24/05/2015

Está Lá...

A primeira vez que vi um deles foi há quase vinte anos, quando entrei na ala dos pacientes com Catherine, a enfermeira incumbida de me treinar. O paciente estava deitado na cama, de olhos fechados, com peito subindo e descendo lentamente. Enrolada em volta do pescoço e caindo sobre o ombro esquerdo estava uma coisa negra, esguia, tipo uma cobra, que parecia ser composta de sombras que tinham, de alguma forma ganhado vida.

Eu fiquei tenso imediatamente, quase deixando cair o copo de medicação na minha mão. Precisei de toda minha força para não gritar. A única coisa que me fez parar foi a mão de Catherine, calma, no meu ombro. Quando me virei para ela, o olhar em seu rosto disse mais do que qualquer expressão que eu tenha visto antes ou depois. "Se eu tivesse avisado antes," aquele olhar dizia: 'você não teria acreditado em mim. Está lá ... Mas é melhor você agir como se não estivesse. "

Desde aquele dia eu tenho visto mais deles do que eu posso contar. Sempre nos quartos de pacientes terminais. E sempre três dias antes de o paciente morre. Eles aparecem nos cantos escuros, movendo-se lentamente para mais perto a medida que a hora chega.

Ao longo dos anos tenho começado a aceitar essas criaturas como uma coisa da vida, nunca questionando o seu propósito ou origem. Principalmente por causa do medo. Mas agora, estas são perguntas que devo fazer. Porque, enquanto escrevo isto, estou vendo um deles mover-se do espaço debaixo da minha cômoda para a mesa de cabeceiro, perto da minha cama.

Eu não entendo.

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