Em 1976, a
União Soviética iniciou outra tentativa de alcançar uma fronteira
espacial antes dos Estados Unidos. O projeto foi mantido em total
segredo, e nenhuma informação havia sido revelada até agora. O
foguete, que foi construído usando parte da tecnologia e da equipe
remanescente do último programa para Marte, foi chamado Tizhonov 1.
Seu design foi feito para manter os cosmonautas em relativo conforto
durante a longa jornada. Com o trabalho intenso no projeto, o foguete
estava pronto para ser lançado em 21 de julho de 1978.
Nos dois anos
que se passaram entre o início e o fim da construção do foguete, o
governo fez inúmeros testes para selecionar a equipe de 6 pessoas
perfeita para viajar nele. O que começou com 200 pessoas terminou,
após vários exames físicos e psicológicos, em apenas 12, que
foram colocadas em quartos praticamente vazios, onde não haviam
ruídos e apenas luzes artificiais. Os últimos 6 a saírem seriam
aqueles que viajariam no Tizhonov 1. Após esse teste de resistência,
que durou 7 meses, os 6 cosmonautas foram escolhidos: 4 homens
(Vladmir, Aleksei, Petrov e um quarto) e 2 mulheres (Elmira e uma
segunda). Nenhum de seus sobrenomes é conhecido, uma vez que, assim
como os nomes dos 2 cosmonautas desconhecidos, essa informação foi
removida na única cópia restante dos documentos.
Nas primeiras
horas de 06 de Novembro de 1978, o Tizhonov 1 foi lançado no espaço.
Ninguém na imprensa nacional ou internacional foi informado a
respeito: a União Soviética manteve tudo em sigilo para que não
houvesse nenhuma situação embaraçosa para o governo caso algo
desse errado novamente. Para supresa geral, o foguete não apenas foi
lançado sem qualquer problema, mas voou muito mais rápido do que
foi previsto pelos cientistas do programa espacial soviético. De
acordo com todos os cálculos, o foguete levaria, aproximadamente, 11
anos para chegar ao destino, mas na nova, inesperada velocidade que
estava alcançado, os cientistas estimavam que levaria apenas 8 anos
para chegar ao destino.
Durante os 8
anos que se passaram, a estação fazia contato com os astronautas de
hora em hora, para ver como eles estavam. Eles comemoraram quando
foram informados do quão rápido o foguete estava viajando, uma vez
que, embora eles tivessem passado o teste de resistência, estavam
preocupados com a possibilidade de ficarem muito entediados com a
longa espera. Nada fora do normal aconteceu por muito tempo, até a
segunda metade do sétimo ano.
Os dois
cosmonautas desconhecidos informaram a estação que estavam tendo
pesadelos estranhos, do tipo que nunca antes tiveram em suas vidas.
Embora os cientistas tenham perguntado a respeito, nenhum dos dois
forneceu mais detalhes, dizendo que provavelmente estavam apenas
perdendo horas de sono devido à ansiedade de estarem tão perto do
destino. No entanto, eles ainda reclamaram desses pesadelos por
algumas semanas, parecendo cada vez mais frustrados, até que...
nada. Toda informação foi removida, e todos os esforços para
descobrir o que aconteceu se provaram inúteis. O que quer que tenha
acontecido, no entanto, parece ter sido muito melhor que o que
aconteceu com os quatro que restaram.
Quando o
foguete pousou em Plutão, em 25 de Dezembro de 1986, houve uma
grande celebração nos quartéis soviéticos. Os cosmonautas
informaram um pouso seguro, e que iriam iniciar uma caminhada no solo
do então nono planeta. É aí que as coisas se tornam sombrias,
embora, como é de costume, muitos detalhes estão faltando, e nós
só sabemos o que sabemos porque um dos cientistas soviéticos, de
alguma forma, salvou da destruição sua cópia da gravação dos
eventos que transcorreram no único dia que os cosmonautas passaram
em Plutão. O que você lerá é uma tradução da transcrição da
fita que sobreviveu.
VLADMIR: Nós
finalmente estamos aqui. Apesar do termômetro dizer que está
fazendo -203 graus agora, nossos trajes espaciais estão nos mantendo
surpreendentemente aquecidos neste pequeno e frio planeta. Vivas para
a União Soviética, camaradas!
ALEKSEI, PETROV
E ELMIRA: Vivas!
ELMIRA: A
pressão é muito baixa aqui. Ela é tão baixa que nossas
ferramentas sequer podem medi-la. Ou isso, ou elas estão quebradas.
Mas eu estou mais inclinada a acreditar na primeira opção. Nós
devemos esperar no foguete primeiro para nos acostumarmos à pressão?
Silêncio.
ELMIRA:
Entendido. Neste caso, nós seguiremos com nossa missão. Petrov,
você poderia abrir a porta para nós?
PETROV: Sim. Um
momento.
Passos, e
então o som de uma porta sendo aberta, são ouvidos.
ALEKSEI:
Perfeito. Não poderemos desperdiçar um instante sequer.
Mais
comemorações são ouvidas enquanto os cosomonautas saem do foguete.
Após alguns momentos de silêncio, a comunicação é retomada.
VLADMIR: Isso
não é o que esperávamos ver em absoluto.
A voz de
Vladmir está tensa, e é seguida por silêncio.
ELMIRA: Como
poderíamos descrever isso? Não é como qualquer coisa que tenhamos
visto antes. Parece... Existem objetos semelhantes a enormes telas de
televisão por todo lado. Elas mostram coisas que sumiram muito antes
da televisão existir, e coisas que provavelmente irão existir muito
após o fim da televisão. E também -
Silêncio.
PETROV, ALEKSEI
E VLADMIR: Certo.
Silêncio.
ELMIRA: Não
existem pessoas ou seres vivos até onde a vista alcança. Podemos
ver coisas semelhantes aos postes de rua, mas o que emana deles não
é luz, e sim, escuridão.
Sons de
passos são ouvidos por mais de um minuto. Quando as vozes são
ouvidas novamente, estão ainda mais tensas que antes.
PETROV: Se
vocês pudessem testemunhar o que nós estamos testemunhando aqui!
Vocês iriam enlouquecer!
ALEKSEI: E
provavelmente nós já enlouquecemos!
Silêncio.
De repente, um ruído metálico é ouvido. O som de um tiro vem em
seguida.
PETROV, ALEKSEI
E VLADMIR: [murmúrio indecifrável coletivo]
ELMIRA:
Camaradas, acalmem-se. Deixar-se impressionar por algo assim vai
apenas fazer com que tudo fique pior.
VLADMIR: Como
podemos nos acalmar? Nós não fomos designados para ver o que nós
acabamos de ver!
ELMIRA: Sim,
mas -
Silêncio.
ELMIRA: Imagine
uma criança cuja pele fosse a mesma de um lagarto. Cujos olhos
fossem inexistentes, e através de cujas cavidades você pudesse ver
seu cérebro. Cuja boca fosse cheia de dentes afiadíssimos. Imagine
tudo isso e mais coisas que não podemos sequer pensar em descrever.
Silêncio.
VLADMIR: Seria
muito perigoso. Essa coisa é provavelmente venenosa.
Silêncio.
VLADMIR: Nós
não queremos correr o risco.
Silêncio.
VLADMIR: Pare
de fazer esse pedido!
Silêncio.
VLADMIR: Está
bem! Está bem! Se você quer que seus heróis arrisquem suas vidas,
então nós levaremos essa criatura para a Terra com o maior prazer!
ALEKSEI: Temos
espaço no foguete para armazenar algo assim?
PETROV: Sim,
mas estava reservado para outras coisas do planeta Plutão, não
apenas um troféu.
Silêncio.
PETROV:
Desculpe-me.
Outro som
metálico é ouvido. O que se segue são os gritos dos quatro
cosmonautas, e então tiros.
ELMIRA: CORRAM!
Passos
apressados são ouvidos. Atrás deles, o ruído metálico fica cada
vez mais alto até alcançar os passos. Os gritos ficam mais altos e
incoerentes. Tiros são ouvidos.
Ouve-se
Vladmir gritando, então gargarejando, e então mais nada é ouvido
dele.
Após alguns
instantes, Petrov parece tropeçar em algo, e, após um baque forte,
ofega antes de silenciar por completo.
Aleksei
grita palavrões por todo o tempo restante, até que um som alto e
violento de algo sendo cortado é ouvido, seguido por pequenos
baques.
Elmira
continua a disparar a arma mesmo depois que o último de seus colegas
sucumbe. Eventualmente ela alcança o interior do foguete e bate a
porta. Ela chora.
ELMIRA: ELES
ESTÃO TODOS MORTOS! MORTOS! NÃO HÁ MAIS NADA QUE POSSA SER FEITO!
Silêncio
por alguns instantes.
ELMIRA:
Vladmir... Ele foi... Então a criatura... Tentáculos... Apêndices
sugadores de sangue... Então Petrov.... Ele tentou... Nós
tentamos... Mas... Pés... Garras... Pisão... Parou... Aleksei...
Cortado... Partido... A criatura... Não é... Nós nunca... Nossas
famílias... Eles todos... Nós nunca... Propriamente enterrados...
Nós...
Nesse ponto,
a fita corta para estática.
Os cientistas e
oficiais na Terra ficaram completamente perplexos. Tentativas de
retomar contato com os cosmonautas se provaram inúteis. Houveram
planos para enviar um segundo foguete a Plutão para tentar ver o que
aconteceu aos cosmonautas, mas o projeto foi adiado e eventualmente
cancelado devido à crise da União Soviética. Quando ela foi
dissolvida e cada país tornou-se independente, quase todas as
informações da missão haviam sumido. Os destinos de Elmira,
Vladmir, Aleksei, Petrov e os cosmonautas desconhecidos ainda são um
mistério.
Originalmente postada no blog Secret colour from hell
isso me lembra muito as cronicas marcianas, quando um grupo de astronautas chega a marte e encontra todos seus familiares que estavam mortos, mas eles não são exatamente seus familiares
ResponderExcluirMuito bom, daria um ótimo filme de terror (10/10)
ResponderExcluirPerfeita, creepy scifi é foda
ResponderExcluirAdoro esse tipo de creepy
ResponderExcluirOs terra-planistas piram
ResponderExcluirEu adoro tudo relacionado ao espaço, e creepys nesse tema de mistério que envolve outros planetas sempre me agradam. (eu sou a louca q adora documentário)
ResponderExcluirPoderiam postar mais umas nesse estilo, bom dms
ResponderExcluirMais ou menos, uma viagem tripulada levaria uns 13 anos e mesmo que aumentasse a velocidade temporariamente, o puxão gravitacional impediria de ser reduzido esses 3 anos na creepy
ResponderExcluirsim e uma crianca-lagarto sem olhos eh super aceitável ne. Eh uma creepy, nao precisa fazer completo sentido
Excluirsim e uma crianca-lagarto sem olhos eh super aceitável ne. Eh uma creepy, nao precisa fazer completo sentido
Excluir9/10
ResponderExcluir10/10
ResponderExcluirQue creepy épica, amo conspirações Sci Fi da Guerra Fria. Imagino se projetos assim possam ter existido, muita gente inclusive fala que discos voadores projetados pelos nazistas existiram
ResponderExcluirMuito boa
ResponderExcluirCreppy legal, só falta poder dar tiro no espaço, e com armas de 1980 e alguma coisa ainda.
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