Assim que nossos vizinhos novos se mudaram, alguma coisa na
nossa calma e suburbana vizinhança parecia fora do lugar. Mas não me entenda
errado, não começou a sair sangue das minhas paredes nem nada disso – porém as
coisas simplesmente mudaram.
No primeiro dia da mudança dos Smiths, minha mãe fez questão
de tentar fazer os vizinhos estranhos se sentirem parte da nossa pequena
vizinhança, e ela – que estava quase sempre fora de casa por causa do trabalho
– gostava de conhecer todos os vizinhos novos quando tinha oportunidade,
fazendo questão de arrastar a filha estranha de 17 anos junto com ela. Isso,
eu.
Os Smiths pareciam tensos o tempo todo, os dois tinham
olheiras visíveis e depois de receber eu e minha mãe com um cansado sorriso,
eles disseram seus respectivos nomes e o nome do bebê – que agora não consigo
lembrar qual é.
É óbvio que quando você tem uma pequena criatura que grita e
chora o dia todo em casa, seu nível de stress aumenta, mas eles dois pareciam
que haviam acabado de sair de várias guerras seguidas.
Durante o tempo que fiquei lá, várias coisas chamaram a
minha atenção – o curativo em volta da mão do marido e a mulher, que
simplesmente parecia apegada demais ao bebê – mas depois de entregar alguns
biscoitos não muito bem-feitos, e de alguns minutos de conversa, eu e minha mãe
estávamos voltando para nossa casa.
“Bom,” Minha mãe disse, “Eles parecem um casal legal.”
“Só espero que a gente não consiga escutar aquele bebê
chorando tarde a noite,” Eu murmurei e recebi um beliscão, enquanto a minha mãe
resmungava sobre como eu precisava ser mais amigável.
É fácil falar, afinal, ela quase nunca estava em casa e não
teria que aturar nenhuma família nova que resolvesse se mudar para a nossa
vizinhança.
Algumas semanas se passaram até que as coisas estranhas
começaram a acontecer. Entre a escola, e a minha mãe indo pegar o próximo vôo,
eu não tive muito tempo para perceber detalhes de nada. No começo, eram apenas
pequenas coisas: lixo sendo derrubado, correspondência desaparecendo, chaves
sendo colocadas em outros lugares, e até a minha escova de dentes que sempre
ficava no armário começou a aparecer em cima de coisas que eu nunca imaginaria.
Mas nada disso me fez pensar que havia algo maligno na minha casa...
Uma coisa que me
fez começar a suspeitar, aconteceu quando eu estava sozinha em casa (o que era
normal), e eu havia acabado de chegar da escola. Entrei na cozinha e fui até a
pia, que, para o meu desgosto, ficava na parede da maior janela, que dava de
cara com a casa dos Smiths. Estando em casa ou não, as cortinas deles sempre
ficavam fechadas, mas, enquanto eu lavava as minhas mãos eu vi o que parecia ser
alguém abrindo uma das cortinas e olhando pra mim – me senti estranha, mas
rapidamente acenei e me afastei da pia.
Quer dizer... Os dois carros deles estavam na garagem,
talvez um deles estivessem olhando para o quintal, procurando algo...
Eu não percebi que os olhos por trás da janela continuaram a
me observar até eu sair da cozinha.
Enquanto eu estava na mesa, fazendo meu dever de matemática
e comendo a comida chinesa que havia pedido, ouvi um barulho que quase me fez
literalmente pular da cadeira – veio da garagem – e logo depois, meu cachorro
começou a latir e rosnar feito um idiota.
“Kimbo!” Eu gritei, abrindo a porta da garagem soltando um
olhar acusador ao meu cachorro e tentando entender o motivo de ele estar
latindo, mas Kimbo ficou parado inocentemente no meio da casinha, encarando uma
pilha de galhos. Acendi as luzes e notei que parecia que alguém havia mexido
nos galhos – como se tentasse tirar o de baixo e derrubasse todos os de cima,
no chão – eu suspirei preguiçosamente enquanto observava e não senti a mínima
vontade de empilhá-los novamente. Quando toquei no primeiro e maior galho, vi
algo se mexendo e andando por baixo dos outros, entrando mais ainda na garagem.
Eu soltei um gritinho patético enquanto pulava devido ao
susto que tomei, quase tropeçando e caindo em outros galhos que estavam atrás
de mim. Nós estávamos acostumadas com alguns ratos na garagem, mas nada se
comparava ao tamanho daquilo. Seria possível que um rato ou até mesmo um gambá
estivesse tentando se proteger do frio dentro da nossa garagem?
Não querendo me meter com nenhum tipo de animal, coloquei Kimbo
para dentro de casa, mas deixei uma parte da garagem aberta, na esperança de
que seja lá o que tenha entrado, fosse sair novamente.
Depois que terminei o resto de jantar, fui para a cama e não
consegui esquecer o que havia visto na garagem. Eu não podia descartar o fato
de que o que estava na pilha de galhos fosse outra coisa... É aquele tipo de
pensamento te dizendo que tem algo errado, quando você não tem certeza de
alguma coisa, e ele simplesmente não te deixa em paz.
Eu me mexi e acordei a noite toda – com o som do aquecedor
ligando ou de Kimbo roncando – mas toda vez que eu estava quase dormindo, eu
tinha a impressão de que havia algo perto da minha cama, bem próximo de mim,
mas nunca próximo suficiente para eu ter certeza de que não era imaginação.
Depois de passar um dia cansativo na escola, eu nem tive
tempo de pensar sobre os acontecimentos da noite anterior – até que eu cheguei
em casa.
A primeira coisa que senti foi o cheiro de comida podre na
cozinha, a lixeira estava derrubada e o lixo espalhado, isso não estava
certo. Olhei pela janela e vi Kimbo
estirado na grama, brincando com seu osso e enquanto eu arrastava o saco de
lixo para fora da cozinha, percebi que havia rasgões e arranhões, que me lembravam
cortes de facas.
Fazendo o meu melhor para não derramar, levei até a garagem
e coloquei em outro saco, mas enquanto eu fazia um nó, vi algo pelo canto dos
meus olhos praticamente escorregar ao meu lado. Parecia uma aranha, se
estivesse usando sapatos de salto alto.
Que porra era aquela?
Peguei um atiçador de fogo e comecei a ir em direção da
cadeira que a coisa se aproximou, de jeito nenhum eu ia me arriscar perder aula
e ter que tomar injeção por causa de um rato qualquer que decidiu fazer da
minha garagem a casa dele. Cutuquei a cadeira, respirando fundo, e pronta para
correr a qualquer momento.
Depois de um tempo comecei a arrastar a cadeira para o lado,
até que ela virou e caiu, fazendo um barulho insuportável e alto.
O que estava sentado embaixo da cadeira, amuado e encurralado,
parecia um gato sem pêlo a primeira vista, mas depois de vários segundos encarando,
percebi que não era bem aquilo.
Aquela, coisa...
Tinha olhos pretos e intensos que pareciam não ter fim, não tinha pescoço para
determinar onde começava o peito, e o rabo balançava calmamente – não tinha
pelo lá também, e a ponta era enrolada e suja – ele era relativamente pequeno e
por algum motivo o imaginei em um velocípede. Mas essa não era a pior parte,
não. A parte que mais me assustou foi quando aquela coisa rosnou pra mim, com seus
pontudos dentes amarelados.
Eu tive a impressão de que ele tinha dentes demais na boca –
como um tubarão, que tem dentes de sobra – suas pernas estavam dobradas e seu
abdômen estava a menos de um palmo do chão, no começo, achei que ele estava
apenas mostrando os dentes pra mim, mas depois, percebi que estava sorrindo...
Sorrindo! Sua pele
estava esticada enquanto ele me mostrava um sorriso com todos os dentes.
Foi naquele momento que eu soube.
Eu soube que não era apenas uma aberração da natureza, soube
que não havia saído das florestas e procurava abrigo em garagens. Essa coisa
sabia o que estava fazendo e sabia que eu estava com medo, ele pensava e
entendia, e eu nunca havia visto nenhum animal – com medo ou com raiva – que tivesse
aquele olhar maligno no rosto.
Eu não pude evitar o grito que escapou da minha garganta,
andando para trás com um atiçador de fogo nas mãos, tentando me aproximar da
porta, mas a criatura não pretendia me deixar ir.
Ele começou a se arrastar mais rápido, o que parecia ser
fácil, com aquelas pernas enormes, mas eu o chutei com toda a força que
consegui acumular e o vi voar para o outro lado da garagem. Sem olhar
novamente, bati a porta da garagem atrás de mim e tranquei um momento depois,
parando e ouvindo o som do outro lado, parecia que um esquilo estava caminhando
no local, mas depois de um tempo, percebi que ele estava se jogando contra a
porta, e apesar de não ter quase nenhum efeito, cada vez que ele se jogava meu
coração batia mais rápido.
Eu não sei por quanto tempo fiquei contra a porta, com
lágrimas escorrendo pelo meu rosto, e quando eu finalmente consegui parar de
chorar, fui achar meu celular na sala.
Naquele momento eu não me importava em assustar minha mãe
com meu histerismo, tentei explicar pra ela entre soluços e lágrimas, e quando
terminei, ela disse que era a minha imaginação e que a minha mente estava
tentando me enganar, um minuto depois, disse que seu vôo havia acabado de
pousar e que ela levaria uma hora no máximo pra chegar em casa.
Quando ela finalmente chegou, eu já estava trancada no meu
quarto com Kimbo, sentada no canto, abraçando meus joelhos. Ela hesitou ao
perceber a quão assustada eu estava, sem falar que eu estava tão branca quanto
um lençol.
Eu fui até a garagem com ela novamente – eu estava tão perto
de sair correndo e ir para a casa de algum amigo – mas não falei isso pra ela,
afinal, mesmo se eu quisesse não poderia deixá-la sozinha na casa com aquela
coisa.
Ela começou a cutucar os galhos jogados e a pilha de atiçadores
de fogo, e até levantou a cadeira que eu havia derrubado...
Não havia nada lá.
Não havia nem sequer uma pista da existência daquele ser na
garagem, ele certamente não era um amiguinho da floresta, mas... Será que
estava lá pra me matar?
Naquele momento minha mãe estava irritada e cansada, e me
mandou dormir. Claro, dormir é a solução de tudo... Apenas durma e quando você
acordar tudo vai estar bem, não é?
“Você não pode deixar essas pequenas coisas te afetarem, são
sempre as pequenas coisas...” Ela disse, notando a quão estressada eu estava, e
tentando me convencer de que era culpa das provas finais e da escola.
Eu não dormi nada naquela noite, não ia dar a chance de
aquela coisa entrar no meu quarto e me atacar enquanto eu o fazia.
Mas na manhã seguinte minha mãe continuou falando que era
tudo na minha mente, e eu sinceramente acreditei nela, era a saída mais fácil,
e eu queria apenas ir para a escola a evitar qualquer conflito. Depois de me
convencer disso, eu me foquei muito mais nos estudos e não tinha tempo para
pensar naquilo, o que me ajudou bastante, pois eu precisava estudar e a minha
mente não tinha espaço para outra coisa a não ser os assuntos... Isso funcionou
até que a escola parou de funcionar e fui forçada a ficar em casa por causa do
inverno rigoroso. Minha mãe me prometeu que estaria de volta no natal, e por
mais que eu quisesse pedir pra ela ficar, eu apenas a deixei ir, não valia à
pena discutir sobre isso, era o trabalho dela.
Eu estaria mentindo se dissesse que não fiquei com medo, mas
os primeiros dias de recesso passaram rápido. Eu tinha Kimbo do meu lado 24
horas por dia, assim como o atiçador de fogo, que não foi necessário, porque
sério... Nada estranho aconteceu, era como se tudo tivesse voltado ao normal.
Eu finalmente senti como se pudesse relaxar, e no natal, eu
decidi passar a tarde toda assistindo filmes ruins e comendo pipoca. Antes que
eu percebesse o sol estava se pondo, eu fiquei perto da lareira com Kimbo do
meu lado e minha mãe estaria em casa logo.
Então eu ouvi, e aquele barulho fez todo o pânico e medo
simplesmente voltar pra mim. Aquele som da coisa se arrastando, e apenas ficava
mais alto e mais perto a cada segundo.
Mas não estava vindo da garagem.
Estava vindo do corredor ao meu lado, próximo ao final do
sofá.
Eu sabia que a luz da TV e da lareira eram suficientes para
iluminar o corredor, e por um momento eu pedi á Deus que não fosse.
Aquela coisa estava vindo na minha direção e não tinha medo
do escuro, mas da última vez que eu o vi, ele se mexia rápida e agressivamente
– e dessa vez estava diferente, como se estivesse rápido e mantendo a calma ao
mesmo tempo – a coisa se mexia como se fosse
controlada por alguém, suas pernas enormes e esquisitas se esgueirando no
corredor, até chegar na sala, e não parou de sorrir, nem por um segundo, nem
mesmo quando eu gritei o mais alto que pude, me jogando do sofá e tentando
alcançar meu atiçador de fogo.
Antes que minhas mãos pudessem alcançar o atiçador, eu senti
como se estivessem enfiando mil agulhas pontudas na minha pele, penetrando cada
vez mais meus músculos. Eu choraminguei e olhei pra trás, percebendo que aquela
coisa tinha fincado seus dentes na minha perna, e foi mais rápido do que eu
pensei que seria... Senti-me paralisada, ainda tentando pegar o atiçador, mas
sem sucesso.
Eu não ouvi os rosnados da criatura enquanto Kimbo atacava o
monstro, fincando seus dentes na carne despelada dele, que fez um barulho
horrível, como um porco e um gato choramingando ao mesmo tempo enquanto meu
cachorro continuava mordendo-o com toda a força. Mas eu não esperava que ele
fosse desistir tão facilmente, e eu estava certa, pois um momento depois, sua
unha pontuda atingiu Kimbo na lateral, fazendo com que o cachorro se afastasse
e choramingasse, enquanto a criatura ia em direção ao porão.
Levantei o mais rápido que pude e peguei o atiçador, e
palavras não descrevem a dor que sentia na minha perna naquele momento, eu
nunca imaginei uma dor como essa, e sempre achei que a adrenalina servisse de
morfina ou algo do tipo. Não era só isso, a mordida foi profunda e o sangue já
estava atravessando o tecido da minha calça, mas eu não podia ficar me
lamentando naquele momento.
Aquele monstro esperou até que eu abaixasse a guarda, ele
assistiu e aguardou silenciosamente antes de me atacar. Mas ele não ia vencer,
eu não ia deixar ele me machucar novamente, ou a minha mãe, ou Kimbo. Eu tinha
que matá-lo.
Tentando não chorar enquanto caminhava me aproximei da
dispensa e peguei o spray limpador de forno, e enquanto eu fiquei perto da
escada soltei um suspiro pesado. Ele tinha que estar no porão, era o único
lugar que tinha uma saída pra ele – eu acendi a luz e comecei a descer as
escadas devagar, observando os degraus, caso ele estivesse abaixo de mim.
Que piada, uma adolescente descendo as escadas com um
atiçador de fogo e um spray limpador de forno nas mãos, se eu não estivesse
quase me mijando de medo eu provavelmente estaria rindo.
Quando finalmente alcancei o chão, olhei para todos os
cantos do lugar. Sofás encostados na parede, a TV, e uma mesa de bilhar do
outro lado, mas a coisa não estava lá. Eu virei para trás e observei o canto
próximo ao sofá, ainda tremendo, e me lembrei que minha mãe chegaria logo e provavelmente
iria me matar por causa do sangue no tapete.
Foi então que percebi que essa coisa não estava apenas
brincando de esconde-esconde.
Queria me matar, me destruir e me deixar louca. Por isso me
fez pensar que eu estava a salvo, tudo isso apenas fez ficar mais divertido pra
ele – por isso ele fez questão de esperar eu abaixar a guarda.
Ouvi um barulho próximo á máquina de lavar, e, ÓBVIO! O
único lugar que eu não havia checado! Eu havia acabado de me virar quando o vi
voando na minha direção, gritando, e eu pude ver a raiva brilhando em seus
olhos, tentando se vingar das marcas de dentes que ainda estavam nas costas
dele.
Em um momento de reflexo rodei rapidamente e atingi a coisa
com o atiçador na cintura, fazendo voar até a parede mais próxima, eu não podia
ficar muito tempo lá ou ele conseguiria o que queria.
Comecei a subir as escadas correndo, mas quase imediatamente
caí e bati minha cara no chão quando minha perna falhou, podia ouvir o barulho
dele se arrastando cada vez mais rápido enquanto eu derrubava o atiçador e
tentava achar o spray de limpar forno, minhas mãos tremiam violentamente e eu
quase derrubei tudo entre os degraus. Quando ele finalmente alcançou meus pés,
eu virei e o atingi, fazendo de tudo para que não sobrasse nem sequer uma parte
daqueles olhos malditos sem spray.
Se ele não estava com raiva antes, agora ficaria.
Eu aproveitei a oportunidade e comecei a subir as escadas
novamente, ignorando a dor enquanto eu alcançava o final, me sentia tonta e
cansada, mais provavelmente por causa da minha perna que ainda sangrava,
encostei-me à parede e procurei outra arma, mas esse monstro não estava
disposto a me dar nem sequer um segundo de descanso, se jogando no topo da
escada, não tentando se apoiar em nenhum dos móveis, mas sim se apoiar em mim.
Quando eu finalmente achei as facas, tentei o atingir o mais
rápido que pude, mas isso apenas deu a ele a oportunidade de alcançar outra
parte do meu corpo e enfiar seus dentes novamente, só naquele momento senti o
cheiro de ovo podre que emanava da sua boca.
Eu o empurrei enquanto ele continuava a me morder, e quanto mais eu
balançava meu braço, mais ele me mordia. Eu não consigo me lembrar se chorei ou
choraminguei, mas aquele foi provavelmente o grito mais alto que eu dei em toda
a minha vida. Eu precisava parar, antes que eu perdesse algum pedaço do meu
braço.
Arrastei-me na cozinha, sentindo a dor cada vez mais forte e
tentando ignorá-la. Esse enviado do inferno não iria vencer, eu não iria morrer
por causa de um bicho despelado, ridículo e fedorento.
Bati minha mão no balcão e ouvi alguns copos caírem no chão,
e quando ele abriu a boca para me morder novamente, eu o atingi com tudo que
pude na cabeça com um pedaço de vidro, e, soltando um grito de raiva e dor, o
empurrei de cara nos vidros quebrados do chão, esmagando a cara horrorosa
dele. Ele mexia as pernas, e o rabo,
tentava se levantar e me morder novamente, mas eu continuei pressionando e o
atingindo na cabeça, até que a criatura diabólica ficou parada em minhas mãos.
A cabeça dele não estava mais conectada ao corpo e mesmo
assim precisava ter certeza de que não se levantaria nunca mais, então, o
atingi novamente com outro pedaço de vidro. Meu braço parecia doer ainda mais a
cada momento que passava, e eu não sei quanto tempo fiquei no chão, mas minha
mãe chegou e me achou lá, sem entender absolutamente nada do que havia
acontecido, porque Kimbo estava deitado choramingando e porque eu estava no
chão da cozinha coberta de sangue.
Ela me levou ao hospital e levou Kimbo ao veterinário, e a
polícia veio falar comigo, achando meu sangue no sofá e no porão, mas mesmo
depois de eu contar o que aconteceu, eles simplesmente não pareciam acreditar
em mim.
Depois disso, minha mãe decidiu se mudar e a nossa cidade
não ficava mais perto da floresta, os Smiths vieram se despedir e os dois
pareciam menos cansados. Mas quando
Laura – acredito que esse seja o nome dela – viu os curativos em volta do meu
braço e perna, ela parecia assustada. Ela me perguntou se eu estava bem e a
minha mãe resolveu contar a versão dela da história – aquela que ela ignorava tudo
que eu falei e apenas diz que foi um animal que me atacou – Laura parecia
completamente histérica, ela praticamente correu até a casa dela e o marido
ficou nos pedindo desculpa, e um momento depois, foi atrás da mulher.
Nós nos mudamos sem falar novamente com eles.
Anos depois quando fui para a faculdade e estava morando no
dormitório, eu decidi parar de estudar por um momento e apenas passar um tempo
online. Eu tentei deixar o que havia acontecido no passado, mas as cicatrizes
sempre me lembrariam e sempre estariam lá, literalmente. Eu ainda lembrava dos
Smiths, e decidi pesquisar sobre eles – mais precisamente, a mulher, já que era
a única que eu consegui gravar o nome –
Mesmo com um nome tão comum, ainda consegui achar algo sobre
eles.
Laura e James Smith tinham duas filhas gêmeas, e viviam a
pelo menos 5 horas da minha vizinhança.
A notícia explicava que a Sra. Smith acordou no meio da noite quando
ouviu as duas filhas chorando, e por ser um horário anormal, ela decidiu
checar. Quando ela chegou ao quarto, ela ficou horrorizada ao encontrar alguém,
ou alguma coisa, atacando uma das gêmeas.
O artigo não entrou em muitos detalhes, mas estava dizendo que
Laura bateu na coisa com um abajur, mas mesmo assim, era tarde demais. Ela
estava morta. A notícia também explica que os policiais foram chamados a cena do
crime, mas não havia sinal de arrombamento e o caso foi fechado.
Se eu estou seguindo os fatos corretamente,
os Smiths se mudaram para nossa vizinhança três meses depois do acontecido.
Senti um frio na espinha, era como se a última peça que
estava faltando simplesmente se encaixasse.
Me vi entrando na cozinha anos antes e vendo alguém do outro
lado, olhando pra mim da janela dos Smiths... Era o monstro. Seguiu os Smiths
até a nova casa deles e provavelmente ia finalizar o que havia começado, até
que me viu.
Ele achou uma coisa mais legal pra passar o tempo, e essa
coisa era eu.
O que quer que tenha sido aquilo, um demônio do inferno – ou
o diabo – queria me matar naquela noite, se eu não tivesse matado ele, ainda
estaria atrás de mim, e julgando o quão longe chegou, ás vezes me
pego acreditando que ele ia conseguir.
Apenas se lembre: ás vezes, algumas coisas estranhas começam
a acontecer e pode ser apenas coincidência. Mas se não é, se continua ficando
pior e você sente tua mente te avisando mesmo quando aparentemente não tem nada demais, saiba que são sempre essas coisas pequenas que te esperam no final.
Não gostei.
ResponderExcluirNem eu
ResponderExcluirGostei, fugiu dos estilos clichês de creepy, e com algumas cenas tão detalhadas, parecendo que alguem reescreveu oque viu em um curta.
ResponderExcluirInteressante. Como o Naemegashi disse, essa creepy foge de estereótipos. Sinceramente, achei uma boa creepy. Ela é detalhada, com todas as cenas explícitas e atordoantes sendo ditas de forma que a creepy realmente traga medo e desespero. A história poderia ser melhor, é claro, mas creio que isso já tenha sido um grande avanço na forma como as creepys devem ser escritas. Parabéns!
ResponderExcluireu fiquei imaginado as cena na minha cabeça muito bom essa creepy parabens mesmo
ResponderExcluirGostei. Valeu pela "moral" final, mas eu parei de usar maconha, agora não vejo mais bichos atrás de mim, mas continua sendo uma ótima creepy.
ResponderExcluirResumindo : Todos os cachorros de creepypastas tem nomes estranhos
ResponderExcluircurti a creepy! e discordando do(a) Pantera o nome "Kimbo" não é estranho, na verdade é bem fofinho até!! : P
ResponderExcluirEssa creepy é boa um cochorro do inferno tentando te matar assusta
ResponderExcluirAnimais, moral... This is a fábula? :v
ResponderExcluirGostei do novo layout do site! Não sei se faz tempo, pq faz um tempo que não venho aqui! E a creepy é boa também, foi traduzida de algum lugar?
ResponderExcluirMinha creepy favorita *-*
ResponderExcluirMinha creepy favorita *-*
ResponderExcluirmelhor creepy que li atualmente, vei me fez arrepiar e pensar que esse -enviado do inferno pra me matar- fosse vir atras de mim tbm, krl. quando eu ver aqueles gatos que n tem pelos, eu saio correndo como se n ouvesse amanha :v
ResponderExcluirEntão como a mãe tava viva?
ResponderExcluirÉ, na verdade a creepy tentou fugir do cliché, mas esqueceu de ser bem escrita: é chata, as cenas de 'ação' são um porre, e o ser humano que a escreveu não conhece o uso de travessões. Mas foi bem legal essa logicazinha que tentou dar no final.
ResponderExcluirInfelizmente, não foi suficiente para torná-la uma BOA creepy...
Gostei da creepy no que toca ao enredo da história. Eu consegui me sentir no cenário e até visualizei a criatura kkkk
ResponderExcluirMas algumas coisas ficaram por contar, como quando ela mata a entidade e logo após a mãe dela chega em casa e encontra ela toda ensanguentada... mas e a criatura? Morreu e sumiu? Conseguiu fugir sem cabeça? Kk
Abraços!
Bom demais
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