Nós três sentíamos que o paranormal era uma coisa que estava
além. Gostamos de nos ver como pessoas inteligentes, e quando entravamos em
discussões sobre o assunto, nos sentíamos invencíveis.
Recentemente, Martin insistiu que deveríamos fuçar o
notebook do irmão obeso dele, cheios de documentos e pastas ocultas (e quando
ele prometeu algo relacionado á “melhor baseado”), nós três resolvemos nos
encontrar com ele no porão da casa de Jon.
Depois de algumas tragadas nós tentamos nos focar no monitor
do notebook, clicando em coisas nomeadas de “Demônios”, “Rituais”, “Como fazer
rituais”, “Pragas” e “Sonhar acordado”.
Cada pasta era lotada de fotos de figuras pálidas com caras
borradas e triangulares e dedos parecidos com asas. Havia também alguns textos
e comentários, alguns continham outro tipo de linguagem e símbolos, incluindo símbolos
usados em rituais de sacrifício.
Aquilo era bem interessante para três adolescentes
chapados.
Nós achamos alguns projetos em uma das pastas, nomeada de
“Evocação”; tinha um monte de figuras nela, e diagramas, que diziam chamar
coisas diretamente do inferno, ou outras dimensões.
Pelo menos foi isso que eu deduzi quando li “outros”.
Depois de vários minutos rindo nós decidimos escolher um
deles e tentar fazer.
O diagrama não exigia muitas coisas; precisaríamos apenas de
incensos e algumas palavras ditas, todas em uma linguagem que nenhum de nós
havia escutado antes. A entidade que o diagrama descrevia na imagem vivia “sob
a parede” (o que não foi muito fácil de ler, pois havia rabiscos vermelhos na
foto, e por cima das letras).
Tinha uma explicação de como lidar com a entidade, seus
poderes, e algumas histórias sobre as vidas que ela já havia destruído
(incluindo uma bem assustadora sobre uma menina que foi encontrada com os
órgãos retirados, e outra sobre figuras sem olhos vagando pelo lugar da
evocação). A coisa era curiosa, mas impaciente. Gostava de stalkear humanos,
analisar, tudo isso antes de ficar mais maliciosa e começar a realmente nos
perseguir, experimentar conosco, e até mesmo nos influenciar a fazer coisas para
saber aonde chegaríamos.
Nós preparamos tudo e Jon se voluntariou pra ler as
palavras, e deixe-me dizer, assistir Jon enquanto ele dizia aquela linguagem
estranha foi o ponto alto da noite até o momento. Nós rimos durante todo o
processo; Jon tropeçava nas palavras e outras foram completamente ignoradas por
causa da risada do mesmo. Até quando o Martin ficou pedindo para que nós
ficássemos quietos, as palavras de Jon nos fariam rir de novo.
Foi nesse momento que decidi pegar minha câmera; era uma
tradição nossa filmar as sessões do porão, (e quem sabe um dia Jon pudesse
concorrer ao Oscar).
Nós meio que ignoramos o notebook assim que comecei a
filmar; estávamos ficando entediados e Jon não conseguia pronunciar mais
nenhuma palavra. Eventualmente, nós começamos a filmar as paredes e ao redor do
porão, falando com a entidade diretamente, meio que fazendo aquela rotação que
tinha no The 70’s Show, sabe?
Nós dizíamos algo “inteligente”, “relevante”, ou “engraçado”
e então passaríamos a câmera para o próximo. Era interessante documentar as
coisas desse jeito, e as risadas no dia seguinte já estariam garantidas...
A noite passou rápido demais depois disso. Eu me lembro de ligar
a TV e em algum momento Martin e eu pegamos o notebook e subimos a escada
novamente, nem percebemos quando Jon dormiu no sofá...
Na manhã seguinte achei meu celular cheio de ligações e
mensagens, todas de Jon. A maioria delas dizia “Traz sua bunda pra cá agora,” e
as mensagens de voz, que eu não esperava que fossem diferentes, foram. Uma
grande parte estava interrompida ou com chiado, e se por algum momento pensei
que ele estivesse chapado, não pensava mais.
Ele dizia: “achei lá embaixo... diversão, você sabe, era pra
ser... eu só achei que... eu achei... na câmera... para ver... você precisa
ver... era pra ser engraçado... apenas aqui... venha aqui...” Ele soava
estranho, praticamente sem vida e fraco, e isso foi algo que fez com que eu me
alarmasse.
Então fui atrás do Martin, que também havia recebido várias
mensagens de Jon e depois de algum tempo, resolvemos ir até a casa dele.
Nós o encontramos no andar de cima, na sala de TV. Eu
esqueci minha câmera lá e ele resolveu olhar o que nós tínhamos gravado,
pausando e vendo novamente, parando aqui e ali para olhar mais atentamente.
Martin e eu entramos no quarto e sentamos próximo a ele no sofá, não queríamos
interromper.
A filmagem estava aberta em uma parte que eu lembrava
perfeitamente, e eu assisti enquanto Jon falava as palavras do ritual. Vindo da
boca dele, elas pareciam completamente falsas e inventadas, como poemas de outros
países. No vídeo, nós estávamos rindo e os sons das nossas risadas abafadas enchiam
o quarto. Eu olhei para Martin e depois para Jon.
O quão chapado Jon estava e o quão risonho Martin estava...
A sensação de que eu estava vendo algo que não lembrava de ter gravado me
atingiu, e me fez pensar que isso era provavelmente algo perdido de ontem á
noite.
Eu finalmente perguntei á Jon o que havia acontecido, por
que ele havia nos ligado, e quis saber o motivo pelo qual ele parecia tão
cansado, e ele me deu uma resposta fria: “Continue assistindo”.
E nós continuamos.
A noite se passava na TV, fazendo-me lembrar de coisas que
eu havia esquecido mesmo depois de tão pouco tempo. Chegou um momento em que
começamos a falar com a câmera e passar para o próximo, Jon nos encarava como
se estivesse pronto para nos estapear a qualquer momento, então, eu não me
atrevi a tirar os olhos da TV ou perguntar o que nós estávamos procurando.
Finalmente, no vídeo, o momento de passar a câmera se foi e
outro começou, e foi aí que Jon deu pause.
“Viu? Viu? E aí?” Jon disse, alternando o olhar entre mim e
Martin, quase acusadamente enquanto nós dois encarávamos a TV.
Por um momento olhei para Martin e ele fez que “não” com a
cabeça, na TV, nós estávamos todos sentados no sofá de Jon, ouvindo música alta
e balançando as cabeças loucamente, obviamente chapados e ignorando a câmera.
Eu encarei a imagem por alguns segundos sem entender, mas
quando percebi, me atingiu como um trem. Eu soube o porquê de Jon ter nos
chamado, e me fez ficar enjoado.
Jon disse antes que eu pudesse falar algo: “Quem diabos está
segurando a câmera?”
Interessante boa creepy
ResponderExcluirSENSACIONAL, o melhor tipo de creepy é aquele que voce le pensando algo, e do nada BAM, é atingido por algo totalmente inesperado que justifica toda a historia, nota 10
ResponderExcluirEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEITA! MUITO boa essa creepy! 10/10
ResponderExcluirMuito boa essa creepy
ResponderExcluirAlguen me add no orkut
ResponderExcluirEra só o irmão obeso do carinha 🌞
ResponderExcluirEita!!
ResponderExcluirBoa creepy nota 100
ResponderExcluir"vive sob a parede" "encontrado sem os olhos" , Zalgo, é você?
ResponderExcluirHe is coming...
He who waits behind the wall
He who waits to end it all...
All that you know, all that you are
He will tear it appart and leave you affar
He will call on the beast to devour your soul
He will take the whole world and make it unwhole
He comes.....
"vive sob a parede" "encontrado sem os olhos" , Zalgo, é você?
ResponderExcluirHe is coming...
He who waits behind the wall
He who waits to end it all...
All that you know, all that you are
He will tear it appart and leave you affar
He will call on the beast to devour your soul
He will take the whole world and make it unwhole
He comes.....
Doentio 11-10 IGN
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirDoentio 11-10 IGN
ResponderExcluirDoentio 11-10 IGN
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