17/02/2017

Reabilitação

Me chamo Austin, tenho 26 anos e quando era criança assistia meu pai surrar a minha mãe sempre que chegava bêbado em casa, ela nunca tentou revidar, mas quando ele saía para trabalhar chutava os móveis e depois me batia como se eu fosse um saco da pancadas. Nunca tive raiva, sabia que era a forma torta dela de afogar as magoas. Tudo o que eu não precisava era que minha mãe também começasse a beber igual meu pai, o tempo passou; porém guardo raiva do meu pai até hoje.  

Se minha mãe estivesse viva ficaria orgulhosa por eu estar nesse lugar, mas ela já se foi a algum tempo, meu pai a matou e depois deu um tiro em sua própria cabeça. Essa foi a cena que vi quando tinha 19 anos e cheguei em casa depois da faculdade. Com o tempo também passei a ter o meu próprio vício e foi assim que vim parar aqui. 

Gosto de observar os outros pacientes da clínica, olhares vazios, andar vagaroso quase que se arrastando, suas roupas brancas em meio a grama do jardim; são como zumbis de uniforme. É deprimente viver nesse lugar quando você não tem nada para fazer além de jogar baralho, assistir TV somente durante o dia e ainda ter que se encher de remédios que derrubariam até um urso.   

Todas as tardes é servido um lanche: pão integral, geleia de uva e um copo de achocolatado. O único prazer que temos é o prazer de comer, é esse prazer que torna tudo aqui menos tedioso, o som crocante do pão sendo mastigado e o achocolatado descendo por suas gargantas traz um pouco de barulho a esse lugar que é quase sempre silencioso. Não sei se isso faz diferença para os outros pacientes, a maioria deles parece ter se acostumado a viver aqui, nem fazem tanta questão das visitas de seus parentes e amigos.

Durante a noite mais remédios são entregues a nós, quem toma só acorda no dia seguinte e mesmo assim sente os efeitos durante todo o dia. Tem algum tempo que parei de tomar; pois consigo dormir bem então não vejo necessidade. Durante o dia finjo que estou sonolento para não desconfiarem, até que finjo bem, ninguém nunca percebeu.

Aos sábados um inspetor vem até a clínica checar o tratamento e saber como estamos reagindo aos remédios; ele é bem gente boa, mas aquele sorriso amarelo e falso me irrita. Minha mãe me deixou uma boa herança e acabei me internando aqui por conta própria, precisava muito fugir dos antigos problemas, o lado bom é que posso sair daqui quando eu quiser.

Quando me libertar, pretendo conhecer tantos lugares, talvez me casar ou apenas namorar uma garota que tenha coisas em comum comigo, mas a verdade é que essa clinica me ajuda muito, o isolamento deixa minha mente mais tranquila e sem a vontade de praticar o vício. 

Mas quando sair e recomeçar a minha vida em meio ao caos da cidade grande sei que o meu vício vai voltar, talvez eu jamais perca a vontade de matar, mas para todos os efeitos eu sou apenas um dependente químico em busca de tratamento.

Acabei de me dar conta que tomei o remédio para dormir, e a enfermeira está em frente à minha cama me olhando como se estivesse esperando o remédio fazer efeito.

Minha visão está embaçando e minhas pálpebras estão pesando a cada piscar de olhos que dou. Eu devo estar tendo alucinações, mas posso jurar que essa enfermeira é a mesma mulher que tentei matar anos atrás. 

Ela está sorrindo agora e se aproximando de mim; o barulho dos sapatos ecoa pelo quarto enquanto o relógio na parede faz tic-tac, é como o som da morte se aproximando, mas a morte dessa vez usa um jaleco branco e segura um bisturi na mão esquerda. 

(Autor: Andrey D. Menezes) 
Espero que tenham gostado, final do mês vai ter a creepy dos fãs que já deixei programada. 

33 comentários:

  1. Quem que ele tentou matar? Não falaram dessa mulher em lugar nenhum da creepy!

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    1. É pra ficar meio oculto mesmo. . Se fosse falado sobre ela logo de início ficaria meio óbvio o final e o leitor ia sacar q se tratava de uma vingança.

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  2. Gostei da creepy, final imprevisível

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  3. Andrey vc tá escrevendo mt bem agora, tá foda mlk

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    1. Essa creepy foi uma paulada na nuca!
      Talvez seja a unica vítima viva do psicopata, e dá até um arrepio de pensar...
      Como ele está dopado, vai ser morte rapida ou lenta?! Ela vai furar a traqueia ou sangrar a jugular dele?! Mil alternativas!
      Vida longa ao Andrey! Vida longa ao CPBR!!

      P.S: quero ver vc fazer uma creepy diário que me surpreenda Andrey!

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    2. Obrigado gente <3 Izumi sua linda :) Jeder meu brother!

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    3. Vou fazer com calma pra não errar muito kk vou pegar umas referencias só pra ter uma noção melhor. Aguardem :)

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  4. Orra, incrível! Imaginei perfeitamente a cena!
    Andrey, tu ta mandando muito bem!

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  5. Ótima creeрy Andrey. Esрero muito que um dia você escreva um creeрy diario.

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  6. Fico feliz de saber que no final do mes vai sair creeрy dos fans. Esрero que a minha creeрy(Cartas рor debaixo da рorta) seja uma dessas.

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    1. Eu acho que essa não tá programada, mas eu vou dar uma olhada e qualquer coisa te encaixo na programação de março :)

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  7. Me surpreendi quando vi que foi vc que fez '-' Que Creepy sensacional O.O

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    1. Eu esperava que vc melhorasse mas isso.... Foi...
      Eu mais que amei <3

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    2. Então, eu também... eu olhei assim: Andrey...
      Quando eu raciocinei:
      O ANDREY FEZ ISSO?

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    3. Exatamente! Até agora eu tô ainda meio assim meio sem acreditar que foi ele que fez! O Andrey.... Tipo, o Andrey!

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  8. achei essa creepy meio nada a ver...
    mas tu melhorou bastante, tá mt bom hein

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  9. Melhorou, tua escrita ta bem mais madura, legal curti

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  10. Este comentário foi removido pelo autor.

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  11. Parabéns Andrey, sua melhor Creepy até o momento. 5/10

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  12. Ficou INCRÍVEL! 10/10
    Parabéns!! (≧▽≦)♡〜

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  13. É isso ai Andrey, continue assim \o/

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  14. Incrível, de início tu pensa que é só um viciado qualquer mas o jogo vira e tu fica meio: "Puff, como assim?!" kkk

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  15. Olá ! A Creepy é muito boa!

    Vou deixar só alguns comentários que talvez te ajudem a melhorar ainda mais.

    Acho que uma coisa muito boa que você pode adicionar à suas creepypastas é o suspense. Não faz mal deixar elas um pouco mais longas, colocando um pouco mais na história e colocando mais detalhes em cada fato. Por exemplo, a infância do personagem poderia ser descrita com mais detalhes. Alguns momentos tudo acontece muito rápido e isso pode confundir um pouco o leitor e deixar o clímax menos intenso (se várias coisas intensas acontecem muito rápido, o clímax, mais intenso ainda, para o qual você quer chamar atenção, não vai ficar tão evidenciado).

    Pense na creepy pasta como um filme de terror jumpscare, por exemplo: o filme começa se desenrolando de forma lenta, contando a história dos personagens numa boa. Nos momentos de terror propriamente dito, o filme fica mais lento ainda: a música parece parar e os personagens se movem muito devagar (por exemplo, personagem que tem que verificar algo atrás de uma porta, ele faz isso muito lentamente para aumentar o suspense) até que em um momento algo muito intenso acontece (o personagem que ia abrir a porta o faz e isso é acompanhado de música intensa, assustadora, e algum monstro nos assusta, por ex.). Isso é ótimo e permite que a gente vá cada vez mais se envolvendo com o filme, ''torcendo'' pelos personagens, e imergindo na história que está sendo contada, muitas vezes acreditando piamente no narrador - o que faz com que reviravoltas sejam ainda mais chocantes.

    Você pode aplicar isso às creepy pastas, dando um ritmo mais lendo no começo, cativando o leitor, e assim você pode dar dicas sutis do que realmente acontece mas eles não perceberão pois estão muito entretidos com a narrativa - e essas dicas são úteis porque no ponto climático da trama isso que os leitores viram como algo ''simples'' na verdade é mais um ponto do história perversa que eles foram levados a acreditar.

    E aí, com um ritmo mais lento e cativante, a história inclusive se torna mais orgânica, mais fluida - pense, por ex., se você realmente fosse o homem que escreveu essa creepy, provavelmente ele teria um tempo muito longo para escrever, e poderia se demorar mais nos detalhes. Isso dá mais realidade pra creepy! E aí quando você chega no clímax é muuuito chocante.

    Enfim, creepy muito boa, cada vez vc está melhor! Parabéns!

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  16. Mano... Plágio é crime. Só avisando.

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  17. Parabéns Andrey, ótima creepy. Você escreve cada vez melhor. Uau!

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