30/12/2013

Supernova

Estou deitado na cama, encarando o teto. Os cantos de meu quarto estão mofados devido ao aumento na umidade. Posso ouvir pássaros cantando lá fora, mas não posso vê-los. As cortinas nas minhas janelas garantem isso. Tento levantar, mas não consigo juntar energia suficiente. Caio novamente, suando bastante.

Continuo olhando as paredes, a tinta descascando e as vigas de madeira apodrecendo aos poucos com esse calor intenso. Continuo suando.

A mochila da escola de tantos anos atrás está atrás de mim, e eu tento pegá-la. Puxo-a para mim e começo a revirá-la. Após alguns segundos procurando, encontro o protetor solar, e passo pelo corpo. O creme refresca por alguns momentos antes que a sensação volte, junto com o cheiro de pele queimando.

Alguns gritos são ouvidos lá fora. O choro daqueles que percebem que o destino está cada vez mais próximo. Sorrio lentamente.

Decido, por fim, ligar a TV, meus dedos ficando enrugados. O mesmo programa que passava há um mês atrás continua sendo transmitido, avisando para o povo da Terra que sua condenação está próxima. Mercúrio e Vênus foram completamente tragados. Os únicos que sobreviverão são os que estão nos bunkers e eles não viverão muito, na verdade.

Olho a foto da minha família pela última vez. Espero que estejam bem lá embaixo, 120 metros abaixo daqui. Minha pele derrete e gruda no cobertou que estou deitado. Quase toda a tinta descascou e caiu no chão, e os pássaros estão em chamas agora. Ouço seus guinchados. Ouço o meu, também, enquanto continuo derretendo.

Carruagem

Um andarilho que passe pela Lincoln Road à noite provavelmente verá um casal idoso passando de charrete. Se ele pedir uma carona, o casal não se recusará e será bastante gentil. A viagem vai ser demorada e escura, e o andarilho inevitavelmente vai adormecer no caminho.

Ninguém nas cidades ao redor da estrada tem uma charrete há mais de um século.

Há um cânion a oeste da Lincoln Road que fede à fezes e carne podre. Toda noite, o fedor fica mais forte, e algumas pessoas dizem poder ouvir um débil eco de estalos, como se um veículo de madeira fosse arrastado por ali.

How to destroy angels

Em 1984, o grupo de música industrial "Coil" lançou seu primeiro single/EP, "How to destroy angels". O EP consistia de 16 minutos initerruptos de uma música ambiente sombria e sons de máquinas estalando. O EP ganhou notoriedade pelo novo estilo dado ao gênero industrial, que foi levado adiante por grupos como Throbbing Gristle e Nurse with
Wounds.

"Coil" continuou lançando vários álbuns pelos anos seguintes até 2004, quando John Balance morreu após cair do segundo andar de sua casa. É digno de nota que quando ele morreu, "How to destroy angels" estava tocando. Após a morte de Balance, Peter "Sleazy" Christopherson voltou para o grupo "Throbbing Gristle", também de música industrial, e saiu em turnê. Peter morreu enquanto dormia, em 2010.

Enquanto examinavam a casa de Peter, a polícia encontrou um CD de "How to destroy angels" em seu notebook, e estima-se que o CD havia sido ouvido pelo menos trinta minutos antes da hora em que Peter teria morrido. A lista de estranhos incidentes envolvendo o EP não acaba aqui: na capa, as palavras "Música de ritual para o acúmulo de energia sexual masculina". Em alguns casos de sequestro e estupro, o CD foi encontrado em posse do criminoso e quase sempre ele está em estado de euforia ou como se estivesse em transe.

"How to destroy angels":

28/12/2013

Google Maps

No dia 10 de Dezembro de 2011, um usuário anônimo do 4chan postou um simples endereço do Google Maps. O endereço levava para uma rua na França. Usando o recurso 3D do Google Maps, a imagem abaixo pôde ser vista:



Várias discussões surgiram sobre o que poderia ser a criatura que aparece na imagem. Uma resposta aceitável é a de que seria apenas um suporte para prancha de surf. Porém, durante as discussões, o Google Maps censurou a ‘criatura’, levando à seguinte questão: Por que o Google faria isso a não ser que fosse algo que eles quisessem esconder?

 
Ainda não identificaram a ‘criatura’, mas as pesquisas e discussões continuam...


..........................

Um usuário do Creepypasta wiki estava verificando toda a área ao redor quando encontrou algo estranho em uma janela embaixo de uma árvore que fica do lado oposto da rua onde está a “criatura da varanda”. Ele diz que pode ser um gato na janela, porém insiste que há um reflexo estranho aparecendo por trás do gato.


24/12/2013

Natal dos Willinger

Era uma noite fria, 24 de Dezembro. A neve estava caindo, cobrindo a terra como um manto branco. A noite estava muito silenciosa. E as comemorações do natal estavam apenas começando na cabana da família Willinger. A familia Willinger já vivia naquela área a várias gerações. Com tanto tempo ali, eles ganharam a reputação de família mais popular da cidade. Sempre que havia uma festa na cidade, a festa era realizada na grande cabana dos Willinger. Naquele dia, era a festa de natal.

Os Willinger convidaram todos os amigos da cidade para que se juntassem a comemoração. Teria dança muita comida e histórias. No entanto, enquanto John contava para todos sobre suas experiências como caçador, a história foi interrompida por uma grande agitação: os latidos dos cães de caça dos Willinger. Eles só latiam desse jeito quando encontravam animais enquanto estavam caçando. Enquanto John se levantava para verificar, seu filho Charlie o parou e disse que iria em seu lugar.

Charlie pegou o casaco, as botas de caça, e saiu. Logo os cães pararam de latir, deixando o silencio dominar. Por uns 10 minutos, todos na cabana ficaram em silencio, esperando Charlie retornar. Então o silêncio foi quebrado por um grito; era o grito de Charlie. John e os outros correram para fora. Eles seguiram as marcas das botas de Charlie descendo a colina para o local onde os cães estavam presos. As marcas terminavam uns 6 metros depois do local. Não voltavam e nem mudavam de direção. Os cães estavam encolhidos, tremendo e com o rabo entre as patas.

Os gritos de Charlie continuaram, mas ele não estava por ali.

“Eles me pegaram! Socorro! Eles me pegaram!” 

Seus gritos vinham de cima, ficando cada vez mais fracos, mergulhando no céu escuro.


Charlie nunca mais foi visto, e o natal dos Willinger nunca mais foi o mesmo.

Véspera de Natal

Em 1998, na véspera de natal na Alemanha, ocorreu uma série de eventos que ainda não tiveram uma explicação.

Era noite, e o pequeno Jonathan estava juntando lenha para o dia seguinte. Recentemente ele andava falando sobre alguns sonhos estranhos, envolvendo um homem alto o perseguindo pela floresta. Com isso, o garoto se recusava a se aproximar da floresta que havia perto de sua casa.

Porém, o pai ofereceu algum dinheiro para que ele entrasse na floresta para juntar mais um pouco de lenha. Johnny, como ele era chamado, já estava acabando de juntar a lenha quando ouviu um som familiar.

Parecia o seu amigo que tinha desaparecido recentemente. Ele correu na direção do som, mas não havia nada lá. O som parou, e tudo ficou em silencio.

Ele ficou ali parado, agora com medo da floresta, olhando para os lados nervoso. Então ele viu alguém vindo em sua direção. Era o homem alto dos seus sonhos! O homem falou, disse que seu nome era Der Großmann, e veio para levar o pequeno Johnny para um lugar melhor. Johnny, como era um garoto muito inocente, pensou que o homem ia leva-lo para um parque ou algum outro lugar para se divertir. O homem começou a andar, e Johnny o seguiu.

Finalmente chegaram a uma pequena clareira, com pedras manchadas com uma substância que parecia sangue. O homem alto sentou em uma pedra, acenando para que Johnny se sentasse com ele. Johnny se sentou ao lado do homem, que agora ele percebeu era anormalmente pálido. O homem também carregava um grande saco, e Johnny, curioso, perguntou o que tinha ali dentro.

O homem abriu o saco, e de dentro ele tirou o corpo do amigo desaparecido de Johnny, todo ensanguentado e com marcas de arranhões e mordidas. No peito as marcas de arranhões formavam "Frohe Weihnachten". O pequeno Johnny ficou aterrorizado e tentou fugir, mas o homem foi rápido. Ele agarrou o pequeno Johnny e o jogou no chão.

Então ele encarou o garoto, revelando um horrível rosto desfigurado, com pedaços de carne entre os dentes e sangue escorrendo da boca. O homem não tinha nariz, tinha dos grandes olhos sem vida, e dentes enormes. “Shh... relaxa, isso vai acabar logo.” O homem falou calmo. Então ele começou a mutilar o pequeno Johnny, sem que ninguém pudesse ouvir os seus gritos de desespero.

Cobertores

Querida Susan,

Eu te amo. Eu te mandei pra comprar leite porque eu sabia que o monstro finalmente nos achou. Eu posso ouvi-lo na cozinha, andando pra lá e pra cá, procurando por mim. Mas tudo bem. Estou salvo aqui.

Quando éramos crianças e ouvíamos o monstro, nós nos escondíamos no único lugar seguro que conheciamos: nossas camas. Estou escondido no único lugar que ele não pode me encontrar. Ele só pode nos ferir se puder nos ver, e estou seguro debaixo desses cobertores.

Engraçado... Ainda há luz o bastante pra que eu consiga escrever esse bilh-oh.

Esses cobertores são de algodão. Do tipo que permite que se veja através deles.

Corra. Não é seguro aqui.

22/12/2013

Snap!

Todo mês, uma bela mulher deixava seu filme na loja de câmeras para revela-lo . Ele não sabia o nome dela, mas ela era a mulher mais bonita que já havia visto, além de ser uma maravilhosa fotografa. Os dias mais animadores foram quando ele tinha a chance de revelar as fotos da moça. As imagens eram dela, as vezes na praia de biquíni, outras vezes em um piquenique; sempre sorrindo. Uma foto de close-up revelava seus belos olhos azuis claros que ele sempre sonhava nos dias mais tranquilos de seu trabalho. Uma vez, até mesmo uma foto nua dela acabou passando batido - um auto-retrato que ela havia tirado no banheiro. Isso foi antes das câmeras digitais e não havia nenhuma maneira de apagar as fotos fora do rolo, mas claro, como ele suspeitava, esta foto foi tirada somente para que ele veja. Ele então decidiu guarda-la.

Um mês depois, um homem começou a aparecer em todas as suas fotos. Este homem estava sempre sorrindo também, abraçando-a em muitas das fotos, às vezes na praia, às vezes em um piquenique. Ele não gostou disso, e com isso, passou a se livrar de todas as fotos com esse outro homem no meio. Depois disso, ela parou de revelar as fotos naquele lugar.

No entanto, isso não durou muito tempo, pois pouco depois, fotos dela começaram a chegar na loja novamente. O homem que estava com ela não aparecia mais nas fotos. E ela não sorria mais. Na verdade, parecia estar chorando na maioria das fotos. Elas pareciam ter sido tiradas da parte de fora de uma janela de vidro, e as únicas fotos em close-up de seus belos olhos, era quando eles estão fechados e ela estava dormindo.

Créditos: Jack

Negação

Eu acenava adeus aos meus amigos enquanto pisava fora do ônibus e ia para minha casa. Estava super animado para chegar em casa e ver meus pais. Eles não haviam falado muita coisa ontem. Pra falar a verdade, eles apenas ficaram em seus quartos o dia todo. Não estavam se sentindo bem. Subi as escadas da varanda e abri a porta da frente com um grande sorriso bobo em meu rosto; Porém, quando abri a porta, não havia ninguém na sala. A televisão estava desligada e a casa parecia anormalmente silenciosa. Eu dei alguns passos e comecei a chama-los.

"Mãe? Pai?", gritei. Eu sabia que eles deveriam estar por aqui. Papai tirou o dia de folga e mamãe não tinha planos com sua amiga até a próxima semana, certo? Coloquei minha mochila no chão ao lado do sofá e caminhei até a cozinha para verificar o calendário. 5 de Outubro. Eu estava certo. Meu pai tirou este dia de folga para que ele e mamãe pudessem assistir a um filme juntos. "Eles têm que estar aqui em algum lugar", pensei. E então a ficha caiu. A escola nos liberou mais cedo hoje decido a falta de água. Olhei para o relógio no meu pulso. "Ainda é 12:00. Eles devem estar dormindo." Voltei pelo corredor e lentamente abri a porta do quarto. Para minha certeza, lá estavam eles, deitados. Um suspiro de alívio escapou da minha boca e meu sorriso voltou. Andei na ponta dos pés até chegar ao lado da minha mãe, e então, puxei as cobertas.

Fui recebido com a mesma visão do dia anterior. Ela estava ali, imóvel, com os olhos vidrados e a boca aberta. Sua pele estava muito mais pálida do que o normal e seu cabelo estava começando a ressecar. A sopa que eu dei pra ela ontem a noite ainda permanecia na mesa de cabeceira. Já estava estragada e não havia sequer sido tocada. Comecei a pensar que talvez eles não quisessem melhorar. Então coloquei a coberta de volta sobre sua cabeça, peguei a sopa e sai do quarto, lentamente fechando a porta atrás de mim. Eu decidi não acorda-los, pensando que eles talvez precisassem descansar. Tenho certeza que amanhã será diferente. Até lá, tenho uma tonelada de lição de casa de Psicologia para fazer. Estamos fazendo este trabalho sobre as pessoas que possuem algum tipo de transtorno levando-os a viver em negação, mesmo sobre as coisas mais óbvias. Eu não consigo imaginar como alguém possa viver assim.

Créditos: Dusty Davis

20/12/2013

B.O.B

Andrew acordou de repente, ele sabia o que tinha acontecido e seu coração quase parou, o som de vidro quebrando no andar de baixo o deixou tenso. A coisa entrou. Depois de semanas o observando e perseguindo a criatura finalmente decidiu invadir a casa. As portas da varanda, feitas completamente de vidro, permitiram a entrada perfeita.

Andrew ficou ali deitado na cama, na escuridão, iluminado apenas pela fraca luz da lua que entrava pelo pequeno espaço aberto entre as cortinas. Ele tentou ouvir a criatura, ouvir se ela ainda estava dentro da casa, rezando para que o silêncio continuasse. Um terrível som de vidro quebrando confirmou o que ele temia, a coisa finalmente conseguiu entrar na casa.

Com essa terrível descoberta, Andrew, agora tremendo, pegou seu taco de baseball e desceu lentamente as escadas, penetrando na escuridão, determinado a confrontar a criatura de uma vez por todas, porém desejando secretamente que a coisa fugisse ao vê-lo, como sempre fazia. Andrew acabou de descer as escadas e ficou ali parado tentando ouvir algo. A primeira coisa que ouviu foi a vidro se quebrando sob os pés da criatura, e então, pela primeira vez Andrew ouviu a respiração da criatura, era uma respiração pesada como se a garganta da coisa estivesse bloqueada por muco. A criatura terrível rosnou e começou a seguir lentamente na direção de Andrew.

Agora fora da cozinha, a criatura já não andava mais sobre o vidro quebrado. Agora ela andava quase silenciosamente, estranhamente mais ágil do que aparentava, especialmente considerando a maneira desajeitada que ela costumava fugir. Andrew logo percebeu o que tinha de fazer. Ele segurou firmemente o bastão e... congelou, não conseguia se mover. Ele sabia que tinha de atacar, mas de alguma forma não conseguia. Os dentes da criatura, os olhos, a pele. Humanos, mas nem tanto. A criatura já estava na sala agora e continuava se aproximando. Andrew continuava muito assustado para se mover, mesmo que não possuísse braços, a criatura era o terror incorporado para Andrew.

Andrew continuava no pé da escada, tremendo. A criatura ainda se aproximava com aquele som nauseante de sua respiração engasgada, amplificado pela escuridão. Agora a criatura estava muito perto, Andrew tinha apenas uma chance de mata-lo e ele não ia desperdiçar.

A criatura pisou no primeiro degrau da escada, Andrew agora estava escondido no canto escuro à esquerda. Ele juntou toda a força e atingiu a criatura no peito com o bastão. A criatura cambaleou para trás, parou e olhou para Andrew, seus pequenos olhos selvagens pareciam encarar até sua alma. Andrew sentiu um profundo medo da criatura, algo que ele nunca experimentou. A criatura soltou um chiado gorgolejante para Andrew, deixando á mostra todos os seus dentes deformados.

A criatura deu um chute na barriga de Andrew, fazendo-o cair no chão, sem fôlego. Andrew rolou e se encostou na parede que estava atrás dele. A criatura apenas observava até Andrew se encostar na parede, nesse ponto a coisa se aproximou de Andrew e ficou o olhando como se estivesse julgando-o, deitado ali, indefeso. A criatura pisou em sua canela, quebrando o osso. Lágrimas começaram a escorrer dos olhos de Andrew, a dor tão intensa quase o fez vomitar.

Andrew, agora incapacitado, não tinha para onde ir e nem como lutar. A criatura pôs o pé no estômago de Andrew, afundando suas longas unhas podres em sua carne. Andrew começou a tossir sangue. Lágrimas escorriam pelo seu rosto. Logo a dor se dissipou, assim como a sua vida. A criatura pairava sobre o que era agora o seu jantar. A coisa se abaixou e com uma mordida arrancou um grande pedaço do queixo de Andrew, deslocando um lado da mandíbula no processo. A criatura continuou a esviscerar o corpo de Andrew até que pudesse ter devorado tudo o coubesse em seu estômago. Então a criatura foi embora... Calmamente. Silenciosamente. Com um profundo ódio em seu coração. A criatura saiu, do mesmo modo que entrou, através das portas da varanda...



B.O.B (Besta Obscena Brutal)

19/12/2013

Vá embora

Dor,
Dor,
Vá embora de mim, de minha mente.
Eu jamais poderei descansar novamente.

Eu acreditava que a dor iria sumir,
Quando decidi minha vida extinguir.
Rezei, crendo que quando traísse meu corpo
A dor me deixaria.

Mas ela me seguiu,
Por todo esse caminho,
E se tornaram as chamas do inferno
No qual eu sofro sozinho.

Dor,
Dor,
Vá embora de mim, de minha mente.
Eu jamais poderei descansar novamente.

18/12/2013

Bobby

Eu era muito jovem na época e estávamos brincando com o velho rádio CB do meu pai.

Eu tinha uns 16 anos quando tirei o rádio do sótão, e perguntei sobre ele para o meu pai durante o jantar. Ele me explicou o que era. Eu poderia me comunicar com outros rádios pela área através de ondas curtas. Ele se ofereceu para conserta-lo e me mostrar como funcionava.

Eram assim os anos antes da internet. Eu e o meu amigo Tom ficamos loucos para começar a usar o rádio. Estabelecemos a unidade em meu quarto por alguns meses e nos divertimos tentando falar com caminhoneiros na estrada ou os fazendeiros próximos. Muitos nos ignoravam ou pulavam a frequência, e nós continuávamos a procurar por qualquer um com quem pudéssemos falar pelo rádio.

No canal 29, começamos a falar com alguém que parecia ter quase a nossa idade. Ele disse que se chamava Bobby. No radio, geralmente contávamos piadas, fazíamos algumas brincadeiras e dávamos notícias falsas sobre o tráfego, era tudo muito excitante, mas depois de alguns meses, concordamos em conhecer o Bobby pessoalmente. Pedimos o endereço e ele disse que morava em uma fazenda a uns 24 ou 25 km fora da cidade.

Então o meu amigo Tom pegou o carro dos pais e partimos em um sábado chuvoso. Pegamos a estrada e seguimos para o endereço que Bobby nos deu.

Quando chegamos a uma bifurcação encontramos a placa com o nome da fazenda que Bobby tinha nos dito pelo rádio.

Pegamos o caminho que a placa indicava e paramos o carro bem na frente da casa de Bobby, esperávamos que ele estivesse ali pronto para nos receber.

Em vez disso acabamos encontrando uma casa em ruínas sobre o que parecia um celeiro caindo aos pedaços. Eu sei que deveríamos ter saído dali o mais rápido possível, mas apesar da confusão inicial, nos convencemos que Bobby ainda poderia estar por ali, já que ele disse que encontrou o velho rádio no celeiro que também era o local onde ele ficava quando falava conosco pelo rádio.

Saímos do carro e atravessamos o velho caminho de pedra até o celeiro, empurramos a grandes portas e elas se abriram com um rangido ensurdecedor. Chamamos por Bobby e ele não respondeu. Então decidimos entrar.

Logo encontramos o rádio em um canto, ele estava sobre uma velha mesa de escritório, ainda estava ligado, com o nosso número no display e o receptor ainda com som de estática. Mas foram os ossos humanos que estavam em baixo da mesa que no fez sair correndo daquele lugar.

14/12/2013

O fogo em Collinwood

Essa foi a última foto tirada no interior da escola Lake View , em Collinwood, antes que ela fosse consumida pelo fogo em 4 de março de 1908, matando 172 alunos, dois professores e um bombeiro. O fogo começou quando uma viga no teto inflamou-se com o vapor de um cano de vapor.

O fogo bloqueou as rotas de fuga, levando todos ao pânico e a uma tentativa de fuga que deixou várias pessoas presas em um lance de escadas, onde elas cozinharam vivas. Além disso, várias crianças em chamas pularam do segundo e do terceiro andar. Todos nessa foto morreram, exceto Mr. Olson, sentado na ponta da direita da última fila. Não se sabe a causa dos espectros que surgiram nessa foto.

13/12/2013

Reanimated

Em algum lugar no meio do deserto de Nevada, há um local onde se você olhar para o oeste ao pôr do sol poderá ver uma estrutura bem distante. Espere que o sol se ponha completamente e então você precisa seguir diretamente para a estrutura sem hesitar.

À medida que a noite avança você vai ouvir gemidos e gritos de dor distantes. Ignore eles. Você precisa continuar seguindo para a estrutura. A noite vai parecer mais longa que o normal, mas se você continuar andando até o sol nascer outra vez, você vai acabar de repente em frente a um velho e empoeirado barraco. Dentro, você não encontrará janelas e nem portas (incluindo a que você usou para entrar e já desapareceu sem que você percebesse) e no centro da casa você verá um corpo. Os relatórios variam entre um corpo de um morto recente ou um esqueleto com roupas.

Você deve reconhecer as roupas ou possivelmente o rosto. Esse corpo é o seu. Você pode observa-lo pelo tempo que se atrever. Procure por ferimentos ou pistas de sua morte. Se quiser, procure nos bolsos por pistas sobre o seu futuro. Mas você precisa arrumar um jeito de fugir da casa antes que o seu corpo retorne à vida. Se você conseguir sair da casa, vai se encontrar de repente na borda do deserto onde você começou. Mas se o seu corpo começar a se mexer antes que você consiga sair, você ficará preso na casa pela eternidade enquanto seu corpo poderá vagar livremente.

O que um corpo pode fazer quando é reanimado? Você se pergunta.

Bom, lembra daqueles gemidos e gritos que você ouviu pelo deserto?

Um corpo reanimado também tem que se alimentar...

O acidente

Na semana passada aconteceu algo muito estranho. Eu e mais quatro amigos estávamos seguindo para um local que diziam ser assombrado. Planejávamos passar a noite por lá. Eram quase 9:00 pm e já estava bem escuro. Já estávamos quase chegando ao local quando tudo ficou bastante enevoado, ao ponto em que você mal podia ver o que estava a sua frente, era definitivamente uma cena perfeita para um filme de terror.

Já estávamos descendo a estrada para o local quando vi a expressão de puro terror no rosto do meu amigo. “Acelere!” ele falou em um tom que me deixou intrigado e aterrorizado ao mesmo tempo. Sem pensar muito comecei a acelerar, achando que o local o deixou realmente assustado. Enquanto nos afastávamos do local o meu amigo começou a ficar bastante inquieto. E nesse ponto eu já estava querendo me afastar o mais rápido dali, enquanto o medo do meu amigo também começava a me afetar.

Enquanto eu continuava acelerando mais e mais, pude perceber o que o deixou tão assustado. Só consegui ver a coisa por um segundo antes de ouvir a batida no para-choque e sentir o carro passando por cima de algo. Era impossível ignorar o que havia acabado de acontecer.

Entrei em pânico de um jeito que nunca aconteceu antes e parei o carro tão abruptamente que todos que estávamos dentro do carro batemos no que estava em nossa frente. Ignorando a dor, a adrenalina, e o choque, saímos para verificar o que o meu medo e descuido fizeram, e depois de ver o que estava na estrada desejei ter continuado a dirigir. O “homem” estava deitado em uma poça de sangue, o peito e as pernas achatados com marcas de pneus. Uma cena que eu sabia que ficaria na minha mente a na dos meus amigos enquanto vivêssemos.

Depois do horror que acabamos de ver, convenci a todos para que voltássemos para o carro. Assim que todos entraram no carro a névoa que ainda restava logo se dissipou e o local ficou mais limpo, como se a área tivesse se libertado de toda a tensão. Sem alternativas, tive que levar todos os meus amigos de volta para casa com uma cicatriz que os assombrariam pelo resto de suas vidas. No caminho de volta ninguém falou sobre a coisa que vimos e o que acabou de acontecer, e eu realmente desejava o silencio.

Eu sentia como se houvesse uma presença nos seguindo, mais pensei que fosse apenas o choque pelo que acabou de acontecer. Passei na casa de cada um dos meus amigos e os fiz prometer que não comentassem com ninguém sobre o que tinha acontecido. Então fiz o caminho para a minha casa para tentar limpar o carro de todos os vestígios do acidente. Troquei os pneus e o para-choque, e entrei em casa para tomar um banho.

Ainda sentia a presença, e logo comecei a sentir um certo incômodo, mas eu sabia que era apenas culpa. A culpa é uma forma de karma que a sua mente produz para não deixa-lo esquecer de algo ruim que fez. Assim que sai do chuveiro fui para cama, esperando que pudesse dormir e por um fim nessa noite terrível. Levei quase 2 horas para finamente cair no sono, e esse seria o pior erro da minha vida.

Acordei umas 3 horas depois para a pior visão da minha vida. Me espiando ao pé da minha cama estava a cabeça da coisa que atropelei. Ali não muito longe de mim estava a personificação do medo. O corpo desfigurado. Marcas de pneu no peito e nas pernas. Ele não tinha olhos, mas no lugar deles você podia ver toda a dor e raiva que ele sentia junto com um doentio sentimento de prazer que ele mostrava por estar no controle da minha sanidade.

Ele começou a mancar em minha direção, chegando muito perto do meu rosto. Mesmo que não tivesse olhos eu sentia como se ele pudesse enxergar até a minha alma. E então ele sussurrou em um tom de puro terror “Sempre...” e se arrastou para fora do meu quarto. Sai correndo de casa entrei no carro e dirigi. Dirigi sem parar até o meio dia. Eu não sei o que era aquela criatura, mas sei que ele vai me perseguir para sempre. Ficará comigo para lembrar-me constantemente da dor que ele sentiu quando eu tirei a vida dele.

11/12/2013

Gato no sótão

Meu gatinho de estimação Snuffles, tinha o hábito de passar grande parte do tempo no sótão. Já era algo normal ele ficar por lá até a hora em que eu fosse para cama, e se eu não o colocasse para fora de casa ele entraria em meu quarto (como sempre ás 3 da manhã), pularia em minha cama e ficaria miando em meu rosto até que eu acordasse para coloca-lo para fora. Eu tinha que trabalhar no dia seguinte, então não seria nada legal se ele me acordasse no meio da noite. Ele sempre foi um gato esperto, sempre teve esse jeito engraçado de descer as escadas rolando pelo primeiro degrau, tentando usar as garras para se prender no degrau seguinte e pulando sobre os degraus restantes para cair com um pesado baque no final.

Decidi tira-lo de lá usando seu brinquedo favorito, um tipo de corda com uma pequena bola coberta de couro em uma ponta e um sino na outra. O sino o deixava completamente louco e eu sabia que assim que ele o ouvisse viria correndo para tentar atacar o brinquedo. A corda era longa o suficiente para jogar o brinquedo lá em cima, mas eu não conseguiria ver quando ele o agarrasse. Eu não poderia entrar lá de vez e agarra-lo a força, ele odiava isso. E ficar em pé no meio da escada brincando com um gato era perigoso.

Passei pela entrada do sótão e tentei ligar a luz. Houve um brilho forte feito um relâmpago e a lâmpada queimou me deixando na escuridão.

“Que beleza,” resmunguei. Eu já previa que a lâmpada queimaria a qualquer momento, ela já era muito velha então não me preocupei muito. Segurei firme a corda e lancei a ponta com o sino para o centro escuro do sótão. Ouvi uma leve batida e o som do sino quando ele caiu no chão. E então comecei a sacudir a corda.

Jing Jing Jing 

Esperei por um momento. Então ouvi som de patas correndo pelo sótão escuro. Eu sabia que meu gato pegaria o sino, ele sempre pegava. O som das patas foi se aproximando e parou quando alcançou o centro do sótão, e então foi substituído por uma grande batida e o som de algo arranhando. Tentei puxar o sino como se fosse uma vara de pesca. Mas estava preso. Pensei que estivesse preso nas patas do meu gato enquanto ele brincava, eu ainda conseguia ouvir os constantes toques do sino e várias batidas. “Sinta-se livre para descer logo,” Ri em silencio tentando puxar o sino e pensando no quanto meu gato estava forte. O sino continuava preso. Eu precisava puxar o sino até a saída do sótão, e como sempre meu gato desceria correndo por conta própria.

Meow……… 

Eu reconheceria esse som em qualquer lugar: meu querido Snuffles.

Meow…………

“Já chega Snuffles, Desça logo!” gritei para ele antes de sentir algo macio passando por mim. Olhei para baixo e vi Snuffles encostado em minha perna, miando. “Mas que...” Olhei para a escuridão no sótão, eu ainda podia ouvir os arranhões e o fraco toque do sino como se alguma coisa ainda estivesse brincando com ele. Olhei de volta para meu gato que já estava com os olhos arregalados olhando para o sótão e de repente seus pelos se eriçaram, seu corpo se arqueou e ele começou a chiar. Larguei o brinquedo enquanto ele começava a seu puxado por alguma coisa, e tudo ficou em silencio. Eu podia sentir meu coração martelando no peito e por um momento fiquei congelada onde estava. Snuffles saiu correndo em disparada. Então o som dos arranhões começou a ficar mais próximo da saída do sótão, era um som mais forte agora como se a coisa estivesse usando garras para se arrastar. Não esperei para ver o que era, desci correndo pela escada enquanto ouvia algo batendo no metal do corrimão como se a coisa estivesse tentando se jogar para baixo. Ouvi suas garras arranhando o metal e eu já estava fora de casa quando a coisa caiu do sótão fazendo um grande barulho.

Corri para a casa do vizinho e liguei para a policia, eu não voltaria para casa de jeito nenhum com aquela coisa lá.

Quando os policiais finalmente chegaram não encontraram nada dentro da casa. Eu até pensei ter imaginado tudo...

Mas consegui encontrar o brinquedo do meu gato, coberto por um liquido preto e viscoso, e o chão do sótão estava completamente arranhado.

09/12/2013

Uma carta do inferno


Caro Anderson 

Não tenho muito tempo, eles estão procurando por mim, estão sempre procurando por mim. Bestas do inferno, incansáveis, decididas a me capturar e me torturar por séculos. Eu sei que você pensa que estou morto Anderson. E você estaria certo em achar isso, pois eu realmente estou. Mas para mim as coisas ainda não acabaram. Perdi o meu direito para descansar em paz no momento em que cometi suicídio, o Conselho determinou isso. Sei que você é cristão Anderson, e eu também era. Mas não existe paraíso, nem Deus, existe apenas paz e inferno. O Conselho é um grupo de 300, 150 demônios e 150 santos (não há anjos). Eles que decidem se o falecido vai descansar em paz ou será condenado à eternidade no inferno. 

O Conselho decide isso verificando a sua vida, examinando seus crimes ou pecados. Porém, o que mais interessa para eles é a causa da sua morte. Por exemplo: se você foi assassinado pode escolher por descansar em paz permanentemente, ou pode escolher renascer como uma nova pessoa em uma nova vida. Essa regra se aplica também para crianças e virgens em alguns casos (não sei por qual motivo). Se você teve uma morte natural e uma vida livre de crimes, você ganhará a paz. Mas como você já sabe, cometi suicídio, e isso já me garante um passe só de ida para o inferno. É realmente uma droga, mas o que posso fazer? De qualquer forma, quero que você entregue meu pedido de desculpas para a minha família, o resto dos meus amigos e é claro, Tammy. Diga que eles não tem culpa. Ah, também diga para a Tammy que eu sempre a amarei. 

Eles estão perto agora, então vou acabar logo essa carta. Meu Deus, posso ouvi-los me chamando, eles sabem que estou aqui, sabem onde todos estão, você não pode fugir para sempre, você pode correr por décadas, séculos, milênios, mas eles vão pega-lo cedo ou tarde, o tempo é diferente aqui, um dia aqui é quase um segundo para os vivos, posso sentir o cheiro deles agora, eles estão muito perto. 

Adeus meu amigo 

Atenciosamente, Derek 

P.s Rezo para que você não termine nesse lugar

06/12/2013

Birmingham 1969

Essa história é sobre dois jovens rapazes de Birmingham, Reino Unido, e aconteceu no ano de 1969. Não estou dizendo que aconteceu exatamente assim, mas ainda assim, essa é uma história (mais ou menos) real.

Terence, um operário de uns 20 anos, começou a se interessar pelo "oculto" nessa época. Ele havia pintado seu quarto em preto fosco e decorado com cruzes invertidas, pentagramas e várias imagens de demônios e do próprio Satan. Ele lia e escrevia sobre cultos, o sobrenatural e tudo que era mau e sacrílego.

Seu melhor amigo, John, sabia disso muito bem. Quando ele encontro um livro em latim que obviamente fora escrito pelo menos vários séculos antes, ele deu-o de presente para Terence. Nenhum deles sabia o que fazer, já que nenhum deles falava latim: entretanto, era óbvio pela aparência do livro que tinha algo a ver com magia negra e bruxaria.

Terence ficou tão preso ao livro que esqueceu de perguntar a John onde ele havia encontrado-o. Passou toda a tarde tentando descobrir o que o livro poderia dizer, mas mesmo após um estudo intensivo, ele não conseguiu descobrir coisa alguma. Frustrado e exausto, ele colocou o livro na escrivaninha e foi dormir.

Ele acordou no meio da noite, sem entender o que poderia ter interrompido seu sono. E então, ele viu.

Aos seus pés, uma figura que mal podia ser vista na escuridão. Era enorme, com olhos vermelhos. E apontava em sua direção.

Sua primeira reação foi acender a luz, e foi isso mesmo que fez - a coisa sumiu na mesma hora. Junto com ela, o livro que John havia lhe presenteado. Ele procurou em todo o quarto e na casa do amigo, mas o livro havia sumido.

O incidente, é claro, influenciou-os bastante. Tamanha foi a influência que eles decidiram escrever uma música a respeito, e mudaram o nome da banda em que tocavam para qeu fosse o mesmo nome da música.

O nome da música era Black Sabbath, e foi assim que o Heavy Metal nasceu.

05/12/2013

Sozinho no escuro

Alguns anos atrás eu e o meu amigo (Alex) nos tornamos extremamente curiosos pelo paranormal. É claro que eu era cético, então procurávamos frequentemente por locais abandonados em Nova Jersey para tentarmos provar que não havia assombrações nenhuma por ali. Muitos lugares pareciam bem normais durante o dia, mas assim que escurecia, eles ficavam bem sinistros.

Alguns locais notáveis em que estivemos foram o Ethrane Asylum, e a Empty Walls Mansion. Ouvíamos sobre esses locais e íamos visita-los. Também houve um certo local chamado Essex Mountain Sanatorium, onde o Alex e eu tivemos a experiência mais estranha de nossas vidas, mas vamos começar do início.

Eram 10:30 da manhã; eu estava tomando o café com meu pai. Meu celular vibrou em meu bolso. Era o Alex me falando sobre um sanatório abandonado. Eu estava bastante ansioso. Falei com ele que poderíamos ir no sábado e ficar por lá até umas 2:30 da manhã. Ele concordou.

Meu pai me encarou com um sorriso assustador.

“Então senhor ‘caçador do sobrenatural’ planeja algo diferente dessa vez para ver algum fantasma?” Ele riu.

“Não… tem alguma ideia que possa nos ajudar?” respondi.

“Bom, tem um jogo que os meus amigos de bebedeira costumavam fazer quando estávamos acampando,” ele respondeu com um sorriso travesso no rosto.

Ele me explicou um tipo de experimento psicológico que ele costumava fazer quando era mais jovem. Meu pai se referia a ele como “O jogo”. As instruções para joga-lo eram muito simples.

1. Deve joga-lo entre as 2:00AM e 4:00AM.

2. Você tem que estar sozinho durante o jogo ou não poderá sentir a solidão o sentimento de isolamento.

3. Você precisa ir a uma área silenciosa e sem janelas. Precisa estar bastante escuro.

Por fim, ele me disse que todas as portas do local devem estar completamente abertas. Eu deveria me sentar no meio do local e ficar olhando para a porta, ou as portas, que estão abertas. Eu falei para ele que tentaríamos isso quando estivéssemos lá. Ele assentiu e voltou os olhos para o jornal.

Pulando para o sábado… o Alex já estava esperando na frente da minha casa. Ele estava usando uma camisa polo vermelha e short preto. Ele até parecia uma versão Asiática de Tom Cruise, porém, um pouco mais baixo. De qualquer forma, ele me levou para o sanatório e quando chegamos lá já era noite, e o local parecia bem assustador. Tentamos abrir a porta principal, mas estava trancada. Achamos uma pequena janela com espaço suficiente para passarmos então entramos imediatamente.

Lá dentro estava bastante escuro… não conseguiríamos enxergar nada. Mas felizmente Alex levou algumas lanternas. A sala em que estávamos não era tão ruim. Era o dormitório (eu acho) e a essa altura já não estávamos com tanto medo. Então lembrei do jogo que o meu pai falou.

Abri a porta para o corredor e procurei por um quarto perfeito para o jogo. Encontrei um quarto na enfermaria então entramos para checa-lo. Pedi para que o Alex voltasse para o dormitório e ficasse por lá. Ele ficou confuso então expliquei sobre o jogo e ele aceitou relutante. Preparei tudo e me certifiquei que não houvesse nenhuma luz entrando no quarto. Abri as portas e sentei no meio do quarto encarando elas. E esperei. Logo comecei a ver coisas uns 2 minutos após o jogo ter iniciado. Vi sombras e ouvi sussurros. As vezes eu conseguia ver um reflexo branco no meio da escuridão. Logo comecei a mergulhar no medo e tudo começou a ficar pior.

O meu cérebro começou a me pregar truques. Comecei a ver o meu pior pesadelo se formando na escuridão. Aquela mulher terrível do filme O Grito. Pelo canto do olho pensei ter visto um rosto pálido na escuridão. Eu sabia que estava tendo alucinações. E mesmo assim não consegui me segurar por muito tempo. Corri o mais rápido que pude. Voltei para o dormitório e vi o Alex também tremendo de medo. Pulamos pela pequena janela e nos jogamos para dentro do carro. Ficamos em silencio por quase 1 hora enquanto o Alex dirigia de volta para casa.

Então finalmente tive coragem para quebrar o silencio e perguntar por que ele estava tremendo. E ele me contou que enquanto voltava pelo longo corredor, antes de entrar no dormitório, ele deu uma rápida olhada para trás e viu uma pessoa muito pálida sair rapidamente se arrastando do fim do corredor e entrar no mesmo quarto em que eu estava.


04/12/2013

Ela nunca dorme

Eu e minhas amigas adquirimos um velho livro de uma loja de usados. A capa já estava bastante gasta então era impossível ler o título, e o livro parecia não ter sido tocado há anos. A mulher no balcão nos avisou que uma vez aberto, nunca poderá ser desfeito.

Nós rimos achando que fosse uma piada para nos assustar um pouco, mais os seus olhos demonstravam um medo real.

Fomos para a casa da Heather para abrir o livro. Quando o abrimos, uma gélida brisa passou pelo quarto e as poucas velas que estavam acessas se apagaram. Rimos nervosas e tentamos tomar isso como uma coincidência. Na primeira página havia um pequeno símbolo feito com tinta vermelha. Na página seguinte havia uma escrita em latin. Nenhuma de nós sabia o que significava, mas Heather tentou ler em voz alta, "Numquam dormit". Depois que falou isso, a atmosfera dentro do quarto tornou-se mais pesada, como se algo estivesse nos observando agora. Nós hesitamos, mas finalmente, depois de um momento de silencio, viramos para a próxima página. Não havia nada na página, apenas um nome no canto. Escrito em um pequeno rabisco, estava o nome Kayla. Ficamos um pouco perturbadas porque Kayla era nossa amiga e estava ali com a gente.

“Talvez seja coincidência. Existem muitas pessoas que se chamam Kayla. Provavelmente nos assustamos por que estamos cansadas. Vamos dormir.”

Todas deitamos confortavelmente, mas por alguma razão não conseguimos dormir. Ainda podíamos sentir como se alguém nos observasse pelas sombras. Eram 2 da manhã quando finalmente consegui dormir, as outras já tinham caído no sono antes de mim. Tive vários pesadelos perturbadores.

Eu estava em um quarto escuro, Heather estava na minha frente e Kayla sentada no meio. De repente apareceu uma mulher monstro terrível. Tinha grandes olheiras e parecia que não dormia a anos. Heather permanecia ali em pé e pálida, e eu assistia horrorizada enquanto Kayla era devorada pela criatura. A criatura olhou para mim, com sangue pingando da boca. Então apontou para Heather e desapareceu.

Pulei para for a da cama no escuro, procurei por Heather e a vi sentada, pálida como um fantasma; olhando para o colchão onde Kayla estava dormindo, e agora ela havia desaparecido. Liguei a luz e corri para o colchão. Havia manchas de sangue. Heather continuava sentada, paralisada de medo, eu sabia que ela teve o mesmo sonho. Olhei para o livro que estava aberto na escrivaninha. O nome de Kayla estava riscado, e o de Heather foi adicionado logo abaixo.

Depois disso Heather foi parar em uma clínica psiquiátrica. A mãe de Heather resolveu manda-la para lá depois que entrou no quarto dela. Ela não dormia há dias e havia escrito “ELA NUNCA DORME” por toda a parede. A mãe dela pensou que esse comportamento era resultado dos dias sem dormir e simplesmente mandou que os doutores a “consertassem”. Os doutores tentaram de tudo, de tratamento com choque a sedativos. Ela lutava para que acreditassem que ela seria a próxima. Mas não acreditavam nela, eles pensavam que era apenas mais uma simples paciente. Eles lhe deram uma mistura com vários sedativos, esperando que a fizesse dormir, mas não sabiam que estavam cometendo um erro.

Eu estava mais uma vez no quarto escuro, mas Heather agora estava no centro, ela parecia transtornada e tinha perdido muito peso. Eu a vi afundar no chão e desaparecer. Fiquei feliz por não precisar vê-la sendo dilacerada. Acordei de súbito e vi o livro em minha mesa de cabeceira, o que não fazia sentido por que eu o joguei fora no outro dia. O nome dela estava riscado... e o meu era o próximo..

Na manhã seguinte, minha mãe me contou que os médicos monitoraram a Heather enquanto ela dormia, e presenciaram algo assustador. Eles assistiram ao corpo dela sendo arremessado pelo quarto, sendo dilacerado, mas os monitores que mostravam a atividade cerebral indicavam um pesadelo normal. Como um pesadelo poderia fazer isso? Finalmente, depois das 3 da manhã, ela morreu. Eles disseram que a morte dela foi muito dolorosa, mesmo que estivesse dormindo.

Agora temo pela minha vida. Já não durmo a quase uma semana. Sinto como se ela estivesse me encarando, perfurando a minha alma, esperando que eu durma para me pegar.


Eu não quero dormir. Eu não quero morrer...

01/12/2013

Fotografias Post Mortem

Na Era Vitoriana, era comum a pratica de fotografia dos mortos, especialmente no final do século 19. A fotografia Post-mortem era uma maneira barata para as pessoas que não tinham muitas condições pudessem imortalizar seus entes queridos mortos, principalmente as crianças. A taxa de mortalidade infantil era significativamente alta nesse período, e as fotografias post-mortem eram geralmente as únicas fotografias que uma criança teria.



Os corpos eram geralmente colocados em posição natural como sentado em uma cadeira ou no sofá, e os olhos eram abertos para dar a ilusão de vida.

Se o morto era uma criança, a mãe muitas vezes era fotografada com ele, às vezes até carregando o corpo nos braços. Em algumas circunstâncias, os olhos do morto permaneciam fechados, e o corpo era posto em uma cama, como se estivesse em sono profundo.

Apesar da mórbida natureza das fotografias, esses retratos eram geralmente um trabalho simples para o fotógrafo. Os corpos sempre se provavam perfeitos para fotografias, parados o suficiente para eliminar os borrões dos movimentos dos vivos e reter os detalhes intricados dos rostos.

Esse efeito, combinado com a posição que parecia dar vida aos corpos, às vezes ofuscava os vivos nos retratos. Porém é claro, sempre havia exceções. Em 1899, por exemplo, um fotógrafo chamado Louis Desmond teve que tirar várias fotos de uma garotinha.

O corpo dela foi posto em uma cadeira feita especialmente para os mortos, com uma estrutura que mantinha os corpos completamente parados para a fotografia. Apesar da estrutura e da rigidez do corpo e do rosto da garotinha, a sua mão esquerda saia inexplicavelmente borrada em algumas fotografias.

O fotografo culpava a mãe pelo borrão, convencido que seus movimentos estavam fazendo as tábuas soltas do soalho do estúdio tremerem, fazendo com que a cadeira se movesse.

As fotografias, no entanto, provavam outra coisa – as fotos onde a mãe estava perto do corpo mostravam que a mão da garotinha permanecia perfeitamente imóvel.



Fonte (imagens): aqui

28/11/2013

Verifique a câmera

Mudei para essa casa há uns cinco anos. Nos últimos dois anos estiveram acontecendo coisas estranhas. Tudo começou em Outubro de 2009. Percebi estranhos sons de passos, mas não dei muita atenção para eles, achando que provavelmente havia alguma explicação para a origem dos sons. Michael, meu filho de dezesseis anos, dormia no único quarto no andar de baixo enquanto a minha filhinha e eu tínhamos o nosso próprio quarto no andar de cima.

Eu acordava pela manhã e encontrava Michael dormindo no chão do meu quarto. Ele começou ouvindo barulhos estranhos e logo passou a ver sombras se movendo pelo quarto. Um dia ele veio correndo para o meu quarto por que um plugue saiu voando da tomada. Na ocasião pensei que fosse uma falha elétrica. Ele também sentiu algo roçando nele.

Eu já estava completando um ano com o meu namorado, Mike, e ele também vaio morar conosco em Abril. No inicio, Mike não conseguia dormir com o barulho de alguém subindo e descendo as escadas. Ele sempre ia verificar mais não encontrava ninguém. E ele falava “Você ouviu isso?” Mas eu já estava acostumada a ouvir essas coisas.

Quatro meses atrás, Mike estava sentado no computador ao lado da porta do quarto de Michael e de repente ele deu um pulo e um grito de dor. Ele levantou a camisa e havia um arranhão profundo na região do estômago. Não havia uma explicação para aquilo. Eu também estava vendo vultos pelo canto dos olhos, mas costumava pensar que era a minha imaginação.

Estávamos deitados em nossa cama três meses atrás assistindo TV. Eu estava deitada perto da porta e vi uma sombra entrando no quarto da minha filha. Mike deu um pulo e perguntou se eu também tinha visto. Entramos no quarto dela e não encontramos nada, ela continuava dormindo tranquilamente. Pela primeira vez, eu fiquei assustada. Tive que dormir no outro lado da cama.

O tempo foi passando e tudo foi esquecido. Porém, dois meses atrás, Mike estava sentado outra vez no computador com alguns papéis no colo. Os papeis voaram de repente e de alguma forma um deles bateu em seu olho com tanta força que quase o cegou. Ele foi para o hospital em completa agonia. Ele não soube explicar como o papel bateu em seu olho, mas sabemos mesmo que ele tentasse fazer consigo mesmo seria impossível.

No inicio, pensei que fosse algum tipo de espírito zombeteiro, mas agora estou começando a ficar muito preocupada com as coisas que estão acontecendo. Não é algo zombeteiro, é algo maligno. Me pergunto se é a sombra que sempre esteve comigo, aquela que sempre vejo pelo canto dos olhos... ou algo que já estava na casa.

Duas semanas atrás, meu filho saiu gritando do banheiro dizendo que viu um rosto sangrento envolto por um lençol sujo. Ele tentou se matar na última quinta e agora está inconsciente no hospital. Estamos muito abalados.

Ele até escreveu uma nota de suicídio, “Eu consegui pega-lo mamãe. Verifique a câmera.”

Já arrumamos tudo para sairmos dessa maldita casa assim que meu filho reagir e receber alta. Espero que tudo que escrevi aqui possa servir de aviso para qualquer um que queira vir morar nessa casa.

Aqui está a foto que encontrei na câmera:



27/11/2013

A escola abandonada

Em algum lugar na densa floresta de Washington, há um mistério que não pode se desvendado, porque muitos acreditam que seja apenas uma ilusão.

Dizem que se você encontrar um grande prédio escolar no meio da floresta pode ser o seu dia de sorte. Aqueles que presenciaram esse estranho fenômeno tiraram fotos do prédio, mas as fotos mostram apenas uma grande árvore vermelha sem folhas nos galhos do topo.

Porém, alguns sortudos conseguiram uma foto real do prédio (a imagem pode ser vista aqui no post) e mostraram para todos. Muitos médiuns podem ver o futuro apenas olhando, sentindo ou tocando a fotografia. Eles conseguem ver o que vai acontecer, mas não conseguem fala porque entram em estado de choque.

Então é aqui que tudo começa:

Se você entrar no prédio vai encontrar um senhor sentado em um banco, desapontado e confuso, deixe-o falar primeiro, ou você ficará preso em uma árvore vermelha para sempre. Ele vai falar “Por que não posso ler? Escrever? Contar? Ou mesmo…” e vai parar de repente. Diga para ele “Eu posso ensina-lo.” Apenas diga essa frase, ou você ficará preso na ilusão. Ele vai dizer “Muito obrigado”. Ele o deixará escolher um livro, um lápis e um papel, palitos e um poema.

Escolha qualquer coisa, e comece a ensina-lo. Não seja ignorante, ou ele vai absorver todo o seu conhecimento. Seja paciente. Deixe-o aprender a ler, a contar, a recitar e escrever. Você vai ouvir sussurros. Não se importe com eles. São apenas almas ignorantes presas na ilusão. Se você obtiver sucesso ensinando o senhor, ele vai recompensa-lo. Sabedoria pela leitura, criatividade pela escrita, inteligência pela contagem e lealdade pelo poema.

Quando acabar as lições, fale com o senhor, “Acabamos. Está feliz?” e ele vai assentir alegremente. Se ele não assentir, corra para a saída, ou você também ficará preso na ilusão. Se o senhor ficar feliz, ele vai lhe entregar uma moeda, e você vai aparecer de repente em alguma outra parte da floresta e nunca mais encontrará o prédio. A moeda é um amuleto e vai trazer muita sorte e saúde para a sua família enquanto estiver com você.

Depois de passar por isso, você não será mais o mesmo. Você será um ser quase perfeito. Aproveite a sua nova vida, e seja feliz.

25/11/2013

O pior encontro

Eu a conheci no OkCupid. Não gosto de admitir isso, mas infelizmente agora não resta tempo para vergonha ou honra.

Tinha acabado de passar por uma difícil separação, mas ainda não sentia necessidade de afogar as mágoas no bar. Então, procurar por novos relacionamentos pela internet significava que poderia continuar largadão em casa, só de short, vivendo de cerveja e pizza congelada.

E então ela apareceu. Morena. Incríveis olhos ardentes, sorriso grande. Seu nick era ‘Aranea’ e ela era um grande e atraente farol em um mar de mulheres medíocres. Seu perfil no entanto era um pouco desorganizado. Parecia ter sido preenchido às pressas, nem dava muitas informações. A única coisa que dizia estar interessada era sexo.

Ela deixava bem claro que isso era uma grande prioridade, me fazendo pensar que ela so poderia ser um fake ou alguma maníaca sexual. Mas aquelas fotos. Cara. Lembro claramente dela sentada com as pernas cruzadas, pelada, mas obscurecida pelas sombras e por seus longos cabelos negros. Olhando ironicamente para a câmera, como se dissesse ‘boa sorte, bando de nerds anti-sociais’.

Escrever isso é a única maneira de me fazer esquecer o que vai acontecer comigo. Então me perdoem se eu falar muita bobagem.

Na verdade, eu nem sentia vontade de entrar em contato com ela. Se não era um perfil fake então ela provavelmente já recebia várias mensagens de caras desesperados. Não sou um cara tão feio, e essa coisa toda de encontros pela internet era apenas mais uma maneira de cair na tristeza outra vez, mas ela ainda parecia um pouco fora do meu alcance. Eu me perguntava por que ela precisaria estar em um site desses.

Então ela me enviou uma mensagem.

‘E ai? Percebi que você visitou meu perfil. Você parece diferente dos outros caras. Vamos nos encontrar?’

Mesmo? Assim tão fácil? Uma pequena ponta de desconfiança começou a me corroer. Então olhei para os cinzeiros cheios e as várias garrafas de uísque espalhadas pelo meu quarto. Cocei a minha barba que estava há duas semanas por fazer e... Ah DROGA! Eu tinha que encontra-la!

Nos encontramos em um bar. Seria muito melhor para essa história se fosse um local decadente, mas não era. E nem era um lugar chique. Era apenas um bar normal, um local que agradasse a ambos. Embora isso não importasse, mesmo que tivéssemos nos encontrado em um esgoto eu ainda ficaria completamente doido por ela. Assim que ela entrou, todos os caras direcionaram os olhos para ela. E não estou exagerando aqui. TODOS os caras se viraram para olha-la. E a seguiram com os olhos enquanto ela vinha em minha direção e me dava um beijo na bochecha. Naquela hora me senti como ‘o cara mais legal do mundo’.

Estou ouvindo sirenes agora. Será que finalmente… não. Passaram direto. Não sei exatamente quanto tempo se passou, mas tenho certeza que já notaram o meu desaparecimento.

Então ali estava ela. Alta. Vestido preto curto. Delineador contornando olhos amêndoa que tornavam seu rosto ainda mais selvagem. Aquele grande sorriso mostrando dentes perfeitos. E o cheiro dela. Era demais. Nunca conheci alguém com um perfume tão bom. Sempre que ela gesticulava enquanto falava ou se movimentava para pegar a taça, eu sentia o seu incrível aroma, e isso me deixava louco.

Conversamos por quase uma hora. Ela era boa de papo, mas havia algo de estranho em suas conversas. Parecia que ela não tinha muito interesse por assuntos básicos como música ou filmes. Ela desviava rapidamente desses assuntos. E parecia extremamente curiosa quanto aos meus relacionamentos passados e meu histórico com mulheres. Contei para ela histórias engraçadas sobre os momentos constrangedores que passei com algumas mulheres, enquanto ela ria e continuava me pressionando com mais perguntas. Nunca falei tanto sobre sexo em um primeiro encontro, e ela se agarrava atentamente a cada palavra.

Acabamos na casa dela naquela mesma noite. Me ofereci para pagar um jantar mas ela disse que poderíamos ‘pedir por telefone’. Sabendo perfeitamente o que ela estava tramando, paguei rapidamente as bebidas e pegamos o primeiro táxi disponível. Mal entramos no táxi e ela já estava em cima de mim. Se ela não estivesse me agarrando eu teria notado o endereço que ela entregou para o taxista. Se ela não estivesse me enchendo de beijos durante todo o caminho eu poderia saber onde diabos estou agora. Mas ela é muito esperta.

Assim que chegamos e entramos (nos agarrando loucamente durante todo o caminho do táxi até a porta da frente) ela me ofereceu um drink. O apartamento era vazio, todas as janelas fechadas e não tinha quase nenhuma mobília. Nem quadro nas paredes. Também nem dei muita atenção para isso, já que toda a minha atenção estava voltada para ela. A bebida que ela me trouxe era refrescante. Era tipo sidecar, muito amarga e picante. Mas deliciosa ao mesmo tempo.

Então ela pulou para cima de mim outra vez. Me jogou no sofá, uma das poucas mobílias que ela possuia, e antes que eu percebesse já estávamos arrancando as roupas. Não vou entrar em detalhes. Mas foi uma coisa de louco, sexo selvagem! O perfume dela liberou todos os meus desejos primitivos. Era o paraíso. Até que o quarto começou a girar.

Até que nossos movimentos começaram a me deixar em uma espécie de êxtase. Ela estava sentada em cima de mim, me prendendo. Eu não podia me mover. E então os flashes começaram. Seu corpo perfeito se distorcendo por milisegundos. Vários olhos negros.

Várias pernas finas. Às vezes seu corpo parecia segmentado. E o seu cheiro, tão agradável no inicio, se tornou podre. Como moscas apodrecendo a muito tempo no peitoril da janela. Suas unhas em meu peito começaram a machucar, mas ela continuava em cima de mim com uma cruel determinação. Os flashes continuaram com mais frequência. Ela continuava mudando diante dos meus olhos. Pernas, olhos, mandíbula, dentes. Foi horrível. Eu queria chorar, sair correndo, mais ela estava me prendendo.

E então eu desisti de lutar.

Chegando ao clímax ela começou a rir. Um horrível e triunfante riso, enquanto eu soluçava embaixo dela. Mas de repente o riso deu lugar a um rosnado. Um rosnado de desapontamento. Ela gritou. Aquele grito terrível, animalesco, de outro mundo. Ainda estremeço ao lembrar dele.

Ela olhou para mim com ódio nos olhos, e começou a me espancar. Ela me socou. Acho que até quebrou meu nariz. Ela estava me enchendo de socos, mordidas e arranhões até que desmaiei.

Acordei nesse quarto. Esse quarto cheio de ossos. Esse quarto sem janelas com essas coisas estranhas que parecem ovos secos. Parecem ovos com buracos, como se algo tivesse saído deles. Posso ouvi-la farejando lá fora. Uma ou duas vezes por dia ela aparece para me trazer um sanduiche e um pouco de água. As vezes ela senta comigo e acaricia meu cabelo. Cantarolando um som terrível que parece me matar aos poucos por dentro.

Acho que sei o que ela quer de mim. Acho que sei por que ela está me mantendo vivo. Devo estar aqui a quase um mês agora. Acho que já está quase na hora dela tentar outra vez.


Me pergunto quanto tempo terei até ela descobrir que sou estéril...

23/11/2013

Guitarra de 5 cordas (FINAL)

Parte 1
Parte 2
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Enquanto se dirigia ao estúdio, ele percebeu que ainda não havia sequer terminado de explorar a casa! Estava tão interessado na guitarra e nas gravações que havia negligenciado isso por completo. Ele andou pelos corredores da parte da casa que ele ainda não havia explorado. No fim de um deles, viu uma porta. "OUTRO quarto?", ele pensou. Ele abriu a porta, mas encontrou algo que ele não esperava ver: um estúdio de gravação. Esse, no entanto, estava vazio.

Era óbvio que não haviam deixado esse passar. Pequeno e apertado. Esse devia ser o estúdio de que Bob falava. Por que a casa teria dois estúdios, ele não podia compreender. Mais interessante: como os responsáveis pela mudança ignoraram o maior que estava lá embaixo? E como Bob podia simplesmente não saber dele?

O morador anterior também fazia parte da gravadora de Bob, então os dois deviam ter estado juntos naquele estúdio. Então como ele simplesmente não mencionou o outro estúdio a Bob? Além do mais, como alguém poderia usar aquele estúdio minúsculo quando havia um incrivelmente maior e melhor lá embaixo?

Subitamente, uma música começou a ecoar pelos corredores. Elijah estava preocupado agora, mas antes mesmo que pudesse pensar, ele estava indo para o outro estúdio. Quando percebeu, estava parado na porta dele. Ele a abriu devagar, na esperança de conseguir ver o que estava acontecendo ali antes que o que quer que estivesse ali percebesse sua presença.

Apesar da tentativa, o som parou exatamente na hora que ele abriu a porta. A guitarra ainda estava ali, brilhando ainda mais. Ele a pegou sem pensar duas vezes. Começou a tocar. Parecia que ele tinha cada vez mais idéias quando tocava aquela guitarra. Idéias que ele julgava impossíveis.

"Essa coisa é um íma para a inspiração", ele disse. Conforme ele tocava, no entanto, Elijah percebeu que ele não estava tendo qualquer idéia. Ele simplesmente... as estava tocando. Seus dedos se moviam pelo braço da guitarra com uma precisão milimétrica, e as músicas soavam como se sequer fossem tocadas com seus dedos!

Ele derrubou a guitarra no chão, sem acreditar, e ela caiu com um som grave. Percebendo o que havia feito, ele analisou o estrago. Para sua surpresa, não havia sequer um arranhão no instrumento. Havia algo muito errado ali, e os instintos de Elijah falaram mais alto que seu amor pelo instrumento.

Ele saiu de perto da guitarra, e ela brilhou ainda mais. Era como se tentasse arrastá-lo de volta. Elijah sentiu que a guitarra tentava puxá-lo de volta, como se estivessem conectados. Seu corpo foi tomado por um medo irracional e ele correu para a sala de controle, batendo a porta com força. Ele se lembrou das gravações, e decidiu ouvi-las para ver se poderia descobrir o que o antigo dono estivera fazendo.

Ele ouviu as gravações em ordem cronológica, e foi perdendo as esperanças de descobrir algo interessante, quando de repente pulou para trás de susto. Ruídos extremamente altos soaram pelos falantes. Gritos horrendos saíram da gravação, mas foram se distorcendo lentamente até se tornarem notas musicais. Elijah estava em pânico e imediatamente parou a gravação. Ainda mais apavorado, ele percebeu que uma música era tocada na guitarra. Ele podia ver as cordas se movendo sozinhas, como se não ligassem mais e soubessem que Elijah já sabia o que estava acontecendo.

Elijah saiu do estúdio, em choque. As notas ecoavam conforme ele subia as escadas. A música ficou mais distorcida, mais... errada. Os acordes maiores viravam menores, o som era cada vez mais sombrio e depressivo. As melodias agora eram dissonantes e difíceis de decifrar. Elijah sabia que algo estava muito errado, e decidiu descobrir sozinho.

Elijah pegou seu notebook e começou a pesquisar sobre o desaparecimento do antigo dono. Ele se chamava Bryan Reynolds, e seu desaparecimento não foi o primeiro naquela casa. Seu nome era familiar, como se ele tivesse ouvido falar dele antes. Elijah encontrou outros artigos: desaparecimentos semelhantes. A música no estúdio ficava cada vez mais alta. Quatro casos de desaparecimento, com as mesmas características.

Ainda mais estranho, todos eram músicos. "Ah, sim... Eu ouvi falar desse cara. Um músico do caralho" ele pensou. O cara era Gabriel Morales, desaparecido antes de Bryan, e uma mulher chamada Delilah Williamns antes dele. Elijah não sabia ao certo, mas havia algo estranho com aqueles nomes. O outro desaparecido era Adrian Johnson. A guitarra estava cada vez mais distorcida. O que era uma simples melodia era agora uma série de power chords distorcidos e desafinados, entrando em seus ouvidos com violência. Sua cabeça pulsou enquanto ele via o último nome: Evelyn Myers. Apavorado, Elijah percebeu o que havia de estranho com aqueles nomes...

Subitamente, uma corrente forte atravessou a casa, derrubando o notebook e empurrando Elijah para o chão. Ele tentou ficar de pé, mas foi empurrado com mais força. Seu corpo voou como uma ragdoll pela casa. Ele percebeu que não estava sendo empurrado, mas sim, puxado. Puxado escada abaixo.

Ele bateu o rosto em cada degrau, perdendo ainda mais consciência em cada impacto. Seu corpo chocou-se contra a porta, quebrando-a. Diversos pedaços de madeira passaram por ele. Elijah agarrou-se ao canto da porta, tentando a todo custo resistir. Seu corpo parecia se esticar. A guitarra praticamente estourava seus tímpanos agora. Subitamente, o lugar onde ele estava se segurando cedeu. Elijah voou na direção da guitarra de cinco cordas.

Bob abriu a porta com cuidado. Elijah não respondia suas ligações haviam 2 dias, e ele temia que algo estivesse errado. Conforme ele andou pela casa, ele percebeu que tudo estava com antes. Ainda haviam várias caixas fechadas e a casa estava um tanto vazia. "E! E! Você está aí?" ele gritou.

Conforme ele andou pelos corredores, ele acabou encontrando a escada. Ele quase podia ouvir a música tocando lá embaixo. Lentamente, ele desceu, os degraus rangendo a cada passo. O fim da escada estava completamente escuro e ele tateou as paredes até encontrar o interruptor.

Havia apenas uma porta ali. Bob entrou por ela e encontrou um estúdio de gravação que ele sequer sabia que existia.. Mas havia algo que chamou ainda mais sua atenção...

Uma guitarra branca, muito bonita, e com todas as seis cordas.

La Nuit

Na França, um jovem produtor de música ambiente chamado Charles decidiu começar um projeto no mínimo interessante. Ele iria gravar os sons do seu quarto enquanto ele dormia, e iria lançar sob o nome de La Nuit (A noite).

Charles vivia sozinho em uma área rural, o que removeria quase que totalmente a possibilidade de gravar sons de alarmes, tráfego e coisas do tipo.Ele planejou tudo por meses, adquirindo equipamento sensível o bastante para gravar todos os sons externos e também os seus próprios sons enquanto dormia.Finalmente, no dia 27 de setembro, ele executou seu plano. Ele montou todo o equipamento e deitou-se para dormir à meia noite.

No dia seguinte, ele ouviu a gravação. Na primeira hora, haviam os sons de seus movimentos na cama, assim como alguns latidos e um ou outro alarme de carro distante.Isso continuou durante a segunda hora, até que Charles ouviu algo que o deixou petrificado de medo.

Exatamente após 3 horas e 24 minutos, ele ouviu claramente na gravação o som da porta de seu quarto sendo aberta.

22/11/2013

Ladrão de sonhos

Sabe aqueles sonhos tão reais, tão vívidos que chegam a assustar? Mas quando você acorda, tenta lembrar-se deles e simplesmente não consegue? A realidade é que ELE não quer que você lembre. Ele não tem nome, mas gosto de chama-lo “Ladrão de sonhos”.

À noite quando você finalmente consegue dormir é quando ele vem. Ele espera até você entrar em sono profundo e então ele invade seus sonhos. Quando ele entra no sonho ele gosta de um pouco de diversão, ele gosta de ferrar com sua mente, ele muda seus sonhos e quando digo ‘muda’ quero dizer que ele pode transformar a sua caminhada em uma praia ao pôr do sol em um show no circo dos horrores. Um pesadelo do qual você não pode escapar.

Ele faz você sonhar com o que ele quiser. Quando ele entra em sua cabeça ele toma o controle e garante que no fim você não lembrará nada. Ele limpa a sua mente sem deixar vestígios. Às vezes quando você acorda pela manhã pode conseguir vê-lo rapidamente antes dele apagar a sua memória e levar seus sonhos.

Antes de dormir hoje a noite arrume uma câmera e a deixe bem escondida por que se ele encontra-la você vai se dar mal. Ele não gosta de mostrar o rosto. Eu consegui vê-lo uma vez, e mesmo sendo em vídeo desejava não tê-lo visto.

Ele é careca, tem cicatrizes pelo rosto e não tem o olho direito, no lugar há apenas um profundo buraco negro. Porém, a coisa mais perceptível nele era a cabeça curvada para trás, com costuras ligando ao pescoço, costuras que parecem ter sido feitas por ele mesmo.

Eu tenho um aviso

Não olhe para o único olho dele. Se você encarar o único olho dele, mesmo através de um vídeo, na próxima vez que você acordar ele não terá roubado apenas os seus sonhos. Não faça igual a mim. Ele me tirou algo muito importante. Agora tenho que encarar o mundo pela metade.

21/11/2013

Passagem Secreta

Essa é a história de uma de uma família que se mudou pra uma casa comum, construída há pouco mais de 10 anos, e que aparentemente não tinha nada de errado.


Até que os dois garotos da família um dia resolveram arredar uma estante de livros:


Que continha uma passagem para uma escada secreta:


A escada em espiral parecia dar direto em uma parede:


Mas no meio do caminho havia uma pequena passagem na parede:


Dentro dessa passagem, os garotos encontraram evidências de que havia gente VIVENDO DENTRO DAS PAREDES:


Quem vivia naquele lugar secreto tinha objetos estranhos, como esse elefante:


E uma chave que abre Deus sabe o que…


Ah, é claro, uma pessoa que vive dentro da parede de uma casa de família qualquer precisa ter bonecas:


Afinal, toda pessoa que escuta e observa você o tempo todo precisa de bonecas com olhos sem alma:


Fonte: Ah Negão!

20/11/2013

Ás de Espadas

O Ás de espadas é conhecido como a carta da morte. Ninguém sabe por que essa carta se tornou associada com a morte, mas grande parte das culturas acredita que o ás de espadas é um mau agouro.


Em um final de tarde, duas jovens garotas chamadas Nicole e Tamara estavam sentadas na varanda dos fundos. Passavam o tempo jogando baralho na mesa da varanda. Estava escurecendo e a lua já estava visível no céu. Havia uma floresta e um pântano atrás da casa e o vento soprava suavemente através das árvores.

As garotas já estavam prestes a começar um novo jogo quando um homem alto apareceu saindo da escuridão. As duas nunca tinham visto o homem antes, e enquanto ele se aproximava mancando pela grama alta, elas sentiram um pouco de medo.

“Vejo que estão jogando cartas.” Ele falou.

As garotas assentiram.

“Importam-se se eu me juntar a vocês?” ele perguntou. “Posso ensinar um novo jogo.”

Tamara sacudiu a cabeça negativamente. Sua mãe sempre disse para não falar com estranhos. Além disso, o homem era muito assustador.

Mas a outra garota falou, “Tudo bem, acho chato jogar com apenas duas pessoas. Mostre-nos o seu novo jogo.”

Tamara a cutucou e sussurrou em seu ouvido, “Não quero jogar com ele. Vamos entrar.”

“Para com isso.” Nicole sorriu. “Para de agir feito um bebê. Fica aqui. Não quer aprender um novo jogo?”

Relutante, Tamara aceitou ficar. O homem alto pegou as cartas e começou a embaralhar.

“Não sei se vão gostar desse jogo,” ele falou com um largo sorriso, “mas sei que vou aprecia-lo imensamente.”

Ele distribuiu as cartas, um para cada garota e um para si mesmo. A carta de Tamara deslizou e caiu no chão virada para cima. Era um ás de espadas.

Quando Tamara se curvou para pega-la, ela viu que o homem estava descalço. Suas pernas eram longas e peludas e suas unhas curvadas. Um arrepio percorreu pelo seu corpo. Segurando o ás de espadas, ela começou a sentir um grande medo.

Ela começou a puxar a blusa de sua amiga e a implorar para saírem dali. Nicole recusou e pediu que Tamara fosse embora. Tamara correu para dentro de casa e trancou a porta. Correu para o andar de cima e entrou no quarto. Pegou o celular e ligou para a policia.

Quando os policiais chegaram, alguns minutos depois, Tamara os recebeu pela porta da frente e os levou para os fundos. Quando chegaram à varada, eles encontraram o corpo de Nicole caído em baixo da mesa. A pobre garota foi dividida ao meio. A cadeira onde ela estava sentada estava coberta de sangue. E havia um bilhete na mesa.

Ele dizia:

“Escapou da morte por um Ás de espadas!”

18/11/2013

Vísceras

Inspire.

Inspire o máximo de ar que conseguir. Essa história deve durar aproximadamente o tempo que você consegue segurar sua respiração, e um pouco mais. Então escute o mais rápido que puder.

Um amigo meu aos 13 anos ouviu falar sobre “fio-terra”. Isso é quando alguém enfia um consolo na bunda. Estimule a próstata o suficiente, e os rumores dizem que você pode ter orgasmos explosivos sem usar as mãos. Nessa idade, esse amigo é um pequeno maníaco sexual. Ele está sempre buscando uma melhor forma de gozar. Ele sai para comprar uma cenoura e lubrificante. Para conduzir uma pesquisa particular. Ele então imagina como seria a cena no caixa do supermercado, a solitária cenoura e o lubrificante percorrendo pela esteira o caminho até o atendente no caixa. Todos os clientes esperando na fila, observando. Todos vendo a grande noite que ele preparou.

Então, esse amigo compra leite, ovos, açúcar e uma cenoura, todos os ingredientes para um bolo de cenoura. E vaselina.

Como se ele fosse para casa enfiar um bolo de cenoura no rabo.

Em casa, ele corta a ponta da cenoura com um alicate. Ele a lubrifica e desce seu traseiro por ela. Então, nada. Nenhum orgasmo. Nada acontece, exceto pela dor.

Então, esse garoto, a mãe dele grita dizendo que é a hora da janta. Ela diz para descer, naquele momento.

Ele remove a cenoura e coloca a coisa pegajosa e imunda no meio das roupas sujas debaixo da cama.

Depois do jantar, ele procura pela cenoura, e não está mais lá. Todas as suas roupas sujas, enquanto ele jantava, foram recolhidas por sua mãe para lavá-las. Não havia como ela não encontrar a cenoura, cuidadosamente esculpida com uma faca da cozinha, ainda lustrosa de lubrificante e fedorenta.

Esse amigo meu, ele espera por meses na surdina, esperando que seus pais o confrontem. E eles nunca fazem isso. Nunca. Mesmo agora que ele cresceu, aquela cenoura invisível aparece em toda ceia de Natal, em toda festa de aniversário. Em toda caça de ovos de páscoa com seus filhos, os netos de seus pais, aquela cenoura fantasma paira por sobre todos eles. Isso é algo vergonhoso demais para dar um nome.

As pessoas na França possuem uma expressão: “sagacidade de escadas.” Em francês: esprit de l’escalier. Representa aquele momento em que você encontra a resposta, mas é tarde demais. Digamos que você está numa festa e alguém o insulta. Você precisa dizer algo. Então sob pressão, com todos olhando, você diz algo estúpido. Mas no momento em que sai da festa… enquanto você desce as escadas, então – mágica. Você pensa na coisa mais perfeita que poderia ter dito. A réplica mais avassaladora.

Esse é o espírito da escada.

O problema é que até mesmo os franceses não possuem uma expressão para as coisas estúpidas que você diz sob pressão. Essas coisas estúpidas e desesperadas que você pensa ou faz.

Alguns atos são baixos demais para receberem um nome. Baixos demais para serem discutidos.

Agora que me recordo, os especialistas em psicologia dos jovens, os conselheiros escolares, dizem que a maioria dos casos de suicídio adolescente eram garotos se estrangulando enquanto se masturbavam. Seus pais os encontravam, uma toalha enrolada em volta do pescoço, a toalha amarrada no suporte de cabides do armário, o garoto morto. Esperma por toda a parte. É claro que os pais limpavam tudo. Colocavam calças no garoto. Faziam parecer… melhor. Ao menos, intencional. Um caso comum de triste suicídio adolescente.

Outro amigo meu, um garoto da escola, seu irmão mais velho na Marinha dizia como os caras do Oriente Médio se masturbavam de forma diferente do que fazemos por aqui. Esse irmão tinha desembarcado num desses países cheios de camelos, onde o mercado público vendia o que pareciam abridores de carta chiques. Cada uma dessas coisas é apenas um fino cabo de latão ou prata polida, do comprimento aproximado de sua mão, com uma grande ponta numa das extremidades, ou uma esfera de metal ou uma dessas empunhaduras como as de espadas. Esse irmão da Marinha dizia que os árabes ficavam de pau duro e inseriam esse cabo de metal dentro e por toda a extremidade de seus paus. Eles então batiam punheta com o cabo dentro, e isso os fazia gozar melhor. De forma mais intensa.

Esse irmão mais velho viajava pelo mundo, mandando frases em francês. Frases em russo. Dicas de punhetagem.

Depois disso, o irmão mais novo, um dia ele não aparece na escola. Naquela noite, ele liga pedindo para eu pegar seus deveres de casa pelas próximas semanas. Porque ele está no hospital.

Ele tem que compartilhar um quarto com velhos que estiveram operando as entranhas. Ele diz que todos compartilham a mesma televisão. Que a única coisa para dar privacidade é uma cortina. Seus pais não o vem visitar. No telefone, ele diz como os pais dele queriam matar o irmão mais velho da Marinha.

Pelo telefone, o garoto diz que, no dia anterior, ele estava meio chapado. Em casa, no seu quarto, ele deitou-se na cama. Ele estava acendendo uma vela e folheando algumas revistas pornográficas antigas, preparando-se para bater uma. Isso foi depois que ele recebeu as notícias de seu irmão marinheiro. Aquela dica de como os árabes se masturbam. O garoto olha ao redor procurando por algo que possa servir. Uma caneta é grande demais. Um lápis, grande demais e áspero. Mas escorrendo pelo canto da vela havia um fino filete de vela derretida que poderia servir. Com as pontas dos dedos, o garoto descola o filete da vela. Ele o enrola na palma de suas mãos. Longo, e liso, e fino.

Chapado e com tesão, ele enfia lá dentro, mais e mais fundo por dentro do canal urinário de seu pau. Com uma boa parte da cera ainda para fora, ele começa o trabalho.

Até mesmo nesse momento ele reconhece que esses árabes eram caras muito espertos.

Eles reinventaram totalmente a punheta. Deitado totalmente na cama, as coisas estão ficando tão boas que o garoto nem observa a filete de cera. Ele está quase gozando quando percebe que a cera não está mais lá.

O fino filete de cera entrou. Bem lá no fundo. Tão fundo que ele nem consegue sentir a cera dentro de seu pau.

Das escadas, sua mãe grita dizendo que é a hora da janta. Ela diz para ele descer naquele momento. O garoto da cenoura e o garoto da cera eram pessoas diferentes, mas viviam basicamente a mesma vida.

Depois do jantar, as entranhas do garoto começam a doer. É cera, então ele imagina que ela vá derreter dentro dele e ele poderá mijar para fora. Agora suas costas doem. Seus rins. Ele não consegue ficar ereto corretamente.

O garoto falando pelo telefone do seu quarto de hospital, no fundo pode-se ouvir campainhas, pessoas gritando. Game shows.

Os raios-X mostram a verdade, algo longo e fino, dobrado dentro de sua bexiga. Esse longo e fino V dentro dele está coletando todos os minerais no seu mijo. Está ficando maior e mais espesso, coletando cristais de cálcio, está batendo lá dentro, rasgando a frágil parede interna de sua bexiga, bloqueando a urina. Seus rins estão cheios. O pouco que sai de seu pau é vermelho de sangue.

O garoto e seus pais, a família inteira, olhando aquela chapa de raio-X com o médico e as enfermeiras ali, um grande V de cera brilhando na chapa para todos verem, ele deve falar a verdade. Sobre o jeito que os árabes se masturbam. Sobre o que o seu irmão mais velho da Marinha escreveu.

No telefone, nesse momento, ele começa a chorar.

Eles pagam pela operação na bexiga com o dinheiro da poupança para sua faculdade. Um erro estúpido, e agora ele nunca mais será um advogado.

Enfiando coisas dentro de você. Enfiando-se dentro de coisas. Uma vela no seu pau ou seu pescoço num nó, sabíamos que não poderia acabar em problemas.

O que me fez ter problemas, eu chamava de Pesca Submarina. Isso era bater punheta embaixo d’água, sentando no fundo da piscina dos meus pais. Pegando fôlego, eu afundava até o fundo da piscina e tirava meu calção. Eu sentava no fundo por dois, três, quatro minutos.

Só de bater punheta eu tinha conseguido uma enorme capacidade pulmonar. Se eu tivesse a casa só para mim, eu faria isso a tarde toda. Depois que eu gozava, meu esperma ficava boiando em grandes e gordas gotas.

Depois disso eram mais alguns mergulhos, para apanhar todas. Para pegar todas e colocá-las em uma toalha. Por isso chamava de Pesca Submarina. Mesmo com o cloro, havia a minha irmã para se preocupar. Ou, Cristo, minha mãe.

Esse era meu maior medo: minha irmã adolescente e virgem, pensando que estava ficando gorda e dando à luz a um bebê retardado de duas cabeças. As duas parecendo-se comigo. Eu, o pai e o tio. No fim, são as coisas com as quais você não se preocupa que te pegam.

A melhor parte da Pesca Submarina era o duto da bomba do filtro. A melhor parte era ficar pelado e sentar nela.

Como os franceses dizem, Quem não gosta de ter seu cu chupado? Mesmo assim, num minuto você é só um garoto batendo uma, e no outro nunca mais será um advogado.

Num minuto eu estou no fundo da piscina e o céu é um azul claro e ondulado, aparecendo através de dois metros e meio de água sobre minha cabeça. Silêncio total exceto pelas batidas do coração que escuto em meu ouvido. Meu calção amarelo-listrado preso em volta do meu pescoço por segurança, só em caso de algum amigo, um vizinho, alguém que apareça e pergunte porque faltei aos treinos de futebol. O constante chupar da saída de água me envolve enquanto delicio minha bunda magra e branquela naquela sensação.

Num momento eu tenho ar o suficiente e meu pau está na minha mão. Meus pais estão no trabalho e minha irmã no balé. Ninguém estará em casa por horas.

Minhas mãos começam a punhetar, e eu paro. Eu subo para pegar mais ar. Afundo e sento no fundo. Faço isso de novo, e de novo.

Deve ser por isso que garotas querem sentar na sua cara. A sucção é como dar uma cagada que nunca acaba. Meu pau duro e meu cu sendo chupado, eu não preciso de mais ar. O bater do meu coração nos ouvidos, eu fico no fundo até as brilhantes estrelas de luz começarem a surgir nos meus olhos. Minhas pernas esticadas, a batata das pernas esfregando-se contra o fundo. Meus dedos do pé ficando azul, meus dedos ficando enrugados por estar tanto tempo na água.

E então acontece. As gotas gordas de gozo aparecem. É nesse momento que preciso de mais ar. Mas quando tento sair do fundo, não consigo. Não consigo colocar meus pés abaixo de mim. Minha bunda está presa.

Médicos de plantão de emergência podem confirmar que todo ano cerca de 150 pessoas ficam presas dessa forma, sugadas pelo duto do filtro de piscina. Fique com o cabelo preso, ou o traseiro, e você vai se afogar. Todo o ano, muita gente fica. A maioria na Flórida.

As pessoas simplesmente não falam sobre isso. Nem mesmo os franceses falam sobre tudo. Colocando um joelho no fundo, colocando um pé abaixo de mim, eu empurro contra o fundo. Estou saindo, não mais sentado no fundo da piscina, mas não estou chegando para fora da água também.

Ainda nadando, mexendo meus dois braços, eu devo estar na metade do caminho para a superfície mas não estou indo mais longe que isso. O bater do meu coração no meu ouvido fica mais alto e mais forte.

As brilhantes fagulhas de luz passam pelos meus olhos, e eu olho para trás… mas não faz sentido. Uma corda espessa, algum tipo de cobra, branco-azulada e cheia de veias, saiu do duto da piscina e está segurando minha bunda. Algumas das veias estão sangrando, sangue vermelho que aparenta ser preto debaixo da água, que sai por pequenos cortes na pálida pele da cobra. O sangue começa a sumir na água, e dentro da pele fina e branco-azulada da cobra é possível ver pedaços de alguma refeição semi-digerida.

Só há uma explicação. Algum horrível monstro marinho, uma serpente do mar, algo que nunca viu a luz do dia, estava se escondendo no fundo escuro do duto da piscina, só esperando para me comer.

Então… eu chuto a coisa, chuto a pele enrugada e escorregadia cheia de veias, e parece que mais está saindo do duto. Deve ser do tamanho da minha perna nesse momento, mas ainda segurando firme no meu cu. Com outro chute, estou a centímetros de conseguir respirar. Ainda sentindo a cobra presa no meu traseiro, estou bem próximo de escapar.

Dentro da cobra, é possível ver milho e amendoins. E dá pra ver uma brilhante esfera laranja. É um daqueles tipos de vitamina que meu pai me força a tomar, para poder ganhar massa. Para conseguir a bolsa como jogador de futebol. Com ferro e ácidos graxos Ômega 3.

Ver essa pílula foi o que me salvou a vida. Não é uma cobra. É meu intestino grosso e meu cólon sendo puxados para fora de mim. O que os médicos chamam de prolapso de reto. São minhas entranhas sendo sugadas pelo duto.

Os médicos de plantão de emergência podem confirmar que uma bomba de piscina pode puxar 300 litros de água por minuto. Isso corresponde a 180 quilos de pressão. O grande problema é que somos todos interconectados por dentro. Seu traseiro é apenas o término da sua boca. Se eu deixasse, a bomba continuaria a puxar minhas entranhas até que chegasse na minha língua. Imagine dar uma cagada de 180 quilos e você vai perceber como isso pode acontecer.

O que eu posso dizer é que suas entranhas não sentem tanta dor. Não da forma que sua pele sente dor. As coisas que você digere, os médicos chamam de matéria fecal. No meio disso tudo está o suco gástrico, com pedaços de milho, amendoins e ervilhas.

Essa sopa de sangue, milho, merda, esperma e amendoim flutua ao meu redor. Mesmo com minhas entranhas saindo pelo meu traseiro, eu tentando segurar o que restou, mesmo assim, minha vontade é de colocar meu calção de alguma forma.

Deus proíba que meus pais vejam meu pau.

Com uma mão seguro a saída do meu rabo, com a outra mão puxo o calção amarelo-listrado do meu pescoço. Mesmo assim, é impossível puxar de volta.

Se você quer sentir como seria tocar seus intestinos, compre um camisinha feita com intestino de carneiro. Pegue uma e desenrole. Encha de manteiga de amendoim. Lubrifique e coloque debaixo d’água. Então tente rasgá-la. Tente partir em duas. É firme e ao mesmo tempo macia. É tão escorregadia que não dá para segurar.

Uma camisinha dessas é feita do bom e velho intestino.

Você então vê contra o que eu lutava.

Se eu largo, sai tudo.

Se eu nado para a superfície, sai tudo.

Se eu não nadar, me afogo.

É escolher entre morrer agora, e morrer em um minuto.

O que meus pais vão encontrar depois do trabalho é um feto grande e pelado, todo curvado. Mergulhado na água turva da piscina de casa. Preso ao fundo por uma larga corda de veias e entranhas retorcidas. O oposto do garoto que se estrangula enquanto bate uma. Esse é o bebê que trouxeram para casa do hospital há 13 anos. Esse é o garoto que esperavam conseguir uma bolsa de jogador de futebol e eventualmente um mestrado. Que cuidaria deles quando estivessem velhinhos. Seus sonhos e esperanças. Flutuando aqui, pelado e morto. Em volta dele, gotas gordas de esperma.

Ou isso, ou meus pais me encontrariam enrolado numa toalha encharcada de sangue, morto entre a piscina e o telefone da cozinha, os restos destroçados das minhas entranhas para fora do meu calção amarelo-listrado.

Algo sobre o que nem os franceses falam. Aquele irmão mais velho na Marinha, ele ensinou uma outra expressão bacana. Uma expressão russa. Do jeito que nós falamos “Preciso disso como preciso de um buraco na cabeça…”, os russos dizem, “Preciso disso como preciso de dentes no meu cu…”

Mne eto nado kak zuby v zadnitse.

Essas histórias de como animais presos em armadilhas roem a própria perna fora, bem, qualquer coiote poderá te confirmar que algumas mordidas são melhores que morrer.

Droga… mesmo se você for russo, um dia vai querer esses dentes.

Senão, o que você pode fazer é se curvar todo. Você coloca um cotovelo por baixo do joelho e puxa essa perna para o seu rosto. Você morde e rói seu próprio cu. Se você ficar sem ar você consegue roer qualquer coisa para poder respirar de novo.

Não é algo que seja bom contar a uma garota no primeiro encontro. Não se você espera por um beijinho de despedida. Se eu contasse como é o gosto, vocês não comeriam mais frutos do mar.

É difícil dizer o que enojaria mais meus pais: como entrei nessa situação, ou como me salvei. Depois do hospital, minha mãe dizia, “Você não sabia o que estava fazendo, querido. Você estava em choque.” E ela teve que aprender a cozinhar ovos pochê.

Todas aquelas pessoas enojadas ou sentindo pena de mim…

Precisava disso como precisaria de dentes no cu.

Hoje em dia, as pessoas sempre me dizem que eu sou magrinho demais. As pessoas em jantares ficam quietas ou bravas quando não como o cozido que fizeram. Cozidos podem me matar. Presuntadas. Qualquer coisa que fique mais que algumas horas dentro de mim, sai ainda como comida. Feijões caseiros ou atum, eu levanto e encontro aquilo intacto na privada.

Depois que você passa por uma lavagem estomacal super-radical como essa, você não digere carne tão bem. A maioria das pessoas tem um metro e meio de intestino grosso. Eu tenho sorte de ainda ter meus quinze centímetros. Então nunca consegui minha bolsa de jogador de futebol. Nunca consegui meu mestrado. Meus dois amigos, o da cera e o da cenoura, eles cresceram, ficaram grandes, mas eu nunca pesei mais do que pesava aos 13 anos.

Outro problema foi que meus pais pagaram muita grana naquela piscina. No fim meu pai teve que falar para o cara da limpeza da piscina que era um cachorro. O cachorro da família caiu e se afogou. O corpo sugado pelo duto. Mesmo depois que o cara da limpeza abriu o filtro e removeu um tubo pegajoso, um pedaço molhado de intestino com uma grande vitamina laranja dentro, mesmo assim meu pai dizia, “Aquela porra daquele cachorro era maluco.”

Mesmo do meu quarto no segundo andar, podia ouvir meu pai falar, “Não dava para deixar aquele cachorro sozinho por um segundo…”

E então a menstruação da minha irmã atrasou.

Mesmo depois que trocaram a água da piscina, depois que vendemos a casa e mudamos para outro estado, depois do aborto da minha irmã, mesmo depois de tudo isso meus pais nunca mencionaram isso novamente.

Nunca.

Essa é a nossa cenoura invisível.

Você.

Agora você pode respirar.

Eu ainda não.