Quando eu fiz
7 anos ela estava acostumada com Beau, mesmo que não tivesse certeza
do que pensar dele. Todos os livros e pediatras que ela consultou
garantiram que amigos imaginários eram perfeitamente normais, mesmo
que esse fosse um pouco mais sombrio. Como eu era uma criança feliz
e sadia, que socializava com as outras (e reais) crianças e gostava
de rosa e pôneis, se Beau me ajudasse a superar algum pensamento ou
medo obscuro então talvez fosse O.K. E, bem, algumas histórias,
como a do monstro do closet, eu nunca contei pra ela. Acho que mesmo
naqueles tempos eu sabia que não era algo bom pra se falar.
Como meu
irmão era mais velho, e, portanto, "legal demais" para brincar
comigo, eu constantemente era deixada sozinha e criava brincadeiras
comigo mesma. Beau sempre aparecia bastante nisso. Se ele não estava
por perto, eu fingia ser ele e lutava contra monstros terríveis ou
ia em aventuras. Se ele estava, minha mãe me encontraria sozinha em
meu quarto, falando com alguém que não estava ali ou desenhando na
quietude. Conforme eu fui ficando mais velha, comecei uma
brincadeira nova. Um dia minha mãe me encontrou engatinhando pela
casa com um cobertor sobre mim. Ela perguntou o que eu estava
fazendo. Eu disse que estava aprendendo a ser uma caçadora, assim
como Beau. Ela não pensou muito sobre o assunto, mas ficou bem
aborrecedor quando eu também virei uma ladra. Minha mãe encontrava
coisas aleatórias escondidas em meu quarto. Às vezes coisas que ela
não tinha ideia de como eu consegui apareciam em meu quarto. É
claro, eu culpei Beau, e ela me disse que eu deveria falar para
“Beau” parar de roubar e arranjar um novo hobby.
Honestamente,
isso provavelmente não era paranormal, era só eu. Eu era tão
terrível quanto qualquer criança de minha idade, e quem sabe o que
eu não estava achando e coletando. Quando minha mãe ameaçou tirar
minhas sobremesas até que aquilo parasse, no entanto, a brincadeira
mudou. Eu comecei a ser sonâmbula.
Pela manhã,
minha mãe me encontrava em lugares estranhos. Começou como algo
pequeno – eu estaria no chão do meu quarto ou no térreo, deitada
no sofá. Novamente, os médicos garantiram a ela que isso era
normal, mas começou a ficar um pouco estranho. Ela me encontraria em
lugares que eu não tinha como alcançar ou nos quais ela me ouviria
chegando. Alguns desses lugares incluem os armários da cozinha, o
chuveiro do banheiro de hóspedes, a mesa de meu irmão, etc. Meu
irmão tem o sono muito leve. Ele deveria ter me ouvido entrar e
deitar ali. O armário devia ser impossível de entrar e minha mãe
quase não conseguiu me tirar dali.
O que é
interessante é que eu me lembro disso. É uma de minhas memórias
mais sólidas, talvez por ser mais recente. Eu sei que o sonambulismo
era parte do jogo. Durante meu sonambulismo eu estava sonhando. Eu
podia ver tudo ao meu redor perfeitamente na escuridão, e Beau
estava me guiando. Ele estava me ensinando como espiar da mesma
maneira estranha que ele fazia. Pelo menos é o que eu acho que
acontecia em meus sonhos.
Uma noite
minha mãe acordou de seus sonhos. Isso é o que ela diz lembrar de
ter acontecido. Eu não estou dizendo que aconteceu e ela mesma
admite que pode ter sonhando tudo ou que a memória esteja turva pelo
tempo. Mas ela se sente confiante o bastante para me contar isso, o
que me leva a crer que ela realmente viu algo estranho.
Quando ela
acordou, seu quarto estava completamente quieto e silencioso. O
silêncio era igual ao que eu experienciei em minha própria casa.
Ela disse que parecia que tudo estava segurando a respiração e
esperando por alguma coisa. Minha mãe ficou quieta, mas manteve os
olhos abertos e tentou entender o que estava acontecendo. Conforme
ela observava tudo, a porta se abriu. Ela abriu sem fazer qualquer
ruído, e eu sei que vocês sabem que todas as portas fazem pelo
menos um pouco de barulho quando são abertas.
A porta abriu
devagar, e eu entrei. Ela disse que meus olhos estavam fechados e eu
estava aparentemente sonâmbula, mas engatinhava em meus
dedos das mãos e pés com movimentos estranhos. Silenciosamente
passei pelo quarto e fui direto para o pequeno corredor que liga o
banheiro ao closet. Minha mãe admitiu que ela parou por um momento
porque estava incerta do que fazer e sem acreditar no que estava
vendo. Sabia, no entanto, que devia ver se eu, por alguma razão,
precisava de ajuda, não importava que coisa assustadora eu estivesse
fazendo. Eu era sua filha, afinal de contas.
O silêncio
no quarto dela havia passado, mas conforme ela se aproximava do
closet as sombras e o ar pareciam mais densos. Parecia que o mundo
estava sendo sufocado. Eu estava enrolada perto de seus sapatos,
sussurrando alguma coisa enquanto dormia. Ela me chamou e perguntou
se eu estava bem, e o que eu estava fazendo. Eu disse a ela (ainda
dormindo) que estava caçando algo.
Não preciso
dizer que ela ficou bastante desconcertada. Ela segurou a pequena
cruz que ela sempre usa e rezou em silêncio, o que não pareceu
melhorar muita coisa. Depois disso ela disse algo do tipo, “Vox,
você precisa parar com isso e voltar para sua cama. Está na hora de
você dormir.”
Minha
resposta fez zero sentido para ela na ocasião, mas ela
definitivamente se lembra. Eu virei minha cabeça do canto que eu
estava encarando e olhei para ela, embora meus olhos ainda estivessem
fechados. Eu disse, “Mas você não quer que eu me esconda se eles
tentarem me encontrar?”
Ela não
respondeu. Apenas continuou rezando em silêncio, e depois disso o
silêncio em seu quarto passou. Ela ainda estava assustada, mas
confortável o bastante para, depois de me observar por alguns longos
minutos, me pegar no colo e carregar de volta para meu quarto.
Minha mãe
nunca me contou nada disso quando eu era pequena, mas eu lembro que
pouco depois disso ela começou a me forçar a ir para a igreja com
ela nas manhãs de Domingo. Ela se livrou de boa parte dos meus
desenhos de Beau, mas isso não pareceu me incomodar, o que a deixou
confusa. Ela finalmente me perguntou, um dia, se eu ainda brincava de
caçadora. Eu fiquei bastante séria e disse que não brincava mais
de caçadora e não queria ser uma. Eu não elaborei meus motivos na
época, mas eu acho que tenho uma memória que explica isso.
Devo
alertá-los que a próxima história é desagradável.
Vai ter continuação??
ResponderExcluirVai ser tipo Penpal??
Gente, estou criando um grupo no whatsapp referente a terror, creepypastas e coisas do tipo. Não sei se já existe um grupo assim, mas estarei divulgando esse aqui em todas as outras creepypastas daqui pra frente. Podem deixar o número aqui que eu adiciono, ou entrem pelo link https://chat.whatsapp.com/52Zw4qnt0TzEZy4kqQO4u4
ResponderExcluirAmo esse conto
ResponderExcluirConfesso que no começo essa série me desagradou, achei bem parada. Mesmo assim resolvi dar uma chance e acabou que a curiosidade Tá aumentando a cada parte.
ResponderExcluirEspero que ela não seja abandonada.
eu tô amando essa série
ResponderExcluirHello darkness my old friend.
ResponderExcluir