16/02/2013

Pesadelo


Meu maior pesadelo ocorreu quando ainda era um adolescente. Eu estava dentro de um hotel, e nele, era um detetive forense.

Cercado por um grupo de policiais, eu fui levado a um quarto de hotel em um andar muito alto. Ao chegar à porta, de número 167, fui colocado lá dentro. Um dos policiais fechou a porta atrás de mim e começou a desesperadamente bloquea-la fora, gritando pela porta e explicando que esta foi uma "simples precaução tomada a fim de evitar que o assassino tentasse voltar à cena do crime para acabar com as provas".

Eu (desconfiado com toda aquela situação, mas focado em meu trabalho), acabei não questionando esta "simples precaução", e fui direto para uma sala de estar. Sentado no sofá, havia um corpo. Um homem que parecia ter uns 30 anos estava morto, sentado com sua cabeça pendurada para trás sobre a almofada do sofá. Perturbadoramente o suficiente, um buraco muito grande atravessava todo seu estômago, assim como o sofá também. Fui até a parte de trás do sofá; entranhas, órgãos desmembrados e espumas ensanguentadas jogadas no carpete. Era muito fácil conseguir enxergar completamente através do buraco no sofá e do estômago do homem. Diante daquilo, eu mantive minha compostura, fiz algumas anotações e decidi seguir em frente.

Caminhei lentamente por uma pequena cozinha até chegar ao banheiro, e sua porta estava aberta. Deitado dentro da banheira, estava o cadáver de outro homem, muito mais velho e massacrado do que o primeiro. Seu corpo estava rasgado da área genital até sua garganta, e a água da banheira estava com coloração vermelho-escuro (graças a quantidade de sangue que escorreu de dentro dele). Fiz mais algumas anotações, e já estava prestes a me virar e sair, quando de repente, ouvi um barulho estranho, como se fosse um pé pisando em uma poça molhada. Desesperado, olhei em volta mais uma vez, quando notei uma mão segurando a base do vaso sanitário. Andei em direção a ela até que vi, lá no canto do banheiro, agachado no espaço entre o vaso sanitário e a parede, um homem, com suas mãos sangrando.

Ele correu pra fora do banheiro e bateu a porta ao sim, prendendo-a com uma cadeira. Fiquei parado, sem reação, ouvindo suas ações do outro lado da porta; objetos sendo arrastados freneticamente, respiração pesada e de repente.... silêncio. Aproveitando a oportunidade, dei um chute na porta e olhei em volta. Nada havia mudado, nenhum sinal de que aquele homem havia passado por aquele lugar. Havia, no entanto, um novo corpo deitado no chão da cozinha. Uma mulher, estranhamente famíliar, estava sem roupas e jogada de bruços no chão. Havia marcas de corte profundo passando por todo seu corpo; pernas, braços, barriga, seios, garganta e no rosto também. Seus olhos foram removidos, mas todo o corpo estava estranhamente limpo. Sem sangue, sem sinais de mutilação, além dos cortes profundos e de seus olhos perdidos.

Antes que eu começasse a estudar o corpo, de repente, duas pálpebras se abriram, afundadas profundamente nos recessos dos buracos dos olhos da moça. Dentro de sua boca aberta e escancarada, outra boca se abriu e sorriu. Seus dedos tremiam ligeiramente. Agora, tudo fazia sentido; aquele homem havia assassinado a mulher, dissecado seu corpo e estava usando sua pele como uma espécie de terno. E aquele rosto familiar... Quando me dei conta, cai pra trás na mesma hora. “MÃE?!”. O homem se levantou lentamente, olhou pra mim com aquele sorriso horrível estampado em seu rosto, e gritou: "Não estou bonita, filho?!".


E então, acordei.

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