26/04/2017

A Coisa Embaixo da Paulista (Parte 1)

Passei por grandes dificuldades quando minha empresa faliu. Ela era muito conhecida em São Paulo, e eu acumulei algumas dívidas com agiotas e passei a fugir e a me esconder. Minha família mora fora do país e não faço contato com eles há muitos anos, e desde então, todos estão acima de mim, andando sobre a minha cabeça enquanto penso em uma maneira de fazer contato sem que muitas pessoas me vejam. Agora são 12h e as pessoas estão saindo do trabalho para irem almoçar.

É grotesco morar no esgoto. Se encontra de tudo aqui, até mesmo fetos e ossos humanos, sem contar que a única coisa que se tem para comer aqui são ratos imundos e alguns insetos amargos. Aprendi a lidar com a escuridão também, mas antigamente dava um jeito de assustar algum trabalhador da manutenção para que ele deixasse cair o capacete com a lanterna. Algumas vezes era divertido.

O cheiro é a primeira coisa com a qual me acostumei, porque o pior mesmo é pegar no sono e acordar com o som dos canos e levantar rapidamente para procurar um lugar onde a água não te leve. Só saio quando tenho muita vontade de comer algo que não seja ratos e insetos, e fico fuçando o lixo de uma lanchonete nas proximidades e sempre tem umas batatas fritas sobrando e restos de hambúrguer.

Eu não era o único aqui embaixo. Havia mais pessoas no esgoto, mas elas foram sumindo à medida que tentaram seguir os sons que saíam dos canos mais profundos. Dá para escutar melhor durante a madrugada quando o fluxo do transito é menor. São urros assustadores, não me parece humano. Escutar esse urrar durante a escuridão me dá sempre a sensação de que posso desaparecer a qualquer instante. A escuridão já não me assusta há muito tempo, mas essa coisa...

Você deve estar se perguntando o porquê de eu nunca ter saído daqui e tentado arranjar um outro emprego... Eu tentei, mas quando os agiotas invadiram a empresa para me matar, eu estava sozinho e minha única rota de fuga foi o esgoto. Bati com a cabeça e só lembro de ter acordado coberto por um líquido acinzentado que me fez enjoar por várias horas.

Naquela mesma noite, as mudanças começaram. Meu corpo se encheu de pelos e meus dentes ficaram menores, mas o pior de tudo foi a cauda que cresceu no fim da coluna. Virei uma aberração, um tipo de rato humano. Mas as pessoas não devem temer a mim, elas só precisam saber que há algo enorme no subsolo da cidade que está esperando o momento certo para se levantar e engolir metade da cidade, engolir da mesma forma que fez com as outras pessoas que viviam aqui.

Talvez essa coisa espalhe aquele líquido, talvez as outras pessoas também tivessem essa mutação. Acho que essa coisa gosta de nos deixar com a aparência frágil para ser mais divertido nos devorar. Faz uma semana que estou criando coragem, preciso explorar aqueles canos mais profundos e ver o que tem lá embaixo, não posso ficar aqui parado sem fazer nada, estou cansado dessa vida inútil.

Amanhã vou acordar cedo e explorar antes de escurecer. Aquela coisa só acorda durante a noite quando sente fome e sede, e não quero estar lá nessa hora.


(Continua...) 

(A parte 2 ainda sem previsão, espero que gostem, estou investindo bastante tempo e procurando aprimorar, a próxima parte vai ser maior.) 

Autor: Andrey D. Menezes. 
Revisão: Gabriela Prado <3 

23 comentários:

  1. Como você melhorou tanto num período de tempo tão curto? me impressiona, sério JIDVJHHK

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    1. Muito muito obrigado, mas isso é graças a ajuda de vocês <3

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  2. Nao entendi porra nenhuma. Ele era a coisa, mas ele ouvia os ruidos da coisa, sendo que ELE era a coisa. Ele vai sair pra caçar a coisa sendo que ELE É A COISA. Como assim, Andrey? WTF

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  3. Gostei, interessante esse tema ♡

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  4. Creepies envolvendo locais brasileiros, muito bom!

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  5. Cadê o final da creepy da menina na banheira de pregos?

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  6. Me lembrei do Futurama! Já estou amando a creepy. ♡

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  7. Tartarugas ninjas intensifies kkkkk amei andrey vc ta cada vez melhor

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  8. Amo revisar seus contos e ver sua evolução! Parabéns, migo! <3

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  9. A Marvel ligou, tá cobrando os direitos autorais do "Vermin".

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