19/08/2017

Ivy

Estou começando a achar que meus pais não me amam.

Eu sei, eu sei. Você deve estar pensando o mesmo que os outros. “Eles te amam sim, Bárbara, isso acontece com todo mundo nessa fase. Se você conversar com eles, aposto que vai entender”. Mas não entendo. Eles nem sequer falam mais comigo, e acham que estou doente, pois todos os dias sou obrigada a ir ao médico.

Mas nem sempre foi assim. Meu pai, dono de uma empresa de automóveis no centro da cidade, sempre foi o meu maior herói. Sempre fomos apaixonados por carros. Tínhamos um armário inteiro de revistas sobre eles em um armário na garagem. Carros antigos, carros atuais, carros do futuro. Todos eles nos deixavam alucinados. Minha mãe também era a melhor mãe do mundo. Ela era professora na escola onde eu estudava, e sempre se importou muito com a educação, o que às vezes a torna um pouco chata, principalmente por causa do jogo de esconder. Ele funciona mais ou menos assim: toda vez que sou malvada, ela pega um de meus brinquedos favoritos e o esconde, até eu voltar a ser boazinha, o que demora um pouco, pois sempre acabo ficando bem irritada.

Mas mesmo assim éramos uma família muito feliz. Tínhamos uma bela casa, um belo cachorro quase maior que eu chamado Tobby, a cidade era linda. Tudo estava ótimo. Mas foi aí então que mamãe ficou grávida, e as coisas deixaram de ser tão legais quanto antes. Todo tempo agora era dedicado a médicos e novos quartos e novas mobílias. A vovó e o vovô nem ligavam mais para mim, e as revistas de carros começaram a ser substituídas por revistas de bebês.

Não demorou muito para que o bebê nascesse. Era uma menina, e meus pais a chamaram de Ivy. Ivy era o bebê mais irritante de todos os tempos. Chorava o dia inteiro, e atrapalhou completamente a nossa vida. Minha mãe agora estava sempre irritada, não tinha mais tempo pra mim, e quando tinha, era para ser malvada.

As noites, antes silenciosas, agora eram preenchidas por gritos de criança e luzes acesas para atendê-la. Porém, na noite de terça da semana passada, fui acordada apenas pelos gritos de minha mãe. Tobby levantou debaixo da minha cama assustado, e seus pelos ainda estavam molhados da tentativa de banho que dei a ele, pois ele havia se sujado muito em nossa última brincadeira. Mamãe ainda gritava quando escutei papai tirar o carro da garagem às pressas, e a polícia apareceu em casa alguns minutos depois. Mamãe estava muito triste, e acho que sei porquê. Ela estava sendo muito malvada.

Escondi o bebê.

Tobby me ajudou.

Autora: Mayara Bianca

19 comentários:

  1. Muito boa, bem construída, que creepy daora

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  2. O foda que quem ajudou ela foi o Toddy, não o tobby

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    1. É novo slogan: Toddy-energia pra matar bebês

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    2. Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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  3. O tipo de conto que dá aquele arrepio na barba! Kk, muito bom.

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  4. O tipo de conto que dá aquele arrepio na barba! Kk, muito bom.

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  5. Na hora em que eu li, "enterrava os brinquedos por ser malvada", já adivinhei oq ia acontecer kkk, mas muito boa a creepy

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  6. Tava lendo ainda quando vi sem querer o final kkkk Mas ainda assim, uma maravilhosa Creepy <3

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    1. Eu também acabei olhando pra baixo sem querer, mas tirei o olho o mais rapido possivel e agradeci por não ter lodo nada

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    2. Mas tinha lodo... no cachorro da estória, por isso a garota tentou dar banho apos ele enterrar o bebê. rsrs

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  7. O cachorro cavou um buraco e ela jogou o bebê lá dentro? ;p

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    1. Claro que foi comido, né? É um cachorro, não uma mini escavadeira

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