Minha família
tem vivido por todo o sul da Califórnia, de San Diego a Los Angeles e
vice-versa. Durante alguns anos, nós vivemos fora de Los Angeles, em um vale ao
norte da cidade, uma área chamada Valencia. As pessoas eram especialmente
amigáveis aqui. Era uma vizinhança de classe média alta conhecida por suas
escolas e valores familiares excepcionais. Esse era o tipo de lugar no qual
você poderia andar de bicicleta à noite e ninguém se preocupava que nada de
ruim acontecesse.
Também era um
lugar conhecido por suas colinas e cânions. Havia tantas trilhas de bicicleta
quanto ruas na cidade. Meus amigos e eu costumávamos explorar os cânions à
noite em nossas bicicletas, apenas para ver o céu noturno e sentir a brisa
fresca contra os nossos rostos.
Andávamos de
bicicleta fora das estradas de nossas casas e explorávamos as grandes e
intermináveis trilhas que se expandiam até os cânions e o vazio do deserto. Uma
noite, meus amigos e eu fomos por uma trilha conhecida, que estava menos gasta
do que as que costumávamos ir. Era tarde, por volta de onze horas, mas era
verão, então nós não tínhamos horário para voltar. Como eu disse, era um lugar
seguro para se viver.
Andamos fora
da cidade, passando por suas luzes brilhantes até a densa escuridão. Não
conseguíamos ver muita coisa, apenas a lua e o brilho fraco da cidade abaixo de
nós. Fomos mais fundo no cânion, até que nos deparamos com uma luz branca
imensa que atingia o céu.
Nem preciso
dizer que ficamos intrigados. Parecia que alguém estava tentando chegar no
espaço, como se a lanterna de um telescópio gigante estivesse indo daqui até
Júpiter. Obviamente, decidimos explorar a luz misteriosa.
Fomos até a
luz como se estivéssemos sendo atraídos por ela. Havia um grande espaço vazio e
aberto no cânion de onde a luz saía. Meu coração batia violentamente em meu
peito. Respirei fundo e olhei para a escuridão.
Assim que nos
aproximamos de uma floresta cheia de pequenas árvores e arbustos, percebemos
que no meio dela havia uma grande fogueira que brilhava e subia em direção ao
céu, e ao lado estava a luz que brilhava rumo ao céu noturno. Nos aproximamos
mais um pouco, abandonando nossas bicicletas na trilha e caminhando
vagarosamente até o fogo. E foi então que ouvimos os cânticos. Era um cântico
baixo e gutural que vinha do fogo. Conforme nos aproximamos, vimos que não
estávamos sozinhos.
Pessoas
trajando capas pretas cercavam o fogo por todos os lados. Elas cantavam em
algum idioma que eu não reconhecia. Havia mais ou menos cinquenta delas. Nós
estávamos perto o suficiente para ver que as capas eram mantos compridos com
capuzes cobrindo seus rostos. O manto de todos era preto, com exceção de uma
pessoa cujo manto era vermelho carmesim. E então vimos a garota.
Havia um
grande poste no chão com uma jovem amarrada a ele. Podíamos ver a expressão de
seu rosto. Ela estava morta de medo. O homem de capa vermelha segurava um
grande livro de couro encadernado. Ele rondou o fogo e colocou o livro sobre um
pedestal, e então pegou uma faca comprida. Ele andou em direção à garota, a
faca brilhando sob a luz do fogo.
Neste
momento, meu amigo deu um passo à frente, colocando todo o seu peso sobre um
galho seco da árvore. Ele se quebrou como uma fina taça de vidro.
Imediatamente, as figuras encapuzadas se viraram em nossa direção. Sem hesitar,
eles começaram a correr. Não esperamos para ver o que aconteceria. Pegamos
nossas bicicletas e corremos sem olhar para trás. O cântico aumentou em nossos
ouvidos - eles estavam se aproximando.
Pulamos em
nossas bicicletas e voltamos correndo pelo mesmo caminho que havíamos ido.
Olhei para trás para dar uma última olhada,
e tudo o que vi foi uma multidão de figuras encapuzadas em pé à beira da
floresta. Eles nos observaram ir embora.
Meu pai
arranjou outro emprego alguns meses depois e nos mudamos do vale. Entretanto, o
que vi naquela noite nunca ficou para trás. Porque eles estavam lá? Porque
havia uma garota amarrada em frente ao fogo? Havia milhares de perguntas não
respondidas, do tipo que te faz ficar acordado à noite.
A coisa mais
perturbadora, contudo, aconteceu cerca de um mês depois de nos mudarmos. Um
dia, em nossa nova casa, eu acidentalmente encontrei uma caixa em nosso sótão.
Eu estava procurando por alguns de meus livros que desapareceram na mudança
quando bati minha cabeça em uma viga. Uma enorme caixa comprida caiu em cima de
mim.
Sentei-me,
abri a caixa e tirei alguns itens peculiares, coisas que nunca havia
visto. Havia um colar de pentagrama e um
pequeno jornal preto com a parte da frente repleta de anotações. Havia também
uma foto minha e de meus amigos de nossa antiga vizinhança em nossas
bicicletas.
Peguei os
itens e coloquei-os no chão perto de mim. E então, eu vi. Na parte inferior da
caixa estava uma grande mala de roupas, como as que você pega na Laundromat¹.
Abri a mala.
Dentro dela havia uma longa e preta capa com capuz. As iniciais de meu pai
estavam gravadas bem na frente.
Crédito:
Stephen Pate
¹. Lavanderia conhecida nos Estados Unidos cuja franquia é internacional
Nossa se fosse eu chegava lá e pedia pra entrar na seita na mesma hora. Heiehueheueheuhe
ResponderExcluirhaha que top
ResponderExcluirLegal, o tipo de final q você realmente nao espera.
ResponderExcluirAcho que ali no final não é jornal, e sim diário (traduzido do inglês journal). Fora isso, ótima história e tradução.
ResponderExcluirAcho que ali no final não é jornal, e sim diário (traduzido do inglês journal). Fora isso, ótima história e tradução.
ResponderExcluirWow, creepy muito boa, parabéns pela tradução Adriana!
ResponderExcluirWow, creepy muito boa, parabéns pela tradução Adriana!
ResponderExcluirBem daora, não esperava esse final. Aliás, quando surgiu a parte das luzes, esperava ser algo com ETs HAHAHA
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