28/11/2013

Verifique a câmera

Mudei para essa casa há uns cinco anos. Nos últimos dois anos estiveram acontecendo coisas estranhas. Tudo começou em Outubro de 2009. Percebi estranhos sons de passos, mas não dei muita atenção para eles, achando que provavelmente havia alguma explicação para a origem dos sons. Michael, meu filho de dezesseis anos, dormia no único quarto no andar de baixo enquanto a minha filhinha e eu tínhamos o nosso próprio quarto no andar de cima.

Eu acordava pela manhã e encontrava Michael dormindo no chão do meu quarto. Ele começou ouvindo barulhos estranhos e logo passou a ver sombras se movendo pelo quarto. Um dia ele veio correndo para o meu quarto por que um plugue saiu voando da tomada. Na ocasião pensei que fosse uma falha elétrica. Ele também sentiu algo roçando nele.

Eu já estava completando um ano com o meu namorado, Mike, e ele também vaio morar conosco em Abril. No inicio, Mike não conseguia dormir com o barulho de alguém subindo e descendo as escadas. Ele sempre ia verificar mais não encontrava ninguém. E ele falava “Você ouviu isso?” Mas eu já estava acostumada a ouvir essas coisas.

Quatro meses atrás, Mike estava sentado no computador ao lado da porta do quarto de Michael e de repente ele deu um pulo e um grito de dor. Ele levantou a camisa e havia um arranhão profundo na região do estômago. Não havia uma explicação para aquilo. Eu também estava vendo vultos pelo canto dos olhos, mas costumava pensar que era a minha imaginação.

Estávamos deitados em nossa cama três meses atrás assistindo TV. Eu estava deitada perto da porta e vi uma sombra entrando no quarto da minha filha. Mike deu um pulo e perguntou se eu também tinha visto. Entramos no quarto dela e não encontramos nada, ela continuava dormindo tranquilamente. Pela primeira vez, eu fiquei assustada. Tive que dormir no outro lado da cama.

O tempo foi passando e tudo foi esquecido. Porém, dois meses atrás, Mike estava sentado outra vez no computador com alguns papéis no colo. Os papeis voaram de repente e de alguma forma um deles bateu em seu olho com tanta força que quase o cegou. Ele foi para o hospital em completa agonia. Ele não soube explicar como o papel bateu em seu olho, mas sabemos mesmo que ele tentasse fazer consigo mesmo seria impossível.

No inicio, pensei que fosse algum tipo de espírito zombeteiro, mas agora estou começando a ficar muito preocupada com as coisas que estão acontecendo. Não é algo zombeteiro, é algo maligno. Me pergunto se é a sombra que sempre esteve comigo, aquela que sempre vejo pelo canto dos olhos... ou algo que já estava na casa.

Duas semanas atrás, meu filho saiu gritando do banheiro dizendo que viu um rosto sangrento envolto por um lençol sujo. Ele tentou se matar na última quinta e agora está inconsciente no hospital. Estamos muito abalados.

Ele até escreveu uma nota de suicídio, “Eu consegui pega-lo mamãe. Verifique a câmera.”

Já arrumamos tudo para sairmos dessa maldita casa assim que meu filho reagir e receber alta. Espero que tudo que escrevi aqui possa servir de aviso para qualquer um que queira vir morar nessa casa.

Aqui está a foto que encontrei na câmera:



27/11/2013

A escola abandonada

Em algum lugar na densa floresta de Washington, há um mistério que não pode se desvendado, porque muitos acreditam que seja apenas uma ilusão.

Dizem que se você encontrar um grande prédio escolar no meio da floresta pode ser o seu dia de sorte. Aqueles que presenciaram esse estranho fenômeno tiraram fotos do prédio, mas as fotos mostram apenas uma grande árvore vermelha sem folhas nos galhos do topo.

Porém, alguns sortudos conseguiram uma foto real do prédio (a imagem pode ser vista aqui no post) e mostraram para todos. Muitos médiuns podem ver o futuro apenas olhando, sentindo ou tocando a fotografia. Eles conseguem ver o que vai acontecer, mas não conseguem fala porque entram em estado de choque.

Então é aqui que tudo começa:

Se você entrar no prédio vai encontrar um senhor sentado em um banco, desapontado e confuso, deixe-o falar primeiro, ou você ficará preso em uma árvore vermelha para sempre. Ele vai falar “Por que não posso ler? Escrever? Contar? Ou mesmo…” e vai parar de repente. Diga para ele “Eu posso ensina-lo.” Apenas diga essa frase, ou você ficará preso na ilusão. Ele vai dizer “Muito obrigado”. Ele o deixará escolher um livro, um lápis e um papel, palitos e um poema.

Escolha qualquer coisa, e comece a ensina-lo. Não seja ignorante, ou ele vai absorver todo o seu conhecimento. Seja paciente. Deixe-o aprender a ler, a contar, a recitar e escrever. Você vai ouvir sussurros. Não se importe com eles. São apenas almas ignorantes presas na ilusão. Se você obtiver sucesso ensinando o senhor, ele vai recompensa-lo. Sabedoria pela leitura, criatividade pela escrita, inteligência pela contagem e lealdade pelo poema.

Quando acabar as lições, fale com o senhor, “Acabamos. Está feliz?” e ele vai assentir alegremente. Se ele não assentir, corra para a saída, ou você também ficará preso na ilusão. Se o senhor ficar feliz, ele vai lhe entregar uma moeda, e você vai aparecer de repente em alguma outra parte da floresta e nunca mais encontrará o prédio. A moeda é um amuleto e vai trazer muita sorte e saúde para a sua família enquanto estiver com você.

Depois de passar por isso, você não será mais o mesmo. Você será um ser quase perfeito. Aproveite a sua nova vida, e seja feliz.

25/11/2013

O pior encontro

Eu a conheci no OkCupid. Não gosto de admitir isso, mas infelizmente agora não resta tempo para vergonha ou honra.

Tinha acabado de passar por uma difícil separação, mas ainda não sentia necessidade de afogar as mágoas no bar. Então, procurar por novos relacionamentos pela internet significava que poderia continuar largadão em casa, só de short, vivendo de cerveja e pizza congelada.

E então ela apareceu. Morena. Incríveis olhos ardentes, sorriso grande. Seu nick era ‘Aranea’ e ela era um grande e atraente farol em um mar de mulheres medíocres. Seu perfil no entanto era um pouco desorganizado. Parecia ter sido preenchido às pressas, nem dava muitas informações. A única coisa que dizia estar interessada era sexo.

Ela deixava bem claro que isso era uma grande prioridade, me fazendo pensar que ela so poderia ser um fake ou alguma maníaca sexual. Mas aquelas fotos. Cara. Lembro claramente dela sentada com as pernas cruzadas, pelada, mas obscurecida pelas sombras e por seus longos cabelos negros. Olhando ironicamente para a câmera, como se dissesse ‘boa sorte, bando de nerds anti-sociais’.

Escrever isso é a única maneira de me fazer esquecer o que vai acontecer comigo. Então me perdoem se eu falar muita bobagem.

Na verdade, eu nem sentia vontade de entrar em contato com ela. Se não era um perfil fake então ela provavelmente já recebia várias mensagens de caras desesperados. Não sou um cara tão feio, e essa coisa toda de encontros pela internet era apenas mais uma maneira de cair na tristeza outra vez, mas ela ainda parecia um pouco fora do meu alcance. Eu me perguntava por que ela precisaria estar em um site desses.

Então ela me enviou uma mensagem.

‘E ai? Percebi que você visitou meu perfil. Você parece diferente dos outros caras. Vamos nos encontrar?’

Mesmo? Assim tão fácil? Uma pequena ponta de desconfiança começou a me corroer. Então olhei para os cinzeiros cheios e as várias garrafas de uísque espalhadas pelo meu quarto. Cocei a minha barba que estava há duas semanas por fazer e... Ah DROGA! Eu tinha que encontra-la!

Nos encontramos em um bar. Seria muito melhor para essa história se fosse um local decadente, mas não era. E nem era um lugar chique. Era apenas um bar normal, um local que agradasse a ambos. Embora isso não importasse, mesmo que tivéssemos nos encontrado em um esgoto eu ainda ficaria completamente doido por ela. Assim que ela entrou, todos os caras direcionaram os olhos para ela. E não estou exagerando aqui. TODOS os caras se viraram para olha-la. E a seguiram com os olhos enquanto ela vinha em minha direção e me dava um beijo na bochecha. Naquela hora me senti como ‘o cara mais legal do mundo’.

Estou ouvindo sirenes agora. Será que finalmente… não. Passaram direto. Não sei exatamente quanto tempo se passou, mas tenho certeza que já notaram o meu desaparecimento.

Então ali estava ela. Alta. Vestido preto curto. Delineador contornando olhos amêndoa que tornavam seu rosto ainda mais selvagem. Aquele grande sorriso mostrando dentes perfeitos. E o cheiro dela. Era demais. Nunca conheci alguém com um perfume tão bom. Sempre que ela gesticulava enquanto falava ou se movimentava para pegar a taça, eu sentia o seu incrível aroma, e isso me deixava louco.

Conversamos por quase uma hora. Ela era boa de papo, mas havia algo de estranho em suas conversas. Parecia que ela não tinha muito interesse por assuntos básicos como música ou filmes. Ela desviava rapidamente desses assuntos. E parecia extremamente curiosa quanto aos meus relacionamentos passados e meu histórico com mulheres. Contei para ela histórias engraçadas sobre os momentos constrangedores que passei com algumas mulheres, enquanto ela ria e continuava me pressionando com mais perguntas. Nunca falei tanto sobre sexo em um primeiro encontro, e ela se agarrava atentamente a cada palavra.

Acabamos na casa dela naquela mesma noite. Me ofereci para pagar um jantar mas ela disse que poderíamos ‘pedir por telefone’. Sabendo perfeitamente o que ela estava tramando, paguei rapidamente as bebidas e pegamos o primeiro táxi disponível. Mal entramos no táxi e ela já estava em cima de mim. Se ela não estivesse me agarrando eu teria notado o endereço que ela entregou para o taxista. Se ela não estivesse me enchendo de beijos durante todo o caminho eu poderia saber onde diabos estou agora. Mas ela é muito esperta.

Assim que chegamos e entramos (nos agarrando loucamente durante todo o caminho do táxi até a porta da frente) ela me ofereceu um drink. O apartamento era vazio, todas as janelas fechadas e não tinha quase nenhuma mobília. Nem quadro nas paredes. Também nem dei muita atenção para isso, já que toda a minha atenção estava voltada para ela. A bebida que ela me trouxe era refrescante. Era tipo sidecar, muito amarga e picante. Mas deliciosa ao mesmo tempo.

Então ela pulou para cima de mim outra vez. Me jogou no sofá, uma das poucas mobílias que ela possuia, e antes que eu percebesse já estávamos arrancando as roupas. Não vou entrar em detalhes. Mas foi uma coisa de louco, sexo selvagem! O perfume dela liberou todos os meus desejos primitivos. Era o paraíso. Até que o quarto começou a girar.

Até que nossos movimentos começaram a me deixar em uma espécie de êxtase. Ela estava sentada em cima de mim, me prendendo. Eu não podia me mover. E então os flashes começaram. Seu corpo perfeito se distorcendo por milisegundos. Vários olhos negros.

Várias pernas finas. Às vezes seu corpo parecia segmentado. E o seu cheiro, tão agradável no inicio, se tornou podre. Como moscas apodrecendo a muito tempo no peitoril da janela. Suas unhas em meu peito começaram a machucar, mas ela continuava em cima de mim com uma cruel determinação. Os flashes continuaram com mais frequência. Ela continuava mudando diante dos meus olhos. Pernas, olhos, mandíbula, dentes. Foi horrível. Eu queria chorar, sair correndo, mais ela estava me prendendo.

E então eu desisti de lutar.

Chegando ao clímax ela começou a rir. Um horrível e triunfante riso, enquanto eu soluçava embaixo dela. Mas de repente o riso deu lugar a um rosnado. Um rosnado de desapontamento. Ela gritou. Aquele grito terrível, animalesco, de outro mundo. Ainda estremeço ao lembrar dele.

Ela olhou para mim com ódio nos olhos, e começou a me espancar. Ela me socou. Acho que até quebrou meu nariz. Ela estava me enchendo de socos, mordidas e arranhões até que desmaiei.

Acordei nesse quarto. Esse quarto cheio de ossos. Esse quarto sem janelas com essas coisas estranhas que parecem ovos secos. Parecem ovos com buracos, como se algo tivesse saído deles. Posso ouvi-la farejando lá fora. Uma ou duas vezes por dia ela aparece para me trazer um sanduiche e um pouco de água. As vezes ela senta comigo e acaricia meu cabelo. Cantarolando um som terrível que parece me matar aos poucos por dentro.

Acho que sei o que ela quer de mim. Acho que sei por que ela está me mantendo vivo. Devo estar aqui a quase um mês agora. Acho que já está quase na hora dela tentar outra vez.


Me pergunto quanto tempo terei até ela descobrir que sou estéril...

23/11/2013

Guitarra de 5 cordas (FINAL)

Parte 1
Parte 2
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Enquanto se dirigia ao estúdio, ele percebeu que ainda não havia sequer terminado de explorar a casa! Estava tão interessado na guitarra e nas gravações que havia negligenciado isso por completo. Ele andou pelos corredores da parte da casa que ele ainda não havia explorado. No fim de um deles, viu uma porta. "OUTRO quarto?", ele pensou. Ele abriu a porta, mas encontrou algo que ele não esperava ver: um estúdio de gravação. Esse, no entanto, estava vazio.

Era óbvio que não haviam deixado esse passar. Pequeno e apertado. Esse devia ser o estúdio de que Bob falava. Por que a casa teria dois estúdios, ele não podia compreender. Mais interessante: como os responsáveis pela mudança ignoraram o maior que estava lá embaixo? E como Bob podia simplesmente não saber dele?

O morador anterior também fazia parte da gravadora de Bob, então os dois deviam ter estado juntos naquele estúdio. Então como ele simplesmente não mencionou o outro estúdio a Bob? Além do mais, como alguém poderia usar aquele estúdio minúsculo quando havia um incrivelmente maior e melhor lá embaixo?

Subitamente, uma música começou a ecoar pelos corredores. Elijah estava preocupado agora, mas antes mesmo que pudesse pensar, ele estava indo para o outro estúdio. Quando percebeu, estava parado na porta dele. Ele a abriu devagar, na esperança de conseguir ver o que estava acontecendo ali antes que o que quer que estivesse ali percebesse sua presença.

Apesar da tentativa, o som parou exatamente na hora que ele abriu a porta. A guitarra ainda estava ali, brilhando ainda mais. Ele a pegou sem pensar duas vezes. Começou a tocar. Parecia que ele tinha cada vez mais idéias quando tocava aquela guitarra. Idéias que ele julgava impossíveis.

"Essa coisa é um íma para a inspiração", ele disse. Conforme ele tocava, no entanto, Elijah percebeu que ele não estava tendo qualquer idéia. Ele simplesmente... as estava tocando. Seus dedos se moviam pelo braço da guitarra com uma precisão milimétrica, e as músicas soavam como se sequer fossem tocadas com seus dedos!

Ele derrubou a guitarra no chão, sem acreditar, e ela caiu com um som grave. Percebendo o que havia feito, ele analisou o estrago. Para sua surpresa, não havia sequer um arranhão no instrumento. Havia algo muito errado ali, e os instintos de Elijah falaram mais alto que seu amor pelo instrumento.

Ele saiu de perto da guitarra, e ela brilhou ainda mais. Era como se tentasse arrastá-lo de volta. Elijah sentiu que a guitarra tentava puxá-lo de volta, como se estivessem conectados. Seu corpo foi tomado por um medo irracional e ele correu para a sala de controle, batendo a porta com força. Ele se lembrou das gravações, e decidiu ouvi-las para ver se poderia descobrir o que o antigo dono estivera fazendo.

Ele ouviu as gravações em ordem cronológica, e foi perdendo as esperanças de descobrir algo interessante, quando de repente pulou para trás de susto. Ruídos extremamente altos soaram pelos falantes. Gritos horrendos saíram da gravação, mas foram se distorcendo lentamente até se tornarem notas musicais. Elijah estava em pânico e imediatamente parou a gravação. Ainda mais apavorado, ele percebeu que uma música era tocada na guitarra. Ele podia ver as cordas se movendo sozinhas, como se não ligassem mais e soubessem que Elijah já sabia o que estava acontecendo.

Elijah saiu do estúdio, em choque. As notas ecoavam conforme ele subia as escadas. A música ficou mais distorcida, mais... errada. Os acordes maiores viravam menores, o som era cada vez mais sombrio e depressivo. As melodias agora eram dissonantes e difíceis de decifrar. Elijah sabia que algo estava muito errado, e decidiu descobrir sozinho.

Elijah pegou seu notebook e começou a pesquisar sobre o desaparecimento do antigo dono. Ele se chamava Bryan Reynolds, e seu desaparecimento não foi o primeiro naquela casa. Seu nome era familiar, como se ele tivesse ouvido falar dele antes. Elijah encontrou outros artigos: desaparecimentos semelhantes. A música no estúdio ficava cada vez mais alta. Quatro casos de desaparecimento, com as mesmas características.

Ainda mais estranho, todos eram músicos. "Ah, sim... Eu ouvi falar desse cara. Um músico do caralho" ele pensou. O cara era Gabriel Morales, desaparecido antes de Bryan, e uma mulher chamada Delilah Williamns antes dele. Elijah não sabia ao certo, mas havia algo estranho com aqueles nomes. O outro desaparecido era Adrian Johnson. A guitarra estava cada vez mais distorcida. O que era uma simples melodia era agora uma série de power chords distorcidos e desafinados, entrando em seus ouvidos com violência. Sua cabeça pulsou enquanto ele via o último nome: Evelyn Myers. Apavorado, Elijah percebeu o que havia de estranho com aqueles nomes...

Subitamente, uma corrente forte atravessou a casa, derrubando o notebook e empurrando Elijah para o chão. Ele tentou ficar de pé, mas foi empurrado com mais força. Seu corpo voou como uma ragdoll pela casa. Ele percebeu que não estava sendo empurrado, mas sim, puxado. Puxado escada abaixo.

Ele bateu o rosto em cada degrau, perdendo ainda mais consciência em cada impacto. Seu corpo chocou-se contra a porta, quebrando-a. Diversos pedaços de madeira passaram por ele. Elijah agarrou-se ao canto da porta, tentando a todo custo resistir. Seu corpo parecia se esticar. A guitarra praticamente estourava seus tímpanos agora. Subitamente, o lugar onde ele estava se segurando cedeu. Elijah voou na direção da guitarra de cinco cordas.

Bob abriu a porta com cuidado. Elijah não respondia suas ligações haviam 2 dias, e ele temia que algo estivesse errado. Conforme ele andou pela casa, ele percebeu que tudo estava com antes. Ainda haviam várias caixas fechadas e a casa estava um tanto vazia. "E! E! Você está aí?" ele gritou.

Conforme ele andou pelos corredores, ele acabou encontrando a escada. Ele quase podia ouvir a música tocando lá embaixo. Lentamente, ele desceu, os degraus rangendo a cada passo. O fim da escada estava completamente escuro e ele tateou as paredes até encontrar o interruptor.

Havia apenas uma porta ali. Bob entrou por ela e encontrou um estúdio de gravação que ele sequer sabia que existia.. Mas havia algo que chamou ainda mais sua atenção...

Uma guitarra branca, muito bonita, e com todas as seis cordas.

La Nuit

Na França, um jovem produtor de música ambiente chamado Charles decidiu começar um projeto no mínimo interessante. Ele iria gravar os sons do seu quarto enquanto ele dormia, e iria lançar sob o nome de La Nuit (A noite).

Charles vivia sozinho em uma área rural, o que removeria quase que totalmente a possibilidade de gravar sons de alarmes, tráfego e coisas do tipo.Ele planejou tudo por meses, adquirindo equipamento sensível o bastante para gravar todos os sons externos e também os seus próprios sons enquanto dormia.Finalmente, no dia 27 de setembro, ele executou seu plano. Ele montou todo o equipamento e deitou-se para dormir à meia noite.

No dia seguinte, ele ouviu a gravação. Na primeira hora, haviam os sons de seus movimentos na cama, assim como alguns latidos e um ou outro alarme de carro distante.Isso continuou durante a segunda hora, até que Charles ouviu algo que o deixou petrificado de medo.

Exatamente após 3 horas e 24 minutos, ele ouviu claramente na gravação o som da porta de seu quarto sendo aberta.

22/11/2013

Ladrão de sonhos

Sabe aqueles sonhos tão reais, tão vívidos que chegam a assustar? Mas quando você acorda, tenta lembrar-se deles e simplesmente não consegue? A realidade é que ELE não quer que você lembre. Ele não tem nome, mas gosto de chama-lo “Ladrão de sonhos”.

À noite quando você finalmente consegue dormir é quando ele vem. Ele espera até você entrar em sono profundo e então ele invade seus sonhos. Quando ele entra no sonho ele gosta de um pouco de diversão, ele gosta de ferrar com sua mente, ele muda seus sonhos e quando digo ‘muda’ quero dizer que ele pode transformar a sua caminhada em uma praia ao pôr do sol em um show no circo dos horrores. Um pesadelo do qual você não pode escapar.

Ele faz você sonhar com o que ele quiser. Quando ele entra em sua cabeça ele toma o controle e garante que no fim você não lembrará nada. Ele limpa a sua mente sem deixar vestígios. Às vezes quando você acorda pela manhã pode conseguir vê-lo rapidamente antes dele apagar a sua memória e levar seus sonhos.

Antes de dormir hoje a noite arrume uma câmera e a deixe bem escondida por que se ele encontra-la você vai se dar mal. Ele não gosta de mostrar o rosto. Eu consegui vê-lo uma vez, e mesmo sendo em vídeo desejava não tê-lo visto.

Ele é careca, tem cicatrizes pelo rosto e não tem o olho direito, no lugar há apenas um profundo buraco negro. Porém, a coisa mais perceptível nele era a cabeça curvada para trás, com costuras ligando ao pescoço, costuras que parecem ter sido feitas por ele mesmo.

Eu tenho um aviso

Não olhe para o único olho dele. Se você encarar o único olho dele, mesmo através de um vídeo, na próxima vez que você acordar ele não terá roubado apenas os seus sonhos. Não faça igual a mim. Ele me tirou algo muito importante. Agora tenho que encarar o mundo pela metade.

21/11/2013

Passagem Secreta

Essa é a história de uma de uma família que se mudou pra uma casa comum, construída há pouco mais de 10 anos, e que aparentemente não tinha nada de errado.


Até que os dois garotos da família um dia resolveram arredar uma estante de livros:


Que continha uma passagem para uma escada secreta:


A escada em espiral parecia dar direto em uma parede:


Mas no meio do caminho havia uma pequena passagem na parede:


Dentro dessa passagem, os garotos encontraram evidências de que havia gente VIVENDO DENTRO DAS PAREDES:


Quem vivia naquele lugar secreto tinha objetos estranhos, como esse elefante:


E uma chave que abre Deus sabe o que…


Ah, é claro, uma pessoa que vive dentro da parede de uma casa de família qualquer precisa ter bonecas:


Afinal, toda pessoa que escuta e observa você o tempo todo precisa de bonecas com olhos sem alma:


Fonte: Ah Negão!

20/11/2013

Ás de Espadas

O Ás de espadas é conhecido como a carta da morte. Ninguém sabe por que essa carta se tornou associada com a morte, mas grande parte das culturas acredita que o ás de espadas é um mau agouro.


Em um final de tarde, duas jovens garotas chamadas Nicole e Tamara estavam sentadas na varanda dos fundos. Passavam o tempo jogando baralho na mesa da varanda. Estava escurecendo e a lua já estava visível no céu. Havia uma floresta e um pântano atrás da casa e o vento soprava suavemente através das árvores.

As garotas já estavam prestes a começar um novo jogo quando um homem alto apareceu saindo da escuridão. As duas nunca tinham visto o homem antes, e enquanto ele se aproximava mancando pela grama alta, elas sentiram um pouco de medo.

“Vejo que estão jogando cartas.” Ele falou.

As garotas assentiram.

“Importam-se se eu me juntar a vocês?” ele perguntou. “Posso ensinar um novo jogo.”

Tamara sacudiu a cabeça negativamente. Sua mãe sempre disse para não falar com estranhos. Além disso, o homem era muito assustador.

Mas a outra garota falou, “Tudo bem, acho chato jogar com apenas duas pessoas. Mostre-nos o seu novo jogo.”

Tamara a cutucou e sussurrou em seu ouvido, “Não quero jogar com ele. Vamos entrar.”

“Para com isso.” Nicole sorriu. “Para de agir feito um bebê. Fica aqui. Não quer aprender um novo jogo?”

Relutante, Tamara aceitou ficar. O homem alto pegou as cartas e começou a embaralhar.

“Não sei se vão gostar desse jogo,” ele falou com um largo sorriso, “mas sei que vou aprecia-lo imensamente.”

Ele distribuiu as cartas, um para cada garota e um para si mesmo. A carta de Tamara deslizou e caiu no chão virada para cima. Era um ás de espadas.

Quando Tamara se curvou para pega-la, ela viu que o homem estava descalço. Suas pernas eram longas e peludas e suas unhas curvadas. Um arrepio percorreu pelo seu corpo. Segurando o ás de espadas, ela começou a sentir um grande medo.

Ela começou a puxar a blusa de sua amiga e a implorar para saírem dali. Nicole recusou e pediu que Tamara fosse embora. Tamara correu para dentro de casa e trancou a porta. Correu para o andar de cima e entrou no quarto. Pegou o celular e ligou para a policia.

Quando os policiais chegaram, alguns minutos depois, Tamara os recebeu pela porta da frente e os levou para os fundos. Quando chegaram à varada, eles encontraram o corpo de Nicole caído em baixo da mesa. A pobre garota foi dividida ao meio. A cadeira onde ela estava sentada estava coberta de sangue. E havia um bilhete na mesa.

Ele dizia:

“Escapou da morte por um Ás de espadas!”

18/11/2013

Vísceras

Inspire.

Inspire o máximo de ar que conseguir. Essa história deve durar aproximadamente o tempo que você consegue segurar sua respiração, e um pouco mais. Então escute o mais rápido que puder.

Um amigo meu aos 13 anos ouviu falar sobre “fio-terra”. Isso é quando alguém enfia um consolo na bunda. Estimule a próstata o suficiente, e os rumores dizem que você pode ter orgasmos explosivos sem usar as mãos. Nessa idade, esse amigo é um pequeno maníaco sexual. Ele está sempre buscando uma melhor forma de gozar. Ele sai para comprar uma cenoura e lubrificante. Para conduzir uma pesquisa particular. Ele então imagina como seria a cena no caixa do supermercado, a solitária cenoura e o lubrificante percorrendo pela esteira o caminho até o atendente no caixa. Todos os clientes esperando na fila, observando. Todos vendo a grande noite que ele preparou.

Então, esse amigo compra leite, ovos, açúcar e uma cenoura, todos os ingredientes para um bolo de cenoura. E vaselina.

Como se ele fosse para casa enfiar um bolo de cenoura no rabo.

Em casa, ele corta a ponta da cenoura com um alicate. Ele a lubrifica e desce seu traseiro por ela. Então, nada. Nenhum orgasmo. Nada acontece, exceto pela dor.

Então, esse garoto, a mãe dele grita dizendo que é a hora da janta. Ela diz para descer, naquele momento.

Ele remove a cenoura e coloca a coisa pegajosa e imunda no meio das roupas sujas debaixo da cama.

Depois do jantar, ele procura pela cenoura, e não está mais lá. Todas as suas roupas sujas, enquanto ele jantava, foram recolhidas por sua mãe para lavá-las. Não havia como ela não encontrar a cenoura, cuidadosamente esculpida com uma faca da cozinha, ainda lustrosa de lubrificante e fedorenta.

Esse amigo meu, ele espera por meses na surdina, esperando que seus pais o confrontem. E eles nunca fazem isso. Nunca. Mesmo agora que ele cresceu, aquela cenoura invisível aparece em toda ceia de Natal, em toda festa de aniversário. Em toda caça de ovos de páscoa com seus filhos, os netos de seus pais, aquela cenoura fantasma paira por sobre todos eles. Isso é algo vergonhoso demais para dar um nome.

As pessoas na França possuem uma expressão: “sagacidade de escadas.” Em francês: esprit de l’escalier. Representa aquele momento em que você encontra a resposta, mas é tarde demais. Digamos que você está numa festa e alguém o insulta. Você precisa dizer algo. Então sob pressão, com todos olhando, você diz algo estúpido. Mas no momento em que sai da festa… enquanto você desce as escadas, então – mágica. Você pensa na coisa mais perfeita que poderia ter dito. A réplica mais avassaladora.

Esse é o espírito da escada.

O problema é que até mesmo os franceses não possuem uma expressão para as coisas estúpidas que você diz sob pressão. Essas coisas estúpidas e desesperadas que você pensa ou faz.

Alguns atos são baixos demais para receberem um nome. Baixos demais para serem discutidos.

Agora que me recordo, os especialistas em psicologia dos jovens, os conselheiros escolares, dizem que a maioria dos casos de suicídio adolescente eram garotos se estrangulando enquanto se masturbavam. Seus pais os encontravam, uma toalha enrolada em volta do pescoço, a toalha amarrada no suporte de cabides do armário, o garoto morto. Esperma por toda a parte. É claro que os pais limpavam tudo. Colocavam calças no garoto. Faziam parecer… melhor. Ao menos, intencional. Um caso comum de triste suicídio adolescente.

Outro amigo meu, um garoto da escola, seu irmão mais velho na Marinha dizia como os caras do Oriente Médio se masturbavam de forma diferente do que fazemos por aqui. Esse irmão tinha desembarcado num desses países cheios de camelos, onde o mercado público vendia o que pareciam abridores de carta chiques. Cada uma dessas coisas é apenas um fino cabo de latão ou prata polida, do comprimento aproximado de sua mão, com uma grande ponta numa das extremidades, ou uma esfera de metal ou uma dessas empunhaduras como as de espadas. Esse irmão da Marinha dizia que os árabes ficavam de pau duro e inseriam esse cabo de metal dentro e por toda a extremidade de seus paus. Eles então batiam punheta com o cabo dentro, e isso os fazia gozar melhor. De forma mais intensa.

Esse irmão mais velho viajava pelo mundo, mandando frases em francês. Frases em russo. Dicas de punhetagem.

Depois disso, o irmão mais novo, um dia ele não aparece na escola. Naquela noite, ele liga pedindo para eu pegar seus deveres de casa pelas próximas semanas. Porque ele está no hospital.

Ele tem que compartilhar um quarto com velhos que estiveram operando as entranhas. Ele diz que todos compartilham a mesma televisão. Que a única coisa para dar privacidade é uma cortina. Seus pais não o vem visitar. No telefone, ele diz como os pais dele queriam matar o irmão mais velho da Marinha.

Pelo telefone, o garoto diz que, no dia anterior, ele estava meio chapado. Em casa, no seu quarto, ele deitou-se na cama. Ele estava acendendo uma vela e folheando algumas revistas pornográficas antigas, preparando-se para bater uma. Isso foi depois que ele recebeu as notícias de seu irmão marinheiro. Aquela dica de como os árabes se masturbam. O garoto olha ao redor procurando por algo que possa servir. Uma caneta é grande demais. Um lápis, grande demais e áspero. Mas escorrendo pelo canto da vela havia um fino filete de vela derretida que poderia servir. Com as pontas dos dedos, o garoto descola o filete da vela. Ele o enrola na palma de suas mãos. Longo, e liso, e fino.

Chapado e com tesão, ele enfia lá dentro, mais e mais fundo por dentro do canal urinário de seu pau. Com uma boa parte da cera ainda para fora, ele começa o trabalho.

Até mesmo nesse momento ele reconhece que esses árabes eram caras muito espertos.

Eles reinventaram totalmente a punheta. Deitado totalmente na cama, as coisas estão ficando tão boas que o garoto nem observa a filete de cera. Ele está quase gozando quando percebe que a cera não está mais lá.

O fino filete de cera entrou. Bem lá no fundo. Tão fundo que ele nem consegue sentir a cera dentro de seu pau.

Das escadas, sua mãe grita dizendo que é a hora da janta. Ela diz para ele descer naquele momento. O garoto da cenoura e o garoto da cera eram pessoas diferentes, mas viviam basicamente a mesma vida.

Depois do jantar, as entranhas do garoto começam a doer. É cera, então ele imagina que ela vá derreter dentro dele e ele poderá mijar para fora. Agora suas costas doem. Seus rins. Ele não consegue ficar ereto corretamente.

O garoto falando pelo telefone do seu quarto de hospital, no fundo pode-se ouvir campainhas, pessoas gritando. Game shows.

Os raios-X mostram a verdade, algo longo e fino, dobrado dentro de sua bexiga. Esse longo e fino V dentro dele está coletando todos os minerais no seu mijo. Está ficando maior e mais espesso, coletando cristais de cálcio, está batendo lá dentro, rasgando a frágil parede interna de sua bexiga, bloqueando a urina. Seus rins estão cheios. O pouco que sai de seu pau é vermelho de sangue.

O garoto e seus pais, a família inteira, olhando aquela chapa de raio-X com o médico e as enfermeiras ali, um grande V de cera brilhando na chapa para todos verem, ele deve falar a verdade. Sobre o jeito que os árabes se masturbam. Sobre o que o seu irmão mais velho da Marinha escreveu.

No telefone, nesse momento, ele começa a chorar.

Eles pagam pela operação na bexiga com o dinheiro da poupança para sua faculdade. Um erro estúpido, e agora ele nunca mais será um advogado.

Enfiando coisas dentro de você. Enfiando-se dentro de coisas. Uma vela no seu pau ou seu pescoço num nó, sabíamos que não poderia acabar em problemas.

O que me fez ter problemas, eu chamava de Pesca Submarina. Isso era bater punheta embaixo d’água, sentando no fundo da piscina dos meus pais. Pegando fôlego, eu afundava até o fundo da piscina e tirava meu calção. Eu sentava no fundo por dois, três, quatro minutos.

Só de bater punheta eu tinha conseguido uma enorme capacidade pulmonar. Se eu tivesse a casa só para mim, eu faria isso a tarde toda. Depois que eu gozava, meu esperma ficava boiando em grandes e gordas gotas.

Depois disso eram mais alguns mergulhos, para apanhar todas. Para pegar todas e colocá-las em uma toalha. Por isso chamava de Pesca Submarina. Mesmo com o cloro, havia a minha irmã para se preocupar. Ou, Cristo, minha mãe.

Esse era meu maior medo: minha irmã adolescente e virgem, pensando que estava ficando gorda e dando à luz a um bebê retardado de duas cabeças. As duas parecendo-se comigo. Eu, o pai e o tio. No fim, são as coisas com as quais você não se preocupa que te pegam.

A melhor parte da Pesca Submarina era o duto da bomba do filtro. A melhor parte era ficar pelado e sentar nela.

Como os franceses dizem, Quem não gosta de ter seu cu chupado? Mesmo assim, num minuto você é só um garoto batendo uma, e no outro nunca mais será um advogado.

Num minuto eu estou no fundo da piscina e o céu é um azul claro e ondulado, aparecendo através de dois metros e meio de água sobre minha cabeça. Silêncio total exceto pelas batidas do coração que escuto em meu ouvido. Meu calção amarelo-listrado preso em volta do meu pescoço por segurança, só em caso de algum amigo, um vizinho, alguém que apareça e pergunte porque faltei aos treinos de futebol. O constante chupar da saída de água me envolve enquanto delicio minha bunda magra e branquela naquela sensação.

Num momento eu tenho ar o suficiente e meu pau está na minha mão. Meus pais estão no trabalho e minha irmã no balé. Ninguém estará em casa por horas.

Minhas mãos começam a punhetar, e eu paro. Eu subo para pegar mais ar. Afundo e sento no fundo. Faço isso de novo, e de novo.

Deve ser por isso que garotas querem sentar na sua cara. A sucção é como dar uma cagada que nunca acaba. Meu pau duro e meu cu sendo chupado, eu não preciso de mais ar. O bater do meu coração nos ouvidos, eu fico no fundo até as brilhantes estrelas de luz começarem a surgir nos meus olhos. Minhas pernas esticadas, a batata das pernas esfregando-se contra o fundo. Meus dedos do pé ficando azul, meus dedos ficando enrugados por estar tanto tempo na água.

E então acontece. As gotas gordas de gozo aparecem. É nesse momento que preciso de mais ar. Mas quando tento sair do fundo, não consigo. Não consigo colocar meus pés abaixo de mim. Minha bunda está presa.

Médicos de plantão de emergência podem confirmar que todo ano cerca de 150 pessoas ficam presas dessa forma, sugadas pelo duto do filtro de piscina. Fique com o cabelo preso, ou o traseiro, e você vai se afogar. Todo o ano, muita gente fica. A maioria na Flórida.

As pessoas simplesmente não falam sobre isso. Nem mesmo os franceses falam sobre tudo. Colocando um joelho no fundo, colocando um pé abaixo de mim, eu empurro contra o fundo. Estou saindo, não mais sentado no fundo da piscina, mas não estou chegando para fora da água também.

Ainda nadando, mexendo meus dois braços, eu devo estar na metade do caminho para a superfície mas não estou indo mais longe que isso. O bater do meu coração no meu ouvido fica mais alto e mais forte.

As brilhantes fagulhas de luz passam pelos meus olhos, e eu olho para trás… mas não faz sentido. Uma corda espessa, algum tipo de cobra, branco-azulada e cheia de veias, saiu do duto da piscina e está segurando minha bunda. Algumas das veias estão sangrando, sangue vermelho que aparenta ser preto debaixo da água, que sai por pequenos cortes na pálida pele da cobra. O sangue começa a sumir na água, e dentro da pele fina e branco-azulada da cobra é possível ver pedaços de alguma refeição semi-digerida.

Só há uma explicação. Algum horrível monstro marinho, uma serpente do mar, algo que nunca viu a luz do dia, estava se escondendo no fundo escuro do duto da piscina, só esperando para me comer.

Então… eu chuto a coisa, chuto a pele enrugada e escorregadia cheia de veias, e parece que mais está saindo do duto. Deve ser do tamanho da minha perna nesse momento, mas ainda segurando firme no meu cu. Com outro chute, estou a centímetros de conseguir respirar. Ainda sentindo a cobra presa no meu traseiro, estou bem próximo de escapar.

Dentro da cobra, é possível ver milho e amendoins. E dá pra ver uma brilhante esfera laranja. É um daqueles tipos de vitamina que meu pai me força a tomar, para poder ganhar massa. Para conseguir a bolsa como jogador de futebol. Com ferro e ácidos graxos Ômega 3.

Ver essa pílula foi o que me salvou a vida. Não é uma cobra. É meu intestino grosso e meu cólon sendo puxados para fora de mim. O que os médicos chamam de prolapso de reto. São minhas entranhas sendo sugadas pelo duto.

Os médicos de plantão de emergência podem confirmar que uma bomba de piscina pode puxar 300 litros de água por minuto. Isso corresponde a 180 quilos de pressão. O grande problema é que somos todos interconectados por dentro. Seu traseiro é apenas o término da sua boca. Se eu deixasse, a bomba continuaria a puxar minhas entranhas até que chegasse na minha língua. Imagine dar uma cagada de 180 quilos e você vai perceber como isso pode acontecer.

O que eu posso dizer é que suas entranhas não sentem tanta dor. Não da forma que sua pele sente dor. As coisas que você digere, os médicos chamam de matéria fecal. No meio disso tudo está o suco gástrico, com pedaços de milho, amendoins e ervilhas.

Essa sopa de sangue, milho, merda, esperma e amendoim flutua ao meu redor. Mesmo com minhas entranhas saindo pelo meu traseiro, eu tentando segurar o que restou, mesmo assim, minha vontade é de colocar meu calção de alguma forma.

Deus proíba que meus pais vejam meu pau.

Com uma mão seguro a saída do meu rabo, com a outra mão puxo o calção amarelo-listrado do meu pescoço. Mesmo assim, é impossível puxar de volta.

Se você quer sentir como seria tocar seus intestinos, compre um camisinha feita com intestino de carneiro. Pegue uma e desenrole. Encha de manteiga de amendoim. Lubrifique e coloque debaixo d’água. Então tente rasgá-la. Tente partir em duas. É firme e ao mesmo tempo macia. É tão escorregadia que não dá para segurar.

Uma camisinha dessas é feita do bom e velho intestino.

Você então vê contra o que eu lutava.

Se eu largo, sai tudo.

Se eu nado para a superfície, sai tudo.

Se eu não nadar, me afogo.

É escolher entre morrer agora, e morrer em um minuto.

O que meus pais vão encontrar depois do trabalho é um feto grande e pelado, todo curvado. Mergulhado na água turva da piscina de casa. Preso ao fundo por uma larga corda de veias e entranhas retorcidas. O oposto do garoto que se estrangula enquanto bate uma. Esse é o bebê que trouxeram para casa do hospital há 13 anos. Esse é o garoto que esperavam conseguir uma bolsa de jogador de futebol e eventualmente um mestrado. Que cuidaria deles quando estivessem velhinhos. Seus sonhos e esperanças. Flutuando aqui, pelado e morto. Em volta dele, gotas gordas de esperma.

Ou isso, ou meus pais me encontrariam enrolado numa toalha encharcada de sangue, morto entre a piscina e o telefone da cozinha, os restos destroçados das minhas entranhas para fora do meu calção amarelo-listrado.

Algo sobre o que nem os franceses falam. Aquele irmão mais velho na Marinha, ele ensinou uma outra expressão bacana. Uma expressão russa. Do jeito que nós falamos “Preciso disso como preciso de um buraco na cabeça…”, os russos dizem, “Preciso disso como preciso de dentes no meu cu…”

Mne eto nado kak zuby v zadnitse.

Essas histórias de como animais presos em armadilhas roem a própria perna fora, bem, qualquer coiote poderá te confirmar que algumas mordidas são melhores que morrer.

Droga… mesmo se você for russo, um dia vai querer esses dentes.

Senão, o que você pode fazer é se curvar todo. Você coloca um cotovelo por baixo do joelho e puxa essa perna para o seu rosto. Você morde e rói seu próprio cu. Se você ficar sem ar você consegue roer qualquer coisa para poder respirar de novo.

Não é algo que seja bom contar a uma garota no primeiro encontro. Não se você espera por um beijinho de despedida. Se eu contasse como é o gosto, vocês não comeriam mais frutos do mar.

É difícil dizer o que enojaria mais meus pais: como entrei nessa situação, ou como me salvei. Depois do hospital, minha mãe dizia, “Você não sabia o que estava fazendo, querido. Você estava em choque.” E ela teve que aprender a cozinhar ovos pochê.

Todas aquelas pessoas enojadas ou sentindo pena de mim…

Precisava disso como precisaria de dentes no cu.

Hoje em dia, as pessoas sempre me dizem que eu sou magrinho demais. As pessoas em jantares ficam quietas ou bravas quando não como o cozido que fizeram. Cozidos podem me matar. Presuntadas. Qualquer coisa que fique mais que algumas horas dentro de mim, sai ainda como comida. Feijões caseiros ou atum, eu levanto e encontro aquilo intacto na privada.

Depois que você passa por uma lavagem estomacal super-radical como essa, você não digere carne tão bem. A maioria das pessoas tem um metro e meio de intestino grosso. Eu tenho sorte de ainda ter meus quinze centímetros. Então nunca consegui minha bolsa de jogador de futebol. Nunca consegui meu mestrado. Meus dois amigos, o da cera e o da cenoura, eles cresceram, ficaram grandes, mas eu nunca pesei mais do que pesava aos 13 anos.

Outro problema foi que meus pais pagaram muita grana naquela piscina. No fim meu pai teve que falar para o cara da limpeza da piscina que era um cachorro. O cachorro da família caiu e se afogou. O corpo sugado pelo duto. Mesmo depois que o cara da limpeza abriu o filtro e removeu um tubo pegajoso, um pedaço molhado de intestino com uma grande vitamina laranja dentro, mesmo assim meu pai dizia, “Aquela porra daquele cachorro era maluco.”

Mesmo do meu quarto no segundo andar, podia ouvir meu pai falar, “Não dava para deixar aquele cachorro sozinho por um segundo…”

E então a menstruação da minha irmã atrasou.

Mesmo depois que trocaram a água da piscina, depois que vendemos a casa e mudamos para outro estado, depois do aborto da minha irmã, mesmo depois de tudo isso meus pais nunca mencionaram isso novamente.

Nunca.

Essa é a nossa cenoura invisível.

Você.

Agora você pode respirar.

Eu ainda não.

16/11/2013

Abaixo

Eu não sei onde mais devo por essa informação. Os repórteres apenas riram de mim. Todos que conheço disseram que quero ‘trollar’ com eles.

Nos fóruns da internet as pessoas dizem que sou louco. Então os posts são deletados por algum ‘usuário anônimo’.

Se você ler isso, faça-o com a mente aberta.


Eu estava voltando da escolar. Tinha nevado, e as estradas estavam congeladas. Tão congeladas que um carro deslizou e houve um acidente.

A polícia bloqueou a rua inteira, justamente a rua pela qual eu precisava passar. Mas, não seria um grande problema, porque eu poderia pegar um caminho mais longo pelo parque. O parque que ficava próximo a uma grande montanha.

Como a cidade era cercada por minas, havia várias cavernas e túneis que corriam por toda a montanha. Muitas dessas cavernas serviam como moradia para sem tetos. E crianças sempre se desafiavam a escrever seus nomes nas paredes. Enquanto eu passava por alguns arbustos, um forte vento passou por mim.

Sem que eu soubesse, a minha mochila estava um pouco aberta, e o vento soprou alguns papeis para os arbustos. Culpando a minha incompetência, corri para catar os papéis. Forçando caminho entre a vegetação acabei chegando ao pé da montanha sem encontrar os papéis.

Empurrei algumas plantas para o lado tentando encontrar ao menos um papel, e acabei me deparando com uma pequena entrada de caverna. De inicio fiquei hesitante em entrar, preocupado que alguém que morasse ali se irritasse comigo. Mas logo percebi que ninguém andou passando por ali a um bom tempo. As plantas ao redor não estavam quebradas ou amassadas.

Esquecendo os papéis, decidi explorar a caverna. Como era inverno, e os dias eram mais escuros, eu tinha uma lanterna na mochila. Entrando na caverna, a primeira coisa que notei foi o cheiro. Era como uma mistura de enxofre com pólvora.

A segunda coisa que notei foi o calor que fazia ali dentro. Quase podia sentir uma baforada de calor vinda de algum canto profundo da caverna. Foi quando notei um poço gigante bem no meio.

O resto da caverna era uma ladeira que escorregava direto para o poço, e quando apontei a lanterna para lá vi uma escuridão sem fim. Porém, o mais estranho era a forma do poço.

O buraco era um circulo perfeito, e quando olhei ao redor percebi que a caverna também era perfeita. Eu sabia que os equipamento usados para perfurar cavernas não eram tão perfeitos assim. E as chances de ter se formado naturalmente eram mínimas.

Quando apontei a lanterna outra vez para o poço, ela escorregou da minha mão e caiu nas profundezas daquele abismo. Enquanto caia ela bateu em uma pedra e se apagou. Sem a luz da lanterna, eu podia perceber uma fraca luz avermelhada vinda do poço, onde a lanterna havia acabado de cair. Tentando ver melhor, meu pé escorregou e acabei caindo no vazio.

Quando acordei estava na completa escuridão. Minha cabeça pulsava horrivelmente, e eu estava todo machucado. Levantando, tateei por toda a área ao meu redor. Percebi que estava em uma sala circular, com um túnel no lado que parecia ir mais fundo. Sentindo as paredes, percebi algo muito estranho.

As paredes pareciam mais lisas agora. Olhei de volta para o local onde cai, mas não pude enxergar nenhuma luz de cima. Não tinha certeza do quão fundo cai, ou como continuava vivo. Pensando em luz, acabei lembrando da luz vermelha que havia visto lá de cima, e percebi que ela não estava presente.

Pensei que teria imaginado. E ainda desorientado, tentei pensar no que fazer. Do modo que a entrada da caverna estava muito escondida, ninguém perceberia quando procurasse por mim. As paredes eram muito lisas para escalar. Parecia que continuar pelo outro túnel seria a única maneira de sair. Pensei que ele poderia me leva para a superfície.

Segui um bom tempo pelo túnel, indo cada vez mais fundo. E finalmente voltei a ver a luz vermelha. Assim que a vi, ela começou a se afastar de mim. Começando a correr, tentei alcança-la. Qualquer luz seria melhor que a escuridão. Logo comecei a me aproximar mais, e mais.

Até que acabei parando em uma grande câmara. No centro havia uma pedra enorme que emanava aquela luz vermelha. Observando melhor o local percebi que a câmara tinha uma forma estranha – de fato parecia mais uma cratera forrada com pedras. Olhando melhor para a pedra no centro percebi que ela possuía uma textura muito diferente da parede e do chão. Parecia um meteoro. Mas como um meteoro poderia vir tão fundo.

Poderia ter caído na terra a vários anos e de alguma forma acabou enterrado? E a pergunta ainda mais intrigante – o que estava criando a luz vermelha? Senti um medo repentino da pedra – e quase parecia estar viva. A curiosidade levou a melhor e comecei a me aproximar.

Me aproximei o suficiente para toca-la, mas recolhi a minha mão imediatamente. A pedra estava extremamente quente. Rodeando ela, percebi um pequeno buraco que levava para o seu interior. Espiando por ele, consegui ver um pedaço do núcleo da grande pedra. E então, algo bateu em mim e perdi a consciência.

Acordei no hospital com queimaduras e várias fraturas. A enfermeira disse que me encontraram caído no meio de uns arbustos no parque – bem ao lado de uma caverna desmoronada. Quando contei a minha história, eles disseram que era impossível. A caverna estava boqueada por milhares de pedras, e como as minhas pernas estavam quebradas eu não poderia ter andado tanto. Eles acharam que alguém me assaltou e me nocauteou antes que eu pudesse reagir.

Eles disseram que a minha história era apenas um sonho. Mas sei que não poderia ser. Por que quando olhei para dentro daquele meteoro, não vi apenas pedras por lá. Eu vi... coisas espalhadas e grudadas por todo o interior do meteoro. Estavam dormindo. Exceto pelo único que havia acordado mais cedo. O único que saiu do meteoro. O que produzia a luz vermelha que eu tinha visto. O mesmo que me nocauteou dentro daquela caverna.

Aquela coisa me arrastou para fora. Aquela coisa tapou a caverna para que não fossem descobertos. E também tentou por ovos dentro de mim... mas não conseguiu. O doutor viu pelo raio-x. Ele removeu. E ficou tão horrorizado que logo após removê-los desmaiou bateu com a cabeça na mesa de operação e entrou em coma.

Jogaram os ovos fora, sem saber o que eram. Agora não há provas. Não há provas daquelas coisas se arrastando pelo subsolo, cavando para superfície. Estão se desenvolvendo pelo subsolo do nosso planeta enquanto pensamos que nossos maiores inimigos somos nós mesmos. Por que tenho certeza que não foi apenas um meteoro. Devem estar por toda parte. Abaixo de todos, por todo o mundo, e seus ocupantes devem estar acordando agora mesmo!





14/11/2013

Latidos

Ainda lembro daquela noite, eu morava em outro país, quase dois ano atrás. Eu acordei, chequei meu celular para ver as horas, eram umas 2:30 am, o que me fez acordar, eu não lembro.

Na minha cozinha tinha uma porta para o jardim dos fundos, e ela era a minha única fonte de luz naquele momento, já que eu não tinha ligado a luz (eu pretendia passar rápido pela cozinha). Então ouvi o som de algo arranhando e farejando do lado de fora da porta. Derrubei o copo d’água, e fiquei ali paralisado de medo. Os arranhões ficavam mais frequentes, e o som de algo farejando foi substituído por latidos.

Latidos quase desesperados, como se estivesse implorando para entrar, tinha aquele toque choroso que todos os donos de cães conhecem, principalmente quando o cachorro tem fome. Esses latidos logo pararam, por quase dois minutos o silencio permaneceu. Eu não podia fazer nada; ainda estava paralisado, e rodeado por cacos de vidro. Então, as batidas começaram.

Batidas desesperadas, acompanhadas por ruídos agressivos. Nem posso comparar com algum outro som que eu já tenha ouvido. Eu podia sentir a pura maldade naqueles sons. Era sanguinário. Esse não era mais o meu cachorro.

Com certeza não era o meu cachorro.

Ele tinha morrido há três dias.

13/11/2013

Guitarra de 5 cordas (Parte 2)

Modifiquei a formatação do texto, espero que fique mais agradável de ler agora.

Parte 1
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Elijah não dormiu bem. Não conseguia parar de pensar na guitarra. As notas que ele ouviu antes de entrar no quarto ecoavam em sua mente, durante seus sonhos. Subitamente, ele acordou. Eram 5 da manhã, e ainda não havia sol. Mesmo assim, Elijah não conseguia mais dormir, então pulou pra fora do sofá. Ele então começou a se mover na direção da escada em forma de caracol antes mesmo de poder entender o que estava fazendo. Para seu deleite, as notas que ouvira no seu sonho agora podiam ser ouvidas em toda a casa. Novamente, vinha da porta vermelha. Ele não ia perder tempo novamente: correu escada abaixou e entrou de vez no estúdio. Sem nem olhar em volta, olhou direto para o local aonde a guitarra estava antes.

Ela ainda estava ali, e a música, novamente, havia parado. Estendeu suas mãos para pegá-la, mas parou. Não sabia bem por que, mas algo lhe dizia para não tocar aquele instrumento. Havia algo de errado com aquilo tudo. O estúdio ainda gravando, o banquinho caído no chão, a guitarra caída e reluzindo tão perfeitamente, mesmo sabendo que estava ali há pelo menos algumas semanas, a corda que faltava... Nada fazia muito sentido. Mas ele jamais saberia  o que iria acontecer se não fosse além na sua inspeção, então ele engoliu em seco e pegou a guitarra do chão...

E nada aconteceu. Pelo menos, nada que ele pudesse ver. A guitarra, agora em suas mãos, parecia ter perdido parte do brilho que tinha enquanto estava no chão. Ela se encaixava perfeitamente em suas mãos. Ergueu o banquinho e sentou-se, colocando a guitarra no colo. Tocou um acorde de Mi maior. A guitarra estava perfeitamente afinada, mesmo sabendo que a falta da primeira corda deixava o acorde meio vazio. No entanto, ainda era o som mais belo que ele já tinha ouvido em sua vida.

Então ele notou que a guitarra tinha o mesmo som das notas que ele ouviu em seus sonhos, ao longo da noite. Era um som tão limpo e bonito que nem mesmo parecia uma guitarra. Parecia que vinham de uma harpa, mas ele viu que elas de fato vinham daquela guitarra.

Subitamente, ele pulou e olhou em volta. "ONDE VOCÊ ESTÁ? APAREÇA!", ele ordenou. Alguém devia estar tocando a guitarra, e ele se deixou levar tanto pelo momento que esqueceu de analisar bem a situação. Olhou todo o estúdio, procurou passagens secretas nas paredes e no chão.

Depois de alguns minutos de busca minunciosa, ele não encontrou coisa alguma. "Será que era a gravação?" ele pensou, e entrou na sala de controle para inspecionar o equipamento. Estava tudo desligado, como ele havia deixado no dia anterior. Nenhuma gravação, nenhuma reprodução iniciada... nada. A situação era completamente esquisita, mas Elijah lembrou-se da guitarra, e correu de volta para seu prêmio.

Fascinado, ele sentou-se, colocou a guitarra no colo e começou a se acostumar com o instrumento. A falta da 1ª corda ainda era algo estranho, mas o som maravilhoso das outras cordas compensavam. Ele começou a tocar seu repertório de clássicos. Nunca antes em sua vida Led Zeppelin soou tão incrível. O tom era perfeito para qualquer gênero musical. Se encaixava em praticamente tudo, e fazia tudo soar mais bonito que o normal. "Isso é completamente incrível", ele exclamou.

Dezenas de possibilidades passaram pela sua mente. "Essa pode ser a chance que eu estou procurando!" ele gritou. "Isso é fantástico. Eu não ligo pra que tipo de merda essas pessoas gostam hoje em dia, eu duvido que alguém não goste disso".

Com cuidado, ele colocou a guitarra no chão, foi para a sala de controle e apertou o botão de gravação. "De volta aos negócios", ele disse, e começou a fazer aquilo que mais amava.

Depois de várias horas, ele estava certo de que tinha o melhor material perfeito para mostrar ao produtor".

"Bob, você vai adorar isso. Venha aqui o mais rápido possível, tudo bem?"

"Claro, irmão. Estarei aí em breve".

Bob chegou no dia seguinte, irritado. Obviamente ele não estava muito feliz em ter que arrastar seu traseiro gordo até a casa de Elijah, mas ele queria saber se Elijah ainda sabia o que fazer. Sua camisa, por baixo do paletó, não estava abotoada, e ele tocava no bolso com o celular frequentemente. Se isso falhasse, Elijah perderia seu emprego. Ele não se preocupava, entretanto, pois não conseguia imaginar alguém não gostando do que ele fez com sua arma secreta. Elijah levou Bob até a sala de estar, onde estava o aparelho de som. "Você vai amar isso, eu garanto".

"É bom mesmo" ele respondeu, com um tom irritado. Era óbvio que ele não estava com vontade de falsear bom humor. Elijah colocou seu MP3 player no aparelho e colocou a gravação para tocar. Bob mudou de humor automaticamente. "Espera... O que é isso? É uma guitarra? Como você conseguiu esse som?!"

"Venho trabalhando nisso há algum tempo", Elijah mentiu.

"Bem, não posso acreditar que estou dizendo isso, mas está soando ótimo. Muito bom, na verdade. Continue assim, E, e logo você voltará ao mercado. Eu vou falar com a banda agora-"

"Espera!" Elijah gritou. "Na verdade... Eu queria gravar um álbum por conta própria".

"E, nós já falamos sobre isso..."

"Eu sei, Bob, mas dessa vez eu sei que vai dar certo".

"Eu não gosto da idéia... mas se você mantiver essa qualidade... eu posso te dar outra chance".

"Esteja certo de que não vou desapontá-lo!" Elijah disse, entusiasmado.

"Ok, cara, mas é tudo ou nada. E mantenha esse estilo novo, nada daquela merda que você fazia antigamente"

Elijah ficou profundamente irritado, mas tentou ignorar o comentário. "Sim, claro... É claro. Você está certo"

"Se me der licença, eu tenho alguns assuntos para tratar. Falo com você em breve". Bob saiu sem dizer mais nenhuma palavra.

Elijah estava completamente feliz. Ele não ficava assim desde que assinou o primeiro contrato. "Finalmente outra chance. Estou de volta ao mercado... De volta ao sucesso". Animado, ele decidiu voltar para o estúdio e gravar algo mais.

11/11/2013

Eu não sou o Martin!

Olá galera, preparei essa creepy algum tempo atrás para postar na semana de Halloween, o halloween passou rápido e não deu tempo. Como achei a creepy interessante decidi postar hoje mesmo. Espero que gostem.

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Olá, meu nome é Sean. Já estamos no final de outubro e como qualquer criança normal eu deveria estar fantasiado pegando doces por ai com meus amigos, mas as minhas amídalas tiveram que ficar inflamadas logo no meu décimo primeiro aniversário no Halloween. Que falta de sorte, quero dizer, você só é criança uma vez, não é mesmo?

Então meus pais e eu seguimos a enfermeira pelo corredor procurando o meu quarto. As paredes tinham aquele assustador aspecto hospitalar, porém, tinham adicionado algumas decorações com morcegos e abóboras. “Estamos chegando ao seu quarto Sean,” a enfermeira falou enquanto víamos um garoto sendo arrastado por medicos enquanto gritava “Eu não sou o Martin! Não sou o Martin!”

Quando entramos no quarto a enfermeira mostrou a minha cama, havia uma prancheta ao pé da cama com o meu nome ‘Sean Franks’, então o garoto gritalhão entrou e foi para a cama dele depois de tomar um calmante.

A prancheta na cama dele mostrava ‘Martin Charles’, ótimo, terei que dividir o quarto com ele. Perguntei para a enfermeira o que tinha de errado com ele e ela sussurrou, “Ele terá que amputar o pé esquerdo, ele continua tentando nos convencer de que não é ele mesmo, pobre garoto.”

Logo chegou a hora do jantar e tivemos espaguete com almôndegas; meu favorito. Assim que acabei de comer comecei a conversar com o Martin. “E ai Martin!” Falei. “Não sou o Martin!” ele respondeu. Perguntei se ele gostava de algum esporte e ele respondeu “Martin gosta de baseball, mas EU gosto de football.”

Mesmo sendo o Martin ele com certeza estava fazendo o máximo possível para acreditar que não era. “Quando é a consulta do Martin?” perguntei. Ele respondeu com uma voz assustada “Martin vai ter o pé cortado amanhã de manhã”. Perguntei qual era a idade dele e ele disse que tinha dez anos. Minha garganta estava doendo muito então parei de falar. Ficamos assistindo alguns desenhos na TV do quarto e caímos no sono.

Quando estava dormindo tive alguns sonhos estranhos; em um eu estava num jardim florido com esqueletos flutuando. Em outro eu estava em um mundo de ponta-cabeça onde todos viviam em casas e carros virados para baixo. O mais estranho de tudo é que em um dos sonhos eu vi um garoto trocando a prancheta da minha cama. Também tive um sonho com uma garota que eu gostava, mas não vou entrar em detalhes.

Acordei e o relógio mostrava ‘7:00 A.M’. Havia dois doutores perto da minha cama e o mais baixo falou “Vamos lá Martin, é o dia da sua cirurgia”. “O que? Eu não sou o Martin!” Falei confuso. E o doutor mais alto respondeu “Foi isso que nos disseram que você falaria”.

Enquanto os doutores me arrastavam para fora do quarto continuei gritando para eles que eu não era o Martin, mas não tive sorte. Antes de me arrastarem para fora do quarto pude ver o nome na prancheta em minha cama e um sorriso no rosto do verdadeiro Martin.

09/11/2013

Encontre seus antepassados

O fórum

The Ancestral Reunion foi um forum que surgiu misteriosamente no site de hospedagem de fóruns ProPhpBB, e permaneceu listado nos Tops por um curto tempo antes de ser retirado pelos administradores do site devido a estranhas atividades ocorrendo dentro do fórum...

As pessoas que se registravam no fórum encontravam apenas um tópico que simplesmente dizia, “Encontre os seus antepassados” e aqueles que clicavam eram direcionados para um tópico com o nome real do usuário e um outro usuário que explicaria que era seu antepassado. Logo quando foi descoberto, toneladas de usuários correram para o fórum, e o fórum ficou sobrecarregado com centenas de pessoas conversando com seus antepassados.

O Problema

Logo após a explosão de popularidade do fórum, relatos de depressão em alguns usuários surgiram, e logo depois os casos de suicídios, mas como a mídia não sabia da existência do fórum, esses suicídios foram categorizados como mistérios inexplicáveis... mas a história real é que se mataram para ficar com os seus parentes mortos...

O trecho de uma conversa…

“Vovó? É você?”

“Oi querida! :)”

“vovó… lembra do meu nome…”

“Claro que lembro, eu te amo!”

“como está falando comigo?”

“Eles tem internet aqui no paraíso, é um lugar incrível!”

“estou tão feliz por estar falando com você outra vez... estou literalmente chorando.”

“Tudo bem linda, Estou sempre observando você, desejando que dê o seu melhor na vida. :)”

“obrigada vovó… te amo tanto…”

“Então, como você está hoje em dia?”

“eu fico mais na internet agora, ainda não tenho um emprego”

“O que tem de errado? Está com medo?

“não, ninguém quer me contratar :(“

“Aw… tudo bem, eu sei que você vai conseguir!”

“obrigada vó… ainda estou chorando, é tão bom poder conversar com você... desde o seu funeral, sinto sua falta...”

“Aquele caixão foi mesmo barato, seu pai sempre foi muito economista.”

“lol, ele ainda é uma boa pessoa”

“Como?”

“ele sempre deixa a minha mãe feliz, toda noite trás um presente para ela, enquanto ela prepara o jantar, é uma vida simples...”

“Certo… acho que já falei demais, querida. Tenho que ir! :)”

“espera, vovó… pode me mandar uma foto?”

“Claro!”

O post seguinte mostrava uma imagem de uma senhora, com um fundo enevoado, a coisa estranha é que ela parecia murcha, e seu sorriso parecia... forçado.

“vó… você parece muito cansada… você está bem?”

“Estou bem! acho Sempre tão bOm COnveRsaR com vOcê!”

“vovó?”

“tenho que ir, tchau!”

Pela janela

Acredito que tudo começa com um pesadelo em que você está sendo perseguido por um ser muito pequeno e acaba em um quarto com paredes que começam a se fechar para lhe esmagar. Muito cliché não é? Também pensei e não acreditava nessas besteiras até que encontrei algo na internet que me impactou profundamente. Eu estava no Yahoo respostas quando encontrei uma seção muito estranha do site. Algumas pessoas estavam falando muito secretamente sobre um homem (ou elfo como comentavam) á alguns meses. Então chequei pela internet por mais informações. Para conseguir essas informações tive que passar por vários sites estranhos que trouxeram tantos vírus e mais um monte de porcarias para o meu computador que tive que conseguir um novo computador para acabar de digitar isso.

Bom, pelo que entendi, se você tiver o tipo de pesadelo que mencionei no inicio quando despertar você vai ouvir batidas em sua janela. As batidas começam bem fraquinhas e muitas pessoas não percebem. Logo as batidas ficam mais fortes e frequentes. Muitas pessoas até mesmo as mais covardes saem da cama para investigar. Às vezes algumas pessoas deixam uma parte das cortinas aberta ou as vezes não as fecha completamente e essa é a pior coisa que podem fazer.

O que vai aparecer em sua janela se parece com um elfo. Muito pequeno e robusto. Barba espessa e olhos brilhantes. Ele lhe observa através do vidro da janela ou por qualquer outra greta na janela enquanto da batidinhas sorrindo para você. Se as cortinas estiverem fechadas e você abri-las para investigar as batidas, você o verá. Algumas pessoas podem não vê-lo, mas ele o estará vendo.

Ainda não consegui descobrir o que acontece se você falar com ele ou abrir a janela para ele. Dizem que ninguém consegue coragem o suficiente para fazer tais coisas.

Algumas dicas para ajuda-lo a evitar um encontro com ele:

• Feche as cortinas completamente
• Mantenha a janela fechada e trancada
• Mantenha o celular ao seu lado, assim você pode ligar para a policia se ele aparecer
• Fique na cama
• Fique quieto
• Volte imediatamente a dormir

Se você deixar as cortinas abertas ou mesmo um pedacinho aberto aqui vai algumas dicas:

• Feche os olhos e finja que não viu nada
• Não olhe para ele
• Não saia da cama
• Tente chamar a policia discretamente
• Fique calmo e deixe a policia fazer o trabalho

Bom então, acho que já é hora de ir para a cama.

07/11/2013

Guitarra de 5 cordas (Parte 1)

Olá pessoal, eu comecei a traduzir essa creepy há algum tempo, e como ela é "um pouco" grande, decidi dividi-la em algumas partes. Espero trazer a continuação o mais breve possível.
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Já era tarde quando Elijah finalmente tinha terminado de colocar seus pertences em sua nova casa. Era sua última chance e ele precisava de um novo ambiente para se inspirar um pouco. "Eu já te dei muitas chances! Essa merda que você faz simplesmente não vende! Faça uma música boa o bastante para estourar no mercado ou você estará fora!" foi o que seu produtor gritou na última discussão que tiveram. Elijah odiava seu produtor, e sua falta de vontade de mudar seu estilo apenas para vender discos deveria ser repensada se quisesse morar debaixo de um teto. Elijah vinha de uma era onde grandes músicos precisavam apenas de talento para conseguir vender seus discos, mas os tempos mudaram, e ele estava sendo deixado de lado para que "essa porcaria genérica e feita em larga escala" tivesse mais espaço. Frequentemente ele ligava o rádio para tentar conseguir inspiração, mas isso servia apenas para perder sua fé na música ao ver o que é que as pessoas realmente gostavam de ouvir.

"Eu não posso fazer esse lixo! Eu me recuso!" ele disse para si mesmo, mas depois de se estabelecer na nova casa e pensar a respeito, ele ligou o rádio novamente, sem muito ânimo. Elijah havia entrado no ramo da música com a esperança de que sua criatividade e expressão pudessem brilhar, mas depois de anos em turnês com uma banda e após a mesma ser dissolvida devido à falta de retorno, ele agora se via forçado a escrever músicas para as novas bandas adolescentes. Elijah desprezava a "nova geração" porque eles sofriam de uma incrível falta de criatividade e musicalidade, as mesmas qualidades que outra hora levaram tantos à fama. Ter alguém escrevendo uma música para você era motivo de vergonha em seus tempos, mas agora parecia até ser uma regra. O mercado musical era uma besta nojenta, ele pensou, mas ele já estava na indústria e não poderia parar agora.

Depois de horas de trabalho duro, Elijah se jogou no sofá, cansado e desmotivado. Cada músculo de seu corpo doía e pulsava com qualquer movimento que fizesse. Depois de alguns minutos de pensamentos vazios, Elijah se levantou para explorar sua nova casa. Sua agenda apertada o impediu de investigar a casa antes de sua compra, mas o produtor garantiu que a casa era perfeita e que o dono anterior era, assim como ele, um compositor. A casa até tinha um estúdio.

As paredes eram forradas de vermelho. Marcas de poeira estavam pela parede. Elijah pensou que eram ali que estavam os quadros e pôsters do antigo dono. Ainda haviam pregos ali. Estava bem claro que tudo que pertencia ao antigo dono foi removido rapidamente para que o novo dono pudesse se instalar. A casa era consideravelmente maior do que ele pensava (considerando quanto havia sido pago nela), e parecia ser maior no interior do que no exterior. Após andar pelos corredores, ele chegou em um grande e impressionante salão, com uma escada em espiral direcionada ao porão. Elijah chegou à conclusão de que o estúdio deveria estar ali. Ansioso para ver o local em que ele passaria a maior parte do tempo, ele correu em direção das escadas. Quando chegou ao destino, deixou escapar um gemido angustiado. As escadas pareciam ir a um lugar muito mais fundo do que ele pensava. "O estúdio deve estar no subsolo, não é possível!" ele presumiu.

Elijah começou a pensar o que teria feito o dono anterior ter desistido daquele lugar. Era simplesmente a casa mais incrível que ele já tinha visto, e ele não podia imaginar o que faria alguém sair. O produtor disse que o antigo dono tinha simplesmente "desaparecido". De acordo com a polícia, não havia qualquer sinal de arrombamento, então eles concluíram que o homem simplesmente foi embora e deixou tudo para trás. Por que ele teria feito isso, Elijah não podia nem mesmo desconfiar, mas não era como se ele quisesse contestar essa decisão. Cautelosamente ele desceu as escadas, agarrando o corrimão. O aço da escada era robusto e bem conservado, não emitia estalos ou vibrações quando se pisava nos degraus.

Assim que chegou ao fim das escadas, as luzes do salão acima de sua cabeça ficaram cada vez mais fracas até que ele não pudesse mais ver aonde estava. Depois de alguns segundos andando desorientadamente no escuro, ele chegou a um interruptor, e acendeu a luz. Era um pequeno e isolado quarto, com uma única porta vermelha bem à sua frente. Um arrepio percorreu a espinha de Elijah, mas ele logo se acalmou e se moveu em direção à maçaneta. A porta parecia chamá-lo para dentro do quarto, e depois de pensar a respeito disso por algum tempo, ele começou a ouvir notas fracas vindo de dentro daquele quarto. Notas bonitas, que ecoavam por algum tempo. Notas que pareciam ser de um instrumento de corda. "Alguém deve ter deixado um rádio ligado", ele pensou, mas então lembrou-se que nada tão bonito tocava no rádio há pelo menos uma década. Coberto de curiosidade, ele se moveu cautelosamente na direção da porta. Segurou a maçaneta dourada, e então se deu conta de algo: alguém poderia estar dentro do estúdio tocando o instrumento. Ele entrou, tomado pela fúria. Assim que viu o estúdio, no entanto, ficou mais calmo.

Era o mais belo e completo estúdio que ele já tinha visto. Microfones da mais alta qualidade, mesas de som e computadores enchiam o local. Os caras da empresa de mudanças provavelmente não sabiam da existência daquele quarto: era a única explicação para que tal equipamento ainda estivesse ali. Elijah fez um cálculo rápido e viu que ali deveriam haver várias dezenas de milhares de dólares em equipamento.

Depois de alguns instantes, ele se lembrou qual era a razão para ele ter entrado ali, e ficou espantado ao ver que a música tinha parado. O estúdio estava completamente vazio. "Cara, devo estar ficando louco", murmurou, e foi em direção à mesa de som. Para sua surpresa, o estúdio ainda estava gravando, como se o dono anterior tivesse ido embora antes mesmo que ele tivesse parado a gravação. Com a cautela que os vários anos de experiência haviam lhe dado, permitindo que ele conhecesse cada um dos botões e chaves, Elijah examinou o equipamento e parou a gravação. Decidiu que voltaria mais tarde para examinar melhor o estúdio para tentar descobrir alguma coisa, mas viu algo que chamou sua atenção.

Uma guitarra branca, bastante reluzente, e ainda conectada a um amplificador, largada no chão, perto de um banco caído. Elijah moveu-se rapidamente em direção a ela. A qualidade do instrumento era soberba, e mesmo parecendo ser um modelo de 50 anos antes, os trastes estavam completamente novos e as cordas não pareciam ser muito antigas, eram quase novas. Enquanto ele examinava cautelosamente o instrumento, percebeu algo de errado. Ele tinha ficado tão atraído pela beleza da guitarra, que demorou para notar que ela estava com uma corda a menos! Apenas 5 cordas, terminando na B. Ainda mais interessante, ela  havia sido feita para ser uma guitarra de 6 cordas, afinal, havia um sexto espaço vazio no braço da guitarra. "Por que alguém teria tanto cuidado em fazer uma guitarra tão bonita para no fim deixar de colocar uma das cordas?" Ele se perguntava por que o antigo dono estaria tocando uma guitarra incompleta. E a parte mais estranha de tudo: era evidente que a guitarra havia sido derrubada, mas não apresentava arranhões ou coisa do tipo.

Elijah, cheio de dúvidas, decidiu pegar a guitarra. Quando sua mão estava bem próxima do braço, a guitarra pareceu reluzir ainda mais, como se estivesse implorando para ser usada. De repente, antes mesmo que ele fizesse contato com a guitarra, seu bolso vibrou. Ele puxou o celular do bolso.

"Ótimo, esse filho da puta de novo", murmurou, e atendeu o telefone. O sinal era péssimo ali, então ele  subiu as escadas novamente.

"Então, o que eu disse, cara? Eu estou certo ou estou certo? Eu sei que o estúdio é pequeno, mas deve servir!" o produtor gritou. Ele parecia gritar o tempo todo, como se sequer tivesse consciência do volume de sua voz. Elijah não entendeu o que Bob quis dizer com "pequeno", já que aquele estúdio era maior que seu antigo, mas fingiu não perceber o erro. "É maravilhoso... É... É incrível, na verdade. Você estava certo, como sempre" ele admitiu, relutante, deixando escapar um suspiro.

"Estou esperando que você faça músicas ótimas, E. Não me desaponte!"

"Não se preocupe. Logo farei algumas músicas".

"Ok, cara... Sabe... Eu sei como se sente" ele disse, mas era óbvio que sua empatia era falsa. "Apesar disso, você tem que entender, os tempos mudaram, e se você não pular no trem, o trem parte e deixa você para trás!"

"Ele tem a cara de pau de me pedir para 'seguir os novos tempos' mas fica usando essas frases arcaicas do século passado", pensou. "É, Bob, eu sei. Olha, eu ainda não terminei de desempacotar minha mudança, então eu falo com você depois, tudo bem?"
"Claro, E, tudo bem. Até mais".

Elijah guardou o telefone. Suas costas começaram a doer e ele precisava deitar. "Ótimo", ele pensou, "vou ter que deixar a guitarra esperando". Ele ainda não tinha montado a cama, então decidiu dormir no sofá aquela noite.

A conversa

Você está de costas para a parede, após correr feito uma barata para pegar a lanterna depois de uma repentina queda de energia. Suas costas começam a doer enquanto você a pressiona mais e mais contra a parede, a coisa para a qual você está apontando a sua lanterna não é nenhuma criatura desse planeta.

Essa coisa não anda, se aproxima pairando de um jeito estranho, atravessando a sala, vindo em sua direção. É alto, muito alto. Sua pele é de um pálido azul cobrindo um corpo muito esquelético. Sobre os seus ombros, se é que pode chama-los de ombros, há uma cabeça cinza, de rosto sem feições. A luz da sala se acende de repente, e você percebe que a agora a única lâmpada na casa que funciona é a da sala, a lâmpada que de alguma maneira parece manter uma conexão entre você e a criatura, como se lançasse um brilho apenas entre vocês dois. A coisa para de se mover, apenas alguns passo separam vocês.

“Ma-mas que droga!?” Você exclama.

“Olá.” Você ouve uma leve, e ameaçadora voz em sua cabeça.

“O que? Vo-você acabou de-“

“Falar? Sim, posso não possui uma boca, mas no momento eu tenho muita experiência com a sua linguagem.” Ele ri. Você começa a se engasgar. Você não pode acreditar que isso está acontecendo. O terror não parece com nada que você já tenha sentido. ‘Estou sonhando?’ Você pensa. Não, isso é real, infelizmente.

“Perguntas? Você parece um humano bem curioso,” Ele acrescenta.

“O que?” Você responde, é quase inacreditável que ele possa falar sem uma boca.

“Não tem perguntas para mim? Quero dizer, com certeza não é todo dia que você encontra um de.... nós,” ele diz.

“Ma-ma-mais que droga é você...? O que é você? Por que está aqui?” Você grita. A coisa se inclina, e de repente, um caroço aparece no rosto da criatura, na região da testa, ele fica maior e maior, e finalmente começa a mudar de cor... rapidamente tornando-se um circulo negro, você vomita enquanto observa com horror aquele enorme olho preto que agora o está encarando. Para piorar as coisas, o fato da coisa não possuir uma boca está realmente começando a incomoda-lo, você começar a sentir-se ainda pior.

“Bom, eu sou o dos que vivem em uma dimensão paralela. Somos seres mais avançados que, bem... a sua espécie. E como você já deve ter percebido, estou aqui para... elimina-lo.” Ele fala, lentamente o encarando outra vez, o olho parece de alguma forma alegre, ou satisfeito. Ele veio para ‘eliminar’, e parece que adoraria fazer isso. Como isso poderia acontecer logo com você?

Você afunda até sentar-se no chão. “Isso não pode... não pode estar acontecendo-“

“Eu lhe garanto que está. Humano.” A coisa ri outra vez. A certeza em sua voz, o faz lembrar que você não tem poder para impedi-lo. Então você começa a ficar com raiva, o seu medo e a confusão atingiram o seu ponto máximo- seus sentimentos estouram você se levanta e explode, um profundo ódio emana do seu corpo.

“NÃO, PORRA NÃO!! NÃO QUERO MORRER, FODA-SEEE!” Você grita, porém, a raiva já passou, você cai de volta para o chão, sentindo o inevitável. A criatura fica em silêncio por um momento.

“É lamentável você discordar de mim, Eu queria ter encontrado outro daqueles humanos suicidas patéticos, seria bem mais fácil para mim. Mas já tomei a minha decisão, e já é hora de por um fim em sua vida.” Uma fina linha torna-se visível no local onde deveria haver uma boca naquele rosto cinzento. Um sorriso? Lágrimas escorrem pelo seu rosto, não há esperança, então é isso.

“Eu sinto muito, acho que esse é o fim, por-“ antes que você possa acabar de falar a criatura arremete em sua direção, a “boca” começa a se esticar, e esticar, e esticar ate se dividir e abrir, e um grande e brilhante abismo aparece na sua frente. É um profundo inimaginável, parece se esticar até o infinito. Você grita. O grito mais verdadeiro e profundo que já deu, enquanto encara o abismo e o grande olho preto que continua a olha-lo de cima, quase do céu.

E nesse momento você percebe o quão fútil somos. Parecemos insetos, rastejando pela superfície dessa pequena pedra flutuando no espaço, e na realidade há seres verdadeiramente poderosos, agindo por trás das cortinas. Você não é nada, um imprestável, apenas um cisco na vastidão do espaço, um desperdício de tempo e energia para as verdadeiras forças do universo.

E no momento em que as luzes se acendem no apartamento agora vazio. A coisa se foi...

e você também.

06/11/2013

O sofá

Bom, quero deixar claro que tudo que ocorreu nessa história foi real. Não espero convencer ninguém, é sério, foi muito difícil chegar a um acordo comigo mesmo. Não sou um cara louco, pode parecer cliché, mas depois de uma grande luta interna, cheguei à conclusão de que existem coisas na vida que não podem ser explicadas, ao menos nas formas que conhecemos.

A lógica, por mais que depositemos confiança nela, nada mais é que uma vela muito fácil de ser apagada. E quando é apagada, somos deixados sozinhos no escuro, e logo passamos a acreditar e confiar em tudo aquilo que zombamos enquanto havia luz.

Tudo bem, antes que eu fique muito melodramático, aqui vai a história.

Eu era muito jovem; apenas 4 ou 5 anos no máximo, antes mesmo dos meus outros irmãos nascerem. Era apenas minha mãe, meu pai e eu, vivendo em nossa pequena casa em Great Bend, Kansas. Um lugar aconchegante. Éramos uma família jovem, sem muito dinheiro, e a maioria dos nossos móveis eram de segunda mão.

Já era quase meio dia; verão, calor, tédio. Eu estava brincando com bolinhas de gude no fino carpete ao lado do grande e velho sofá com estampas quadriculadas. Minha mãe estava na cozinha, e meu pai no trabalho.

Por que eu estava tentando rolar as bolinhas de gude pelo carpete? Eu não sei – pois nós tínhamos um chão perfeitamente liso para as bolinhas. Mas ali estava eu, rolando as bolinhas pra lá e pra cá, atingindo umas com as outras. Então, em meu descuido, joguei uma gude com muita força. Minha gude favorita – era limpa, vermelho rubi, e foi se perder diretamente no espaço escuro embaixo do sofá.

Droga. O papai não estava em casa, e ele era o único forte o suficiente para levantar aquele sofá velho. Eu teria que pegar a gude sozinho.

Estiquei o braço para baixo do sofá, hesitante no inicio, e então indo mais fundo. Sem encontrar a gude, puxei o braço de volta desapontado.

Então, uma mão se estendeu de baixo do sofá para mim.

Lembro-me da imagem vividamente, e acho que nunca esquecerei. Era uma mão pequena, com dedos finos – a mão de uma mulher. Estava retorcida e enrugada, como se fosse muito velha, e estava enegrecida. Não negra como na África, negra como na morte. Claro que naquela época eu não sabia que os corpos enegreciam durante a decomposição, então eu não sabia por que estava negra.

A mão se esticou para mim o máximo que pôde e então retornou para baixo do sofá.

Então emergiu outra vez, dessa vez ela puxava uma pequena embalagem amassada com uma marca, um tipo de logo que eu não reconheci. A mão ficou parada, como se estivesse esperando que eu pegasse a sacola. Então, como eu não peguei, a mão puxou a sacola para baixo do sofá e se foi.

Levantei-me, fui para a cozinha, e contei para minha mãe sobre o que aconteceu.

Por que não corri gritando? Não sei muito bem. Tudo que posso dizer é que eu ainda era muito criança; uma mão saindo de baixo do sofá não parecia ser um grande problema. Eu ainda não tinha aprendido sobre o que era ou não permitido na realidade. Eu não tinha uma visão de mundo.

Mamãe era cética, mas me levou até o sofá e explicou como eu provavelmente estava imaginando coisas. Ela até passou a mão por baixo do sofá para me convencer de que não havia nada ali embaixo. Mais tarde, papai levantou o sofá para mim, e a única coisa lá embaixo, era é claro, minha gude rubi, mais algumas outras gudes que eu nem lembrava de ter perdido.

Mas ai vem a parte assustadora…

Por anos isso ficou em minha mente – até criei a estranha ideia de pessoas pequeninas vivendo embaixo do sofá, e eu, em minha infantil inocência, acreditava que eles me pegariam e me levariam se eu invadisse o território deles outra vez. Porém, enquanto crescia, fui deixando essa ideia como um sonho que tive quando criança – um sonho bonitinho, mas bobo.

Então, alguns anos depois, contei outra vez a história para a minha mãe.

Ela sorriu para mim, e disse que se lembrava disso, por que afinal, ela esteve lá. Ela me contou que ainda lembrava que eu corri para ela no meio do dia e falei sobre uma mão embaixo do sofá, e lembrava de ter ficado bastante perturbada com a minha história, já que eu era um garoto muito calmo, bem comportado e que nunca mentia.

Então ela me contou uma coisa que eu não sabia sobre o sofá.

Ela e o papai conseguiram o sofá dos bens de uma velha que havia morrido em cima dele. Pelo que eles andaram pesquisando, a velha havia se suicidado, com cortes no pulso e no pescoço. Essa foi a primeira vez que ouvi sobre isso, e com certeza explicava o porquê eles se livraram do sofá logo um mês depois do que aconteceu comigo.

Mas ai vem a parte que me assusta, até hoje. A parte que tento a todo custo tirar da minha mente todas as noites. Lembra daquela embalagem que a mão tentou me entregar? Nunca esqueci da logomarca que havia nela. E, recentemente, voltei a ver a logomarca, no que parecia o mesmo tipo de embalagem, em uma loja de ferramentas.

Era uma embalagem de lâminas para navalhas.