Foi aí que eu recebi um Gamecube.
Foi no natal de 2003, eu acredito. Eu não acreditava que tinha meu próprio videogame. Ele veio com o Super Mario Sunshine, Pac Man World 2 e Pokemon Channel. Todos esses jogos estão em um lugar especial do meu coração hoje. Logo quando conectaram o Gamecube com a minha TV eu comecei a jogar imediatamente.
O primeiro jogo que eu joguei foi Super Mario Sunshine. Esse foi o jogo que me introduziu aos jogos do Mario. Depois de jogá-lo por muitas horas, achei um level que eu não conseguia passar. Logo, comecei a jogar Pac Man World. Incrivelmente, eu fiquei presa no level 2. Furiosa, eu saí do jogo e comecei a jogar o meu primeiro jogo de Pokemon:
Pokemon Channel.
Logo quando eu comecei o jogo eu sabia que ele iria ser diferente dos outros dois. Não demorou muito para eu me apaixonar pelo jogo. Até que chegou a hora de eu nomear meu Pikachu. Eu o nomeei BRVR, abreviação para “Brother”. Eu não sei o que me dei para o chamar assim, isso não parecia nem um pouco como “Brother”. Eu nunca vou saber o porque, mas eu gostei muito de jogar aquele jogo.
Não tem jeito de descrever o amor que eu sentia por aquele jogo. Aquilo era tudo que eu sonhava. Naquele jogo eu tinha um amigo que eu podia brincar. Eu podia assistir TV com meu melhor amigo BRVR, podia pescar com ele, podia jogar damas com ele, falar com os outros Pokemons com ele, plantar um jardim com ele, construir um boneco de neve com ele, explorar as ruínas com ele, tocar musicas com ele, sentar em volta de fogueiras e contar histórias com ele, admirar as estrelas com ele, todas as coisas que eu nunca podia fazer na vida real eu podia fazer nesse mundo virtual. Com BRVR. O melhor amigo que eu nunca tive.
Eu estava obviamente viciada nesse jogo, mas eu não tinha nada para fazer com meu tempo, então eu preferia passá-lo jogando. Insensível as coisas que aconteciam no mundo real, eu preferia viver nessa fantasia Pokemon com meu melhor amigo BRVR.
BRVR parecia mais do que apenas uma animação 3D forçada a fazer ações baseadas na programação do jogo, ele parecia real para mim. Se eu estava triste em um dia, ele aparecia e agia como se estivesse deprimido também. Se eu estava com raiva, ele podia expressar minha raiva enquanto eu jogava também. Se eu precisava de alguma coisa para me animar, ele podia agir como um palhaço e fazer coisas idiotas também. Mais tarde, quando eu cresci, eu assumi que nenhuma dessas coisas estranhas tinha acontecido. Quando eu era pequena eu apenas tinha imaginado isso. Mas ainda era divertido imaginar que era real.
Os anos passaram e eu ganhei mais jogos. Eu também ganhei um Gameboy, que veio com muitos outros jogos de Pokemon, onde eu podia ter mais do que um Pikachu. Meus interesses giravam em volta de diversas séries como Mario e Sonic. Depois de jogar Pokemon Channel muitas vezes, sempre fazendo as mesmas coisas, ele começou a ficar um pouco entediante. Eu comecei a jogar mais jogos, mas eu sempre jogava Pokemon Channel de vez em quando.
Eventualmente, eu mudei de escola e minha vida mudou. Eu fui de uma escola particular cristã para uma escola pública e meus olhos se abriram para a realidade. Eu comecei a aprender mais coisas sobre a vida real, que me ajudaram a gostar mais dela. As pessoas não eram cruéis comigo, elas me diziam “oi” quando eu passava por elas nos corredores. Eu descobri que eu podia fazer mais do que jogar videogames, eu podia desenhar, ouvir milhares de músicas.
Mas a melhor parte foi que quando eu ganhei uma amiga. Uma amiga de verdade. Uma que tinha sangue e carne. Ela era engraçada, e me ajudou a me acostumar a escola. Ela era uma pessoa que eu podia falar, além de meus pais. Nós duas tínhamos a mesma personalidade imatura. Tínhamos tudo a ver. Eu finalmente tinha uma melhor amiga.
Quando eu crescia (tanto no corpo quanto na mente) Pokemon Channel foi lentamente sendo esquecido. Eu comecei a jogar jogos melhores. Quase todos as coisas que eu podia fazer no jogo eu podia fazer na vida real agora. BRVR foi substituido por minha melhor amiga da vida real. Ele e o jogo foram ficando obsoletos, esquecidos numa prateleira empoeirada no canto escuro do meu quarto.
Nos próximos anos da minha vida foram dourados. Todo dia eu conseguia aprender uma coisa nova e eu me divertia com a minha melhor amiga. Eu fiz outros amigos também, mas nenhum podia se comparar a minha melhor amiga. Eu sempre conseguia jogos novos, dinheiro, desenhar alguma coisa, ouvir musica e fazer coisas com a minha melhor amiga. Eu nunca desejei nada mais.
Coisas boas não duram para sempre.
Eventualmente, eu tive que me mudar. Eu protestei, mas nada adiantou. Tentei parar as lágrimas que caiam dos meus olhos. Eu disse adeus a minha melhor amiga no meu ultimo dia de aula. Nos próximos dias eu chorei enquanto tentava dormir em minha nova casa, mas eventualmente eu parei. Ter uma das minhas principais razões de viver minha vida foi rasgada, meu coração nunca vai ser completamente curado, mas a dor começou a ficar mais fraca.
Eu continuei a ter contato com a minha melhor amiga. Nós duas tínhamos contas no Youtube e falávamos pela internet. Ainda nos chamávamos para dormir nas casas uma da outra e as vezes ver um filme juntas. Mas doía eu não poder vê-la na escola. Eu fiz novos amigos em minha nova escola, talvez até mais do que na minha escola antiga, mas nenhum deles conseguia ser engraçado como a minha melhor amiga. Nenhum podia a substituir.
Mas quando eu me acostumei com esse estilo de vida, uma das coisas mais terríveis aconteceu. Para a segurança dela, eu não vou dizer o que minha amiga fez, mas ela fez uma coisa horrível e minha mãe se recusou a me deixar falar com ela ou vê-la novamente. Meu coração foi quebrado em milhões de pedaços. Não havia mais nenhum motivo para eu viver. Eu sentia como minha única amiga tinha ido embora para sempre.
Eu agora tive que voltar aos meus velhos hábitos, jogar videogames e me isolar do resto do mundo. Eu não passeava mais como antes. Eu me recusava a sair do meu quarto, além de ir para a escola, comer, usar o banheiro e visitar meu pai todo fim de semana, Agora minha melhor amiga foi tirada de mim, eu não tinha nada para fazer na vida real, então eu tinha que ter alguma coisa para substituir o que eu fazia.
Procurando na minha velha estante de jogos, eu encontrei o Pokemon Channel. Eu tirei o pó da capa. Eu sentia como se fosse uma eternidade dês de que eu tinha visto o jogo pela ultima vez. Eu inseri o jogo no Gamecube, agarrei meu controle e esperei por meu velho amigo virtual BRVR.
Uma lágrima caiu dos meus olhos quando as memórias foram voltando enquanto eu olhava para a tela de título. Depois do momento de nostalgia, eu selecionei “continue”. Eu soquei o botão “Yes” quando ele me perguntou se era aquele save data que eu queria carregar. A transição de pokébolas passou na tela. Eu não conseguia esperar mais para ver meu amigo BRVR de novo.
Quando a transição acabou, eu apareci no meu quarto. A cutscene do Pikachu que está dormindo no topo da estante não tocou, mas naquele momento eu não estava ligando para isso. A única coisa na minha mente era BRVR. Eu o procurei pelo quarto, mas ele não estava em lugar nenhum.
“De bi de? De bi dee!”
O Delibird que entregava as coisas que você comprava no Shop ‘N Squirtle estava na porta. Eu sorri. Eu lembrei que eu comprava coisas praticamente todo dia naquele canal quando eu era pequena. Eu pensei que eu tinha comprado alguma coisa da última vez que eu joguei, eu não lembrava direito. Curiosa do que estava na entrega, eu fui ansiosamente para a porta.
“Pikaa...”
O som de um bocejo me parou antes que eu pudesse chegar a porta. Eu “me virei” e vi BRVR surgindo de baixo da cama e subindo-a. Ele parecia deprimido. Eu nunca vi ele subindo na cama assim, exceto quando nós estávamos procurando pelo Pokemon Mini Game no começo do jogo. Quando ele se virou e me viu, ele parecia surpreso. Como acontece sempre.
“Hey Brother, sou eu!” eu sussurrei mesmo sabendo que ele não podia me ouvir. Em vez de seu olhar feliz, “Pika Pikaa!!” ele parecia furioso. Eu estava um pouco confusa. Por que ele estava zangado? Mas antes que eu pudesse refletir sobre isso, “De bi dee!!” O Delibird chamou de novo na porta.
Excluindo aquele pensamento, eu virei para a porta. Eu fui recebida pelo Delibird segurando uma caixa. BRVR sorriu e celebrou quando o Delibird voou. “Uma caixa chegou com a mercadoria do Shop ‘N Squirtle!” Eu rapidamente pressionei A assim que a mensagem apareceu.
Eu me perguntei o que tinha lá dentro. BRVR entrou dentro da caixa e tirou os itens que havia lá dentro. “Você recebeu uma Pikachu TV Z! A Pikachu TV Z vai ser mostrada”. Uma TV horripilante substituiu minha velha TV Voltorb. Ela parecia como um Pikachu com a face virada para você. Dentro de sua boca estava a tela da TV. Parecia que a “pele” do Pikachu estava rasgada e costurada e sangrando em algumas partes, também era como se a tela da TV fosse muito grande para a boca. Eu estava um pouco chocada de como a TV parecia.
“Você recebeu um Red Wallpaper Z! O wallpaper vai ser mostrado” Eu engasguei quando eu vi que o papel de parede era vermelho escuro como sangue. Os Pikachus eram estranhos, sorrisos maquiavélicos estavam em sua face. Eles eram vermelho claro. Eu estava começando a ficar assustada.
“Você recebeu um Pikachu Doll Z! O boneco vai ser mostrado” Eu congelei de medo quando eu vi o Pikachu mórbido sendo colocado em uma das prateleiras. Ele tinha os mesmos olhos dos Pikachus no papel de parede, exeto pelos caninos enormes. Seus olhos eram pequenos, vermelho rubi e dilatados. A ponta de sua cauda era inclinada como um gancho, e tinha garras afiadas. Vários pontos de sangue estavam em seu corpo.
“Você recebeu um Pikachu Doll Z! O boneco vai ser mostrado”
“Você recebeu um Pikachu Doll Z! O boneco vai ser mostrado”
“Você recebeu um Pikachu Doll Z! O boneco vai ser mostrado”
“Você recebeu um Pikachu Doll Z! O boneco vai ser mostrado”
A mesma coisa aconteceu de novo e de novo até que o quarto inteiro foi coberto pelos pequenos bonecos perturbantes. Eles substituíram todos os outros bonecos que eu havia colocado no quarto.
BRVR se levantou e olhou para o quarto. Ele concordou satisfeito e andou para a TV. Eu estava sentada em minha cadeira, tendo arrepios de medo. Eu joguei esse jogo por anos, eu sabia que esses itens não estavam incluídos no jogo. “Pikaa” BRVR me chamou. Ele estava em frente a TV, com brilho nos olhos. Eu sabia que ele estava me chamando.
Eu andei até a TV e a liguei. Ele abriu no canal que normalmente aparece quando eu ligo a TV, o Report channel. Mas para meu terror a tela estava com sangue pingando. Eu mudei de canal e parecia que todos estavam do mesmo jeito. Eu rapidamente abri meu diário, que nesse jogo estava no “start menu”, e cliquei na aba “TVS”. Eu esccolhi a Voltorb TV, mas logo que meu diário se fechou eu me encontrei com BRVR, olhando para mim desapontado.
BRVR se virou para a TV e mudou para o “Fortune Channel”. Esse canal pareccia normal, exceto pelo sangue pingando na tela. “Escolha seu biscoito!” as palavras escorreram no canto da minha tela. Eu escolhi o biscoito do topo, como sempre faço. O biscoito voou para as mãos da Chansey e se abriram.
“Você realmente quer saber sua sorte?” As palavras apareceram na tela. Eu congelei de medo. Alguma coisa sobre aquela sorte me pareceu estranho. Apareceu que o Chansey na tela estava gargalhando.
BRVR mudou o canal de novo. Ele mudou para o Relaxation Channel. Em vez do Mareep fofo, quem me recebeu foram dos Pikachus mórbidos que apenas pareciam como bonecos pulando uma cerca. Eu rapidamente apertei B e voltei ao centro do quarto. Normalmente BRVR iria virar para mim e me observar, mas daquela vez ele não parecia ligar.
Eu andei para uma pintura antiga. Uma bela pintura de um Jirachi com um Pikachu a sua volta. Eu suspirei de alivio. Pelo menos alguma coisa ainda continuava normal. Eu fiquei observando o quadro por alguns instantes, porque eu não queria olhar para o papel de parede ou aqueles bonecos sinistros.
“BRVR está olhando para a pintura também”
Calafrios percorreram a minha espinha quando aquela mensagem apareceu. Mesmo que fosse normal que os Pikachus olhassem os quadros com você. Eu aperte B para ter certeza de que BRVR estava na frente do quadro. Ele pareceu estar triste, como se estivesse pensando em memórias perdidas. Ele virou para mm, com a mesma expressão deprimida. Ele parecia que estava prestes a chorar. Eu sentia muito por ele e desejei que haveria alguma coisa para animá-lo.
BRVR veio para perto de mim e me perguntou algo, o que é comum para um Pikachu perguntar coisas. Mas meu sangue congelou quando eu vi o que estava sendo perguntando: “BRVR quer saber se você continua a amá-lo” Havia um O (Sim) e um X (Não). BRVR nunca perguntou aquilo antes. Eu rapidamente cliquei O. Ele sorriu, e ele parecia estar gargalhando. Eu estava confusa. Por que ele estava rindo? Quando ele terminou de rir ele olhou para mim com um sorriso medonho. Uma mensagem apareceu no topo da tela: “BRVR sabe quando você está mentindo”. Ele então virou-se e continuou a assistir TV.
Naquele ponto eu não sabia o que fazer. Eu sabia que nada disso devia estar acontecendo. Talvez se eu reiniciasse meu Gamecube tudo poderia voltar ao normal. Eu me levantei e pressionei o botão de reiniciar, mas quando eu o pressionei nada aconteceu. Eu o apertei uma segunda vez, e nada aconteceu.
“O jogo não pode ser reiniciado agora” A mensagem apareceu na minha tela. Meu coração parou de bater por um segundo. Depois de ficar olhando para o aviso por um minuto eu voltei a me sentar e decidi continuar jogando. “Melhor ver o que está acontecendo...” eu sussurrei para mim mesma.
Eu olhei a minha volta por um minuto. Outras coisas além do papel de parede, bonecos e a TV pareciam normais para mm. Eu tente sorrir olhando aos velhos posters que eu tinha, mas eu não podia fazer isso. A música fofa e animadora pareça fazer o quarto ficar mais assustador e sombrio. Me parecia que os bonecos mórbidos pareciam ter seus olhos fixados em mim, como se eles estivessem prestes a chegar perto de mim e me agarrar, e lentamente me cortar e devorar minha carne.
“BRVR quer ir para fora” a mensagem apareceu no topo da tela. Antes que eu pudesse fazer alguma coisa, BRVR foi para fora e me obrigou a segui-lo.
Minha respiração parou por um instante quando eu fui para fora.
O céu estava um vermelho sangue, muito mais sombrio com as nuvens vermelhas pairando nele. Em todo o campo estavam cadáveres de Pokemons. Eu não podia dizer quantos eram, muitas de suas partes estavam arrancadas, suas faces estavam picadas e espalhadas para todos os cantos. Eu me senti mal, como se eu pudesse vomitar.
BRVR circulou com volta dos corpos, virou-se e me deu um sorriso malvado. Ele andou e me perguntou: “BRVR quer saber se você gostou do que ele fez com o lugar” Eu imediatamente cliquei X. Aquele sorriso macabro cresceu ainda mais. Ele andou para um corpo de um Skitty e jogou ele para mim. As partes do corpo dele voaram e pularam pela tela. Depois de muitos minutos agonizantes tendo que assistir BRVR brincar com as partes dos corpos mortos, ele andou para o jardim.
Quando nos chegamos ao jardim, duas plantas estavam completamente crescidas. Em vez de frutas, elas tinham cabeças de Pokemons. BRVR pegou uma e começou a comê-la lentamente Meu almoço começou a subir para a garganta, mas eu o forcei para ir para baixo de novo. Eu tentei virar meus olhos para longe daquilo, mas algo os manteve presos a tela. Depois de um tempo BRVR andou para o outro lado e pegou outra cabeça. Quando ele terminou ele me deu um sorriso maquiavélico e saiu do jardim, me obrigando a segui-lo.
Eu estava esperando que ele acabasse e nós pudéssemos voltar para dentro. Mas eu preferia mais aqueles bonecos mórbidos do que as partes dos corpos. Mas ele ainda não tinha terminado de me mostrar aquele mundo que ele havia criado. Imediatamente quando nós entramos BRVR voltou para a porta. E quem foi obrigada a ir junto com ele?
Quando nós saímos não haviam mais nenhum corpo, para meu alívio. Mas o céu ainda estava naquele estranho vermelho sangue. Quando eu tentava ir para dentro ele não me deixava, BRVR apenas me olhava e sacudia sua cabeça negativamente, então eu estava presa ali. O ônibus para a Virdian Forest chegou e BRVR entrou nele antes que eu o mandasse ir. A transição tocou normalmente, o ônibus no mapa da Virdian Forest. Mas quando nós chegamos a floresta estava pegando fogo.
Pokemons mortos estavam em todo lugar, as árvores estavam completamente queimadas, os seus corpos sendo tomados pelas chamas. BRVR pareça insensível ao fogo. Ele foi para o trecho dos cogumelos. Eles pareciam que estavam sangrando. BRVR comeu um sem minha permissão e depois ele sacudiu a cabeça afirmativamente quando acabou.
Ele então correu para o sino que começa o Concerto Pokemon. Em vez de BRVR ser cercado por Clefairies, ele foi cercado por aqueles Pikachus mórbidos. Usando os sinos eles tocavam uma das mais horríveis músicas que eu já havia ouvido. Ele era muito alto, fez minhas orelhas doerem. Mas para meu desespero eu não consegui abaixar o volume. Depois de o que pareciam muitos anos aquilo parou de tocar.
BRVR pareceu satisfeito com a floresta em chamas, e retornou ao ônibus. De novo eu fui forçada a ficar parada para fora de minha casa, enquanto eu esperava pelas outras coisas horríveis que BRVR havia feito. Eu pensei que ele gostaria de tomar o ônibus para o Mt. Snowfall, mas ele tinha outras idéias. Em vez disso ele decidiu tomar o ônibus para Cobalt.
A mesma transição simples, a mesma cena horrível. A praia estava literalmente coberta por pedaços de corpos dos Pokemons que você normalmente encontraria enquanto estivesse passeando por aí. O oceano parecia sangue, e flutuando nele estavam mais pedaços de corpos dos Pokemons. Agora eu tinha certeza que BRVR não gostava dos outros Pokemons.
Então nós jogamos damas. Em vez de pedras, nós usamos órgãos como as peças. BRVR me derrotou rapidamente, porque eu não conseguia pensar em como eu podia usar as entranhas dos Pokemons enquanto eu era cercada pelos corpos mortos. Ele riu quando ele me derrotou, como ele fazia normalmente quando isso acontecia. Então por um longo momento ele exibiu uma face triste. Eu, dando tudo para confortá-lo, pressionei C para acariciá-lo. Mas mal quando eu o toquei com o mouse ele voltou a sua aparência maligna. Ele correu para a área onde pescávamos e eu tive que segui-lo.
BRVR sentou em sua pedra e jogou a sua linha de pesca para o oceano de sangue, esperando algum peixe morder a isca. Não havia nada que eu podia fazer, mas ele se virou e me olhou com brilho nos olhos, como se fosse para eu ajudá-lo. Foi aí que eu lembrei da isca. Eu cliquei no pote de iscas e em vez de um donut de chocolate era um cérebro decomposto. Ele estava se despedaçando e coberto por um musgo verde amarronzado. Eu rapidamente o jogue para o mar.
Rapidamente, BRVR puxou alguma coisa. Com um forte puxão uma criatura veio voando para fora do oceano.
Eu sei que essa criatura vai assombrar meus sonhos para sempre.
Parecia como um Magikarp roxo, mas em sua boca escorria sangue verde ácido. Muitos órgãos pareciam estar saindo de seu corpo. Partes de suas escamas haviam sido retiradas, o que nos deixavam ver alguns de seus músculos, e alguns dos músculos pareciam que haviam sido mordidos e deixados com os ossos para fora. Ele pulou e engasgou procurando respirar, enquanto sons demoníacos saiam de sua boca.
Eu gritei quando eu vi a criatura. BRVR se virou como se ele tivesse ouvido. Ele lentamente desceu da pedra, levando o maior tempo possível para deixar a criatura sofrer muito mais. Então ele começou a comer o Magikarp vivo. Eu gritei novamente e cobri minha boca com as mãos. Mas meus olhos continuaram a observar a cena. Quando ele terminou, ele virou para mim e me mostrou um sorriso, um sorriso alegre. Eu não podia acreditar que esse monstro já fora meu melhor amigo que eu via todo dia depois das aulas.
Depois daquela cena traumática, BRVR animadamente saltitou para a praia, voltando para o ônibus cantando “Pi ka Pi ka Chu~” A sua felicidade fez a situação ficar muito mais assustadora. Enquanto esperávamos para o ônibus para o Mt. Snowfall BRVR parou no meio de sua caminhada, olhando para mim. Sua face estava sem emoção. Mesmo sabendo que ele não podia me ouvir, eu sussurrei: “P-Por que... Por que você está fazendo isso...?” Uma lágrima escorregou dos meus olhos.
“BRVR fez esse mundo para te agradecer” Congelei quando eu vi a mensagem aparecer no topo da tela. BRVR me deu mais um sorriso doentio que ia de bochecha a bochecha. Mais lágrimas começaram a descer a minha cara. O ônibus para o Mt. Snowfall chegou.
As mesmas coisas de antes, transições inocentes, mas paisagens nem tão inocentes. Carcaças congeladas estavam em todo lugar naquela terra congelada, muitos deles enterrados na neve. Surpreendentemente não havia nenhum sangue ou entranhas no chão. Era uma atmosfera mais triste do que mórbida. BRVR caminhou lentamente até onde o Kackleon e o Jigglypuff normalmente cantavam, mas agora eles estavam mortos e enterrados embaixo da neve.
BRVR cantou a mais triste canção que eu já havia ouvido. A sua voz soava como violinos tocando. Ele tinha a expressão mais deprimida enquanto ele cantava a canção. Eu não podia controlar as lágrimas que escorriam de meus olhos enquanto ele cantava. Meu pobre e frágil coração partiu em dois enquanto eu ouvia a canção melancólica.
Depois do que se pareceu uma eternidade BRVR finalmente terminou. Ele me olhou com aqueles olhos deprimidos, melancólicos e sem esperanças que ninguém nunca tinha visto. Eu desejava segura-lo em meus braços para confortá-lo, mas ele rapidamente se virou e correu até a outra parte da Mt. Snowfall.
Nós paramos na frente das Ruins of Truth. Por muitos momentos BRVR apenas parou, como se estivesse morto, encarando as ruínas. Até que ele olhou para mim, um olhar significativo em seus olhos, e correu para dentro. Lá dentro estava escuro, como era para ser. Ele usou um choque para acender as flores elétricas que traziam luz para as ruínas. Em todas as paredes e no chão haviam palavras escritas com sangue “Me ajude” “Por quê?” “Eu preciso morrer” “ME MATE” “É tão frio” “Eu estou tão sozinho” “Onde ela está?” “Volte” “Por que eu não posso morrer?”
BRVR andou até o outro lado das ruínas, até o pergaminho da verdade e da mentira. Eu fui forçada a clicar nela.
“BRVR foi abandonado pela sua melhor amiga anos atrás e substituído por um novo melhor amigo que o deixou sozinho nesse mundo virtual. Verdade ou mentira?”
Eu finalmente entendi o que tudo isso significava. Todas essas palavras escritas nas paredes, elas foram escritas por BRVR. Isso era minha culpa. Eu o abandonei. Meu melhor amigo. Para morrer sozinho. Não, ele não podia morrer nem se quisesse. Ele foi forçado a arrastar sua existência miserável por anos. Eu não o culpava por querer vingança, eu merecia isso.
Eu dei um tapa na minha própria cara. O que eu estava pensando?! BRVR e Pokemon Channel eram só um jogo, eu não era obrigada a passar a minha vida intera o jogando. Eles eram criados para entreter a mente de uma criança. Eles não eram reais. Eu demorei um minuto para pensar no meu argumento, eles não eram reais. Eu pensei sobre todas as coisas que BRVR tinha feito para me traumatizar e ter vingança por eu ter o abandonado por tanto tempo.
Mas era tudo tão real.
Eu selecionei O para verdade, porque era. Eu admiti que eu havia abandonado BRVR. Em vez do pergaminho voltar a mesa, ela brilhou em verde como se dissesse que eu estava certa. A tela começou a, lentamente, desaparecer e ficar preta.
Exceto por BRVR.
Ele parou no centro da tela com um olhar cansado, zangado e triste. Eu não sabia o que pensar dele. Eh o odiava e desejava que eu pudesse matá-lo, mas eu queria pedir desculpas pare ele com todo o meu coração e fazer as coisas melhorarem.
“BRVR sente a mesma coisa por você”
As mensagens não me surpreendiam mais. Era o que eu estava esperando. Depois de muitos momentos nos encarando, eu finalmente abri a boca e perguntei: “O que você vai fazer comigo agora?”
“BRVR quer que você sofra do mesmo jeito que ele sofreu.”
Ele me deu um último e doentio sorriso, o mais terrível que eu já havia visto, e a tela ficou completamente negra. Depois de um momento a tela de início apareceu. O botão de continuar sumira. Eu suspirei aliviada. Aquela coisa horrível havia acabado. Eu me levantei e olhei para a minha mesa.
Nela estava um Pikachu Doll Z.