre.

Através da historia, os Amorphous tiveram vários nomes: anjos, demônios, fantasmas, espíritos e mais recentemente “sombra”. Um Amorphous pode ser bom ou mau. Como os humanos, alguns possuem mais moral que outros. Mas em nossa dimensão, “bom” e “mau” usamos para classificar coisas que nos ajudam ou nos prejudicam. Na maioria dos universos alternativos, não existem tais ideias.

Amorphous também tendem a ser incrivelmente poderosos. Não apenas podem atravessar dimensões, como também podem cria-las. Isso leva alguns a acreditarem que no início um Amorphous teria criado nossa própria dimensão – nosso próprio universo. Não está claro sua intenção, se essa entidade nos criou com algum propósito ou não, se tem um plano para nós ou nem se importa. Também não está claro se tudo foi feito por um único ser ou vários.

Sem mencionar o quão inteligente são. Como sempre existiram, como sempre viajaram por dimensões, eles possuem um conhecimento infinito sobre o mundo, sobre nosso universo... e também outras dimensões. Algumas pessoas tentam ganhar esse conhecimento, invocando esses seres e tentando tirar informações deles, mas tudo sempre termina em falha.

Existem maneiras de invocar um Amorphous, algumas você já deve ter ouvido falar: tabuleiro Ouija, falar algo em frente ao espelho no escuro, existem muitos rituais. Quando um Amorphous é jogado em nossa dimensão contra sua vontade, ele pode se tornar bastante agressivo. As vezes, em casos raros, eles reagem calmamente, com curiosidade. Atravessar para o nosso mundo, requer uma grande quantidade de energia deles, então eles tendem a permanecer próximos a um local familiar ou objeto por um tempo até reunirem força suficiente para se moverem livremente outra vez. Viajar pelo tempo e espaço não é algo tão simples e rápido.

Tenho certeza que você já fez algumas conexões, muito provavelmente você mesmo já teve alguma experiência com um Amorphous em algum momento. Provavelmente pode estar perto de um agora mesmo.

Somos brinquedos para alguns deles. E eles não entendem a morte – eles mesmo não não podem morrer – então eles gostam de nos observar morrer. É interessante para eles quando nos veem perdendo os movimentos.

É certo que os humanos que eles mais acham interessantes são os que mais sentem medo. Também é quase impossível para um Amorphous sentir medo – nada pode ameaça-los. Embora sejam inteligentes, eles nunca entenderam o que realmente significa ter medo ou como é morrer. Isso os atormenta.

Muitos deles nos observam, nos esperam morrer esperando que possam aprender algo. Alguns ficam muito muito ansiosos... e tentam acelerar o processo.

Aquelas sombras que você vê durante a noite, no canto mais escuro do seu quarto, pode não ser a sua mente lhe pregando truques.

Pode ser – provavelmente – a massa contorcida de algum Amorphous.

Observando você...

Tentando assusta-lo...

Ficando muito,

Muito

Impaciente.

24/04/2018

Cuidado Com O Que Deseja

Você já ouviu dizer que, quando se quer algo e se deseja com muita força, acaba realmente acontecendo? Pois bem, eu nunca acreditei nessa besteira, até algo acontecer comigo.

Sempre fui um jovem quieto, um pouco antissocial e muito, mas muito tímido. Eu gostava de uma garota, a mais linda de minha sala, mas ela nunca me deu atenção e, pra ser sincero, foram poucas às vezes que consegui trocar uma palavra com ela em mais de 3 anos que estudamos na mesma turma.

Mas um dia algo aconteceu com ela.

Ela sempre vivia rodeada de amigos e amigas, sempre ficando com um ou outro cara e isso me doía muito. Porquê não eu? O que todos os outros tem que eu não tenha? É por que sou feio? É por que sou pobre? Me visto mal ou não sou legal como os outros? Isso me desqualifica?

Talvez esses tenham sido os motivos, mas naquele dia, tudo mudou.

Foi uma tarde chuvosa, ela estava calada, o tempo passou e deu a hora de ir para casa. Eu fui até a biblioteca devolver o livro que havia emprestado e, quando saí da escola pude vê-la no ponto de ônibus. Eu me aproximei dela e notei que estava chorando.

Parei ao seu lado e a observei. Ela olhou para mim. Fez-se um ou dois minutos de silêncio, quebrado apenas pela chuva e o barulho dos carros que passavam naquela rua. Ela me fitou, como se esperasse que eu dissesse algo. Eu precisava dizer algo, mas para mim não era tão simples assim.

Ela virou o rosto e então percebi que aquela talvez fosse a única chance de me aproximar dela.

- Vo- você está bem? – foi a única coisa que consegui pensar em perguntar naquele momento.

Ela voltou seu olhar a mim, seus olhos vermelhos lacrimejando, sua roupa molhada e sua expressão de extrema tristeza.

Eu estava certo. Aquela foi minha melhor oportunidade e, no caminho de volta para casa, viemos conversando e ela me contou tudo o que lhe havia acontecido. Decepção amorosa, já era de se esperar, mas algo nasceu daquela conversa e aos poucos fomos nos aproximando.

Passaram-se alguns meses e então apareceu um cara. Um aluno novo na outra turma que veio do período vespertino. Eu mal pisquei e lá estava ele, cortejando a garota, cada vez mais próximo dela e ela mais distante de mim. Uma sensação terrível começou a tomar conta de mim, era doloroso, triste... Eu quis morrer quando vi os dois se beijando e ela, já não voltava para casa comigo.

Não foi fácil, não foi nada fácil deixar aquilo de lado, mas os poucos momentos que passei ao seu lado foram incríveis, mesmo sendo como amigos. E então, como num loop, tudo se repetiu. Novamente a encontrei chorando, dessa vez no banco do terminal rodoviário.

Eu estava disposto a ignorá-la e seguir meu caminho, mas quando ela me viu, correu em minha direção e me abraçou.

Tudo se repetiu dali para frente, mas dessa vez estava mais forte e algum tempo depois nos beijamos pela primeira vez. E foi ali que eu percebi que a amava, que era perdidamente apaixonado por ela e então, ela se tornou tudo para mim.

Nossa relação foi ficando cada vez mais forte e começamos a namorar, mas o fim do ano chegou e com ele as férias. Ela saiu de viajem para outro estado com sua família e eu fiquei aqui nessa cidade. Conversávamos todos os dias, mas depois de duas semanas ela já não me respondia com tanta frequência, a conversa já não parecia fluir como antes e, no fim da tarde de uma sexta-feira, ela me ligou.

Pude notar em sua voz que algo não estava certo e, alguns minutos após, meu mundo desabou.

Ela havia ficado com um outro cara e que o sentimento foi tão forte que ela se entregou e os dois haviam ido para a cama.

O telefone caiu de minha mão.

Você pode imaginar o que é isso? Esse sentimento que me atingiu é inexplicável. Porque isso estava acontecendo comigo? Eu nunca fiz nada de mal para ninguém, nunca fiz nada de errado. Eu não merecia isso, não merecia. Mesmo assim estava acontecendo.

Os dias após aquele foram horríveis. Ela não me mandou uma mensagem sequer, mas publicou frequentemente no seu Instagram fotos dela com seu novo homem.

Aquilo era demais para mim e foi então que encontrei algo na internet que me chamou a atenção: Ocultismo, a criação de uma Tulpa, um servoastral.

Pesquisei o máximo que pude e então tomei a coragem necessária para fazer o que deveria ser feito.

E estava pronto, inacreditável mas real. Minha Tulpa tinha a aparência da garota que amava e ela tinha apenas uma missão: fazê-la gostar novamente de mim e para sempre ser apenas minha.

No dia seguinte, a invoquei. Ordenei que sussurrasse em seus ouvidos palavras que a fizessem voltar a gostar de mim, alimentei a Tulpa com uma gota de meu sangue sobre seu sigilo e ordenei que se fosse. Eu sabia que não seria algo que ocorreria do dia para a noite, mas se este era meu desejo, minha criada certamente o realizaria.

Eu tinha dúvidas, mas não me restava mais nada se não crer em seu êxito sob meu propósito.

O dia se passou e a noite chegou. Eu estava saindo do banho quando ela retornou, sua imagem aparecendo no espelho enquanto eu escovava os dentes, levei um leve susto e então me virei.

- Fez como ordenei?

Ela acenou com a cabeça, afirmando que o havia feito. Saí do banho e fui para meu quarto, minha criada continuava a me seguir, ela queria se alimentar e não sairia dali enquanto eu não o fizesse. Peguei o alfinete de minha escrivaninha e perfurei meu dedo. Uma única gota caiu sobre o sigilo, ela me deu um leve sorriso e eu ordenei que voltasse. Ela sumiu.

Os próximos dez dias foram basicamente a mesma coisa, porém, no décimo primeiro dia foi que a mudança começou a acontecer.

Desse vez, minha Tulpa retornou mais tarde que o normal, somente pelo fim da noite, depois das 23 horas. Confirmei com ela se havia cumprido sua missão, e, como de costume, perfurei meu dedo para sangrar uma gota sobre o sigilo, mas ela não permitiu que eu o fizesse. Se aproximou de mim e ajoelhou-se, inclinou sua cabeça para cima, agarrou em minha cintura e abriu levemente sua boca.

Isso me deixou perplexo. Ela era apenas uma entidade, mas eu podia sentir ela me tocar. Em todo conteúdo que li nada mencionava algo parecido, e a cara que ela fez me deixou mais estranhado ainda. Ela me olhava, com sua boca aberta e sua língua aparecendo, como se estivesse com vergonha, suas bochechas coradas, seu olhar tímido, uma feição que mexeu comigo.

Senti um calor correr meu corpo, minha respiração ofegou. Ela me olhou profundamente nos olhos e então para meu dedo e lambeu os lábios. Eu não aguentei, lentamente aproximei o meu dedo perfurado a sua boca, ela soltou um leve suspiro de prazer, como se ansiasse por aquilo e eu finalmente coloquei o dedo em sua boca.

Ela o chupou.

Nesse instante eu percebi que havia uma conexão extremamente forte entre mim e ela. Uma onda de medo, euforia e prazer correu meu corpo e senti como se eu estivesse conectado a ela. Foi uma coisa incrível e difícil de explicar. A sensação era tão fora do comum, tão forte que eu a permiti ficar assim por alguns instantes e então, receoso, retirei meu dedo.

Ela se levantou, me fitou com um olhar diferente dos que já havia me dado até agora, ela parecia... apaixonada... então sorriu e se foi.

No dia seguinte vi no perfil da minha amada algo que me deixou perplexo.

Seu amante havia morrido. Ela estava de luto por ele.

Só depois de algum tempo foi que descobri que ela já conhecia aquele cara de épocas passadas, que eram “amigos” há um bom tempo. No mesmo instante em que olhava para a publicação em seu perfil minha Tulpa retornou, aparecendo a minha frente. Ela me olhava fixamente e se aproximou. Mudou seu olhar para o celular em minhas mãos e então voltou a olhar para mim.

Droga.

Eu soube naquele instante o que havia acontecido.

Meu estômago embrulhou e corri para o banheiro. Não era isso o que eu queria, não era para ser dessa forma. Minha ordens foram simples, era somente para ela a fazer gostar de mim novamente.

Merda.

Foi aí que percebi onde eu havia errado, mas agora já era tarde, o que estava feito já estava feito e não havia mais volta.

Saí do banheiro e retornei ao meu quarto, deitei na cama e tentei livrar minha cabeça de todos os pensamentos, mas não o podia, pois a Tulpa estava ali, ao meu lado. Ela estava esperando, precisava se alimentar. Peguei o sigilo e o alfinete e furei meu dedo. Ela me observava e eu sabia o que ela queria.

Mas dessa vez não seria assim.

Pinguei meu sangue sobre o sigilo, mas para minha surpresa, ela não se foi.

Ordenei em voz alta que se retirasse, mas ela continuava a me fitar.

Algo não estava certo, ela certamente queria mais e que escolha eu tinha, se não alimentá-la? Não poderia dar fim a ela, não antes de finalizar meu propósito. Pinguei outra gota e pedi que se retirasse novamente. Ela abaixou a cabeça como se estivesse decepcionada e se foi.

Um alívio correu meu corpo e me deitei.

Não a invoquei pelos próximos cinco dias, mas também não poderia deixa-la ali. Era meu dever invoca-la e permitir conceder meu propósito, caso contrário, deveria por fim a ela. Então a invoquei uma vez mais e me surpreendi com sua aparência.

Ela estava triste, em prantos, como se estivesse magoada comigo por não tela invocado a cinco dias, por não tê-la alimentado. Eu me aproximei mas ela recuou. Nesse instante uma tristeza atingiu meu corpo, me senti mal por vê-la naquela situação e, ao mesmo tempo, uma estranheza corria meu corpo e minha mente.

Com toda certeza estávamos ligados um ao outro.

Fui até minha mesa e peguei o alfinete. Perfurei meu dedo e ofereci a ela. Ela se aproximou, receosa mas lentamente ficando cada vez mais próxima.

- Aqui, é pra você...

Ela parou pouco antes de colocar a boca e me olhou. Foi como a primeira vez, todos aqueles sentimentos voltaram tão fortes quanto antes, mas dessa vez, deixei-a chupar meu dedo a vontade. Ela se saciou depois de quase dois minutos e parecia revigorada, continuou parada a minha frente e então entendi, ela esperava que eu a ordenasse ir cumprir com sua missão, e quando o fiz, ela se foi.

Eu respirei profundamente e daquele instante até a hora em que ela retornou fiquei batutando em minha mente se estava fazendo o certo, se deveria continuar com isso ou por fim de uma vez por todas, mas minha ideia mudou completamente quando ela retornou tarde da noite.

Eram mais de duas horas da manhã, eu levantei e fui ao banheiro, após fui a cozinha e tomei um copo d’agua. Chegando ao meu quarto me surpreendi com o que vi. Minha criada estava deitada em minha cama, uma de suas mãos apalpando seu seio esquerdo por debaixo da camisola e a outra mão por dentro da calcinha, se acariciando com as pernas abertas.

Ela me olhou sensualmente soltando gemidos. Meu sangue ferveu na hora e, involuntariamente, eu estava excitado com aquela visão. Continuei a observando enquanto ela se entregava ao próprio prazer. Naquele instante esqueci completamente o que ela era. Ela começou a suspirar e gemer cada vez mais forte, a se contorcer e se remoer de prazer até que por fim parou.

Tirou a mão debaixo de sua calcinha e chupou seu dedo indicador e médio.

Eu estava suado e completamente duro.

Ela tirou a mão do peito e caçou algo na cama, mas não tirou nada de lá, mesmo assim fez um movimento com a mão, como se estivesse mexendo em algo e então levou a palma da mão a sua orelha direita.

Quase que no mesmo instante meu celular tocou, o que me fez olhar para ele instantaneamente, em cima do criado mudo ao lado de minha cama. No mesmo instante minha criada se foi. Me aproximei do celular e me espantei quando vi de quem era a chamada. Minha amada era quem me ligava. Eu atendi.


***


Por um instante fiquei em silêncio, apenas ouvindo a respiração ofegante do outro lado da linha.

- Matheus?

Era ela, realmente era ela! Meu coração disparou e eu travei, de primeira não consegui responder.

- Matheus... eu... eu nem sei o que falar...

Eu permaneci em silêncio, soltando apenas um suspiro para que ela ouvisse e tivesse certeza de que eu estava a ouvindo.

- Eu sei que muitas coisas aconteceram desde as férias, sei que não sou a melhor das pessoas, mas percebi que estava errada, que te magoei.

Ela fez uma pausa.

- Só agora vi que sempre tive tudo o que precisei bem ao meu lado e nunca valorizei como merecia, mas... eu quero fazer as coisas certas... quero... quero que me dê uma outra chance...

Eu não estava acreditando. Estava funcionando, realmente estava funcionando!

- Olha... Amanda... – eu a respondi – estou completamente desapontado contigo, você me magoou demais e... eu realmente não sei... não sei se posso acreditar em você, não consigo mais por firmeza em suas palavras...

- Você foi o melhor para mim, Matheus, hoje eu vejo isso. Nesses últimos dias eu não tenho conseguido parar de pensar em você, em nós... tenho até sonhado contigo...

O silencio tomou conta da ligação, quebrado apenas por sua respiração.

- Olha... eu não sei... Eu... – eu não sabia o que fazer pra falar a verdade, nem o que dizer. Não poderia apenas concordar de imediato, mesmo eu o querendo – Eu preciso de em tempo para pen – mas ela interrompeu minha fala.

- Sabe... agora à pouco eu sonhei com você... Sei que quando namoramos nunca havíamos ido para a cama, mas no sonho fantasiei com você em cima mim... o desejo foi tanto que quando acordei, não pude me conter e... antes mesmo de ligar para você...

Eu...

Neste instante foi que me começou fazer sentido. Minha Tulpa não estava fazendo aquilo por desejo próprio, ela estava representando... fazendo o que a Amanda estava fazendo naquele mesmo instante.

- Eu estava me tocando enquanto pensava em você... – ela concluiu.

Voltei a ficar excitado, tão duro quanto antes, pois agora sabia que havia sido real, que ela estava me desejando e que tudo estava saindo conforme eu queria. Mas não podia dar atenção a ela agora, então cortei a conversa, como se estivesse desinteressado, apesar de estar morrendo de tesão por ela.

- Você ainda não voltou das férias não é? – pude ouvir um leve suspiro dela, como se houvesse ficado decepcionada por não a respondê-la.
- Estou voltando no começo da próxima semana.

- Tudo bem. Quando voltar nós conversamos novamente, pode ser?
- Tá bom – ela respondeu.

- Bom... te vejo daqui uns dias então... – e para provoca-la, disse: “E continue a sonhar comigo”.

Encerrei a ligação sem dizer uma palavra a mais. Depois daquela ligação soube o que deveria ser feito, então, invoquei minha serva.

Ela surgiu e me surpreendeu.

Estava totalmente nua e, sem eu mencionar uma palavra sequer, se aproximou de mim, estendeu suas mãos em meu peito e aproximou seus lábios do meu, sensualizando. Era isso, essa era a recompensa que ela queria pelos seus esforços, eu não poderia negar. Bom, até poderia, mas meu corpo dizia o contrário.

Ela desceu a mão pelo meu peito chegando a minha virilha. Ela sabia o que estava fazendo e o apalpou com a mão direita por cima do meu pijama, inclinando seu corpo para frente, encostando seus seios fartos em meu peito e me levando a loucura. Eu recuei um passo, mas minha cama estava atrás de mim e acabei caindo sobre ela, sentado.

Minha Tulpa me empurrou me fazendo deitar e então fez o inimaginável.

Colocou sua mão por debaixo do meu pijama e tirou para fora meu pau, o apalpou e então colocou na sua boca.

Acho que não preciso mais dizer o que aconteceu depois, mas que fique claro, eu devia alimentá-la, e sêmen para ela era alimento. Só depois de finalizado é que eu fui pensar no que a havia deixado fazer e em tudo o que fiz até aquele ponto.

Mas remoer o passado em minha cabeça não adiantaria de nada, apenas criaria mais incertezas e culpa.

Limpando minha mente de tudo e pensando apenas em minha amada, tive uma das melhores noites de sono de toda minha vida após adormecer com minha Tulpa me acariciando. Os dias seguintes até o retorno de Amanda foram de pura ansiedade. Continuei invocando minha serva e a alimentando com meu sangue, exceto nos dias em que ela desejara algo mais. Para mim, aquela sensação estranha que senti nas primeiras vezes se foi e me começou a ser algo normal e, acredite ou não, prazeroso.

No meio tempo até a volta de Amanda ela tornou a me ligar. Conversamos e fomos nos entendendo, nos aproximando novamente como era antes dela sair para as férias, na verdade, foi até mais intenso, pois fizemos coisas que nunca havíamos feito antes: trocamos nudes. E o mais interessante de tudo é que, todas as vezes que o fizemos, ela me mandou vídeos seu se masturbando e, ao mesmo tempo em que começava, minha Tulpa aparecia e também o fazia, a minha frente.

Não posso dizer que não pensei em transar com ela, e nem posso negar que não tentei, mas sempre que o fazia, ela não se tornava palpável. Não sei explicar o porquê, mas simplesmente não podia a tocar, era como se fosse um fantasma, apesar de que quando ela queria, tornava-se física novamente e me permitia sentir o seu toque, e ela o fazia, se alimentando logo em seguida.

E então chegou o dia.

Amanda me ligou e pediu que a encontrasse no terminal rodoviário e eu fui.

As duas semanas após seu retorno foram as melhores da minha vida, agora sim eu podia afirmar para mim com toda a certeza de que erámos namorados e que ela me amava. Fazíamos amor loucamente e incontáveis vezes por dia.

Mas cometi um erro terrível o qual me arrependi depois, mas como tudo até aquele ponto, seria irreversível: após o retorno de Amanda, ignorei por completo minha Tulpa, não dando fim a ela como deveria ser feito após atingido meu propósito e nos próximos dias eu pude perceber a gravidade de meu erro.

As aulas retornaram e para minha surpresa e desagrado, Amanda não fazia parte da minha turma, ela havia ficado na outra sala... Isso foi de foder a cara, justo quando finalmente estávamos juntos, justo em nosso último ano de escola antes da faculdade e, não bastasse isso, ela caiu numa turma com mais homens que mulheres. Logo nos primeiros dias já pude notar "amigos" dando em cima dela.

Cara, era inacreditável. Mesmo eles sabendo que ela tinha namorado ainda sim se aproximavam.

Mas houve um que foi mais ousado. Ele começou a se aproximar demais de Amanda e ela mesma me disse que ele dava em cima dela sempre que podia. Depois das duas primeiras semanas de aula eu o fechei num corredor no intervalo, perguntei qual era a dele e mandei-o se afastar de Amanda. Ele o fez, mas por apenas alguns poucos dias e então voltou a ficar mandando indiretas pra ela, mandando mensagens e até ligando.

Algo começou a crescer dentro de mim. Um ódio terrível por aquele cara maldito, mas busquei calma e tentei deixar de lado, pedindo apenas a Amanda que o evitasse.

Até o dia em que ele a beijou.

Não fiquei sabendo por ela, nem mesmo vi acontecer. Quem me contou foi meu colega de sala. Eu não queria acreditar nisso, não depois de tudo o que tive de fazer para ter ela, e agora ela estaria repetindo tudo outra vez? Minha fúria interna começou aumentar constantemente enquanto pensava no que ele havia dito, se era verdade ou não, eu precisava esclarecer e foi exatamente o que fiz.

Perguntei a Amanda e, para meu desalento, ela realmente havia sido beijada pelo colega de sala.

Mais de uma vez.

Aquela foi a gota d'água. O que diabos tinha essa garota, por que caralhas ela era assim? Pra que porra ela foi fazer isso comigo de novo? Eu não podia mais com isso, algo tinha de ser feito, eu tinha que acabar com esse sofrimento.

Foi então que relembrei de minha Tulpa.

Briguei com Amanda e disse que nunca mais queria vê-la. Ela me pediu perdão aos prantos, jurou que nunca mais aconteceria, mas eu já não podia relevar, virei as costas e tomei meu rumo, com apenas um sentimento queimando no peito.

Ódio.

Quando cheguei em casa estava ansioso para invocá-la e ordenar a minha criada que acabasse de vez com esse jeito de ser da Amanda, para que ela pudesse de uma vez por todas ser minha, somente minha e totalmente fiel a mim.

Eu achei seu sigilo de invocação, já com as marcas das gotas de meu sangue pretas. Uma onda de ansiedade bateu meu corpo fortemente quando perfurei o dedo com o alfinete e no instante que a gota atingiu o papel um temor tomou meu corpo, as luzes piscaram e uma corrente de ar frio atravessou todo meu quarto, eu a invoquei e as luzes se apagaram.

Eu gelei. Algo estava errado.

Ouvi alguns estalos e passos de leve surgindo a minha frente e se aproximando, a luz da rua que atravessava minha janela foi me revelando uma silhueta extremamente magra e esguia, com os globos oculares ressaltados brilhando num amarelo fluorescente. Eu fiquei aterrorizado, tanto que não pude me mexer até que as luzes acenderam novamente me revelando a criatura.

Meu Deus.


***

Era irreconhecível. O que antes era uma cópia perfeita de Amanda agora parecia uma criatura anoréxica repugnante, a expressão em sua face era clara: fome e desespero. Ela parou a poucos centímetros de mim e me olhou profundamente, soltando um leve grunhido e esticou a mão, passando-a em meu rosto. Sua pele antes macia agora estava num tom amarelado e flácido, parecia borracha passando em meu rosto.

Eu hesitei mas por fim a ordenei que fizesse o que eu queria que fosse feito. A Tulpa agarrou com sua mão minha nuca e aproximou minha face da sua, me olhando direto nos olhos profundamente. Poucos instantes e ela tentou me beijar. Uma repulsa tomou conta do meu corpo e instintivamente a afastei de mim, empurrando-a para trás. Ela me lançou um olhar mortal, pude sentir vindo dela o mesmo ódio que senti de Amanda e daquele cara e, num picar de olhos, a Tulpa aproximou-se de mim e me jogou na cama. Eu tentei me levantar mas ela já estava por cima de mim e começou a me despir.

Eu era seu mestre. Ela deveria me obedecer, mas não estava o fazendo.

Com esforço me esquivei dela rolando para fora da cama, caindo no chão e me levantando logo em seguida, correndo em direção a escrivaninha abri a gaveta peguei o isqueiro e me virei. Ela já estava em cima de mim novamente. Acionei o isqueiro e aproximei o sigilo da chama, ela parou no mesmo instante. Eu olhei-a ferozmente e lhe ordenei que me obedecesse, ou eu queimaria o seu sigilo e acabaria com sua existência de uma vez por todas.

Ela recuou e lentamente se dissolveu no ar, desaparecendo.

Um alívio correu meu corpo, peguei outro alfinete e perfurei novamente meu dedo, derramando mais algumas gotas do meu sangue. Certamente ela estava desse jeito por não tê-la alimentado por mais de um mês, e agora eu teria lidar com isso também, além da questão da minha amada infiel.

Horas depois fui me deitar. Estava difícil esvaziar a mente para poder dormir e demorei a pegar no sono, mas quando consegui tive um dos piores pesadelos da minha vida. No sonho eu via Amanda, no seu quarto. Ela usava seu pijama, aparentemente também estava prestes a ir se deitar, até que a campainha de sua casa toca. Ela desce abre a porta e sai para o corredor, desce as escadas, atravessa a sala e chega a porta.

Quando abre me vem a surpresa, e eu assistia a tudo como um espectador, em terceira pessoa.

Aquele maldito estava do lado de fora. Os dois entraram, foram a cozinha, pegaram algumas coisas e subiram pro quarto. As coisas que estavam acontecendo em meu sonho eram tão reais, como eu nunca havia sonhado antes. Depois do que pareceu quase duas horas os dois começaram a se beijar. E o desfecho disso não poderia ser outro: os dois apagaram as luzes e começaram a transar.

Eu estava lá, olhando tudo acontecer não acreditando a situação, mas era estranho, eu não podia me mexer, não podia falar, não podia fazer nada, era como se eu fosse uma câmera, observando a tudo de diversos ângulos, até que de uma posição pude ver algo no quarto, em meio a escuridão. Uma forma esquelética parada num canto, seus olhos amarelos brilhantes. Eu soube na hora, era a Tulpa, ela estava trabalhando, aquilo não poderia ser apenas um sonho.

A criatura foi se aproximando da cama onde os dois estavam por debaixo da coberta e num salto desta criatura eu acordei.

Meu celular tocava e a luz do sol atravessava minha janela, eu o peguei, era Amanda. Eu atendi.

Algo horrível aconteceu e até mesmo eu estava incrédulo com o ocorrido.

Ela me disse por telefone que o seu colega havia ido a sua casa para estudarem e que ficou muito tarde para ele voltar e acabou dormindo lá. Disse que ele levantou de madrugada e entrou em seu quarto e tentou "agarrá-la" a força, que ele estava desequilibrado e acabou agredindo-a. Seus pais ouviram seus gritos e correram ao seu quarto para socorre-la e, seu "colega", foi pego semi-nu em cima dela tentando estrupa-la. Quando seus pais entraram no quarto ele se viu sem saída e correu pela janela, mas desajeitado acabou caindo.

Ele morreu antes da ambulância chegar, de traumatismo craniano.

Quando desliguei o telefone eu tinha certeza de que o que ela havia me contado era mentira, pois no mesmo instante a Tulpa se revelou para mim. Ela continuava em sua forma grotesca, e me dava um ruim só de olhá-la. De alguma forma, minha serva fez aquilo. Tenho certeza de que foi ela quem o matou. Ela está fazendo sua parte novamente. E eu deveria fazer a minha, mas minha serva foi exigente quando perfurei meu dedo para sangrar em seu sigilo. Ela quis meu sangue direto em sua boca e não se contentou com apenas uma ou duas gotas. Eu tive de cortar a palma de minha mão e escorrer por sua boca e ainda sim ela pareceu insaciada.

Ela começou a se aproximar e me tocar novamente. Ela queria mais. Ela queria meu sêmen outra vez.

Merda. Eu não o faria, com toda certeza. E não o fiz.

Seus olhos continuaram a expressar ódio por mim, mas pareceu mais calma que da última vez, se retirando assim que pedi. Agora, eu teria de ir ver Amanda e conversar com ela sobre o que aconteceu, essa era uma ótima oportunidade para que nós dois pudéssemos nos entender e reatar. Quando fui a sua casa a tarde, ela estava pálida, chocada com o ocorrido. Ela me abraçou forte e chorou em meus braços, pedindo tantas desculpas quanto as lágrimas que escorriam por seu rosto. Ela afirmou ser amaldiçoada, que sempre que faz algo que magoa alguém isso volta pra ela, que este já era a segunda pessoa querida que ela via morrer.

E essa palavra "querida" ecoou em minha mente, trazendo o ódio novamente a mim.

Mas seu jeito meigo amoleceu meu coração e eu acabei relevando. Passei a noite na casa dela por quase uma semana. Nos aproximamos novamente mas não dormimos juntos. Eu retornava para casa e de lá ia para a escola, enquanto Amanda ficava em sua casa, pois ainda estava de atestado. Quando retornava para casa invocava minha serva e a alimentava, frisando novamente meu propósito. Ela continuava com a mesma aparência horrenda e parecia estar cada vez mais repugnante.

Uma semana depois de recuperada Amanda me chamou para dormir em sua casa novamente. Fiquei muito ansioso e antes de sair de casa, a noite, minha Tulpa apareceu sem ser invocada.

Naquele instante eu parei e refleti enquanto ela me encarava.

Eu acho que deveria parar com isso. Deixar as coisas como eram antes e que se fosse para ser seria, ficaria a vontade do destino. Fiquei quase quinze minutos parado a observando e pensando se daria fim ou não aquela criatura parada a minha frente. Duas pessoas já haviam morrido por minha causa e eu sabia disso e, de uns dias para cá, isso começou a pesar em minha consciência. Será que aquilo tudo realmente valeria a pena no final?

Olhei profundamente para minha serva e suspirei.

Pinguei uma gota de meu sangue em sua boca e pedi que se retirasse. Guardei o sigilo no bolso de minha calça, peguei minhas coisas e fui para a casa de Amanda. Aquela seria a noite mais assustadora de toda a minha vida, e dali para frente tudo ficaria pior.


***


Já passava da meia noite e o clima começou a esquentar entre mim e Amanda. Tirei suas roupas e ela tirou as minhas. Eu já havia visto seu corpo muitas vezes, mas quando vi novamente essa noite continuei surpreendido; ela era linda e gostosa demais, tinha um cheiro muito bom e eu estava totalmente perdido de tesão por ela e ela, toda molhada por mim. Nós começamos nosso amor e o clima estava muito quente entre nós, transamos forte e então ela ficou por cima de mim e me disse que ia gozar, e eu também iria, dentro dela, profundamente.

"Mais forte... Não para... Não... Ah..."

Eu fechei meus olhos e a apertei forte, estocando sem parar. Ela gemeu forte, estava gozando e eu também. Quando por fim gozamos, abri meus olhos novamente e me desesperei logo em seguida:

Era a maldita Tulpa.

Empurrei a criatura para o lado que olhou para mim soltando um sorriso maligno.

Como poderia ser? Amanda estava sobre mim a poucos instantes!

Me joguei da cama e corri em direção a porta, acendendo a luz.

- Matheus, o que houve?

Amanda estava novamente lá. Teria sido uma alucinação minha? Essa pergunta me foi respondida poucos instantes depois, quando Amanda perguntou se eu havia gozado. Ela estava limpa, não havia um sêmen sequer em sua vagina.

Merda.

- O que foi? - ela disse.

Eu tenho que ir agora.

Peguei minhas coisas e saí de lá o mais rápido possível e fui para a casa. Cheguei desesperado, eu tinha que acabar com isso, minha serva estava fora de controle. Corri pro meu quarto e peguei o isqueiro, tirei do bolso o sigilo e a invoquei. Ela apareceu, me surpreendendo novamente.

Puta que pariu.

Ela estava linda novamente, nua, idêntica a Amanda de instantes atrás. Era inacreditável. Eu olhei bem para ela e ela olhando para mim. O ódio mortal em seus olhos já não mais existia, agora apenas uma expressão de pura timidez e sensualidade.

Puta que pariu.

Mas eu sabia o que eu deveria fazer, aquilo era preciso. Eu acendi o isqueiro e aproximei do papel. Ela percebeu minhas intenções se aproximou de mim e segurou meu braço, como se quisesse me dizer para não o fazer. Quando insisti, ela se ajoelhou e me olhou com o mesmo olhar que me deu a primeira vez em que ajoelhou-se a minha frente, trazendo de volta o mesmo sentimento da primeira vez.

A afastei de mim empurrando-a e ascendi novamente o isqueiro que apagou quando a empurrei. Ela se levantou e fechou a cara, me encarando. Agora ela parecia furiosa, mas não exitei e encostei a chama no papel. No mesmo instante ela se atirou em mim e segurou minha testa com sua mão direita, me pressionando contra a parede. Minha cabeça começou a doer. Seu olhar enfureceu, ódio emanou dela, eu pude sentir, juntamente com um imenso temor. O sigilo caiu de minhas mãos ao chão e continuou a pegar fogo. Um suspirar e ela começou a queimar também, emitindo um forte brilho amarelo de dentro do seu peito para fora.

Sua mão queimava em minha testa, uma dor extremamente forte que me imobilizava e então, num piscar de olhos, ela explodiu num clarão de luz que me cegou e me desnorteou.

Eu apaguei.

Acordei com a forte luz do sol atravessando a janela de meu quarto, levantei num pulo, assustado, olhando para todos os lados. Parei por um segundo e me recordei o que havia acontecido. Não imaginei que quando queimasse o sigilo ela desapareceria daquela forma, nem mesmo que faria o que fez comigo. Minha cabeça doía, doía muito, mas era uma dor diferente, uma queimação na testa. Olhei para o chão e apenas as cinzas do sigilo estavam lá. Peguei meu celular, estava sem bateria. O coloquei para carregar e quando o liguei, vi que estava em cima da hora para o colégio, certamente me atrasaria. Havia também notificação de chamadas perdidas, eram de Amanda.

Corri para o banheiro e tomei uma ducha, escovei os dentes e saí.

No mesmo dia Amanda me perguntou o que houve para eu ter saído de sua casa daquele jeito. Obviamente tive de inventar uma desculpa qualquer que justificasse a forma com que saí de lá. Eu passei o dia todo meio baqueado, com uma forte dor em minha testa que parecia queimar e irradiava para dentro de minha cabeça e de meus olhos. Eu fiquei com o ocorrido do outro dia em minha mente, tentando entender o que tinha acontecido, o porque da Tulpa agir daquela forma. Depois que cheguei em casa fui pesquisar um pouco, mas não encontrei nenhum caso parecido com o meu.

Bom, não faria diferença alguma mesmo, já que eu já havia me desfeito dela de qualquer forma. Ou pelo menos foi o que pensei nos próximos dois dias. No terceiro dia foi que uma onda de dúvidas e medo atingiu o meu ser. Aquela dor de cabeça não havia passado, não estava tão forte quanto no primeiro dia, mas ainda me incomodava. Fui para casa de Amanda, dormir com ela e tive uma surpresa desagradável.

Você já ouviu dizer que, quando se quer algo e se deseja com muita força, o contrário aquilo acaba acontecendo?

Esse foi o desfecho de tudo o que eu havia feito, e posso lhes dizer, me foi merecido.

Naquela noite com Amanda pude ver que o que eu havia começado e pensado que havia terminado, na verdade, não estava acabado. Eu estava por cima da Amanda, naquele tesão imenso sentindo o corpo quente dela e seus suspiros de prazer quando por um instante fechei os olhos. A imagem daquele ser grotesco que estava a Tulpa me veio a cabeça, e quando abri meus olhos, lá estava ela. Eu broxei na hora, saí de cima dela e acendi as luzes.

Amanda estava novamente lá.

Não havia como explicar para ela o que eu estava vendo, e eu nem podia. Pedi desculpas a ela, me deitei, me virei e tentei dormir. Mas aquilo tornou-se reincidente, até um ponto em que eu não podia mais olhar para a Amanda que via a imagem da Tulpa grotesca. Poucas semanas se passaram e eu não podia mais sequer chegar perto dela, pois me aterrorizava.

E assim acabou o nosso relacionamento. E, novamente, eu pensei que estaria posto um fim. Mas eu outra vez estava errado.

Pouco tempo depois soube que a Amanda estava de namorado novo. É, realmente, aquela era ela e nada que eu fizesse poderia mudar seu jeito de ser. Eu errei feio quando invoquei aquela Tulpa, mas isso só pude perceber depois que tudo tinha desandado. Claramente fiquei triste por não estar mais com a Amanda, por ela estar seguindo em frente outra vez e de forma extremamente fácil, enquanto eu continuo perturbado com a imagem daquele ser sempre que a olho.

Acho que a Tulpa fez algo comigo aquela noite em que eu me livrei dela.

E então, na noite deste mesmo dia em que descobri que Amanda estava namorando novamente, eu tive um sonho. Eu caminhava pelas ruas e fui para o bairro vizinho. Entrei por um bosque e sai no fundo do quintal de uma casa. Eu entrei nessa casa pela janela que estava destrancada, eu estava descalço, podia sentir o piso gelado na sola de meus pés. Subi as escadas daquela casa e fui em direção a uma das portas daquele corredor e a abri.

O quarto estava quase que totalmente escuro, exceto por um fraco feche de luz vindo das ruas que atravessam a janela por entre a cortina mal fechada. Havia uma cama lá e nessa cama, alguém deitado. Lentamente me aproximei... foi então que eu percebi quem era aquela pessoa... O namorado de Amanda. Neste mesmo instante tive um pico de consciência sobre este sonho e percebi que quem estava ali na verdade não era eu, mas sim a Tulpa e ela continuava o seu serviço, estrangulando o rapaz que estava dormindo.

Eu assisti a tudo. Ele se debateu, tentou lutar, mas a Tulpa tinha uma força descomunal e a luta dele pela vida foi inútil. Em poucos minutos ele já não respirava mais.

Até aquele instante eu acreditava ser um sonho em que a Tulpa estivesse matando o rapaz, até que pude ver um reflexo num retrato fotográfico. Uma silhueta masculina... e então, daquele instante para frente eu não lembro mais nada. Lembro apenas de quando já estava na frente da casa de Amanda. Com meu celular em mãos, liguei para ela e ela atendeu. Pedi para entrar pois queria conversar com ela. Ela disse que já estava muito tarde e que não queria mais nada comigo, não depois de como eu tinha terminado com ela, sem explicação, sem motivo algum.

Mas por algum motivo ela acabou me deixando entrar. Quando abriu a porta, já não estava mais vendo-a como antes. A visão daquele ser grotesco parecia ter deixado minha mente em paz. Nós entramos e fomos direto ao seu quarto.

- O que houve com você? Porquê está descalço? - ela me perguntou.

Eu me virei e fechei a porta de seu quarto.

Isso é tudo o que me lembro até acordar em minha cama novamente. Quando me levantei notei que meus pés estavam sujos e tive um mal pressentimento. Um frio correu minha espinha quando a campainha tocou. Fui até a janela e olhei para a rua. Havia diversas viaturas e policiais lá em baixo e, em poucos instantes, eles estavam no meu quarto me algemando.

O olhar de meus pais foi a coisa mais triste que senti em toda a minha vida.

Eu fui preso. Acusado da morte de Amanda e seu atual namorado.

E adivinha...

A Tulpa continua a me visitar em minha cela, e eu continuo alimentando-a. Acabei me acostumando com sua forma grotesca, e como estou na solitária, nós podemos fazer amor e ser felizes tranquilamente, sem sermos incomodados.

Essa postagem compartilhada foi escrita por Alan da Cruz e produzida pelo site Não Entre Aqui. Cliquem aqui e visitem o site, para não ficarem de fora de nenhuma novidade.

21/04/2018

Moonlight Films

Em muitas lojas e lugares que fornecem filmes à moda antiga, um cartão de visita é mantido. Algumas lojas o mantém escondido, trancado em um cofre, e negarão que existe. Outras o mostrarão se você perguntar por ele usando o nome. Nenhuma loja o mantém à vista.

No cartão há um nome, "Moonlight Films", e um número de contato. Sempre é um número local. Vá a qualquer telefone público de sua cidade e disque o número. A resposta será imediata, mas você só ouvirá silêncio a princípio. Espere trinta segundos. Então você será servido.

Uma voz masculina seca e monótona vai perguntar: "A estrada que leva da vida até a morte é escura?" A resposta correta é: "Ela é iluminada pelo luar."

Se você disser qualquer coisa diferente disso, o homem desligará o telefone. Se você errar na primeira tentativa, eu sugiro não tentar de novo. Mas se você responder corretamente, o homem vai dizer um endereço em sua cidade e então desligará o telefone.

Vá para o endereço e você descobrirá que é um pequeno apartamento. O carpete é sujo, o papel de parede descascando e enrugado, as janelas trincadas. Esse apartamento terá o cheiro de fumaça de cigarro e de podridão. Na mesa de café manchada haverá uma bolsa de papel. Nessa bolsa estará seu nome completo escrito com um piloto vermelho.

Abra a bolsa e você vai encontrar uma fita VHS sem marcação alguma. Pegue-a e coloque exatamente $10.99 na bolsa, então saia.

Você pode assistir a fita se quiser, mas você não precisa. Vou avisar logo: não é nada agradável. Você verá um quarto ou câmara cujas paredes estão cobertas de pele dissecada, os móveis feitos de carne humana e ossos. A fita dura aproximadamente 32 minutos e vai mostrar o assassinato de uma pessoa e sua subsequente transformação em novos móveis - um abajur feito de pele, uma mesa feita de ossos.

Depois de uma semana com a fita em suas mãos, você deve devolvê-la no mesmo endereço, passando-a pela caixa do correio quando seu tempo acabar. Depois disso, nunca volte para o apartamento e definitivamente nunca ligue para o número novamente.

Eu também sugiro não ficar com a fita por mais de uma semana. Os donos não ficarão satisfeitos com uma mera multa de atraso - e, você sabe, uma boa casa nunca tem acessórios suficientes.

17/04/2018

Eu e Meu Irmão Vimos Algo Assustador – Parte 2


Era sábado e meu pai já havia voltado ao normal depois de ontem. Como era o dia de trabalho dele, ele foi terminando de tomar o seu café e preparando seus papéis na sua mala. Minha mãe está na cozinha lavando os pratos e tigelas. Matt assistindo Tom & Jerry na sala e eu estou no meu tablet jogando no sofá. Quando meu pai já ia se despedir de minha mãe, alguém bateu na porta. Meus pais trocaram olhares, e meu pai foi atender a porta.

“Bom dia, Sr. Hungers. Como vai?”, era Tommy, seu sorriso me dá medo.

“B-bom dia, vou bem”, meu pai engoliu a seco diante de Tommy.

“T-tenho que ir”, se virou e deu um beijo em mim e Matt. Deu o último aceno e fechou a porta.

De tarde, fomos brincar na varanda de pega pega e vi Tommy saindo de sua casa. Aquele sorriso não desgrudava de seu rosto e sempre vestia as mesmas roupas pretas. Ele viu a gente e andou na nossa direção. Paramos de brincar e ficamos parados com os nossos olhos fixos nos dele, o medo começou a subir.

“Olá crianças”

“O-olá”, falamos em uníssono.

“Hehehehehe...”

Sua risada fez meu corpo estremecer e vi que Matt sentiu a mesma coisa que eu.

“Vocês são tão fofos, eu adoraria conhecer vocês”

Tommy nos levou ao banquinho que fica debaixo de uma árvore e sentamos. Matt se afastou de fininho de Tommy, se juntando a mim.

“Como vocês se chamam?”

“Eu sou Matt e ela é Alice”, Matt não tirava os olhos de Tommy, observando sua ação e seu comportamento.

“Belos nomes para um menino tão gentil e uma menina tão linda”, redirecionou seus olhos pretos para mim.

“O-obrigada senhor”, Tommy abaixou a cabeça e voltou a olhar para Matt, que ainda não tirava os olhos.

“S-senhor, como vo-“, cortei-o

“Matt, temos que fazer o dever de casa. Esqueceu?”, menti, a presença de Tommy me deixa desconfortável e essa foi a maneira que eu achei para me livrar dele.

“Mas...”, Matt franziu a testa.

“Vamos, você não quer receber zero da professora...”, fui interrompida por Tommy.

“Melhor vocês irem, porque a mãe de vocês está logo ali na porta”

Olhamos para a nossa mãe, ela estava muito brava. Matt e eu corremos para dentro de casa e minha mãe nos proibiu de sair por três dias.

Era melhor ficar em casa do que sair e se deparar com Tommy te observando no outro lado da cerca, a espera pelo alvo certeiro.

Seu sorriso de orelha a orelha que nunca saía de seu rosto, suas roupas pretas que mais pareciam armaduras, seu jeito de olhar e falar dava um certo medo em qualquer um. Com certeza, tem algo errado com esse Tommy.

*

Mais tarde, Matt queria falar comigo. Era sobre a respeito de Tommy, nosso vizinho misterioso. Ele acha que ele é um assassino ou algo do tipo. Para mim, é um homem perigoso e devemos tomar cuidado com ele. Matt acha isso como verdade, e ele tem certeza que o homem é assassino ou sequestrador, como o Jack O Estripador.

“Será que ele já matou alguém?”

“Não sei e nem quero saber, o que eu mais quero é que ele fique longe de nós”

“Eu não sei, eu estou com medo”

“Eu também, mas não devemos ficar mais per...”

Fui cortada quando ouvimos um barulho de fora da janela. Matt se encolheu todo como se estivesse com muito frio, expressão de choque em seu rosto. Olhei para a janela com a boca boquiaberta, meu corpo paralisado. E então ouvimos um grunhido, seguido de um galho sendo pisado.

Matt saiu em disparada para o seu quarto, me deixando sozinha. Quando me levantei ouvi galhos sendo pisados, mas mais perto da janela. Lágrimas começaram a correr nas minhas bochechas e caindo em minha blusa, tinha certeza que era o Tommy fazendo isso. Quando ouvi o último barulho, corri para a sala a procura de minha mãe, por sorte ela tava na sala assistindo TV. Abracei-a mais forte, minhas bochechas molhadas e os olhos cheios de lágrimas.

“O que foi, Alice? Por que você está chorando?”

“Tinha algo do lado de fora da janela do meu quarto, mãe”

Minha mãe não acreditou no que eu disse e foi para o meu quarto investigar. Eu fui atrás dela, ainda com muito medo. Matt tava na porta de seu quarto, segurando o seu ursinho de pelúcia e chorando. Minha mãe o chamou, mas ele se recusou. Quando chegamos no meu quarto, a janela tava intacta, ninguém havia entrado ou quebrado ela.

“Alice, não tem nada na janela”

“Mas mãe, tinha alguma coisa na janela”

“O quê?”

“Só ouvi barulhos nos arbustos, galhos sendo pisados e um grunhido”

“Talvez seja só um gato, guaxinim ou um cachorro, filha. Nada de mais”

Ela abriu a janela e olhou para todos os lados, estava muito escuro lá fora.

“Viu, não tem nada, agora vá dormir”

Ela fechou a janela e a trancou. Fiquei uns 10 minutos olhando a janela, para ver alguma coisa que estava me assustando. Cobri a janela com a cortina e fui me preparar para dormir, ainda muito assustada pelo ocorrido. Não tirava meus olhos da janela nem por um segundo até que finalmente fui para a minha cama. Amanhã eu conto mais sobre esse Tommy.

Autora: Ely Costa

14/04/2018

Meu último dia na Terra

Pessoas, tudo bem? Fiz parte do blog em duas ocasiões, ambas usando nomes diferentes. Agora estou de volta, e dizem que a terceira é de vez. Espero que seja mesmo. Trouxe essa creepy curta do subreddit shortscarystories, e espero que gostem.


Quatro anos.

Quatro anos, quatro meses, e vinte e três dias, é o tempo que venho correndo dele - não que eu tenha contado.

Quatro anos correndo apenas para ir para casa e encontrá-lo sentado na mesa da cozinha. Ele parece não se encaixar no ambiente, como uma cadeira da Ikea, tomando mais espaço que um homem deveria tomar - ele é um homem de casarões, e não pequenos cômodos no terceiro andar.

E no entanto, aqui estamos nós.

Ele vai me matar, é claro. A coisa mais esperta a se fazer seria correr - mas ninguém nunca me considerou uma pessoa esperta. "Vic."

Ele ri e sopra uma pluma de fumaça de cigarro em meu apartamento onde não se pode fumar. "Querida."

Querida. É claro que é querida. Nunca meu nome verdadeiro. Eu me pergunto se em algum momento ele chamou meu nome verdadeiro - mas ele nunca o fez. Eu sei disso, se posso admitir. Eu me pergunto se ele vai falar meu nome antes de me matar - é claro que ele vai. Uma última vez. O beijo da morte.

O beijo. Esse pensamento me faz corar. Ainda aqui, ainda agora, encarando a face de minha morte inevitável e complicada é difícil de perder sua beleza. Alto, escuro e bonito... bastante bonito. É o que me atraiu para ele no começo.

Só posso tentar imaginar o que ele viu em mim. Eu não sou tão... exótica como o tipo dele.

"É essa a hora?"

Ele ri novamente. Para o inferno com ele - para o inferno com ele por se sentar ali tão calmo e sereno, rindo e planejando meu fim, enquanto eu estou de pé e suando apesar do frio, punhos cerrados e meu corpo todo tremendo enquanto uso cada parcela de força que tenho para manter minha voz calma e não trêmula.

"Hora?" ele pergunta. "É essa... a hora? Não vamos desperdiçar palavras, querida. Chame do que realmente é."

E é isso - eu explodo. "Chame do que realmente é!" eu grito com ele. "Enquanto você se senta aí me chamando de querida! Será que você em algum momento se importou comigo?"

"Não."

Não. Não, é claro que não. Por que ele se importaria? Eu não sou digna - eu sou suja. Falha. Ruim.

Eu caio no chão, chorando com dor e medo. Quatro anos, quatro meses, e vinte e três dias eu passei fugindo dele, e agora ele vai me matar. "Não precisa ser assim", eu digo.

Ele dá três passos pelo quarto e se põe à minha frente, gentilmente alisando meu cabelo, minhas lágrimas lavando o giz em suas botas.

Giz.

Um olhar rápido ao chão revela escritos solomônicos em um círculo tosco no piso de madeira, velas em seis pontos. Minha respiração acelera - ele veio preparado. "Não precisa ser assim."

E agora sua mão agarra meu cabelo, puxando minha cabeça para trás com força. "Foi um erro quando eu te invoquei daquele buraco - um erro que não farei novamente."

"Não," eu grito. Subitamente estou de pé, minhas unhas arrancando a pele de sua face. Ele dá vários passos para trás. Eu caminho em sua direção.

Eu não vou voltar para o Inferno.

11/04/2018

Eu e Meu Irmão Vimos Algo Assustador - Parte 1


Num belo dia de manhã, eu acordei muito feliz por que hoje é meu aniversário e de meu irmão Matt. Como eu estava contente, fui ao quarto de meus pais acordá-los. Abri a porta devagar, correi até a cama e subi saltitando com sorriso no rosto, fazendo com que meus pais acordassem num susto.

“Pelo jeito a nossa pequena Alice acordou bem cedo”, diz minha doce mãe que sorria para mim.

“Bom dia princesa”, diz meu pai meio sonolento.

“Bom dia, papai e mamãe”, falei com um sorriso no rosto e ainda pulando em cima da cama. A medida que meus pais foram se levantando, fui correndo para o quarto de Matt acordar ele e fui ao meu quarto me trocar e ir para o banheiro escovar os dentes. Depois disso fui pra cozinha comer meu cereal com leite que tanto amo e quando acabei, fui para a nossa varanda que ficava em frente da nossa casa coletar flores para colocar no meu cabelo. O dia estava ensolarado com algumas nuvens que mais se parecem algodão doce, um dia bom para esse momento acontecer.

Quando eu já ia entrando, vi um homem alto e muito bonito andando na calçada, ele vestia roupas pretas e um chapéu. Ele acenou pra mim com um belo sorriso e continuou sua caminhada. Meu pai me chamou para entrar e se arrumar que a festa ia começar em 30 minutos, e então eu entrei e subi para meu quarto junto com meu irmão Matt. Meus pais prepararam um vestido rosa com glitter roxo, uma sapatinha azul, uma coroa dourada com diamantes  e um colar de unicórnio. Meus olhos brilharam de alegria e minha boca estava boquiaberta, só pode ser um sonho. Vesti o vestido com maior prazer da minha vida, coloquei a sapatinha azul, arrumei o meu cabelo e coloquei a coroa, em seguida coloquei o colar de unicórnio no pescoço. Fui me ver no espelho ao lado da minha cama e fiquei tão linda, parecendo uma princesa, e fiquei me embelezando na frente do espelho por alguns minutos e fui acordada desse transe pela voz de minha mãe me chamando lá embaixo. Peguei meu anel e desci, dando de cara com Matt que estava vestindo uma camisa listrada azul com calça preta e sapato da mesma cor, e nós descemos juntos pronto para a maravilhosa festa dos sonhos. Demoramos 25 minutos arrumando a sala com vários balões coloridos, bandeiras com a frase “Feliz Aniversário Alice e Matt”, colocando outros enfeites e pondo os doces e salgados na mesa, inclusive os bolos de cor rosa e azul com cada iniciais dos nossos nomes. Depois de 5 minutos descansando e preparando outras coisas, os primeiros convidados a chegarem foram os nossos colegas de escola Samantha e Ben com seus pais e eles trouxeram presentes. Mais e mais convidados foram chegando e trazendo presentes, um maior que o outro, colocamos em um canto improvisado para o final da festa. Depois que cantamos parabéns e comemos os bolos e outras delícias, fomos abrir os presentes e gostei de todos. Depois de uma longa festa, os convidados foram embora junto com os seus filhos. Foi o dia mais feliz da minha vida, um sonho realizado de uma princesa. Antes de irmos dormir, eu e Matt brincamos um pouco com os nossos brinquedos novos. Meu pai entrou no quarto e pediu para que fomos dormir e amanhã teremos aula. Guardei meus brinquedos no baú e Matt foi para seu quarto. Escovei meus dentes e fui dormir.

No dia seguinte, fomos a escola e juntei ao grupo de meninas enquanto Matt foi para o dele. Elas estavam mostrando algumas bonecas e desenhos que fizeram, eu mostrei minha boneca nova e elas gostaram (hoje era o dia em que as crianças iam trazer seus brinquedos e desenhos para a escola, pois tinha a sala em que ficávamos brincando, desenhando e assistindo filmes). Na aula de História fiquei ansiosa para ir a sala assistir filmes e tudo mais. Quando o sinal tocou, pegamos os nossos brinquedos e desenhos e fomos para a sala saltitando. Ficamos 30 minutos brincando e desenhando e fazendo bagunça. Depois os professores colocaram o filme de Alice no País das Maravilhas, nem queria assistir porque já vi esse filme várias vezes e então fui desenhar. Decidi desenhar o homem que vi ontem na calçada antes eu eu entrar, meus colegas estavam focados no filme e os professores estavam escrevendo algo nos papéis, então não terei que me preocupar.

Fui desenhando cada corpo do homem: seu chapéu preto enorme que cobria metade do rosto, suas roupas pretas que mais parecia uma armadura, sua bota preta alta, sua pele albina, seu sorriso tão belo, seus olhos pretos, seus cabelos curtos até o ombro e sua mão acenando. Minha colega Bia olhou para meu desenho e perguntou quem era, respondi que era um homem que vi na minha rua e ela respondeu com um “Ah”, voltando os olhos para o filme. Do começo das aulas restantes até o final foi normal, até a hora de ir pra casa. Vi aquele mesmo homem que vi ontem, com o mesmo sorriso e a mesma roupa. Quando meu pai chegou, perguntei a ele quem era aquele homem e ele disse que é só apenas um louco perdido na rua.

A volta pra casa foi diferente e medonha. O mesmo homem foi na direção de meu pai ainda sorrindo e juro que naquele momento senti que ele ia fazer alguma coisa nada bom. Olhei para meu pai e ele tava um pouco tenso, expressão de pavor em seu rosto.

“Olá Sr. Hungers”, falou o tal homem bonito com sorriso no rosto, sua voz muito atraente.

“Olá...”, disse meu pai, medo em sua voz.

“Desculpe pela minha falta de educação em não me apresentar. Meu nome é Tommy e moro na mesma rua que você, ao lado da sua casa”, falou Tommy.

Meu pai apertou a minha mão com tanta força, fazendo com que eu geme de dor. Tommy ficou encarando meu pai com o seu sorriso encantador e depois olhou pra mim.

“Ah, olá pequena”, falou como um sussurro e respondi um “olá” bem baixinho, minhas bochechas vermelhas. Tommy riu e voltou a olhar para meu pai.

“Temos que ir, minha esposa deve está inquieta pela minha demora. Até mais Tommy”, disse meu pai, sua voz estava tremida, acenou para Tommy e apressou o passo.

Meu pai não falou mais nada até a chegada da nossa casa.

Autora: Ely Costa

09/04/2018

05/04/2018

O monstro rosa

Essa história aconteceu realmente com um amigo meu, então não posso levar os créditos. No entanto, essa história é real e provavelmente fácil de ser explicada, mas ainda continua sendo bastante assustadora. 

Meus pais e eu vivíamos na mesma casa desde o meu nascimento, em uma vizinhança localizada no subúrbio da Pennsylvania Central. Meu quarto ficava no primeiro andar, com uma janela para o quintal, que era cercado. 

Quando criança, eu sempre acordava gritando e chorando, falando que tinha visto algum tipo de monstro no quintal. Obviamente, meus pais pensavam que eu estivesse com algum tipo de pesadelo, então tentavam me acalmar. Eles deixavam que o nosso cachorro saísse para o quintal onde aparentemente assustaria o que estivesse por lá. Depois, eu conseguia dormir sem ter mais pesadelos pelo resto da noite. 

Essas visões eram uma coisa recorrente que me assustou por muitos anos enquanto eu crescia, apenas me acalmando quando o cachorro saía para o quintal. Tudo acabou quando meu irmão mais novo nasceu e o meu quarto foi passado para ele. Fui para o quarto de cima, e depois disso nunca mais tive problemas. 

Enquanto crescia fui me tornado capaz de montar um sentido para aquela situação, e pude relembrar como aquela coisa era. Era um tipo de ser peludo e rosa, como um tipo de monstro. Ele nunca fez nada além de ficar parado no outro lado da minha janela, e isso já me assustava bastante. Fiquei tão feliz por mudar de quarto e nunca mais ter de lidar com isso. Eu cheguei a pensar que fosse um tipo de ilusão e me sentia melhor apenas quando meus pais saíam para verificar o quintal e isso adormecia a minha imaginação. Mas agora vem a parte assustadora. 

Meus pais obviamente nunca acreditaram em mim, apenas achavam que fosse a minha imaginação ou algum pesadelo. Nunca viram nada e nunca encontraram alguma evidência, tinham apenas a minha palavra. Depois que mudei de quarto, nunca mais vi aquela coisa e comecei a pensar que fosse apenas a minha jovem imaginação descontrolada. Logo, esqueci de tudo que tinha visto e meus pais não levantaram mais o assunto, então a historia do monstro começou a se apagar da minha memória... até que o meu irmão mais novo começou a acordar chorando, falando sobre um monstro peludo e rosa o encarando do outro lado da janela.