12/04/2015

Sob o Jardim - Parte VII

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Para piorar os problemas, faltavam apenas poucos dias antes dos dois juízes chegarem, enviados pela Associação Garden, que poderia vir para avaliar o seu display, e era exatamente o que o Frederick não precisava.

 Ele tinha que ganhar aquele prêmio!

O dedo estava numa gaveta trancada, na adega. Logo quando a polícia tinha saído, Frederick correu pelas escadas, abrindo a gaveta e acariciando agora o dedo pálido, enrolado naquela lasca de ouro. 

Segurando o dedo em sua mão, Frederick estava surpreso pela mudança em sua aparência. Ele sabia que o corpo humano passa por uma série de mudanças enquanto apodrecia, mas era sinistro; o dedo agora parecia ser de uma mulher velha. Além do mais, o anel que teimosamente se agarrou à mão (sua antiga proprietária) agora se soltou com facilidade.

Segurando em suas mãos, persuadido pelo pensamento no valor emocional para a garota, Frederick sabia além de todas as dúvidas, que ele precisava manter o anel. A casa era muito perigosa para esconder o anel, mas percebeu, apenas percebeu que enterrá-lo no jardim iria providenciar obscuridade suficiente por enquanto.

Sim! Quão agradável era pensar em seu lindo jardim, nas rosas, nos cravos, no vibrante gramado verde, sendo novamente indicado pela associação como o melhor da cidade inteira e servindo o tempo todo como moradia daquela relíquia, a mais recente conquista de Frederick.

Passeando pelo jardim, com a espátula na mão, ele respirou os aromas e prazeres entorno da sua tomada de decisão, refletindo esconder o anel entre as rosas dele. Luxuosas e vermelhas, parecia o lugar perfeito para fazer isso.

Cavando um buraco pequeno entre dois ramos, Frederick colocou o anel na terra antes de voltar para casa.

Ele havia a intenção de descartar o dedo da garota imediatamente, mas prestes a fazer o caminho para casa, Frederick sentiu uma sensação completamente desagradável. Andando pelo seu corredor, um sentimento distinto de náusea começou a impregnar seus sentidos.

Com cada passo em sua casa, o desconforto incrementou-se na intensidade, e antes do Frederick saber o que estava acontecendo com ele, ele desmaiou em sua cama, preenchido pela doença e uma dor fervente em seu olho esquerdo.

A escuridão caiu, e a doença do Frederick era agora tomado por um sentimento cercado de fraqueza.

A noite crescia pesado e apesar dele ter acordado várias vezes, ele estava impossibilitado de deixar a cama. Ele passou ali o breu da noite, paralisado pela doença. Era como se os membros dele fossem feitos de chumbo e como se ele não possuísse força suficiente para os levantar.

Adormecendo e sem consciência, Frederick começou a ponderar o pensamento aterrorizante de que ele pudesse estar morrendo. Enquanto ele descansava ali contemplando a ideia indesejável, um som veio de algum lugar na casa, tomando sua atenção. 

Um rangido, com certeza um rangido nos tacos do chão. Frederick rapidamente concluiu que ele estava delirando e que o som que encontrava seu caminho pela escuridão, era de fato uma alucinação.

Era isso certamente. Talvez uma intoxicação alimentar ou talvez uma enxaqueca espontânea.

Sim, ele havia ouvido de um garoto no seu tempo de escola, que os doutores “acreditaram” que estava morrendo, apenas para ele se recuperar em questão de dias. Os doutores estavam convencidos de que havia sido uma enxaqueca aguda espontânea, e que o seu corpo havia entrado em choque devido a dor, parcialmente desligado.
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Continua...

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