A EVOCAÇÃO DA MORTE
Ali estava eu, com um copo de uísque na mão, um charuto acesso sob a mesa, virado tristemente para a parede com um fogo de lareira fraco sob minha frente e atrás de mim inúmeros símbolos mágicos de invocação gravados a sangue no chão, invocação de um ser poderoso a qual eu achei que não conseguiria invocar mesmo com tantos anos de estudo das artes negras, mas de repente o fogo pareceu diminuir a velocidade do crepitar ate finalmente parar, como se tivesse congelado. O ambiente se esfriou abruptamente e eu ouvi o ultimo “tec” do relógio ao meu lado, o pendulo parar inclinado, não só pendulo, o tempo havia parado; então tétrica luz apareceu sob minhas costas e logo desapareceu, senti a presença de algo atrás de mim, algo antigo, poderoso e indiscutivelmente sábio. Esforcei-me a fim de conter meus sentimentos, um misto de poder e medo e falei com minha voz baixa de ancião tentando manter a calma: “olá espectro, então você veio.... Não imaginaria que teria poder de invocar um de vocês, um espectro da morte, o ser mais poderosos de todos os mundos, fico feliz em saber que minhas habilidades de mago foram uteis ate este momento”.
O espectro flutuou num movimento totalmente silencioso, saiu das minhas costas e foi se postar em minha frente. Deste jeito eu poderia vê-lo: era alto, cerca de 2 metros, semitransparente, sua capa em farrapos não tocava o chão, e ele era apenas isto, uma capa, sem nada dentro a qual eu pudesse ver; dentro do capuz apenas a escuridão de um abismo infinito, e por onde ele se movia deixava sombras, uma sombra viva e sutil emanava dele e recobria todo o cômodo. Tinha em sua posse uma ampulheta de ossos preenchida por uma areia negra que não cessava em cair. Colocou-a na mesinha de centro, ao lado da garrafa e do cinzeiro, na outra mão, apoiada no ombro existia uma enorme foice, um foice quase material, conseguia ver meu reflexo de velho decrépito nela. O espectro pegou a garrafa, me fitou com o capuz vazio e perguntou na voz mais gélida e gutural que podia imaginar, parecia ser a voz da caverna mais profunda do inferno, tinha um tom amigável. Ele disse: “ Bem, você irá entender minha língua, embora não seja o português que você esteja habituado. Esta é a língua da morte, e é entendida por todos os seres vivos. Esta garrafa, posso beber?".
Fui pego de surpresa, esperava tudo menos isto. Um espectro da morte, um ser tão antigo quanto o que há de mais antigo, estava ali me pedindo bebida calmamente, como um velho amigo sem qualquer formalidade ou superioridade. Depois de me recompor olhei e assenti com a cabeça, o ser olhou para mim e pegou a garrafa, sentou-se ao meu lado numa poltrona feita pelas sombras que dele emanavam, derramou o liquido dentro da eterna noite do capuz e se virou para mim e novamente se ouviu o som de sua voz: “Não, desculpe-me desaponta-lo, mas não, você fez muito em sua vida para conseguir o poder que tem hoje, mas não tem noção de quem eu sou, ou melhor, do que eu sou. Sua mente simples não conseguiria processar tamanha informação, você não conseguiu me invocar, nenhum humano tem tanto poder, não é obvio, criança?".
Meus nervos tremeram, tentei me mexer, pegar o charuto, mas não conseguiu, a voz sussurrou bem próxima aos ouvidos: “Oh, perdoe-me a força do habito. Muitos tentam fugir e eu não gosto de bagunça... Você não tentará correr não é, minha criança? Claro que não... Tente agora”. Estendi minha mão ao cinzeiro, para minha surpresa conseguiu. Eu começava a entender a situação. Sem tirar os olhos da brasa fria e congelada, do charuto agora inútil, perguntei: “Bem, se eu não consegui lhe evocar, e você esta aqui ao meu lado, isto quer dizer que...”, não conseguiu terminar a frase, mas o que queria dizer era obvio. Sentia-me realmente uma criança ao lado dele.
O espectro colocou a garrafa congelada no chão, se virou para mim e depois se para o fogo com as chamas paradas, incapaz de produzir calor e novamente ouvi a voz, impassível, calma, como se o meu desespero já não fosse percebível, “Sabe Wellington, magia é uma coisa que se usa energia vital para dar certo, e quando se usa o constante o poder da magia se envelhece rápido. Convenhamos, você foi um homem ousado, tudo era pouco para você, e este seu ultimo projeto, me invocar... Sou maior que você pensa, bem, você precisaria de trinta vezes mais energia vital do que dispunha. Então de qualquer forma eu vim fazer o que eu faço dês de que existe vida. Se pretendes pergunta se você morreu, a resposta é não. Ainda não. Isto sou eu quem decido e estou disposto a responder algumas perguntas, as ultimas que você fará.”
Aquele ser sabia da minha vida? Sabia meu nome? Eu realmente não previa isto, aquilo era poderosos de mais, e se portava como se fosse a coisa mais normal que pudesse conceber. Aquilo era medonho, constrangedor até.... Não sabia o que fazer, então me resignei a fazer mais uma pergunta para aquele ser que escurecia e gelava cada vez mais o ambiente.
“Como você sabe de minha vida? Quem lhe disse meu nome? Você esta me seguindo dês de quando, espectro?"
“Dês de quando eu lhe sigo? Dês de seu nascimento lhe sou uma sombra, o seu e de todos aqueles que conheceu. Conheço e sigo todos que vivem ou viveram neste mundo e nos outros, acompanho você dês de antes de sua concepção. Sou o frio na espinha que você aprendeu a ignorar, sou aquele que cria e tira a vida, aquele que todo ser vivente este fadado a encontrar.”
O medo já tomava conta de minha alma, pois era claro que a cada segundo o espectro parecia maior e mais poderoso, suas sombras já enchiam o quarto e sua aura me causava um medo alucinógeno, que eu fazia um esforço insano para permanecer justamente com minha sanidade. Perguntei por instinto uma pergunta que esperava um resposta negativa: “Ohh, por mil demônios, quem é você? Você é Deus?”
E para minha intensa surpresa em resposta ouvi uma risada baixa e fria como o gelo sair daquela criatura que olhou para cima e para o lado e se calou, mas depois novamente voltei a ouvir a maldita voz que respondeu: “Sim, sou Deus. Pelo menos o único Deus que te escutou durante esta sua breve existência, e também o único que te respondeu”.
Agora olhei pelo cômodo, a janela estava quase perdida entre as sombras, mas lá estava ela. Eu conseguiria correr e saltar sobre ela, estava velho mas aguentaria fazê-lo. É isto, fugirei da morte e usarei minha magia para deixa-la longe de mim. Foi o que eu fiz, e o espectro ficou indiferente, sequer tentou me impedir mas quando saltei pela janela eu cai dentro do mesmo cômodo. Eu via o mundo todo do outro lado, mas quando pulava por ele caia novamente no cômodo onde eu estava e no outro lado estava a liberdade, sempre do outro lado da janela, o espetro olhava impassível, me lembrei da porta, me arrastei em direção a ela e a abri, quando olhei por ela dava novamente para o cômodo logo atrás de mim, eu esta preso dentro do cômodo, não iria conseguir sair, o desespero tomava conta de meu rosto, que agora escorriam lagrimas cruéis de medo profundo. Cai prostrado no chão. A voz me perguntou impassível: “Acabou o show? Achou mesmo que seria tão fácil fugir de mim? Fugir da morte.... não é o primeiro que tenta e se tratando de você esperaria técnicas mais eficientes do que pular uma janela.”
Virei para aquele ser flutuante agora a dois passos de mim e gritei em fúria, meus olhos saltados, boca espumante, meu coração doía, uma dor que nunca sentira antes, enquanto minha sanidade se esvaia como fumaça virei e gritei: “Você não é Deus algum, e o Demônio, o próprio inferno".
Senti aquele ser me fitando com uma odiosa indiferença, como um adolescente que olha seu brinquedo de criança, o ser falou novamente: “Acertou novamente. Sou o demônio, sou Deus, sou a vida, sou a morte, o sim e o não, sou o paraíso e o inferno também, mas lembra-se daquela ampulheta, o que você acha de olhar para ela?”
Eu nem sequer me lembrava da maldita ampulheta, mas quando a morte falou dela, meu pescoço se virou contra minha vontade para a direção da mesma, e lá estava ela com um ultimo grão caindo... E a dor no coração não parava, era isto morreria de parada cardíaca, olhei para o espectro gigantesco agora, e com um poder imensurável, olhei para ele e fiz uma ultima pergunta: “E agora, para onde vou?”
E então ouvi novamente o barulho do crepitar das chamas, do relógio, de uma garrafa se quebrando o tempo continuara seu ritmo e enquanto o ser que tentei evocar a fim de ser meu escravo descia a foice que acabaria com minha gloriosa vida de feiticeiro disse-me a ultima resposta que ouviria na vida: “Para lugar algum, você está morto, criança, e assim ficará para todo o sempre”.
Escrito/Enviado por: Tarso Ciolete
Shinigamis são tão interessantes.
ResponderExcluirオタク 馬鹿 detected
Excluirgostei dessa morte, ela é muito gente boa, não sei direito mas você não deveria ter tanto medo da morte em si.
ResponderExcluirDês de.
ResponderExcluir"Dês de"... x.x
ExcluirPessoal do CPBr, sugiro que deem uma corrigida antes de publicarem as creepys dos fãs...
Tirando alguns errinhos básicos, eu gostei bastante da história. Só achei que os "elementos" do cenário (charuto, lareira) não combinaram muito com o Brasil!
Não ligo para os erros ortográficos, mas concordo em uma coisa: os elementos do cenário estão bem fora da realidade brasileira.
ExcluirO texto foi bem construído, parabéns ao autor, embora não seja o estilo que eu goste.
Esses "dês de" me davam vontade de parar de ler.
ExcluirGostei muito.
ResponderExcluirMuito bom as creeps estão cada veis melhores parabéns a vcs
ResponderExcluirEssa creepy é ótima, ao menos uns erros de ortografia grotescos, parece que ele tentou falar a língua português antigo, cheia de formalidades, mas na metade desistiu e misturou o antigo com o novo, mas o contexto da creepy é ótimo
ResponderExcluirEvocar e invocar são coisas diferentes, cês sabem, né?
ResponderExcluiruma coisa de todos os erros de ocultismo desse texto ele ta certo a magia envelhece a pessoa
ResponderExcluirProvas?
ExcluirUse a lógica. Um feiticeiro ou mago é igual a um cientista ou acadêmico. Se ele é muito bom na sua área ele estuda muito, pesquisa muito... e geralmente é sedentário, isso faz com que não envelheça bem e pareça envelhecer mais rápido.
Você tá usando ideia típica de livro de regra de RPG que usa o lance de gastar HP além de MP pra limitar o poder do jogador. Fora isso, a energia vital normalmente é usada ou como ingrediente ou como sacrifício pra algum efeito especial (é só procurar em várias obras de ficção ou em livros pseudo sérios), tipo catalisador. Apenas usar a magia pura e simples não consome a pessoa, depende muito do que ela vai fazer, qual a intenção e qual "escola" de arte arcana ela segue.
Ignorando os erros de gramática, a trama vai bem até um pouco antes da metade, depois é um festival de clichês. Pra alguém que era um feiticeiro tão poderoso, como ele se comporta como um idiota ignorante? Começou bem e terminou muito ruim.
ResponderExcluirJesus te ama me responde antes de 3 dias
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