11/11/2017

Vox e Rei Beau: Introdução (PARTE 1)

Acho que estou ficando insana. Ou isso ou algo muito, muito estranho está acontecendo.

Para começar, eu não tenho nenhum histórico de doenças mentais. Eu fiquei deprimida algumas vezes, mas sempre por motivos normais (fim de relacionamento, saudades de casa, etc.) Eu fumo maconha ocasionalmente e bebo socialmente, mas esse é todo o meu uso de drogas. No entanto, eu acho que estou começando a alucinar ou algo assim. Eu não sou uma pessoa que acredita em coisas paranormais, mas eu achei que vocês poderiam me ajudar.

Acho que isso começou uns cinco meses atrás. Eu ainda estava com meu ex namorado, e nós morávamos juntos. Tudo estava normal, a relação havia esfriado um pouco, mas não havia nada acontecendo que eu pudesse considerar motivo para preocupação ou algo do tipo, até que uma noite eu acordei. Eu juro que ouvi um homem dizer meu nome bem no meu ouvido. Foi tão claro que eu realmente sentei na cama e perguntei a meu ex o que ele queria. Ele não tinha dito ou ouvido qualquer coisa e parecia bem abalado. Ele estava acordado e mandando mensagens para alguém (ele disse que era seu irmão).

Eu não pensei muito sobre a voz, concluindo que fora apenas um sonho. As mensagens, por outro lado, me incomodaram. Não bastasse isso, nas semanas seguintes meu ex começou a reclamar. Ele dizia que achava que estava sendo vigiado em nossa casa. Ele estava com os nervos à flor da pele, quase me batendo quando eu o surpreendi. Naturalmente eu comecei a ficar desconfiada.

Para não alongar mais ainda essa história, um dia eu estava na casa de um amigo e meu celular tocou - o número era de meu ex. Quando eu atendi, não houve qualquer som, como se o sinal houvesse caído. Achei isso estranho e liguei para ele. Ele disse que não havia telefonado para mim, mas parecia tenso. Já paranoica, eu voltei para nossa casa para tentar descobrir o que havia acontecido. Quando eu estava chegando bem perto da porta, eu ouvi novamente. A voz de um homem, a mesma voz, bem em meu ouvido, só que dessa vez estava me mandando ficar quieta. Eu parei e olhei ao meu redor. Tudo estava quieto. Muito, muito quieto. Era como se um cobertor tivesse sido jogado sobre tudo para abafar todos os sons, e essa era uma vizinhança extremamente vívida. Deveriam haver pelo menos pássaros e besouros ou cachorros latindo. Isso fez meus cabelos arrepiarem e eu hesitei entrar em casa.

Enquanto eu estava parada, eu consegui notar uma mulher saindo de fininho pela porta lateral. Eu poderia ter perdido-a de vista se não tivesse parado para olhar ao meu redor.

Isso é só o começo, no entanto.

Pouco depois disso, como você pode imaginar, eu me mudei para meu próprio apartamento. É aí que a loucura começa. De tempos em tempos, tudo fica quieto exatamente como naquela noite. Nenhum som, movimento, nada. Mesmo quando eu tento fazer barulho ligando a TV ou limpando minha garganta, tudo soa abafado até que o silêncio passe. Assustada com isso, eu mencionei esse assunto para minha mãe. Foi aí que ela me lembrou de algo.

Quando eu era criança, eu tinha um amigo imaginário chamado Beau. Eu costumava criar todo tipo de histórias sobre Beau e as aventuras que ele tinha, e eu adorava contá-las para minha mãe. Eu só me lembrava vagamente disso, mas minha mãe me contou o que sabia. Aparentemente, Beau era o Rei do Lugar Quieto. Ao ser perguntada onde ficava o Lugar Quieto, meu eu criança apenas dava de ombros. Aparentemente não era um lugar legal, muito escuro e quieto, e Beau se sentia sozinho. Então um dia ele procurou por alguém para brincar com ele, e foi assim que ele me encontrou.

Quando minha mãe me falou sobre isso, ela não riu ou brincou sobre o assunto como ela faz quando fala sobre o dinossauro imaginário de meu irmão mais velho. Beau não era apenas brincadeiras e diversão. Beau era assustador. Ela nunca guardou os desenhos que eu fazia dele, mas teve um que ela nunca pôde esquecer. Era uma imagem de Beau em seu reino. O Lugar Quieto era azul escuro e preto, com sombras mal sendo vistas. Rei Beau era pálido e tinha um grande sorriso cheio de dentes pontiagudos. A aparência do desenho era tão perturbadora que ela mostrou-o para meu pediatra e perguntou se ela deveria se preocupar. Ele a disse que era normal.

O motivo pelo qual ela me faou tudo isso é porque haviam outros detalhes estranhos. Às vezes ela entrava em meu quarto quando eu estava brincando e havia um silêncio pesado e opressivo. Algumas noites eu a acordava com as músicas que eu cantava em meu quarto "para espantar o silêncio". Eu era uma criança quieta, mas por algum tempo eu regredi bastante. Eu acordava chorando com pesadelos ou reclamando que Beau estava sussurrando para mim e não me deixava em paz. Pouco a pouco isso foi passando. Minha mãe achou que eu havia crescido e abandonado meu amigo imaginário, e assim terminou. Eu estava bem nervosa ao ouvir tudo isso.

Desculpe, é uma história bem longa. Eu só estou tentando me recompor.

Desde que falei com minha mãe, o último mês e meio tem sido cada vez mais assustador. Eu me tornei sonâmbula. Eu acordo em diferentes partes de minha casa em posições estranhas. Eu também comecei a tocar músicas constantemente para tornar o silêncio menos notável. Algumas vezes eu fui capaz de jurar ter ouvido a voz de um homem, mas sempre abafada. Finalmente, nessa noite, tudo explodiu.

Eu acordei há uma hora atrás porque ouvi alguém dizer meu nome. Eu não pulei porque isso já virou rotina. No entanto, eu abri meus olhos. No outro lado da cama, me encarando, estavam os olhos de um homem. Eu só pude ver o topo de sua cabeça, como se estivesse agachado. Meu coração parou, e ele olhou diretamente em minha direção e sorriu (vi apenas seus olhos fazerem isso). Ele era completamente pálido, como uma pessoa doente, e seus olhos eram leitosos como se ele tivesse catarata, mas eu juro que ele era tão real quanto você ou eu. Quer dizer, eu podia ver as linhas em sua testa, cada fio de cabelo em sua cabeça, até mesmo poros. Eu não sei por quanto tempo olhamos um para o outro, mas ele lentamente afundou além da borda da cama e para fora de meu campo visual.

Corri para fora do quarto como se estivesse pegando fogo. Eu saí pela porta, pegando minhas chaves, e dirigi para a casa de um amigo. Eu queria chamar a polícia, mas meu amigo me convenceu a voltar e verificar meu apartamento para o caso de ter sido apenas um sonho. Não achamos nada de anormal, mas ele reclamou que sentiu como se estivesse sendo observado.

Então agora eu estou sentada em minha cozinha. Meu amigo tem que trabalhar amanhã, mas ele vive há poucos minutos daqui e está de sobreaviso. Eu não vou voltar para meu quarto até o amanhecer. Da maneira que vejo, eu tenho duas opções. Por um lado, eu posso estar definitivamente enlouquecendo. Estou ouvindo coisas, vendo coisas, tenho problemas para dormir. Talvez isso seja uma manifestação de algum problema em meu cérebro. Se esse for o caso, então só vai piorar e eu provavelmente preciso ver um psiquiatra, o que me desespera. Eu não sei como falar para minha família que estou enlouquecendo.

Por outro lado, pode ser que Beau tenha voltado do Lugar Quieto, e ele ainda quer brincar. Eu não acredito que estou considerando essa possibilidade, mas são 1:30 da manhã, eu liguei o rádio, e eu juro que a pessoa que estava do lado da minha cama era real. Eu não estava paralisada pelo sono e não estava sonhando porque eu senti que havia despertado de terror, e eu poderia sair dali quando quisesse assim que meu coração voltasse a funcionar normalmente.

Então o que eu devo fazer? Se isso ajuda, eu posso contar as histórias sobre Beau que minha mãe me falou. Elas não são muito boas porque eu tinha uns 4 anos, então tenham paciência comigo. Isso consiste do que eu me lembro e do que minha mãe me falou. Eu realmente, realmente espero que isso não atraia algo ou alguém simplesmente por falar a respeito... Quer dizer, eu realmente estou paranóica aqui.

15 comentários:

  1. É tudo uma Bad Trip. Só parar de Bongar por umas semanas e ta sussa

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  2. Poderia linkar a fonte, por favor? :3
    Adoro histórias de amigos imaginários. Fico triste porque nunca tive um consistente: o mais duradouro foi um unicórnio/pégaso, mas era proposital. Eu sabia que era imaginário e ele funcionava praticamente como um exercício da mente. Nunca realmente acreditei em nenhum, queria ter acreditado :c

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    1. ai eu tb queria um amigo imaginário, ao invés disso eu era perturbada sozinha msm /:

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  3. hmm interessante, mas pq diabos todos os monstros das creepys sao palidos e de dentes pontiagudos? fica no ar a questao,.

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    1. Monstros geralmente são pálidos ou pretos porque são cores que parecem mais sérias e próximas do tom da pele de um humano, mas não completamente igual. Um monstro roxo seria cômico demais, um monstro com a pele branca como a de uma pessoa caucasiana seria humano demais.
      Dentes pontiagudos passam uma sensação de perigo e ferocidade, ele poderia te destroçar com aqueles dentes na hora. A mesma coisa com garras.
      Não é tão surpreendente.

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    2. faz sentido, mas as pessoas poderiam fugir desse cliché as vezes
      igual quando descrevem fantasmas mulheres, geralmente tem cabelos longos e vestido branco (??)

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  4. Na verdade respondendo a pergunta da yas eles só são assim porque plano dentario e bronzeamento artificial é muita caro no inferno.

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  5. Como faço para ser tradutor do blog?

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  6. Minha mãe uma vez disse que quando eu tinha 5 anos eu tinha uma amiga imaginária, eu chamava ela de thalia. Ela me fez jurar nunca mais falar com ela, até me bateu quando me flagrou conversando sozinho. Quando eu perguntei pq ela agiu assim ela disse que pouco antes de eu ter essa amiga imaginária uma menina de 7 anos se afogou num lago próximo a casa da minha vó, onde eu costumava passar as férias. O nome da menina era thalia.

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  7. Geez, nunca tive um desses amigos imaginarios. Me arrependo.

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  8. Alguém sabe quem é a autora dessa história, se a história tem um final ?

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