27/10/2017

INFESTATIO

Para quem não conhece a série:

Parte - I
Parte - II
Parte -III
Parte - IV & V
Parte - VI
Parte - VII
Final - Vol.I



FINAL - VOL.II







Rua Matheson, entrada principal da Infestatio.

Capitão Lahey tragava sem moderação de seu cantil, era forte, era whisky.

O time estava postado esperando pelas ordens do beberrão, exceto Cruz que ficara de pronto no veículo cumprindo sua função, mesmo que não fosse com eles, não tornava a situação mais segura para o mesmo, afinal estava de chamariz, ainda que não tão exposto.

Lahey era simplesmente um soldado e agia como tal, não era bom em pensar, era bom em cumprir ordens. E as ordens eram basicamente para que fodessem com tudo que a vista pudesse alcançar, era o que fariam, deixaria que a bebida pensasse por ele, deixaria que o ímpeto tomasse conta do gatilho e torcia para que seus olhos injetados pudessem ver além, assim seria capaz de casar mais dano. O cigarro de filtro vermelho pendia de um lado da boca, os óculos escuros circulares encontravam-se na metade do nariz, revelando assim apenas parte de seu olhar penetrante, deu sinal para Chumbo.

O homem asiático, de poucas palavras que contava com seus mais de 130 quilos facilmente, levava consigo uma arma extremamente pesada e de difícil manuseamento, uma XM214 Microgun de 16 quilos aproximadamente, uma metralhadora estúpida, por assim dizer. Com uma rajada moeu a porta dupla de vidro que dava boas vindas aos não amistosos visitantes.

Ramirez com sua Colt m16a2, que também era uma metralhadora, mas como se fosse a irmã caçula dentre 7 comparada com a de seu amigo, adentrou o local para reconhecer o perímetro. Avistou o balcão de recepção e se escondeu atrás dele, nos 4 segundos de investida, foi capaz de localizar as 6 câmeras que vigiavam o local.  Destruiu uma após a outra, se expondo minimamente. Deu sinal para o Capitão Lahey que já levou o grupo ao primeiro elevador disponível.

Frank ficava sempre atrás, apenas observando os veteranos, esperando por ordens, já que não sabia muito o que fazer. Iriam direto a sala da diretoria, onde provavelmente encontrariam Kaba.
O destino era o 7º andar, pelo elevador conseguiram alcançar o terceiro andar, a partir daquele ponto era necessário uma senha de acesso para que pudessem progredir.

" SENHA DE ACESSO REQUERIDA. APENAS FUNCIONÁRIOS AUTORIZADOS."
 A mensagem brilhava em vermelho e amarelo no painel que indicava os andares.

- Sara, está me ouvindo? Aqui é Frank. - Pelo comunicador.

-Estou na escuta Frank, vejo que estão dentro da Infestatio, do que precisa?- Respondeu de maneira calma.

- Estamos dentro do elevador, ele parou no terceiro andar, pede um código para que possamos subir para os demais andares, alguma chance de você descobrir ?- Aguardou.

Um ruído perturbador acabara de começar.

- É possível... Mas o computador pode levar de 1 a 23 minutos para decifrar o código, isso porque temos acesso as senhas utilizadas na empresa em um banco de dados, infelizmente não temos como saber qual senha condiz com o que necessitam, é uma loteria, vocês dispõe de tempo hábil?

Lahey tomou o dispositivo de seu recruta e não poupou: - Olha mocinha, tem um barulho esquisito pra cacete bem em cima da gente, e esse barulho é tenso pra caralho, estou quase me cagando nas calças, tá me entendo? - Sua expressão jamais mudava.

- S...Sim senhor Capitão.- Não esperava pela agressividade. Mas entendia, pois eram combatentes de linha de frente e a situação não parecia favorável.

- Olha, não entendo merda nenhuma de engenharia, mas tenho certeza que tem alguma merda acontecendo com as merdas dos cabos de aço dessa merda de elevador... Que merda! - Resmungava.

- Capitão, o programa está rodando, como eu disse pode ser que leve de 1 a 23 minutos para que a senha seja descoberta. Pelo que entendi estão em situação de proeminente perigo, existe a possibilidade de deixarem o elevador agora mesmo enquanto descobrimos?

Frank sacou uma das lâminas que levava consigo e passou pela fina fresta da divisória das portas do elevador, conseguiu  estreitar um pouco e enfiar sua mão esquerda no vão, com ajuda dos outros pouco a pouco ia se abrindo a medida de que o barulho aumentava e fizera com que o transporte que ocupavam tremesse.

- É dizer o óbvio, mas teremos companhia em breve.- Disse Ramirez.

Assim que todos passaram pela porta o elevador que rangeu escandalosamente,  desceu alguns centímetros.

- O Próximo elevador está a poucos metros de vocês, precisam seguir o corredor em frente, contornar a cafeteria e aguardar, qualquer coisa entrem em contato.- Despediu-se Sara.

Apesar de estarem em plena luz do dia o edifício era vedado, quase tão escuro como a meia-noite, guiavam-se pelas luzes artificiais que trouxeram para a missão.

Frank sentia algo ruim crescer em seu âmago, não era simples resguardo ou afobamento, era algo real e sabia que os outros também sentiam o mesmo pois a sensação era pesada.

Ao invés de 14 metros o corredor parecia ter 14 km, se cansou enquanto percorria em linha reta, ansioso e angustiado. Depararam-se com a cafeteria limpa, vazia e organizada com os pés das cadeiras voltados para o alto.

Chumbo se manifestou: - Segundo a mocinha nerd é só virar a esquerda e esperar pela senha do elevador, se é que já não está tudo certo.

- Shhh, shhh, shhh.- Com a ponta do dedo indicador, sob uma grossa luva de couro, continuou: - Estão ouvindo isso ? - Questionou Lahey.

- Ouvindo o quê, capitão?- Indagou Ramirez.

Um barulho de ferro sendo entortado e arranhado, uma breve iluminação de faíscas e foram capazes de ouvir algo se movimentando em direção a eles, havia saído do teto do elevador que ocupavam.

- Vamos, direto para o elevador, talvez esteja liberado. - Disse Frank para o grupo, que já se aprontava para tal.

- Não! Todos parados. - Interrompeu o Capitão.
- Não queremos ser encurralados em um corredor qualquer por alguma criatura de merda, vamos nos espalhar e nos esconder, aqui mesmo na cafeteria. - Tomando um pouco mais.

Ramirez já havia analisado o local, olhou para cada membro e apontou com firmeza onde deveriam se proteger. Fizeram em silêncio.

Era Rhea, uma das Três Bestas de Kaba.

Com sua pelagem completamente negra, reluzente e saudável, em sua forma quadrúpede tinha aproximadamente 1 metro e 20. Sua cabeça era gigante, as presas eram enormes, capazes de perfurar por completo o corpo de um humano adulto bem como suas garras que se destacavam na enorme pata.

Parou no centro da cafeteria, sabia que estava cercada. Foi aí então que ficou bípede, com o corpo ereto concentrou-se no focinho.

Os soldados prenderam até a respiração.

Ela foi capaz de localizar um a um pelo olfato, sabia a posição deles e sabia que estavam tramando, assim como as outras duas Bestas, tinha essa capacidade aprimorada.

- MIIIIIIIIP. - Vociferou a fera.

Encostou as patas dianteiras no solo novamente e correu em direção a um amontoado de cadeiras.
Ramirez viu que não havia como se esconder, tratou de ficar de pé e mirar diretamente entre os olhos da criatura que se esquivou da primeira rajada, tendo apenas duas balas atravessando uma de suas chamativas orelhas, a esquerda no caso.  Sangue e pedaços dela voaram o que não foi suficiente para conter o avanço do animal em sequer um único centímetro.

Ao atingir uma distância próxima de sua agressora, Rhea baixou a cabeça, virando bruscamente para o lado, fazendo com que seu enorme e bem nutrido corpo girasse sob as quatro patas, desferindo um golpe com a sua cauda, acertando Ramirez em cheio.

A soldada fora arremessada e deslizou pelo piso bem encerado, batendo na parede, confundindo suas ideias e percepções.

Frank aproveitou o momento de distração da criatura e lançou em sua direção duas adagas quase que juntas, uma passou de raspão em sua barriga realizando nada menos que um arranhão e um tufo a menos da grossa pelagem da Besta a outra atingiu o vão entre as costelas esquerdas dela. Que gritou enfurecidamente: KYAAAAAAAHHHH.

Seus olhos brilharam num vermelho intenso, pareciam chamas. Tomou um curto fôlego, parecia que estava canalizando energia...  se acalmando, raciocinando.

Rhea partiu novamente em direção a Ramirez, ao invés de atacar a soldada, preferiu apenas segurá-la com a boca, usando-a de escudo humano. Esperava que com essa atitude os companheiros tentassem se postar atrás dela, acabaria com eles com suas poderosas rabadas. Não aplicava força suficiente com suas presas pois sabia que uma vez morta, estaria vulnerável.

Lahey correu, sacou ambas pistolas automáticas, com uma atirou contra a janela, com outra, atingiu a máquina de bebidas quase que atrás da criatura, ao mesmo tempo ambos disparos. Rhea deu dois passos para trás e sentiu novamente adagas perfurarem parte de seu corpo, o ferimento fez com que fincasse um pouco suas presas em Ramirez que acordou com a dor: - PORRA, ME TIREM DAQUI. - Tateava o próprio corpo em busca de algo que pudesse usar e agredir o monstro.

Em um trote magnífico e esquecendo de todo treinamento que recebera, Chumbo estava praticante embaixo da fera. Havia soltado sua Gatling Gun, com a mão direita espalmada, aplicou um golpe logo abaixo da garganta do roedor, que de súbito cuspiu Ramirez pra fora da boca.

O homem pesado, segurava agora a enorme criatura pelas presas, em uma disputa de força.

Frank pegou uma de suas bolas de ferro, envolveu em uma tira de pano e começou a girar o artefato no ar. Lahey atirava incontáveis balas em Rhea que não desistia de sua disputa um tanto quanto pessoal.

O Rato Gigante se desvencilhou e cravou uma acintosa mordida no ombro direito de Chumbo, que ficou de joelhos imediatamente. Sangrava muito, talvez só estivesse consciente devido a determinação que empregou a causa.

O rabo de Rhea se debatia incontrolavelmente, rachando o piso em cada descida bruta. Seu corpo estava perfurado, faltava pelo, faltava partes, mas seguia lutando. Lahey se aproximou para estourar os miolos dela agarrando seus bigodes, Chumbo perdera a disputa e teve o corpo rasgado ao meio pelo poder de suas garras. Guinchou triunfalmente : - MUHRWAAAA.

E engoliu a parte superior do corpo do homem, deixando a cintura e as pernas para trás.

Esse fora o último ato de Rhea, que caiu morta, os olhos continuavam abertos, porém sem o apelo flamejante que emanava. 
O Capitão levantou a blusa de sua subordinada, fez menção para que Frank a segurasse. Pegou alguns projéteis não disparados da arma do recém falecido, desafixou sua base e despejou uma grande quantidade de pólvora no corte de maior gravidade.

- Segure bem amigão. Essa merda vai doer pra caralho!- Disse ele.

Deu três tapas leves para que ela acordasse e já tinha o cantil em mãos.

- Filha, é bom você tomar bastante, bastante mesmo.

O fez, tossiu algumas vezes, torceu o rosto devido ao elevado teor alcoólico da bebida, já se sentia entorpecida. Suava bastante, sua franja estava emplastrada em sua testa, recostou a face no chão frio e reconheceu os restos mortais de seu amigo. Quando os olhos começaram a marejar um clarão fez com que ficasse temporariamente cega. Sentiu o cheiro da própria carne tomar conta do ambiente, parte de sua barriga estava em chamas, no intuito de que o sangramento fosse estancado, a ferida esterilizada e devidamente fechada.  A insuportável dor, o sofrimento horrível, a agonia intensa não durou muito tempo, voltou a apagar.

 Com um leve sinal sonoro o elevador indicava que estava pronto para subir novamente.

Frank pesou a atual situação, perderam um membro, a pessoa mais inteligente dentre os três estava enfraquecida e o Capitão não parecia muito sóbrio, optou ao invés de se entregar ao desespero, se entregou ao momento, tomando o cantil da mão do homem liquidando com o seu conteúdo.











7 comentários:

  1. Ahhhh...alguém faz um filme dessa creppy por favor. Tá super mara. Dá mais um filmão. Parabéns Thiago, pela tradução, tá ótima, quase 100% perfeita.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Mano eu queria que essa creepy fosse eterna *-*

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  4. Desculpem, eu leio todas as creepys daqui e essa ainda é uma das que menos gostei. Uma crítica franca

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  5. Essa historia estava legal nos primeiros capitulos, mas aí mudou de creepypasta para alguma outra coisa, roteiro de filme de terror trash, sei lá. Passou longe da proposta de creepypasta, ficou chato de ler, não cria expectativa para continuar lendo. Não é uma ofensa, é uma critica ao que foi feito com a historia.

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