Após uma noite de sonhos perturbadores e incessantes, Samuel
Orpec acorda sentido-se estranho, parecia sentir-se mais aliviado após alguns
sonhos terríveis terem acabo, mas sentia algo estranho em si mesmo. Fitou-se no
espelho, tocou seu rosto, quando então, ouviu o primeiro sussurro de seu
próprio fim. Era apenas um resmungo ininteligível, mas podia se sentir a dor
nele. Não sabia de onde vinha, mas parecia que vinha da parte de trás da sua
própria cabeça. Passou a mão sob sua nuca, e foi subindo em direção ao
cocuruto, quando fora interrompido por uma mordida em sua mão. Congelou, o pânico
que isto lhe trouxera era imensurável até então, respirou fundo e saiu em busca
de algum outro espelho, parou em frente ao espelho em seu vestíbulo e
posicionou um pequeno espelho de mão atrás de sua cabeça, de tal modo que
pudesse vê-la. O terror voltara a tomar sua mente. Percebera que havia outra
face em seu crânio. Não uma face comum, mas uma face disforme, demoníaca, onde
a maldade era visível, e ela ria. Percebeu que a face tinha consciência
própria, percebeu que a face era má, percebeu que naquele dia sua agonia iria
ruir sua sanidade. O sadismo da face o fez, nos primeiros instantes, pensar em
suicídio, ideia essa que fora abandona após alguns minutos, quando Orpec
percebera que isso só traria mais prazer à face,e ele não pretendia se render a
ela tão facilmente. Sentou-se em sua cama, e bateu com a parte de trás de sua
cabeça na parede, somente para causar dor à face. Cometera um terrível engano,
a dor que sentira fora imensa, e só aumentou o prazer da face, que agora
gargalhava ante a dor de Orpec. Tomado por uma fúria intensa, Orpec busca seu
canivete no bolso de seu paletó e cega um dos olhos da face. Cai no chão,
sentindo talvez a maior dor que humano algum possa ter sentido um dia,
desmaia.
Já era noite
quando Orpec acordou, via seu quarto de modo disforme. Já não tinha mais noção
de quem era, a face às vezes tomava poder de seu corpo, e fazia com que Orpec se feri-se só para ter algum prazer.
Quando tinha controle sobre seu corpo, Orpec tentava esquecer que a face lá
existia, mesmo que ela o impedisse de sair de seu apartamento. Fazia três dias
que ela aparecera e Orpec ainda não havia aberto cortina alguma de seu
apartamento. Rumou à cozinha e serviu-se com uma aguardente que guardava, tomou
um trago e abriu a cortina. Então percebeu que a face detestava a luz, a
escuridão a deixava mais forte. Virou-se de costas à janela, e deixou que a luz
cega-se, outra vez, a face. A cicatriz no olho esquerdo da face começa a
sangrar, e ela, pela primeira vez sente dor. Um urro desumano é ouvido. Orpec
ri. Então, também pela primeira vez, a face fala:
- Ah, então tu ris de minha desgraça, tu assumes ser tão mal
quanto eu, pobre humano, assumes que não sabes lidar com minha presença,
fraqueja ante ela, tem em teus sonhos, os mesmos sonhos que eu. - Orpec manda
que a face se cale, e ela então outra vez gargalha, e parece dormir. Orpec
senta em uma cadeira contra a janela, e encara o sol, e então descobre que já
não é capaz de ver a luz, sem que a face o permita. Já não é capaz de sentir o
prazer, a dor, já não é capaz de sentir, sem que a face também sinta, já não é
capaz de viver, sem que a face também viva. E sente, pela terceira vez, todo o
horror que ela lhe traz. É tomado por um vazio intenso, que parece ruir sua
espinha, parece lhe dissolver a mente, e sabia que sua'lma já havia fugido de
seu corpo.
Passam mais quatro
dias, e então a face acorda outra vez, dessa vez ela já acorda sorrindo, e
sussurra para Orpec:
- Bom dia, espero que consigas continuar... - E é
interrompida sendo golpeada contra a parede outra vez, e outra vez gargalha ao
sentir a dor de Orpec. E ele então cai sob o chão, de joelhos, e urra, urra
injurias tão nefastas que humano algum um dia dissera, amaldiçoa a face que o
amaldiçoava, e então busca a garrafa de aguardente, ainda sobre a mesa, e
inebria-se ante a loucura que a face o trazia, mas parecia que quanto mais ele
bebia, mais lúcido ficava, e mais a face o destruía. Buscou o espelho de mão,
fitou-se outra vez, e encarou a face, que de antes desumana, agora era quase
idêntica a face de Orpec, que ficava cada vez mais disforme. Ela ria, e ria
cada vez mais alto, Orpec tampava seus ouvidos, caia ao chão, e ela cada vez
mais contente parecia ficar, então ela para, e sussurra outra vez:
- Temes que eu nunca pare de rir, mas sabes que no fundo, o
prazer que eu sinto é o mesmo que tu sentes, tu és eu, eu sou tu, somos a mesma
pessoa, a mesma aberração, o mesmo câncer da raça humana, somos nada além de um
moribundo sem esperança, um indigente cavando sua própria cova, tu já te
embalsas mesmo antes de morrer.
- Cala-te demônio, tu és minha assombração, e se tiver eu
que viver com tua presença, prefiro que me mates.
A face ri outra vez, e outra vez ela dorme.
Meses se passam, e
a face cada dia mais se torna humana, e Orpec cada vez mais se deforma. Não
sabe mais quem é quem, já não consegue dissociar-se da face, já não sabe mais
quem é, e ainda não sabe de onde a face veio, mas sabe que o mal que ela
carrega é desumano. Ainda mais que as noites, a face exalava um forte cheiro de
enxofre, e sussurrava injurias para Orpec, só para atormentar seu sono. Quanto
mais Orpec definhava, mais a face parecia ficar mais forte, parecia que ela já
estava criando braços nas costas de Orpec, parecia que ela qualquer dia sairia
dele e o deixaria em seu quarto, deixaria apenas uma massa disforme em qual o
transformaria, e sairia livre pelo mundo espalhando maldades. O tempo acabou
atenuando o efeito das injurias sobre Orpec, e no fundo, a face acabou por
corrompe-lo, era já tão mal quão ela, já não era mais puro, já não sabia se
ainda era vivo sem ela, já não sabia se afinal, ele não era ela.
Em uma noite de
inverno, Orpec então resolve sair, ignorando todo e qualquer incomodo que a
face poderia lhe causar, vestiu um casaco, ergueu o colarinho, tentou
plasticamente tampar a face com um cachecol, vestiu um chapéu, e saiu. Caminhou
sem ruma por quase duas horas, e entrou em uma igreja na praça central da
cidade, ao dar os primeiros passos na igreja a face começou a blasfemar, e o
sacerdote encarou austeramente Orpec. Porém, o sacerdote então percebeu a
natureza da situação, e fez um sinal para que Orpec o seguisse. Entraram em uma
pequena porta a esquerda da sacristia, onde havia uma escada circular para
baixo, e parecia que era tão funda que chegaria ao centro da terra. Após chegar
a base da escada, Orpec presenciou um corredor com sete portas, três à direita,
três à esquerda, e uma pequena porta de ferro no final do corredor. Seguiram
reto até tal porta, e o sacerdote buscou em sua batina um molho de chaves, e
entre elas buscou uma chave que aparentava ser feita de ouro, e com esta chave
então, abriu a porta, e Orpec se deparou com, talvez, a única coisa que naquele
momento poderia o surpreender. Orpec encarou a si mesmo, sentado em uma cadeira
no meio de um quarto vazio. Ainda era o mesmo de sempre, ainda sem a face,
ainda humano. Estava acorrentado, e havia uma poça de sangue embaixo da
cadeira, já um pouco seca. Conseguia ver as chagas em seu corpo, mas não via
mais seu corpo de onde estava. Percebeu ser uma consciência sem corpo, percebeu
então não ser mais quem era. Já não sabia mais se era só, ou se a face era
parte de si mesmo. Seguiu até seu corpo, o rodeou, e percebeu uma enorme
cicatriz em suas costas. Percebeu que havia sido liberto da face, percebeu que
era apenas um só outra vez. Percebeu também, que estava lá sentado, consciente,
e que não estava dentro de si, percebeu que havia sido expulso de seu corpo, e
que a face havia tomado posse dele. Em um impulso, tocou a cicatriz e se associou
ao corpo outra vez, em certo estado de transe, quebrou as correntes e
levantou-se. Rumou em direção a porta e ajoelhou-se sob ela, sentiu a dor mais
forte que já sentira um dia, e caiu deitado no chão, inconsciente.
Acordou em seu
quarto, ainda com a face, mas sentia-se vazio, sem a maldade da face, aliás
sentia que a face era pura, inocente. Tão inocente que lhe enojava, como uma
aberração tão cruel agora podia se tornar tão pura, tentou soca-la de raiva,
mas não controlava seus braços, tento levantar-se, mas não tinha mais controle
de seu corpo. Começou então a tentar ofende-la, mas nada saia de sua boca, além
de resmungos ininteligíveis, não sentia nada além de ódio pela maldita face que
surgira, a maldita face que havia o condenado a viver sem controle de si mesmo,
sua sanidade havia desaparecido, já não sabia quem era, até que sentiu uma mão
passando sobre seu rosto, tomado pela raiva, mordeu-a com toda a força. Sentira
então a maior dor que um dia sentira, e já sem sanidade alguma, começou a rir
dela, e quanto mais se contorcia de dor no chão, mais prazer sentia.
Escrita/Enviada por: Julio Donato
muito boa essa creepy
ResponderExcluirele se tornou a face do mal.
Ele se tornou a ace do mal e isso será um ciclo eterno, pelo menos foi oq eu entendi
ExcluirFooooooooooda Te Que Emfim Creeps Novas E Boas
ResponderExcluirAFF CHATA PRA CACETE TIRA ESSAS CREPY DE FAN PQ SAO TUDO RETARDADO
ResponderExcluirVai toma no teu cú se vc ñ gosta ñ leia palhaço
Excluirconcordo com tudo oq o nadico fala, e achei essa media, pq era meio previsivel mas eh a melhor de meses q ta tendo aqui viu esse site ta cada vez piorando mais, mas é bom as vezes aparecer umas perolas dessas e botar confiança nos fãs desse blog denovo
ExcluirPaulo tem clarividência, porque não era nem um pouco previsivel.
ExcluirPs: coloca '' Mãe Dinah'' no nick e ganhe dinheiro
Bem, Nadico, fale o que você não gostou, quem sabe na próxima eu melhoro..
ExcluirPaulo chupa o dele tambem viado
ExcluirOs caras acham que toda história tem que ser algo incrivelmente fantástico e sempre tem que agradá-los... Deve ser tudo filinho de mamãe que se disse não pra eles, se jogam no chão e começam a chorar! Incrivelmente bem escrita, sensacional o modo que conduziu a história.
Excluircaras eu n critiquei ela, so deixem minha opiniao, alias elogiei e e sim pelo menos PRA MIM foi um pouco previsiva, fora isso gostei bastante
Excluirvc ñ gosta ñ le e ñ posta comentaruio ridiculo so pa chama a atenção
ExcluirGostei, hohoho, muito foda
ResponderExcluirMuito boa, realmente, muito boa... merece um 10.
ResponderExcluirUma das melhores que já li, realmente bem elaborada.
ResponderExcluirTá mais para um conto que para uma Creepypasta, e é um ótimo conto.
Parabéns pelo trabalho.
Acabo... FAIL
ResponderExcluirExcelente, claramente inspirada na história real de Edward Mordrake, o homem de duas faces, inclusive tem essa creepy aqui. Eu só não entendi 100% a parte da igreja, fiquei um tanto confusa, se alguém puder esclarecer, agradeço.
ResponderExcluirMuito boa, só que a parte de igreja que ficou 100% confusa mesmo.
ResponderExcluirAdorei essa creepy!
ResponderExcluirAliás... me lembrei de Harry Potter e a Pedra Filosofal, quando o Voldemort fica atrás da cabeça do Professor Quirrell. XD
Exelente!!!
ResponderExcluirÉ legal. Mas porra, Creepypasta é o nome. Cade o terror pow?
ResponderExcluirImagine que um dia, brota uma cara na sua cabeça e começa a te atormentar. Aí seu terror.
ExcluirMuito boa. Tipo, boa mesmo. Esse Samuel Orpec me lembrou demais o Edward Mordrak.
ResponderExcluirAchei que ficou uma merda, pq o maluco que escreveu quis dar de uma de escritor profissional, quando que creepys são descritas com simplicidade, esse quis deixar como se fosse um livro, tirando isso, é boazinha
ResponderExcluirContrariedade reina aí em filhote
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