Hoje trazendo mais uma creepy dos fãs! :)
Espero que gostem.
Enviado por: C. E. Scene.
É frio aqui, escuro... Durante a maior parte de minha vida, é aqui o
lugar da minha prisão. Mas nem sempre foi assim.
Eu era feliz, “nasci” em uma fábrica com vários irmãos, era
acolhedor, conversávamos, riamos e nos divertíamos. Mas todos nós sabíamos que,
a qualquer hora, poderíamos ser separados, iriamos para lugares diferentes,
distantes, mas não nos assustava, afinal, o que havia para temer?
Nossa casa era espaçosa e aconchegante, eu e George, um de
meus incontáveis irmãos, sempre escalávamos as portas e janelas de nossa casa
para olharmos o mundo lá fora, era gigantesco, devo admitir. Víamos pessoas,
carros, motos, e claro, crianças, todos nós adorávamos crianças. Elas são
alegres, imaginativas e nos divertem, adoramos ver seus sorrisos.
Certo dia, eu fui levado, junto com alguns de meus irmãos.
Não me lembro exatamente a data... não é estranho como coisas assim
simplesmente se evaporam de nossas mentes? Eu estava radiante, nosso dia
finalmente havia chegado. Fomos colocados em caixas separadas, e juntos, fomos
a outro local. Eu não estava preocupado, muito menos com medo, desde que eu me
lembre, todos nós sabíamos que esse dia chegaria. Eu ansiava por isso.
Fomos levados a um local diferente, não tão amplo como minha
antiga casa, mas ainda sim incrível. Brinquedos e mais brinquedos por todos os
lados, eu ficava ao lado de meus irmãos, de frente para uma prateleira de
carros, helicópteros e aviões, era mágico. Haviam várias pessoas de diferente
idades durante o dia, mulheres, homens, e como era de se esperar, crianças.
Muitas crianças. Nos viam e seus olhos brilhavam, aqueles belos sorrisos com
dentes faltando se expandiam. Mas eu não podia tocá-las, e isso me entristecia,
no entanto, eu nunca perdia a esperança, sabia que isso poderia acontecer.
Fiquei em minha caixa paciente, imóvel, aguardando ser
levado por alguém, e então, foi quando conheci Emilly. Ela era linda, seus
belos cabelos loiros encaracolados na altura dos ombros, acentuavam a cor de
avelã de seus grandes olhos. Ela me pegou em suas mãos e sorriu, aquele sorriso
doce e inocente de uma criança, e eu pude enfim desfrutar do momento que tanto
aguardei, e valeu cada segundo de espera. Me despedi de meus irmãos, e fui com
Emilly para meu novo e definitivo lar.
Uma casa de dois andares de madeira, ficava, eu acho, em um
bairro de classe média. E isso importa? Eu não poderia estar mais feliz. Emily
me apresentou seus pais, Clarice e John, eram muito simpáticos. Para que vocês
entendam, Emily era apaixonada por mim, estávamos o tempo todo juntos,
brincávamos em seu quintal todos os dias, ela me contava seus segredos, eu
sabia os seus medos e suas vontades, fomos felizes por muitos anos, até que Emily
cresceu.
Sinto muito, não me apresentei. Me chamo Nigel, é claro que
esse foi um nome dado pela minha doce Emily, meu nome de verdade eu não consigo
me lembrar. Sou um boneco, como já devem ter percebido. Um entre tantos iguais,
mas escolhido pela menina mais linda e amável que eu poderia imaginar, mas como
eu havia dito, Emily cresceu, e para minha tristeza, não se importava mais
comigo. Antigamente, apesar de brincarmos muito, ela sempre teve o máximo
cuidado para comigo, hoje, não sei muito o que resta de mim. Quando Emily
atingiu certa idade, me colocou nesse velho, escuro e frio baú, em baixo de sua
cama.
Aqui estive por anos, eu tentei chamar a atenção de Emily,
sério. Conseguia sair do baú e ficava em cima de sua cama, ela apenas gritava
com sua mãe, perguntando porque esse brinquedo de criança quebrado, estava ali.
Isso me entristecia. Certas ocasiões eu conseguia ouvir Emily, conversando com
outras meninas, dando risadas, me doía saber que não era eu mais o motivo de
seus sorrisos. Eu podia ouvi-la falar de um tal de Carl e dizer que gostava
dele, também podia ouvi-la chorando em seu travesseiro, por um tal de Eddie.
Não o conhecia, mas o odiava por magoar minha garotinha.
Semana passada, ouvi Emily conversar com sua mãe, sobre ir
estudar fora, ela disse que levaria somente o que fosse mais importante para
ela, e isso fez brotar um sorriso em meu rosto de plástico, que a muito tempo
não acontecia. Ela iria me levar. Eu iria com ela para a faculdade, e enfim
poderíamos ficar juntos novamente. Oh, minha doce Emily, que saudades eu tinha
de você!
Mas tudo mudou de uma hora para outra ontem à noite, Emily
entrou em seu quarto para arrumar suas malas, eu podia ouvir a felicidade em
sua voz. Senti meu baú sendo arrastado para fora, eu estava ansioso, recordei o
momento em que nos encontramos na loja de brinquedos, mas, quando o baú foi
aberto, era Clarice, sua mãe. Confesso que não entendi, foi então que sua mãe
falou:
- Emily, e quanto a esses brinquedos?
- Oh, havia me esquecido deles. Pode dar para alguém.
- Mas querida, você gostava tanto desse – Ela me pegou em
suas mãos e pude ver Emily novamente – Tem certeza que quer doá-lo?
- Sim, tenho. Não tenho mais idade para essas coisas tolas
de criança.
Clarice me colocou de volta no baú, fechando-o e o arrastou
de volta para baixo da cama. Meu chão sumiu, como ela podia fazer isso comigo?
Eu, que sabia todos os seus segredos? Eu que estive ao seu lado quando ela
tinha medo do escuro? Eu, Nigel, seu melhor amigo. Isso estava errado, eu não
poderia perde-la. Então, quando Emily dormiu, consegui sair de meu baú, mas
dessa vez não subi em sua cama para que ela pudesse me ver, não havia tempo.
Sai de seu quarto e cruzei o corredor que dava para as escadas, desci e fui
para a cozinha. Me recordava de que Clarice guardava suas facas em cima da pia,
com alguma dificuldade consegui alcançar o topo do balcão, felizmente as facas
estavam no mesmo lugar.
Subi as escadas novamente, mas dessa vez, parei por um
momento para observar pela porta entreaberta os pais de Emily, que dormiam
tranquilamente. Entrei no quarto, primeiro matei Clarice, logo em seguida John.
Cobri-os com o cobertor e fechei a porta atrás de mim, caminhei de volta para o
quarto de Emily, e subi em sua cama, ela dormia profundamente, seus cabelos cacheados
continuavam belos.
- Olá, Emily – Eu falei.
Ela apenas se remexeu, não chegando a acordar, deslizei a
ponta da faca em sua bochecha, manchando-a com o sangue fresco de seus pais, e
ela lentamente abriu os olhos, aqueles lindos olhos castanhos.
- Quem... quem é você? O que está acontecendo?
Senti algo quente e forte subindo em meu corpo ao ouvir essa
pergunta.
- Você não lembra de mim? De seu melhor amigo?
- Nigel? É você? Mas como? Você é um boneco!
Não aguentei, cravei a faca em seu coração, sangue jorrou
por sua camisola, era vermelho, quente, me senti como nunca antes. Vi os olhos
de Emily perdendo o brilho, ela conseguiu proferir uma frase entre seus lábios
ensanguentados: Por quê?
- Por quê? Por quê? Porque você me esqueceu, me trancou em
um baú por anos, você que me tinha como alguém especial, como seu amigo, como
seu querido Nigel, me trocou.
Emily tentou dizer algo, mas não conseguiu, sua mão caiu sem
vida ao lado da cama, eu então tirei a faca de seu peito e comecei a cortar seu
lindo pescoço, após um tempo já havia conseguido decapitá-la.
Arrastei sua cabeça ensanguentada para dentro de meu baú, é
frio aqui, escuro, mas dessa vez tenho Emily comigo.
Eu a amo e agora a tenho para sempre... eu adoro olhar em
seus olhos.