31/07/2014

Creepypasta dos Fãs: Alma

O vento gelado daquela tarde queimava minhas bochechas brancas e fazia com que meu narizinho ardesse, me fazendo tremer. Mas era o primeiro dia em uma semana que não nevava e era a minha chance para brincar lá fora. Mamãe ficou cozinhando, ocupada enquanto eu saía. Não teria mal algum de sair pra brincar um pouco, não é?

A neve da rua molhava meu sapatinho e o vento fazia com que meu cachecol voasse na direção contrária. Estou super agasalhada e adoro passear, cantando e pulando, jogando amarelinha pela calçada. Mamãe não costumava me levar pra passear com frequência, então, levar umas broncas depois valeria a pena.

Dobrei uma rua estreita, que não tinha passagem de carros e talvez fosse até mais seguro. A neve estava por todo canto, desde toldos a janelas e nas calçadas principalmente. 

Eu nem sequer tinha reparado numa pequena loja que tinha nesta rua, com uma grande vitrine que tomava quase que toda a fachada da loja. Também, pudera: todos os vidros estavam embaçados naquela tarde. A primeira coisa que vi mesmo era um grande quadro negro bem em frente, já com uma infinidade de nomes escritos (eu acho, pois ainda só sabia ler e escrever meu próprio nome). Não me contive e escrevi então:
A - L - M - A (meu nome), com as maiores letras que consegui.

Eu já dispararia saltitante dali para correr por aí, não fosse uma coisa que me chamara a atenção. Como eu não reparei antes? Uma coisa dessas é impossível. Mas bem, lá estava eu, de olho na vitrine, encantada com o que via: seria uma boneca muito lindinha, modéstia a parte, se não fosse macabra de mais.

Ela simplesmente se parecia muito comigo, até demais. Desembacei o vidro com a manga do meu casaco o quanto minha altura permitia e pude vê-la mais claramente. Era tão perfeita! E eu a queria, de todo jeito.

Fiquei hipnotizada e tudo que eu conseguia ver era a tal boneca, imóvel e perfeita. Seus olhos embora fossem de boneca e sem vida, ainda era muito perfeitos e me chamavam atenção. Eu olhava para uma miniatura de mim mesma. Mesmo casaquinho, mesma touca, mesmo cachecol e o cabelo também, muito parecido.

Entretanto, em uma súbita piscada de meus olhos e minha boneca simplesmente sumiu! Como era possível? Eu queria minha boneca. Não era justo! Eu só queria a minha boneca.

Bati na vitrine, tentei olhar lá dentro e a vi sobre uma mesinha. Seria fácil de pegá-la, pois a mesinha não parecia muito alta. Então tentei entrar, batendo primeiro na vitrine pra ver se alguém vinha. Sem resultado, fui a porta e mesmo com muita insistência e batendo muito, ninguém abria e a porta também nem se movia. Frustrada, taquei uma bola de neve na porta de vidro e fui dando as costas, quando ouvi a porta se abrir. Eu esperava uma bronca de algum adulto, mas não havia ninguém. O vento frio batia empurrando a porta, assobiando e me convidando a entrar. Entrei sem dizer nada e mesmo que me sentisse vigiada, essa era minha chance de ter minha bonequinha.

O lugar era aconchegante e tinha vários bonecos e bonecas na estante. Antes que eu pudesse pegar minha boneca, tropecei em algo. Era um bonequinho em um triciclo, que agora fazia muito barulho, caído, com as rodinhas agitadas. Levei um susto de início, mas coloquei-o em pé e como se ainda tivesse corda, me contornou a toda velocidade em direção a porta que se fechara lentamente antes dele alcançá-la, fazendo com que batesse contra a madeira do batente.

O boneco continuou contra a porta enquanto eu procurava minha boneca que já não se encontrava mais sobre a mesa. Isso era assustador, mas só estava preocupada em conseguí-la. As dezenas de olhares dos brinquedos pareciam me acompanhar enquanto eu procurava minha boneca. Pensei que alguém a tinha pego. Olhei até mesmo embaixo da mesinha, mas não encontrei. Ao olhar na estante, entre várias outras bonecas, lá estava a minha: bem no alto. Usei um móvel como apoio, tirei uma luva e subi ao encontro dela.

No momento, tudo girou e como mágica, o ângulo como eu via as coisas mudou e agora eu vejo tudo de cima. Como é estranho. Não consigo me mover, mas posso sentir os olhares das outras bonecas sobre mim, me saudando.

Ouço um estalo e mais a frente, uma boneca sobe lentamente na vitrine, como num elevador. Não posso ver seu rosto, mas posso ver suas roupas. Lá fora agora, brinca na neve uma outra criança que logo se aproxima do vidro. Ela parece surpresa. Incrível! Ela veste a mesma roupa que a boneca.

Autor: Jeferson Marcio Almeida

14 comentários:

  1. As bonecas devem ter pensado, "mais um trouxa"

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  2. Isso é de um vídeo no youtube
    https://m.youtube.com/watch?v=irbFBgI0jhM

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  3. Sempre quando falam de bonecas eu lembro da Annabelle.

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  4. Não é uma creepypasta de fãs. O "autor" só passou pra escrita um curta.
    De qualquer forma, está bem escrito.

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  5. De início pensei que fosse um garotinho uke todo fofinho *--* pois se parecia muito com uma fic :v
    Mas depois vi que era uma menina e fique triste ;^;
    Mas adorei a creepy! Bem escrita e interessante!

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    1. Uma fic de EreRi que eu li ja faz um bom tempo :3 (ukes são as criaturinhas mais mordíveis da terra *Q*)

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  6. Será que só eu lembrei de um ep Kuroshitsuji nisso?

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  7. Me lembrou um pouco a versão cinematográfica de Coraline.

    BBizarro

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