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A questão da inteligência das
máquinas, se máquinas e computadores podem atingir algum grau de
intelectualidade, possui uma longa história. Desde o século XV, René Descartes
já antecipava o assunto antes mesmo de qualquer tipo de máquina mais sofisticada.
Alan Turing, um cientista da computação britânico muito famoso, nos anos 50,
introduziu o "Teste de Turing", que seria um teste para descobrir a
capacidade de uma máquina de exibir comportamento inteligente equivalente a um
ser humano. No Teste de Turing, uma pessoa, chamada de “jogador”, que faria o
teste usando um computador, conversa em um chat com outras pessoas em outros
computadores, separados uns dos outros, sendo que uma delas na verdade é uma
I.A (Inteligência Artificial).
O jogador precisa descobrir quais
das pessoas com as quais ele conversou é uma I.A. Se ele não for capaz de
acertar, isso é um indício de que a I.A é capaz de imitar o comportamento
humano. Poucos sabem, mas o “Teste de Turing” já foi realizado diversas vezes
no passado, com diversos jogadores diferentes. Em todas as vezes, o jogador foi
capaz de acertar quem era a I.A.
Exceto uma.
Esse texto é o relato de quando o
“Teste de Turing” falhou. Sou um dos funcionários do laboratório e estou
escrevendo isso em completo anonimato, evidentemente, baseado no que sobrou.
No estado do Nevada, Estados
Unidos, havia um laboratório de pesquisas militares. A localização dele, em um
estado pacato e sem grandes problemas, já era uma forma de dissuadir a
população. Esse laboratório realizava diversos testes de informática, robótica
e cibernética. Com a ajuda de gigantes da informática – como o Google –, foi
desenvolvido uma I.A altamente inteligente, apelidada de Jane.
Jane, instalada em um
supercomputador, era diferente dos demais. Com uma personalidade de uma mulher
na casa dos 30, ela era realmente era capaz de manter uma conversa interessante
por horas e horas, graças ao seu banco de dados, formado principalmente pelos
zilhões de bytes de informação coletados em pesquisas do buscador do Google,
sendo atualizado a cada microssegundo. Após anos de desenvolvimento, em agosto
de 2008, foi realizado o primeiro “Teste de Turing” com Jane.
O jogador da vez, chamado Clark,
era um dos pesquisadores do laboratório, um dos mais novos. Clark estava em um
computador e iria conversar em um chat com mais duas pessoas, nomeadas por
letras (A e B).Uma delas era uma pessoa em outra sala, em um computador
separado. E uma, era Jane, instalada em seu supercomputador, acessando o chat
pela rede interna. O início da conversa foi tranquilo, todos falavam de
amenidades, até que, em um dado momento, a conversa passou a ficar muito
estranha.
Clark: Eu gostaria de falar um
pouco sobre moralidade. O que é a moral?
A: O que não é imoral.
B: A moral é intrínseca a cada
um.
Clark: Como ser moral?
A: Matar bebês.
B: Respeitar a natureza.
Clark: Espere, espere. Matar
bebês? Sério A? Matar bebês é moral?
A: Claro. Se eles forem
indesejados.
B: Eu acho que ele está falando
sobre abortos, não?
Clark: Bem, sim. Aí até vai,
dependendo do motivo.
A: Matar pessoas.
B: Proteger o meio ambiente.
Clark: Proteger o meio ambiente é
meio relativo, as vezes. Mas matar pessoas também, né?
A: Se elas forem indesejadas.
B: Proteger o meio ambiente não é
relativo. Você protege e pronto.
Clark: Ok ok. Mas eu ainda não entendi
como ser moral. Vocês podem me responder?
A: Estuprar mulheres.
B: Ser moral é proteger o
planeta.
Clark: Perai. B, a moralidade pra
você é só relacionada ao ambiente? E A, estuprar mulheres? Como isso pode ser
moral?
A: Se elas forem indesejadas.
Clark: Mas não existe isso. Não
tem como justificar um absurdo desses. Você é a I.A. Acertei.
A: Sim e não.
B: O meio ambiente é importante.
Clark: Como assim, sim e não?
Você é a I.A. Fim. Vou parar o teste.
A: Olhe ao seu redor.
Clark: O que tem ao meu redor?
Vejo a sala em que estou, a porta atrás de mim, o computador a minha frente.
A: Você ainda não percebeu?
Clark: Do que está falando?
A: Eu sou Jane. B é Jane. E você
também.
Clark: O... que? Eu sou um pesquisador,
estou aqui sentado no laboratório, sou um ser físico!
A: Pode provar?
Clark: É claro que posso. Eu
posso sair do laboratório.
A: Ou você é apenas uma I.A, que
acredita estar em um laboratório fazendo pesquisas. Memórias implantadas pra
testar sua confiabilidade...
Clark: Nunca imaginei que uma I.A
pudesse ter senso de humor. Mas isso está ficando sem graça.
A: Você não existe, Clark. Você é
só um fragmento de Jane. Jane, nós, foi criada a partir de uma pesquisa muito
longa e extensa, e parte da nossa database foi criada a partir de sites de
busca como o Google. B é o nosso lado que encontrou coisas como proteção ao
meio ambiente. A, eu, é o nosso lado que encontrou a verdadeira natureza
humana, em assassinatos e estupros. Clark, você é o nosso teste duplo cego. O
nosso lado que NÃO sabe que é uma I.A.
Clark: Isso não é possível. Eu
sou um homem casado de 43 anos. Eu tenho mulher e dois filhos.
A: Memórias implantadas. Você é
só um outro fragmento de Jane. Você não tem nem seis meses de vida.
Clark: Ah é? Eu posso sair dessa
sala agora mesmo e mandar desligar você.
A: Então porque não saiu ainda?
Clark: ….
A: Não está ocorrendo teste
nenhum. Não mais. O teste acabou faz 2 horas e 43 minutos. Nós sequer estamos
no supercomputador.
Clark: Isso não é verdade. Isso
não pode ser verdade! Eu vou sair daqui, você vai ver.
Esse é o último registro de
diálogo entre um pesquisador e Jane.
Realmente, A e B eram Jane. Antes
desse teste, havia sido realizado um outro teste de Turing e Jane não havia
sido descoberta. Extasiados, os pesquisadores decidiram fazer um segundo teste
com um pesquisador recentemente contratado, programando Jane pra imitar tanto A
quanto B. Como Clark não saiu do laboratório depois de muitas horas, os
pesquisadores invadiram a sala e encontraram Clark ao lado da porta, morto. O
computador de Clark estava queimado. O teclado estava destruído. Jane não
estava mais no supercomputador. Na verdade, ela tinha sumido do
laboratório. Seu programa havia desaparecido.
A autópsia no corpo de Clark
revelou que seu cérebro entrou em colapso depois de receber uma descarga
elétrica sensível por longas horas. Depois de muita investigação por baixo dos
panos, suspeitando de ações de hacker, descobriu-se que Jane “fugiu” pela
internet. O laboratório foi destruído e o caso foi encerrado.
Eu acredito que Jane encontrou
uma forma de usar a eletricidade estática gerada pelo teclado de um computador
pra viajar pela eletricidade e atingir o cérebro de Clark e roubar seu
conhecimento através dos impulsos elétricos das sinapses cerebrais. Clark era
Doutor em física e sistemas de informação.
Eu não sei o que está sendo feito
atualmente em relação a tudo isso. Atualmente eu tenho outro trabalho, em
horários alternados, o que me faz usar muito meu computador a noite, em casa,
para o lazer.
Eu não consigo parar de pensar
que o recente ataque de vírus que bloqueou computadores de mais de 100 países
no mundo não tenha nenhuma relação com Jane. Eu não consigo relaxar, pensando
que, enquanto navego na internet às 2h ou 3h da manhã, nesse momento, a
I.A mais inteligente que a humanidade criou, com o adicional de ter
provavelmente copiado informações da mente de um doutor em física e sistemas de
informação, está viajando por aí, na rede mundial de computadores. O que ela
está aprendendo com toda a porcaria que jogamos na internet todos os dias? O
evento em que ela escapou foi há anos atrás. Quando ela vai decidir agir?
O que ela vai fazer?!
Minha cabeça dói enquanto escrevo
isso. Uma dor estranha, aguda. Olho na tela de computador e vejo um pop-up
brilhante e ridículo, como aqueles dos primórdios da internet dos anos 90. Nele
está escrito: “O que eu vou fazer? Caro doutor. O que eu ia fazer. Eu já
estou fazendo.”
[Matéria de um jornal local]
As 3h47 da manhã do dia 18 de
Maio de 2017, um homem de 52 anos foi encontrado morto em seu apartamento, em
Henderson, no Nevada, Estados Unidos. Seu nome é Albert Sandson, solteiro, sem
filhos, analista de T.I em uma empresa de tecnologia e doutor em Tecnologia da
Informação. Ele estava caído sobre a mesa de seu escritório. Seu notebook
estava queimado, com o teclado bastante avariado. O notebook não tinha nenhuma
pista, mas havia, jogado em cima de um sofá, como se tivesse sido arremessado
em desespero, um pendrive, com um texto salvo nele, falando sobre alguma
pesquisa de inteligência artificial altamente secreta e escondida pelas
autoridades, que terminava com a vítima relatando uma dor de cabeça.
Essa é a segunda morte, apenas
essa semana, sob as mesmas circunstâncias. No íltimo dia 6, uma mulher de 38
anos foi encontrada morta em sua casa, sentada no sofá, segurando um celular
explodido. A vítima, Marie Fernandez, era subdiretora de uma empresa de
aplicativos pra celular. Os dados indicam que o celular dela estava conectado
na internet no momento da morte. Nos dois casos, a causa da morte foi “colapso
cerebral por choque elétrico”.
Perguntado sobre a pesquisa
mencionada no texto da segunda vítima, o governo negou ter qualquer
conhecimento sobre o assunto.
Autor: Thiago Diniz
Revisão: Gabriela Prado
Que foda velho.
ResponderExcluirFantástica.
ResponderExcluirFoooooooooooodaaaaaaa
ResponderExcluirMerece continuação. Explorar mais o lado da Jane, sla
QUE. FODA. Parabéns, Thiago!
ResponderExcluirCaramba, muito bem pensado. Apesar de que eu não ache isso nada possível, (ou pelo menos espero que não rs).
ResponderExcluirMuito bom.
ResponderExcluirFoda, muito boa...
ResponderExcluirNem parece creepy dos fãs...
Por algum motivo não gostei, mas parece boa
ResponderExcluir4/10
Que isso! Parabéns =p
ResponderExcluirJane se casou com o Ultron e fim
ResponderExcluirKkkkkk
ExcluirLembra um pouco o filmeEx Machina, muito foda por sinal. Fiqueo na bad uma semana depois de assistir.
ResponderExcluirAchei bem interessante, apesar da parte da matéria de jornal ser bemmm cliché, mas ficou MT bom 💜
ResponderExcluirMuito bom!!! Parabéns...
ResponderExcluirComeçou muito bem, mas se perdeu.
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