Eu comecei a pesquisar
algumas coisas na internet (e com pesquisar eu quis dizer usar o Google) e
achei alguns posts em fóruns. Ele usava o Nick de “BenjiMCFC93” e era bastante
produtivo – basicamente só discutia alguns tópicos nos fóruns e compartilhava
memes, mas tem um comentário que chamou minha atenção.
Eu acho que foi o
último post antes dele desaparecer, e – nossa! Eles ao menos tentaram questionar o
pai dele? Eu não consigo achar nada nos arquivos que mencione o K***.
/// BenjiMCFC93, comentou em 28 de Agosto:
Então, eu estou na
casa do meu pai. Eu perguntei se podia usar o notebook dele, porque
sinceramente, não tenho nada melhor para fazer. Ele disse que sim e eu vim para
o escritório dele, abri o notebook e um navegador já estava selecionado (EU
JURO!) com alguns e-mails abertos. Eu sei que eu não deveria ter lido, mas eu
nem sabia que meu pai estava frequentando o terapeuta, então eu acho que só
fiquei preocupado com ele e queria saber se estava tudo bem. Eu realmente
queria não ter lido!
De: r*****@h****.com
Para: k*****@b****.co.uk
Assunto: Sua primeira sessão
Oi K****,
Eu espero que você tenha conseguido tirar proveito da nossa
primeira sessão, apesar dos problemas que tivemos na hora de vocalizar suas
memórias e aflições daquela época. Não é incomum que as pessoas não se sintam
confortáveis o suficiente para se abrir sobre experiências traumáticas – isso
leva tempo. Mas eu acredito que eventualmente você vai achar ótimo falar com
alguém pessoalmente. Não se sinta perturbado!
Você está no controle. Nós vamos escolher uma forma de
abordar isso como você quiser.
Att,
R****
Para: r*****@h****.com
Re: Sua primeira sessão
R*****,
Eu voltei pra casa me sentindo um pouco frustrado, para
falar a verdade. Eu não sei o que eu esperava de mim, ou da situação toda, mas
eu achei que seria fácil falar sobre o assunto.
Olha, vou ser honesto. Eu sinto bastante vergonha em relação
ao meu comportamento, é muito difícil admitir para mim mesmo, quem dirá tentar
explicar para outra pessoa.
Se você estiver interessado, nós podemos tentar falar sobre
isso aqui e depois continuarmos na minha próxima sessão? Eu acho que seria de
grande ajuda. Eu definitivamente me sentiria mais confortável em falar sobre
isso na frente do notebook do que pessoalmente.
Att,
K****
De: r*****@h****.com
Para: k*****@b****.co.uk
Re: re: Sua primeira sessão
Claro! Se é isso que você acha melhor, nós podemos começar a
conversa aqui e continuarmos pessoalmente na próxima sessão, como você disse.
R.
Para: r*****@h****.com
Re: re: re: Sua primeira sessão
Ok... Vamos lá.
Como eu mencionei, eu cresci em uma cidade pequena e eu e Ben,
éramos melhores amigos desde que tínhamos 11 anos. Nós passávamos muito tempo
um na casa do outro, nos parques, nas ruas, brincando e brigando. Coisas de
criança. Ele sempre foi mais esquisito do que eu, mas nós nunca fizemos algo
que eu chamaria de perigoso ou sério.
Quando estávamos na metade do ensino fundamental, Ben
começou a agir diferente. Ele estava sempre na minha casa, eu diria – quase todas
as noites da semana, isso sem contar os dois dias dos fins de semana até tarde
a noite. Meus pais começaram a fazer perguntas, e eu também comecei a me
assustar um pouco com o comportamento dele. As idéias malucas que ele costumava
sugerir abriram espaço para outras idéias, ainda mais malucas. Ele passou muito
tempo tentando fazer uma bomba usando pregos e vários explosivos usando
produtos químicos na minha garagem. Eu consigo me lembrar até hoje o medo que
eu sentia dos meus pais descobrirem o que nós estávamos fazendo, mas sentia
ainda mais medo de perder a amizade de Ben, se eu o pedisse pra parar.
Uma noite nós estávamos brincando na garagem da casa dele –
o que era raro – e ele simplesmente levantou, saiu, e quando voltou, segurava
uma faca de cozinha nas mãos. Ele me disse para entrar no freezer. Aquilo não
era muito alarmante – nós tentávamos assustar um ao outro frequentemente. Eu
dei risada, mas ele continuou insistindo por vários minutos, dizendo que se eu
não entrasse no freezer ele cortaria minha garganta. Havia um tom diferente no
jeito que ele falava. Deixe-me ser sincero: Em momento algum eu fiquei com medo
dele fazer alguma coisa comigo, e em momento algum achei que minha vida estaria
em perigo se eu não obedecesse. Mas eu sabia que ele queria que eu acreditasse
que algo ruim aconteceria comigo, e eu senti uma ansiedade imensa ao perceber
isso. Depois de um tempo ele simplesmente largou a faca e nós voltamos a fazer
o que estávamos fazendo anteriormente.
Mas a energia pesada continuou lá, e eu comecei a achar
difícil de conviver com ele, assim como nossos outros amigos na escola. Nós
estávamos quase ignorando ele completamente quando ele nos contou que os pais
dele estavam se separando. A mãe iria embora com o irmão, e ele, ficaria com o
pai. Eu me lembro da minha mãe tentando me explicar tudo quando contei pra ela.
Ela disse que esse era um momento difícil para o Ben, e que se ele havia nos
contado, era importante, e que logo ele estaria agindo como antes novamente.
Eu acho que entendi tudo desse jeito, também. Com a minha
pouca compreensão da psicologia. Eu esperei por quase uma semana por ele,
esperei que ele quisesse jogar futebol com o resto de nós ou apenas sair
juntos... Quando ele não demonstrou mudança eu finalmente trouxe o assunto á
tona. Eu disse a ele que ele vinha agindo estranhamente há tempos e que talvez
o divórcio tenha deixado ele muito triste, mas que ele não precisava me evitar
e evitar os outros amigos dele. Ele começou a chorar, e eu acho que foi a
primeira vez que vi aquela cena. “Não é
isso” ele disse.
Ele nos fez caminhar em silencio até nos afastarmos da
escola antes de falar o que era. Ele me disse que pelo menos seis meses atrás
ele viu um homem no mercado, e o ficou encarando porque ele empurrava o carrinho
de forma errante, ás vezes encostando-se nas coisas como se estivesse prestes a
desmaiar e por causa da sua pele amarelada. Quando a mãe dele o viu encarando o
homem ela disse que provavelmente ele estava com alguma doença terminal, e por
isso “não era bonito de se ver.” Essas escolhas de palavras ficaram comigo até hoje,
assim como tenho certeza de que ficaram com o Ben.
Ben disse que na
mesma semana, ele saiu da cama para ajeitar as cortinas e notou alguma coisa no
jardim. Era o homem do mercado, completamente parado no meio do jardim, olhando
diretamente para ele – braços completamente esticados para os lados. Eles se
olharam por alguns momentos e Ben então fechou as cortinas rapidamente e encostou-se
à parede – Eu ainda podia sentir ele me
encarando – ele disse.
Ele não estava tentando me assustar com essa história, Ben
não era tão bom ator assim. A respiração dele estava diferente, a voz quase um
choramingo e algumas lágrimas saíam dos seus olhos. Seja o que for que Ben viu,
o afetou profundamente. Se eu fosse
lhe contar sobre isso pessoalmente, você provavelmente veria as mesmas reações
em mim.
Aconteceu pelo menos
uma vez por semana, Ben me contou. O homem parecia dar tempo para ele se
recuperar e tentar explicar os acontecimentos se baseando na lógica, até
acontecer novamente, o mesmo homem, olhando pra ele do jardim, sozinho e nem um
pouco assustado por causa da escuridão – eu
não falei com os meus pais sobre isso – Ben disse, tentando me fazer
entender que contar era o primeiro passo para a aceitação de que isso estava
realmente acontecendo, e que eu era a primeira pessoa a ficar sabendo disso.
E teve mais, ele começou a ter pesadelos horríveis, em um,
estava se preparando para cometer suicídio no jardim e gravando uma mensagem de
vídeo para os pais dele enquanto o fazia, e ainda houve outro, em que ele
achava o corpo de uma garota em um saco plástico, tripas saindo do saco e
partes do corpo retiradas. Eu fiquei em silencio por alguns minutos depois de
saber disso, porque eu simplesmente não sabia como reagir, e então, ele
simplesmente disse: “Eu não sei o que
está acontecendo...”
Eu acreditei nele, e acreditei que ele realmente estava
vendo alguma coisa e que isso estava causando algum problema emocional, então,
quando ele me perguntou se eu queria passar a noite na casa dele, eu me senti
um pouco assustado, mas ao mesmo tempo senti como se pudesse ajudá-lo a
entender o que estava acontecendo, e fazer com que as coisas voltassem ao
normal.
Foi no final de Novembro, estávamos assistindo um filme do
James Bond e comendo pipoca com o pai dele no andar de cima – durante todo o
tempo que fiquei lá percebi que Ben ficava bem mais relaxado ao redor do pai, e
eu comecei a me lembrar daquele garoto que subia em árvores comigo, eu até
comecei a considerar a ideia de que o que Ben havia me dito era mentira – mais especificamente
o fato de que ele não sabia do que estava falando... Talvez o divórcio tivesse
o afetado e ele quisesse apenas chamar atenção? É um comportamento normal...
Alguns minutos depois, Ben pediu para ficar acordado e
assistir o jogo que ia passar meia-noite, ao vivo.
“Sem chance.” Seu pai disse, sorrindo. Nós teríamos aula na
manhã seguinte e o pai de Ben iria trabalhar, mas Ben continuou insistindo e
perguntando – o que fez com que eles começassem a discutir – e isso me fez
perceber que ele estava com muito medo de ir dormir, isso era óbvio, mas também
era óbvio que seu pai não ia o deixar ficar acordado... Essa era uma discussão
desnecessária.
Quando nós estávamos no quarto dele, eu fiquei tentando arranjar
uma forma de dizer que tudo bem estar triste, ou com raiva, ou até mesmo
assustado depois do divórcio dos pais, mas ao mesmo tempo não queria que ele
pensasse que eu estava duvidando da história dele.
Mas antes que eu pudesse falar qualquer coisa, ele me olhou,
nervoso, e perguntou se eu queria checar o jardim pela janela com ele.
Eu não sabia o que dizer, não sabia se deveria continuar com
isso ou tentar confortá-lo de outra forma – ele continuou me encarando e eu
decidi apenas olhar pela janela – não havia ninguém lá fora, Ben suspirou
aliviado e tentou me assustar um momento depois. Nós puxamos a cortina, falamos
sobre algumas garotas e então dormimos.
Eu acordei algumas horas depois, precisava ir ao banheiro –culpa
de todas as latas de coca-cola que tomei no jantar – o banheiro ficava ao lado
do quarto de Ben, então eu fui até lá sem acender as luzes, lembrei do pai de Ben
falando que ia trabalhar no dia seguinte e eu não estava a fim de acordá-lo com
a claridade. Quando eu estava no banheiro decidi olhar pela janela apenas para
reforçar a ideia de que não havia nada lá, mas eu o vi. Eu juro por Deus, R***!
Eu o vi, eu vi o homem!
Ele estava no meio do jardim, perto de algumas mangueiras,
completamente parado, usando o que parecia ser uma jaqueta com botões. Ele não
estava olhando pra mim, estava olhando para o quarto de Ben e eu decidi
acordá-lo e contar pra ele – Ele está lá
fora – Eu simplesmente disse, e eu nunca vou esquecer o olhar em seu rosto.
Nós dois rastejamos até a janela, puxamos um pouco a cortina e olhamos para ele
novamente. Seu rosto era quase sem expressão, porém, em alguns momentos,
parecia melancólico e triste. Ben começou a chorar, largando a cortina e indo
em direção ao canto do quarto, onde nós dois abraçamos nossos joelhos e ficamos
lá, em silencio absoluto. Ben chorou, e eu soube o que ele quis dizer quando me
contou que podia sentir o homem encarando-o mesmo depois de fechar as cortinas.
E então, uma semana depois, Ben foi dado como desaparecido. Sete
de Dezembro, um pouco antes dos feriados, e como eu mencionei ontem, eles nunca
o encontraram.
De: r*****@h****.com
Para: k*****@b****.co.uk
Re:re:re:re: Sua primeira sessão
Isso deve ter sido horrível para você, acredito que você foi
muito corajoso na época, e ainda mais agora que se sente confortável para falar
sobre isso.
Eu sei que pode ser doloroso tratar de emoções antigas, mas
espero que você se acostume com o fato de que eu estou disposto a ouvir todas
elas e que você pode confiar em mim. Estou curioso, você comentou com alguém
sobre os acontecimentos na casa de Ben?
R.
Para: r*****@h****.com
Re:re:re:re:re: Sua primeira sessão
Foi extremamente difícil. A escola criou uma assembléia com
a intenção de explicar os acontecimentos para todo mundo, mas meu nariz começou
a sangrar logo no início e eu tive que sair. Policiais investigaram toda a área
durante semanas, talvez meses. Eu odiava ter que ver seu rosto em todo lugar
que eu ia – panfletos estavam espalhados por toda a cidade – e eu me sentia
triste toda vez que eu via, apesar de entender o propósito. Cedo ou tarde eu
teria que aceitar que ele havia ido embora para sempre e não ia retornar.
A polícia veio até minha casa uma noite e conversou comigo,
e eu tentei falar que eu estive na casa dela uma semana antes, tentei explicar,
mas eles não pareceram dar muita importância ou levar muito a sério. Eles
estavam mais preocupados em saber se ele havia levado algo, roupas, sapatos,
mas ele não havia levado absolutamente nada, e ele precisaria de pelo menos
roupas se tentasse fugir! Não havia sinal de arrombamento na casa dele, nada
estava fora do lugar em seu quarto... Eu me lembro dos comentários ao redor do
pai dele na época, lembro da escola, os policiais, os parentes, todos falando
como se Ben tivesse fugido e ignorando totalmente o fato de que talvez e só
talvez ele tivesse sido sequestrado.
De: r*****@h****.com
Para: k*****@b****.co.uk
Re:re:re:re:re:re: Sua primeira sessão
Bom, nós falamos sobre muitas coisas aqui, K***. Eu acho que
seria melhor se continuássemos essa conversa pessoalmente, assim evitaremos
perder o foco ou qualquer distração – esse primeiro passo foi vital.
R.
/// BenjiMCFC93, comentou em 28 de Agosto:
Eu sei que eu não
deveria ter lido, eu sei! Mas eu não posso “desler” agora... E tudo isso me
assustou de tal forma que nem sei como explicar.
Aqui vai: Meu pai
nunca mencionou algum amigo chamado “Ben” da época de infância dele. Ele tinha
apenas dois melhores amigos, Gareth e Tom, os três se conheceram na pré-escola
e estudaram todos os anos seguintes juntos. Eu já vi os dois, várias vezes,
eles me mandam cartões de aniversário, e eu nunca vi nenhum deles falar de
algum “Ben”.
Além disso: Meu pai não
cresceu em uma cidade pequena.
E na parte que ele
fala dos comportamentos eu só pude lembrar-me das coisas que começaram a
acontecer depois que a minha mãe foi embora – uma noite, minha irmã desceu as
escadas para pegar um livro e achou nosso pai lá, parado, no meio da sala com
as luzes apagadas. Ela se assustou e acendeu as luzes em seguida, perguntando
por que diabos ele estava lá parado no meio da noite e ele simplesmente
murmurou coisas sem sentido e a minha irmã fingiu que entendeu, acho que ela só
queria voltar para a cama e ignorar tudo isso.
Aconteceram algumas
outras vezes – minha mãe o achou no jardim ás 5 da manhã, depois de acordar e
perceber que ele não estava na cama, também teve outra vez que eu acordei e ele
estava no meu quarto, parado, perto da minha cama com os olhos fixos em mim.
Nós achávamos que ele era sonâmbulo, mas depois que as coisas entre ele e minha
mãe ficaram piores, eu não sei...
E, sei lá, meu nome é Ben!
Lógico! Então essa história que ele contou para o terapeuta realmente me
assustou. Por que ele mentiria? EU sinceramente não sei o que fazer gente...
Será que eu devo falar com ele sobre isso?
Conselhos? Alguém?
Li no post original que o nome da irmã do Benji é Rachael ( ͡° ͜ʖ ͡°)
ResponderExcluirAchei o final um pouco confuso, na hora em que o menino explicou sobre o comportamento do pai nos últimos dias. É, eu realmente não entendi...
ResponderExcluirO Pai dele sequestrou o Ben e ele é o Ben? Ou o pai dele é o Ben e o filho dele também é o Ben que sequestrou o Ben, mas tá Ben vou tentar compreender...
ResponderExcluirTive a sensação de que o pai dele é o "homem amarelo"; mas não é bem o pai dele. É uma criatura que tomou o lugar dele. Entretanto, o pai dele deveria ser uma espécie de... espírito? Que convive com Ben, como se ele fosse um amigo imaginário ao contrário. Daí, ele usa o computador pra escrever o email, pois algo possuiu o corpo dele e o expulsou pra fora. Sendo assim: Criatura bizarra de outro mundo no corpo do pai do Ben; Ben sendo Ben; Pai do Ben sendo uma alma expulsa de seu corpo, com uma mente perdida de criança, tendo Ben como seu amigo imaginário (ao contrário) e tentando se comunicar com um terapeuta... Não, não faz sentido. MEU DEUS, EU NÃO SEI!!!! Alguém acha um sentido nisso, por favor!
ResponderExcluirman que coisa mais sem sentido eole sequestrar o proprio filho -.-'
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirRelaxa Ben, é só o Chama vindo entregar seu Omnitrix, não há nada a temer
ResponderExcluirRelaxa Ben, é só o Chama vindo entregar seu Omnitrix, não há nada a temer
ResponderExcluirFico muito confuso e nem um pouco assustador
ResponderExcluir"Uma História Para Assustar Meu Filho" só que pior, confusa e mais apelativa...
ResponderExcluir'-' q
ResponderExcluirTendi nada, alguém explica? °-°
ResponderExcluirO pai dele tinha um amigo imaginário chamado, Ben, o homem amarelo é apenas coisa da cabeça dele, e de tanto trauma ele começou a agir do mesmo modo que o "homem amarelo".
ResponderExcluir