Em 1999, eu tinha 22 anos e havia acabado de me formar da
Universidade de Emerson no centro de Boston, com especialização em roteiro,
especificamente em desenhos animados e programas infantis. Minha dívida estava muito
ruim, então quando a Nickelodeon Studios me ofereceu um cargo pra estágio no
estúdio na Califórnia, eu aceitei imediatamente; Agarrei essa oportunidade para
ficar longe de meu trabalho ridículo como guia de turismo.
Muitos de vocês se perguntam sobre o tal filme perdido Cry
Baby Lane, mas se você deseja ver a versão original do filme, você nunca o vera,
mesmo que de alguma forma a Nickelodeon decidir libera-lo para você. Você não
estará vendo o que foi originalmente mostrado na TV, e com toda certeza você
não estará vendo a versão que Lauer fez.
Imagino que a Nickelodeon nem tenha mais a versão original do
filme com eles, e se tiverem, provavelmente são apenas algumas cópias de
segurança; se estas cópias realmente existem elas devem estar trancadas em
algum cofre, juntamente com todos os episódios perdidos de Ren e Stimpy e os
episódios nunca antes mencionados de Bob Esponja. Tenho certeza de que o
diretor, Peter Lauer, tem a cópia original guardada com ele, provavelmente ao
lado de seus “Filmes Snuff”... Aquele filho da puta perturbado.
Enfim, fui contratado em 1999, e imediatamente fui colocado
em uma equipe de produção para o filme Cry Baby Lane, ou seja, quase um ano
antes que o filme fosse transmitido para a televisão. Apesar de tudo, era um
trabalho bem amador. Havia apenas quatro pessoas na equipe de criação, e eu era
o único estável; Lauer iria substituí-los em pouco tempo. Ele disse que aquilo
era para deixar tudo sempre de cara nova. No inicio, pensei que era porque ele
estava escondendo alguma coisa... e eu estava certo.
Ele sempre olhava para longe quando você encarava-o por
muito tempo, e eu acho que essa era a parte mais assustadora; ele sempre
parecia ter algo a esconder. As sessões de idéias, a principio, estavam boas.
Tivemos a ideia da premissa em pouco tempo: dois irmãos acidentalmente liberam
um demônio, e eles precisam fazer com que tudo volte ao normal. Não era
exatamente aquelas ideias de Oscar, mas até que era um bom começo. Achei que o
filme deveria ser engraçado e assustador ao mesmo tempo, como uma espécie de
Coragem, O Cão Covarde. No entanto, desde o início, Lauer deixou claro que
queria que o filme fosse o mais assustador possível. Ele não queria que fosse
um filme repleto de emoções baratas, com um final de qualidade mediana. Ele
queria chegar ainda mais longe do que a série “Clube do Medo” havia chegado...
e eu acho que ele conseguiu.
Estavam a cerca de três semanas de produção quando notei uma
coisa: Lauer tinha o poder absoluto de persuasão sobre todos os outros da
equipe de produção. Ninguém nunca discutia com ele, e na terceira semana, ele
já estava sugerindo algumas coisas mórbidas demais. Lembro que ele havia dito
que queria que o irmão mais novo morresse no meio do filme, sendo atingido por
um caminhão de lixo. Eu imediatamente discordei da ideia. Eu era o único que dizia
alguma coisa nas reuniões, e assim foi até o dia em que saí do estúdio pra
nunca mais voltar.
No início, canibalismo e outras coisas fudidas e
perturbadoras eram mantidas somente como piadas e comentários de mau gosto, mas
com o passar do tempo, tornavam-se cada vez mais constantes. Eu lhe dava uma ideia
(que na maioria das vezes ele acaba usando), como: "Que tal se o filme
começasse com um agente funerário que contasse as histórias para os irmãos?",
ao que ele respondia: "Sim, e então ele poderia cortá-los em pedacinhos e
forçar seu cachorro a comê-los!" Ele fazia essas piadinhas algumas vezes
nos estágios iniciais… E então começava a falar sério.
Ele se levantava como se fosse Jesus ou algo assim, limpava
a garganta e proclamava sua ideia. Eu era o único a discutir.
Toda-caralhada-de-vez.
Um dia, perto do final de nossas sessões de ideias, Lauer
pigarreou e se levantou. Todos se calaram e olharam para ele, como fazemos normalmente.
Então ele disse:
"Senhoras e senhores, eu tenho uma idéia."
Lembro muito bem do que ele fez - ele deu uma pausa, olhou
para mim e disse:
"A história vai girar em torno da lenda de um par de
gêmeas siamesas. Vocês já ouviram falar do Donner’s Party?"
Todos concordaram, exceto eu. Não gostava donde a conversa estava
indo.
"Eles se comiam quando sentiam frio. Eles comiam uns
aos outros."
Todos concordaram com a cabeça novamente. Eu fechei os
olhos.
"O que as gêmeas siamesas fariam se não tivessem nada
para comer? Uma iria esperar até a outra morrer sozinha, e então consumiria a
carne de sua própria irmã? Ou será que elas arrancariam os olhos uma da outra no
desespero até alguma morrer, para que a outra comesse sua carne como um abutre
devorando a pele de um veado morto? Eu não sei, mas de fato é interessante."
Eu não sabia o que diabos estava ouvindo. Abri meus olhos e
olhei ao redor da sala; ninguém estava sequer se mexendo. Todos os olhos
estavam focados em Lauer, exceto os meus, e quando olhei para ele, ele ainda
estava olhando para mim.
"Crianças gostam de violência, eles se divertem com
ela. Crianças gostam de ficar com medo, então, vamos assustá-las! Não é, Johnny?"
Ele se inclinou sobre a mesa, ficando muito perto de meu rosto. Seu hálito
cheirava a merda em decomposição. Olhei para ele e disse.
"Acho que você está completamente maluco, pra ser
honesto."
Ele sorriu e depois se afastou.
"Oh, eu estou maluco, claro! Mas você tem que ser
maluco para sobreviver neste mundinho de merda!" Seu sorriso se expandiu.
"Literalmente. Agora, vou lhe mostrar algumas fotos que
vão desencadear algumas de suas imaginações mais obscuras."
Então ele se levantou e trancou a porta por dentro.
Imediatamente me levantei também e perguntei: "Que
porra você está fazendo?!"
"Não vamos fazer quaisquer... erros de julgamento,
Jonathan. Agora sente-se."
"Não."
"Sente-se."
Por alguma razão, eu o fiz; Lauer puxou um daqueles velhos
projetores antigos. Ele ligou o interruptor e gritou, numa voz assustadoramente
elevada e semi-frenética:
"Esta é a PORRA da INSPIRAÇÃO que precisamos pra continuarmos
essa DROGA de PROJETO! ISSO É O QUE TODAS AS CRIANÇAS DEVERIAM ASSISTIR."
Seus olhos se arregalaram em sua cabeça.
Ele colocou a imagem de cabeça pra baixo na superfície do
vidro do projetor e ficou em silêncio.
A imagem era em preto e branco, mas era granulada. Eu pude
vagamente distinguir um menino deitado em um chão de tijolo, com os braços
cortados e pequenos pontos pretos ensanguentados. A única coisa que estava
clara era seu rosto; Ele estava sangrando pela boca.
Lauer quase jogou o papel pra fora do vidro, colocando uma
outra imagem.
Era um zoom do rosto do menino. Estava colorido. O sangue
escorria de sua boca aberta para o chão de tijolo, seus olhos fechados e sangue
sujo embaixo das sobrancelhas e cílios.
De repente, seus olhos se abriram, e eu gritei. Ninguém mais
na porra da sala o fez, e eu não conseguia acreditar na merda que havia me
metido.
Suas pupilas estavam completamente pretas. O resto do olho
estava normal.
Quanto mais eu olhava, mais os olhos se abriam, ampliando e
alargando cada vez mais, até que a pele acima das sobrancelhas parecer que iria
rasgar ao meio.
Então eles começaram a sangrar. O sangue começou com uma
gota, e eu juro por Deus que eu podia ouvi-lo. Mais, mais e cada vez mais
sangue, até o chão de tijolos virar um lago de sangue. Eu podia ouvi-lo, como
se eu estivesse caminhando e me deparasse com uma cachoeira, e nesse momento também
pude sentir o cheiro do garoto. Eu podia sentir o cheiro de sua carne podre.
Inclinei-me debaixo da mesa e vomitei. Quando me levantei,
as imagens já haviam terminado. Todo mundo na sala estava inexpressivo. Lauer
acendeu as luzes.
"Você pode ir", disse ele, abrindo a porta.
Eu andei por aquelas portas, e nunca mais voltei.
Isso aconteceu perto do final da sessão de ideias, e no
tempo que eu sai de lá, o elenco já havia sido escolhido e o roteiro estava
quase pronto. Eles estavam desesperadamente atrasados; acho que Lauer planejou
que fosse assim, para que não houvesse tempo para a edição apropriada. Eu não assisti
aquela coisa quando foi ao ar, mas ouvi de um amigo que trabalhava no
departamento de edição que eles tiveram que cortar uns bons minutos 15-20 minutos
de filmagens 'perturbadores' do filme antes que ele estivesse na duração
correta pra ser liberado. Eles não tiveram tempo suficiente para verificar o
filme quadro a quadro.
Acho que Lauer teve seu desejo atendido, a menos que
tivessem cortado todas as cenas que tivessem as imagens nelas. Todas as crianças
que assistiram Cry Baby Lane tem uma memória inconsciente dessas imagens, e eu
lamento por elas, de verdade; essas imagens me foderam demais, e isto que
escrevo para você, será a última coisa que farei antes de cortar minha própria garganta
e acabar com toda essa desgraça.
Entretanto, há algo que eu deveria lhe dizer primeiro.
Logo no início, Lauer deu uma idéia que um homem com “nariz
de lula” tirasse suas calças na frente dos dois irmãos e implicitamente estuprasse-os
longe das câmeras. Lula Molusco logo apareceu como um personagem principal em
Bob Esponja.
Lauer também sugeriu, em uma cena do filme, que os irmãos
capturassem um esquilo, colocassem-no em uma jarra e lentamente afogassem-no,
antes de encher o frasco com areia e joga-lo no fundo de um lago. Logo após
isso foi sugerido, Sandy Bochechas fez sua primeira aparição em Bob Esponja no
episódio “Chá em Terra Firme”.
Foi sugerido também que os dois originalmente fossem
meio-irmãos, forçados a viverem na mesma casa após a mãe de um deles fosse
encontrada morta em uma cova rasa, o corpo dela violentamente canibalizado pelo
seu próprio marido, um meteorologista local. Um seriado vagamente com a mesma
premissa, Drake e Josh, estreiou em 2004, tendo o padrasto como meteorologista.
Lauer também sugeriu que o irmão mais novo tivesse uma casinha
de cachorro em que ele mantinha os fetos de diversos animais, juntamente com um
ácido que ele regularmente usava para envenenar sua mãe e ter relações sexuais
com seu padrasto abusivo. Ginger estreou logo em seguida.
Um homem que captura os fantasmas das crianças em um
aspirador de pó e os manda para o submundo? Danny Phantom.
Um robô que enlouquece os dois irmãos, mata um deles e usa
sua pele no colégio, fingindo ser o irmão morto? Uma Robô Adolescente.
E a lista continua. Nickelodeon sabe disso, e eles estão
continuando o legado de Lauer, às vezes de forma sutil, às vezes abertamente. E
não há mais nada que possamos fazer sobre isso.
Puta... Merda. Kkkkkk
ResponderExcluirnão que baita criatividade para mentiras!
ResponderExcluirDeu uma vontade de ver o filme original agora e.e
ResponderExcluir"Toda-caralhada-de-vez."
ResponderExcluirProvavelmente você traduziu isso do "every-fuckin-time". Ficaria melhor se ao invés de "caralhada", fosse "toda-maldita-vez". Só uma dicazinha.
"será a última coisa que farei antes de cortar minha própria garganta e acabar com toda essa desgraça." A creepy tava boa até aí. Mó parte tosca...
como que ta seu doutorado?
Excluiressa creepypasta tava boa ate a parte que ele diz o seguinte "sera a ultima coisa que farei antes de cortar minha propria garganta" se eu fosse ele eu mataria launer na borrada massacrando-o dando socos quebrando os seus ossos e por fim quebrando sua cabeça na parede
ResponderExcluirVéi... Tem uma coisa que não encaixou ao meu ver.
ResponderExcluirBob Esponja foi lançado em 1998, 1 ano antes de começarem esse filme. E no primeiro episódio o Lula Molusco já aparece. (eu sei que era o primeiro episódio porque era um sobre o Bob Esponja se mudando, tendo o seu primeiro emprego, no Siri Cascudo, e coisas do tipo).
Isso que eu acho que não encaixou, tirando isso achei a creepy bem legalzinha ^.^
téeeeedio
ResponderExcluirfaz melhor
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