Sinto que o chão se abriu sob meus pés, eu estava desesperado, não queria acreditar que aconteceu comigo, não queria perder o que eu tinha suado para conquistar até ali. Assim que eu sofri a lesão na rótula do joelho esquerdo não teve conversa, fui internado no mesmo dia com grandes riscos para minha e saúde e minha breve carreira. Riscos que preferia ter corrido a ter dado entrada naquele hospital.
Minha primeira noite foi tranquila. Eu sentia fortes dores na perna e ainda estava um pouco tonto com tudo que tinha acontecido, mas com tantos analgésicos que as enfermeiras me davam, era dificil se manter acordado. Cansado, eu apenas fechei os olhos para fugir dos meus pensamentos negativos e abraçar o que seria minha única noite em paz.
Na manhã seguinte; chegou um menino que deveria ter a minha idade, mas, a julgar pela sua aparência bem abatida, rugas em tornos dos olhos, cabelos louros bem ressecado, diria que ele tinha uns 100 anos. Fiquei intrigado e perguntei a enfermeira o porque ele havia sido internado, ela me respondeu que ele tinha a suspeita de uma rara doença que faz com que as pessoas envelheçam gradativamente. O que para nós seriam semanas para ele.. eram meses.
Eu comecei a me sentir mal. Reclamava da vida sendo que tinham pessoas com problemas bem mais sérios do que os meus. Acho que meu erro foi demonstrar uma emoção se quer a esse rapaz mesmo que ela fosse pena.
Minha segunda noite; já não foi tão agradável. Sentia que tinha alguma coisa errada, o clima estava bem tenso. acordei me sentindo um pouco estranho.
Me lembrei do sonho que havia tido...
Eu estava no hospital.. só que não era eu. Eu podia ver meu corpo deitado na cama, e ao mesmo tempo podia caminhar livremente pelo hospital. O curioso era que a cama ao lado da minha estava vazia com algumas manchas vermelhas. Não me lembro muito bem pois não dei muita importância, mas pareciam formar uma mensagem. Porém isso não foi o mais assustador. Tinha uma figura em meio as sombras observando meu corpo adormecido na cama, não consegui distinguir por causa da escuridão, mas tinha certeza que era um homem..
De manhã ainda meio intrigado, olhei ao redor para conferir se tudo estava bem. O meu vizinho da cama ao lado dormia tranquilamente. Só conseguia imaginar que sonho bizarro tive.
Já tinha perdido a noção das horas naquele lugar, depois da mesma rotina entediante, remédios, banho, comida ruim,
piadinha dos médicos. O meu dia já estava completo e eu estava pronto para mais uma noite naquele lugar, dormi pelo que pareceu ser umas 2 horas, mas dessa vez não acordei por causa de um sonho.. e sim porque eu sentia que realmente tinha alguém me observando. Eu conseguia ouvir sua respiração... bem próxima de mim.
Com muito medo tentei focalizar em meio a escuridão, meu coração já estava disparado, meus pés e mãos suavam, um dedo magro silenciava meus lábios não podia gritar nem correr, não sabia o que fazer.. não sabia o que ele queria.. o que aquilo queria. Sua presença me mantinha fraco, percebi que mesmo que ele não estivesse me mais me silenciando, eu não gritaria. Não tinham forças para isso.
Antes que eu desmaiasse pude reparar em seus olhos negros e vazios como a escuridão, que me fitavam buscando algo, algo que eu não podia imaginar o que era...
Meu terceiro dia naquele hospital não foi nenhum mar de rosas. Eu sentia meu corpo debilitado e uma enorme fadiga mental. Eu estava cansado mesmo depois de dormir algumas horas. Não tinha nada para me distrair e eu só ficava imaginando se o que ocorrerá ontem a noite; foi real ou apenas fruto da minha imaginação?
Incerto resolvi não comentar nada com ninguém. Sabia se contasse algo eles me tratariam como um louco e as medicações só piorariam e minhas chances de voltar a ser um jogador estariam acabadas. Se eu me mantivesse acordado talvez nada de pior acontecesse. Estava errado...
Decidi que naquela noite não iria dormir. A enfermeira me deu os calmantes e analgésicos como de costume, fingi que tomei os guardando abaixo da língua e quando ela se foi joguei todos fora. Eu estava decidido. Seja o que fosse aquilo.. real ou não, não iria me pegar dormindo.
A noite caía e eu observava tudo ao meu redor. Meu vizinho sempre silencioso em sua cama nunca trocara uma palavra comigo. meu corpo começou a tremer; de repente estava muito frio, a temperatura havia caído drasticamente, a janela bateu com o vento, fazendo que eu desse um pequeno salto da cama, me senti um idiota ali com medo. Medo do que? Talvez estivesse imaginando coisas, mais além da janela, algo estranho estava acontecendo.
Um silencio esquisito tinha tomado conta do quarto, aquela hora era de se esperar alguma enfermeira fazendo um pequeno ruido que fosse, bem.. acho que eu preferia o silêncio.
Meu vizinho de cama começou a gritar descontroladamente, ele gritava palavras aleatórias, algo que eu não conseguia entender muito bem, até que eu as juntei.. "Sua alma aquece meu corpo, e sua dor alimenta a minha alma". Isso me soava família. Lembrei que já tinha visto aquilo escrito antes. Sim, essa era a mensagem que estava gravada na cama dele no sonho que eu tive, e estava escrita com sangue.. meu sangue..
Quando ele se colocou de pé, notei que sua aparência nesses dias tinha mudado, ele estava mais jovem. Mais viril. De repente ele não parecerá mais como um ancião e sim como um jovem na flor da sua idade, seus cabelos agora louros em vida. Mas, ignorando o meu choque, ele se aproximava murmurando as mesmas palavras, e notei mais uma coisa familiar, seus olhos, olhos que eu já conhecia; negros como a noite, mas agora vivos voltavam a me fitar. Só que dessa vez eu sabia o que ele queria. Tentei lutar.. algo inútil. Sentia suas unhas perfurando a minha carne. A dor era forte e eu estava entrando em uma espécie de transe. Não podia acabar assim. Minha vida toda lutando para me tornar alguém e iria terminar dessa forma...
Agarrado ao instinto básico de sobrevivência consegui se desvincilhar dos seus braços e tentei pular da cama, o que exigiu muita força. Agarrei um abajur que estava próximo. Minha intensão não era lutar com aquilo. Não tinha forças para isso.
Joguei o abajur no chão na esperança de fazer algum barulho. Já estava enxergando tudo escuro, para minha sorte uma enfermeira estava passando perto, ouviu e entrou no quarto... Para minha sorte?
Quando a enfermeira chegou, se deparou com um garoto desacordado, sangrando e um abajur quebrado, de alguma forma era só isso que havia naquele quarto...
Hoje é o quinto e ultimo dia que eu escrevo. Vou permanecer aqui no hospital mais algumas semanas. Me disseram que eu estava tendo alucinações por causa dos remédios e na outra noite eu estava muito agitado e bati a cabeça em uma queda, tive uma concussão e fiquei dois dias desacordados. Mas agora está tudo bem. Faz um dia que estou internado na ala psiquiátrica. Conheci o meu doutor hoje. Ele é um bom rapaz um pouco novo para ser médico admito. Me disse que eu lembro muito avô dele. eEe também gosta de poesias. Nunca vou esquecer o pequeno verso que ele leu para mim: "A alma aquece o corpo, e a dor alimenta a alma". Não é lindo?
Autor: Diego Santos
Um minutinho pra vê se eu entendi...O cara realmente matou o cara por que era louco? Ou o monstro era real? Ele ficou na ala psiquiátrica até ficar velho ou adquiriu a doença do sujeito e que vai acontecer tudo de novo? Alguém me explica!
ResponderExcluirA foi mal botei cara duas vezes
ExcluirO monstro era real, mas só o jogador via, primeiro na forma de um menino, e depois na forma do médico psiquiatra.
ExcluirVlw
ExcluirAlguém aqui sabe a oração da cabra preta?
ResponderExcluirEu sei! É ave cabra preta cheia de desgraça senhor e com ningem maldita és tu entre as cabras.... Simples :)
ExcluirFaltou bater o tambor.
ExcluirTbm tem essa "Exu caverinha venha trabalhar, saia dessa tumba faz pedra rolar" canta isso de cabeça pra baixo no cemitério e ve oq acontece heuehehu
ExcluirTo perdido, alguém traz um GPS?
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